25.5.03







Tati

Tati está aqui em cima da mesa, meio dormindo, meio atenta enquanto trabalho. Ela é o Milagre Felino II da Família Gato (o MFI é a Pipoca, de quem chegamos a nos despedir e continua vivinha e saltitante). Como muitos de vocês sabem, ela parou de se alimentar quando o Cotton, que era filhote dela, morreu. Isso foi no carnaval.

De lá para cá, passamos por uns maus bocados. Durante mais de um mes Tati teve que ser alimentada à força, mas nem assim conseguimos evitar que tivesse lipidose hepática (uma das principais causas de morte de gatos domésticos). Ficou pele e osso: dos cinco quilos que tinha passou para um, se tanto.

Curiosamente, o que ajudou a curá-la foi o que eu mais temia: uma estada de três dias no vet, quando Bia e eu viajamos para Buenos Aires. Foi internada porque estava tomando soro diariamente em casa, e não teria como prosseguir o tratamento só sob a supervisão da empregada.

Pois vocês precisam ver como ficou feliz quando a buscamos! Acho que o trauma de passar aqueles dias entre bípedes e quadrúpedes estranhos superou o trauma da perda do Gatinho. A partir do momento em que voltou pra casa, voltou a manifestar um vago interesse por comida. Experimentamos dar de tudo para ela, mas a única coisa que realmente quis foi atum de lata. Isso não é muito indicado para um gato doente, mas pelo menos era o que comia sozinha... desde que a gente desse na mão.

Ficou mais de uma semana assim, comendo pedacinhos de atum dados pela Bia ou por mim. Há alguns dias, finalmente, voltou a comer ração enlatada e, agora, para alegria geral, está comendo até ração seca.

Voltou a brigar com os outros gatos, a impedir que a gente leia jornal e a ocupar todos os espaços que pode: é muito carente e adora colo, carinho, atenção. Quando estou pra sair, tenta me segurar pela barra do jeans. Ainda está com a voz fraquinha, mas usa o fiapo de voz que tem pra reclamar.

Ainda me preocupo, porque está magra demais -- quando a gente faz carinho, percebe todos os ossinhos sob a pele. A única coisa que me tranqüiliza é ver os desfiles de moda. Se aquelas moças sobrevivem tão esqueléticas, a Tati também vai escapar.

Depois, ela sempre foi mesmo meio perua.

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