29.11.05

Esta não é uma foto de celular






Mosca recomenda vivamente...

...a leitura do Jabor, que transcrevo para os que não têm registro no Globo On:
Vamos continuar de braços cruzados?

Estamos vivendo a maravilhosa contribuição da merda para enxergar o país. Como dizia Oswald, "a contribuição milionária de todos os erros!". É uma oportunidade única. E diante disso, temos a debandada dos intelectuais. Como explicá-la? O Brasil está entregue à ditadura da mentira, manipulada pelo governo com a conivência dos poderes, num jogo de barata-voa com as denúncias, provas cabais, evidências solares, tudo diante dos olhos impotentes da opinião pública, e os intelectuais e homens notáveis do país estão calados. Quando se manifestam isoladamente, como suspiros esparsos, folhas de outono, emitem um mal-estar "superior", um lamento dolorido.

No entanto, estamos diante da crise mais suja de nossa História, um momento gravíssimo e preciosíssimo em que aparecem dois tumores gêmeos de nossa doença: a direita do atraso e a esquerda do atraso. Esta crise é tão sintomática, tão exemplar para a mudança do país, que não podia ser desperdiçada. Esta crise é uma tomografia que mostra todas as glândulas, interstícios do corpo do Brasil -- um diagnóstico completo. Homens decentes buscam uma solução que não vem, porque nossa estrutura institucional é um rio sem foz, com poderes podres desarticulando qualquer solução. Este imenso espasmo de verdade, esta brutal explosão de nossas vísceras nunca vistas antes, graças a Jefferson, talvez seja perdida porque as manobras do atraso de direita e do atraso de esquerda trabalham unidas para que a mentira vença. A verdade tem de ser tapada de qualquer jeito, para que a sólida sordidez brasileira continue como sempre foi. Quando haverá manifestações da sociedade para confrontar a ópera bufa que rola à nossa frente? As denúncias foram todas provadas e o Executivo de Lula continua negando tudo, o STF desconstrói evidências, as malandragens dos partidos esvaziam os fatos? A muralha dos poderes resiste diante das palavras. E os canalhas se sentem protegidos pelo labirinto do Judiciário.

Por que os intelectuais estão calados? Será que não vêem que o país que conquistou a democracia pode ser jogado para trás, para a velha farsa da velha política?

Os marxistas paulistas que sempre idealizaram o Lula e o PT estão quietinhos com vergonha, por terem imaginado que um operário alegórico salvaria o país. Os jornalistas que não deram um dia de sossego ao governo de FH escrevem sobre "nouvelle cuisine" francesa. Restam os angustiados. Restam os que olham em pânico o que está acontecendo e não sabem como reagir? Por quê? Tenho algumas teses. A mais ampla é que a situação atual mexe com dogmas. Isso. É como se tocasse na virgindade de Nossa Senhora.

A covardia intelectual é grande. Há o medo de ser chamado de reacionário ou careta.

Há também os "latifúndios intelectuais". Muitos acadêmicos e pensadores se agarram em seus feudos e não ousam mudá-lo. Uns são benjaminianos, outros marxistas, outros hegelianos, mestres que justificam seus salários e status acadêmico e, por isso, não podem mudar, não podem "esquecer um pouco o que escreveram" para agir. Mudar é trair para ortodoxos. Também não há coragem de admitir o óbvio: o socialismo real fracassou. Até a China já sacou. Seria uma heresia, seriam chamados de revisionistas. A força do mito da revolução sagrada é muito grande entre nós, junto com o voluntarismo e o populismo não democrático. Como escreveu Bobbio, se há uma coisa que une esquerda e direita é o ódio à democracia. Ninguém tem coragem de admitir a invencibilidade do capitalismo global. E também não abrem mão de utopias -- o presente é chato, preferem o futuro imaginário. Diante de Lula, o símbolo do "povo que subiu na vida", eles capitulam. Fácil era esculhambar FH. Como espinafrar um ex-operário? É tabu. Não admitem que a categoria "povo" como coisa sagrada não existe. Tragicamente, nossos pobres são fracos, doentes, ignorantes e não são a força da natureza. Precisam de ajuda. Quem tem peito de admitir isso? Não admitem que a administração micropolítica e microeconômica de uma realidade seria muito mais progressista que velhas idéias generalistas, sobre o "todo, o uno, o futuro, o ser, a História". Mas eles não abrem mão dessa elegância ridícula e antiga. Não conseguem substituir um discurso épico por um realista. Só pensam no que deveria ser e não enfrentam o que inexoravelmente é. Preferem a paz de suas apostilas encardidas.

O mito do paraíso e do messianismo é muito forte, com sua origem religiosa. Não conseguem pensar em Weber em vez de Marx, em Sergio Buarque em vez de Florestan Fernandes, em Tocqueville em vez de Gramsci. Não entendem que o homem de "esquerda" hoje em dia tem que perder fé e esperança, que o verdadeiro progressista tem de agir sem saber o final da estrada, tem de partir do não sabido e inventar caminhos. Não entendem que não foi o PT que desmoralizou a esquerda -- foi o velho pensamento de "esquerda" que destruiu o PT. Muitos caem numa nostalgia deprimida e satisfeita, pois a depressão é nobre, o charme da desilusão é chique.

Há também uma grande indigência teórica sobre o Brasil contemporâneo no mundo de hoje. Ignoram a estrutura colonial e preferem continuar com teses antigas, dizendo que o governo fracassou porque "não assumiu o conflito de classes" e não levou à frente o sarapatel do getulismo-leninismo-desenvolvimentista-chavista em que crêem. E agora é quase certo que vão acabar com o Palocci e dar um tiro no pé. Não sossegam enquanto não voltar a inflação.

Por isso, a sociedade tinha de conseguir fazer uma reforma política radical na paisagem suja. E não pode contar com as falsas promessas de partidos. Só uma uma força plebiscitária poderá mover a grande pizza maior, de modo a reformar instituições e estamentos.

Por isso, pergunto, como os antigos: quando haverá uma manifestação séria da opinião pública? Uma ação continuada de notáveis da República para impedir este jogo de carniça entre os três poderes, esta vergonha que humilha o Brasil? Vamos continuar de braços cruzados? Arnaldo Jabor

Mosca me ajuda a ler o jornal




28.11.05

Fome Gero




Em resumo: tem lugar mais lindo no mundo?




Um belo dia, que belo dia...




...




...




Eu amo a minha cidade




Hmmm... Quem é você?




Eu amo a minha cidade




Que tal minhas sandalias novas?




Um belo dia...




Parabéns, Monica querida!

Viva! Mais um aniversário!

Este blog está pra lá de social: depois do aniversário da Jussara, o da Monica L.

Parabéns, querida Monica! Muitas felicidades e tudo de bom, hoje e sempre!

Em tempo: tanto o bolo da Ju quanto o grafite da Monica eu fiz no mesmo lugar: no Letter James, um site alemão onde a gente pode bolar mensagenzinhas bem divertidas.

27.11.05

Beth, Jacob e Bia: hoje é dia de rock!




Bando de safados!!!

Mais R$ 780 mil para o sr. secretário

Mais uma vez, o sr. Victor Faisano é destaque no Globo. Não por promover e defender os animais de rua, que é a função para a qual o remuneramos, mas porque o seu empreendimento comercial teve contrato renovado com a prefeitura para receber mais R$ 780 mil.

O sr. Fasano cria e vende aves que, segundo diz, estão em extinção. É um negócio como outro qualquer, com uma diferença: sob o disfarce da "proteção ambiental" negociam-se vidas, algumas talvez ilegalmente.

O secretário foi alvo de denúncias sobre tráfico de animais silvestres e citado por uma CPI que, como todas neste país, acabou em pizza.

No caso, em alpiste.

O prefeito Cesar Maia, contudo, acha que promoção e defesa de animais não pode ficar só em "cachorrinhos e gatinhos": uma declaração tão safada e debochada quanto a que fez ao dizer que prefere um prédio de onze andares na Rocinha do que um na Vieira Souto, porque pelo menos não faz sombra na praia.

Acontece que é exatamente para defender e proteger "cachorrinhos e gatinhos" que a secretaria ocupada pelo "ator" que está nos tungando foi criada.

Quem acha que animais domésticos urbanos não precisam de proteção e defesa leia isso aqui. Ou não leia, se não quiser estragar o dia, a semana e muitos outros dias. Aconteceu em Porto Alegre, mas podia ter acontecido aqui.

Acontece aqui: quem tiver dúvidas, converse com as protetoras para saber o infinito elenco de crueldades praticadas diariamente contra animais.

Para a prefeitura do Rio, porém, chique mesmo é desviar dinheiro para um comerciante de aves engaioladas.

Ah, sim: por uma dessas coincidências da política brasileira, a filha do secretário de meio-ambiente, sr. Ayrton Xerez, que garantiu ao comércio do sr. Victor Fasano todo este dinheiro, trabalha... claro, como não, com o sr. Victor Fasano.

Não é meigo?

Enquanto isso, o prefeito Cesar Maia, em quem me arrependo profundamente de ter votado, continua se achando o ó do borogodó da administração pública.

No ano que vem, deposito o meu IPTU em juízo.

Não é para sustentar este tipo de falcatrua que eu ralo tanto.

Gatos que ralam: Pipoca




Gatos que ralam: Osiris




A árvore e seu engarrafamento




Gatos que ralam: Ísis




Mosca sonha com a savana africana




A ju o que é da Ju!

Até que o celular fez um bonito, né?




26.11.05

Curtindo




Tentativa de mandar foto na vertical



A tentativa não deu certo; consertei depois

Não deu certo. No telefone até ficava direitinho, mas digamos que fotos na vertical não viajam bem...

Apesar do Tom ter dado uma sugestão super prática de visualização aí nos comentários, preferi endireitar a foto.

A vizinhança, toda acessa




Fogos!




Viva! Não choveu!




Iuhuuu!




O show da árvore




Começou o show!




Vista do quarto: floresta particular




Cão e gatas

Bia, depois do trabalho

Bia, um amigo quadrúpede e Fernanda Lima, que além de ser essa boniteza, é uma gracinha de pessoa.

Cresce a movimentação em torno da arvore




Vida de gato




Hmmm... O que estão fazendo na cozinha?




O aguaceiro visto do alto




Chove copiosamente




25.11.05

Vida de gato




O secretário começa a mostrar a que veio

Dinheiro para os bichos, que é bom, neca.
Já para o secretário...

Os bichos abandonados do Rio estão mais abandonados do que nunca: postos de castração foram fechados, não há ração para distribuir para os animais de comunidades carentes, as verbas para a Suipa nunca saíram do papel.

Para o secretário Victor Fasano, porém, não falta dinheiro. Segundo reportagem do coleguinha Luiz Ernesto Magalhães, seu criadouro de aves exóticas vai receber um total de R$ 260 mil saídos do meu, do seu, dos nossos bolsos -- através da própria prefeitura.

Ele, desnecessário dizer, acha tudo perfeitamente ético e natural.

E eu aqui, ingênua, achando que "Matheus, primeiro os teus!" era lema dos governadores...


A marca da maldade

Aviso aos navegantes: "Harry Potter e o enigma do princípe" não é apenas mais um episódio da série. É, talvez, o melhor de todos; e é, com certeza, o mais sombrio, aquele em que não só Harry e seus amigos deixam a infância para trás, como, provavelmente, também o fazem os seus leitores. Quem sabe por isso, as reações que despertou tenham sido tão controversas.

Curiosamente, o principal pecado de que o acusam é, a meu ver, uma das suas grandes virtudes: o ritmo. "O enigma do príncipe" tem cenas de ação suficientes para deixar qualquer montanha russa no chinelo, mas elas vêm a seu tempo, e não na sucessão habitual de sustos necessária para prender a atenção da garotada.

A dinâmica deste livro supostamente infantil é absolutamente madura, e muito pouco condescendente com a eventual impaciência das ex-crianças que, em 1997, descobriram o universo paralelo de Hogwarts. Nos oito anos que levaram os primeiros leitores de Harry Potter da infância à adolescência, o mundo passou por traumas de todos os tipos, de ataques terroristas a catástrofes de proporções nunca vistas.

O reflexo desta sucessão de desastres, que já vinha se insinuando sutilmente nos dois volumes anteriores, chega ao auge no sexto (e penúltimo) da série, que nos mergulha, já nas primeiras páginas, num cenário abertamente conflagrado.

Mais ou menos como na vida real, também na fantasia de J. K. Rowling as forças do mal estão descontroladas. Como na vida real, também, parte deste descontrole nasce da arrogância da burocracia e da miopia da administração pública. Parece familiar, e é para ser mesmo: a inteligência e a vontade de fazer o bem não são as tônicas dominantes da vida.

Pior que isso: nem sempre a sabedoria e a bondade são armas eficientes, pelo contrário. De todos os livros da série, o "Enigma do príncipe" é o menos maniqueísta, e o mais angustiante ao expor a fragilidade da nossa existência sem bulas ou rótulos. Ninguém é absolutamente confiável, ninguém é sempre sábio, nem sempre a experiência nos salva.

Por outro lado, quantas tragédias e desgraças poderiam ser evitadas se apenas as pessoas confiassem mais umas nas outras... Mas como confiar, se ninguém é absolutamente confiável?

J. K. Rowling é a prova viva de que mágica existe. Quando se pensaria que já esgotou todos os truques e que não tem mais de onde tirar novidades, ela se supera de forma espetacular. Dá uma sofrida rasteira emocional nos leitores e, de quebra, deixa tudo pronto para o Grand Finale, a ser revelado no próximo e último livro -- que, fica claro no último capítulo, será completamente diferente de todos os outros.

É inegável que há uma onda de marketing intragável em torno de Harry Potter, mas que ninguém se engane: por trás do hype e dos quaquilhões em jogo, há uma escritora extraordinária, responsável por uma das séries mais interessantes de todos os tempos.

Para felicidade dos leitores brasileiros, ela encontrou, em Lia Wyler, uma tradutora à sua altura.

(O Globo, Segundo Caderno, 24.11.2005)