30.7.09

Pips



Pipoca é um daqueles gatos que não sabe posar pra camera: quando a gente se abaixa pra fazer a foto, ela vem correndo conversar.

Resultado? É um dos membros menos fotografados da Famiglia...

Esta raridade é pra Mami, que é o bípede dela.

O bicho ao vivo!





Minha amiga Lena Trindade, fotógrafa, mandou várias fotos de bodó, feitas em Manicoré, cidade banhada pelo Rio Madeira.

Ela diz que o bodó não tem propriamente pele, mas "um couro com desenhos que lembram labirintos ou pinturas marajoaras".

Poesia à parte, acho que nem a mãe do coitado o acha bonito...

Utilidade (quase) pública

Para o pessoal que acessa o blog através de cronai.com, informo: este redirecionador não funciona mais!

Mó-rreu!

É uma longa história, mas o resumo da ópera é que era um presente do qual, porém, eu não tinha senha; e que foi, agora, capturado por uma empresa espanhola que não tem nada a ver com o nome, mas quer capitalizar os hits.

Grrrrrrrrrrrrr.

A URL oficial e, espero, definitiva, é, como sempre foi, cora.blogspot.com.

Quem achar complicado pode acessar também via coraronai.com.

Fast food na Amazônia:
viva a baixa gastronomia!




O porto de Parintins é, com certeza, um dos lugares mais movimentados da Amazônia durante a época do Boi Bumbá. A população da cidade de 70 mil habitantes dobra com os turistas que vêm para a festa e, como boa parte dos visitantes fica hospedada nos barcos e gaiolas em que viaja, o vaivém é constante. Para servir ao mundaréu de gente armam-se incontáveis barraquinhas que oferecem roupas, bijuterias, ervas diversas, óculos escuros e, naturalmente, comida. Muita comida!

Nesse mundo de baixa gastronomia o conforto é zero e a higiene nem sempre confiável, mas o cardápio é variado e criativo, com destaque para os pratos da culinária regional e os peixes de rio. Há pirarucus servidos de todas as maneiras, tambaquis grelhados, jaraquis fritos e deliciosos pacus recheados, mas nada faz tanto sucesso quanto um bicho preto de ar pré-histórico, assado no carvão a ponto de esturricar. É tão feio, mas tão feio, que chama a atenção.

Tabuleiro a tabuleiro, o que mais se vê são pilhas daquele peixe horroroso; e é espantoso ver a rapidez com que essas pilhas somem, devoradas pelos fregueses. Num quase restaurante bem caprichado, montado com telas e plásticos, parei para fotografar e perguntar o nome da coisa. Descobri que se chama bodó. É encontrado apenas no Amazonas e, mais especificamente, ali mesmo, em Parintins: é o peixe do lugar.

-- A senhora precisa experimentar, -- disse o rapaz da cozinha. – Não vai encontrar em outra parte tão bom quanto o daqui.

Não tenho medo de comida de rua, antes pelo contrário, e peixe em porto movimentado é sempre prato seguro, mas confesso que aquele troço cascudo e queimado estava além dos limites da minha curiosidade. Fechei os olhos e agradeci mentalmente aos deuses não fazer televisão e não precisar comer coisas nojentas em frente à câmera. O problema é que, diante da minha hesitação, juntou-se ao cozinheiro um grupo de fãs do bodó.

-- É um peixe muito delicado, -- explicou a moça da barraca do lado.

Achei a escolha do adjetivo inadequada mas, ainda assim, pedi para ver um bodó cru: vai que minha implicância viesse do aspecto queimado...

-- Ah, mas isso a senhora não encontra aqui no porto! O bodó fica podre assim que a gente pesca, por isso tem que ser preparado logo.

-- É? Você já trouxe esses aí prontos?

-- Já sim senhora. Quase prontos. Aqui a gente só esquenta. Mas é fresquinho, foi pescado de manhã.

-- E por que é que ele fica podre assim que matam? É por causa do calor?

-- Não é não. É por causa do que ele come.

-- E o que é que ele come?

Os homens se entreolharam, sem jeito. Sobrou para a moça que o tinha definido como peixe muito delicado:

-- É que ele fica no fundo do rio, na lama. Come a porcaria dos outros.

Ah. Mas não era mesmo uma iguaria irresistível?!

-- Não precisa se preocupar, porque a gente sempre limpa ele muito bem, -- explicou o rapaz. -- Olha, eu vou abrir um para a senhora ver que carne bonita e gostosa.

-- Não, não precisa não...!

Tarde demais. Num instante a carapaça horrenda estava aberta, e o rapaz me oferecia um pedaço de carne branquinha na ponta da faca. Todos ali eram tão simpáticos, e estavam tão empenhados em me convencer das delícias do bodó, que teria sido uma desfeita recusar. Aceitei, pensei em Rimbaud, que em outras circunstâncias escreveu o verso ideal para a ocasião – “Par delicatesse j’ai perdu ma vie”, por delicadeza perdi a vida -- e... surpresa! Não é que o bodó é mesmo um peixe muito delicado? O cheiro é forte, mas a carne é leve, magra e sutil.

Mandei pô-lo no prato com uma porção de farinha e paguei, pela lauta e saborosa refeição, um total de três reais. Faltou um limãozinho, mas também não se pode ter tudo na vida. Mais adiante, conversando com uma família que tinha vindo de Santarém para a festa, contei da minha experiência gastronômica.

-- Mas que absurdo! Tiveram o descaramento de lhe cobrar três reais?! Esse povo não tem jeito, não pode ver turista que mete a mão! Olhe, nunca dê mais de um real num bodó. Se pedirem mais recuse, que vai ver como o preço cai na hora!

Agradeci o conselho, conversei mais um pouco e me despedi. Não tive coragem de contar quanto pago por um peixinho qualquer aqui no Rio.


(O Globo, Segundo Caderno, 30.7.2009)

29.7.09

Nossos classificados

Pessoas, a Monica Langer está vendendo o carro:
Toyota Fielder 2005, cor prata, gasolina, 50 mil KM, automático, bancos de couro, CD player. Sai amanhã da concessionária com a revisão dos 50 mil feita. R$ 35.000.
Maiores detalhes pelo email moncalanger@gmail.com.

Para a Heliana, de aniversário :-)

A turminha lá de cima



Há tempos eles não aparecem aqui...

Aproveitei uma pausa no trabalho e fiz uma colagem com fotos das últimas férias da minha turminha gringa.

Tanta saudade desses queridos!

28.7.09

Ajuda carioca

Fala, Will:
"Pessoal, desculpem o off-topic, mas como esse é o único blog carioca cheio de opiniões confiáveis..

Estou me mudando pro Rio até o começo de setembro, mas tem aquele grande problema: encontrar um apartamento. A princípio estou procurando um ap de 1 quarto, mas não sei em que bairros procurar além da zona sul (como eu sei que é difícil, quero ter mais opções na manga antes de chegar aí para procurar). O mais importante para mim é que tenha transporte público fácil até o centro, de preferência metrô, mas pode ser ônibus também.

E caso alguem tenha alguma pessoa de confiança que esteja procurando alguem pra dividir um apartamento, também pode ser uma opção."

Há dois dias tento subir essas fotos

 

 
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Aí tem dois gatos...




27.7.09

Twitter: piando o cotidiano



Alerta vermelho: cheiro de gás na cozinha!

A assistência técnica foi devidamente acionada, o técnico chegou rapidamente, olhou o fogão, pôs espuma em pontos críticos e deu o veredicto: botões precisando de troca, borracha de trás vencida y unas cositas más. R$ 148, sem choro.

Não sou especialista em fogão, mas me pareceu má relação custo x benefício considerando que o fogão em questão me acompanha há quase dez anos.

O que faz um ser humano diante de semelhante dúvida? Corre para a internet, é claro! O blog, já devidamente testado nos assuntos mais diversos, é fonte de conhecimento coletivo insuperável. Sei que lá teria respostas de todos os tipos, das mais objetivas às mais detalhadas cientificamente, mas quis ver como se saia o Twitter como ferramenta de suporte a donas de casa preocupadas.

Mandei ver:

@cronai: R$ 148 pra consertar um fogão GE de 4 bocas já meio antiguinho: vale a pena?

@nanagatos: Acho que não! Dê uma olhada no preço dos novos antes.

@revictal: Compra um novo, parcelado em 10 vezes, mas que não vai te dar problemas. Melhor não brincar com fogo.

@HenriqueNeto: Qualquer reparo que atinja 20% do valor pago pelo bem, não compensa pois ele voltará a dar problema logo.

@lineth: Depende do seu "amor" por ele e do qto ele é antigo: se for BEM antigo, vale, pq os de hj em dia são péssimos.

@monicaramalho: dependendo do design e do seu afeto, talvez valha : )

@cvalente: "Remenda teu pano, durará um ano; remenda outra vez, durará mais um mês; torna a remendar, para então se acabar" ;-)

@marianamatos: Não vale. Bota mais uns trocados e compra um novo!

E por aí foi a conversa, com alguns detalhes simpáticos, como relatos de experiências pessoais e tuiteiros que se deram ao trabalho de buscar preços e marcas pela rede.

Semana passada, quando perguntei se devia ou não despachar equipamento fotográfico em viagem, obtive um sonoro e uníssono NÃO! como resposta. Dessa vez, a parada ficou quase empatada, mas entre as experiências e preços apontados, cheguei à conclusão de que, afinal, seria melhor comprar outro fogão.

Dei mais umas voltas na web e descobri, numa daquelas ofertas especiais com duração limitada (72 horas -- mas continua em promoção!) o irmão mais novo do meu velho GE a R$ 399, frete grátis, seis vezes sem juros no cartão. Comprei, contei para o povo do Twitter e ainda recebi agradecimento de gente que também estava precisando de fogão e aproveitou a liquidação.

Foi divertido tuitar esse cotidiano trivial.

Mais tarde, percorrendo uma área completamente diferente da rede, dei com uma lente usada no site da B&H: uma super tele de 1200mm f/5.6, em bom estado de conservação, pela módica quantia de 120 mil dólares (é isso aí que vocês leram mesmo: US$ 120.000,00).

Fiquei até tentada, mas sabem como é: ela é Canon, e a minha câmera é Nikon...

Fica pra próxima.


(O Globo, Revista Digital, 27.7.2009)

23.7.09

Luz





Tempo, memória, cortesia:
vítimas da informação?


-- Estou impressionada com as pessoas, -- disse a amiga que mora parte do tempo no Rio, outra em Nova York e o que sobra pelo resto do mundo. -- Aqui no Brasil ninguém responde mais a email, a convite formal, a nada! Não sei se é falta de educação, falta de tempo ou se as coisas agora são assim mesmo...

Se eu não tivesse ligado exatamente para responder a um convite, poderia ter pensado que estava diante de uma indireta: é que a carapuça parecia feita sob medida. Ainda que saiba que não responder aos amigos (e não agradecer aos livros que enviam) é imperdoável, ainda que comece praticamente todos os dias com a consciência culpada por causa dos emails que deixei de responder na véspera e já agoniada com os que não responderei ao longo das próximas horas, o fato é que, por mais que tente, não encontro tempo ou concentração para me manter em dia com o que a civilidade exige.

Este é um tema recorrente nas minhas colunas da “Revista Digital”, até porque atribuo boa parte da culpa dessa desatenção ao mundo hi-tech e à vida-ponto-com em que ando mergulhada há tantos anos. Cada carta manuscrita se transformou em centenas de emails, cada fonte de informação multiplicou-se ao infinito e está a um clique de distância. Resultado: de pessoa cortês que enviava flores em datas significativas e cartões bonitinhos escritos com letra até legível, virei um bípede sem dúvida bem informado, mas sempre em falta com suas obrigações elementares.

Há uns tempos, em desespero de causa, escrevi isso no Facebook (e na Revista): “Cora Rónai está com o trabalho todo atrasado!”. Era só parcialmente verdade. Para variar, tudo estava atrasado na minha vida.

“A sobrecarga de informação acertou o passo comigo, me ultrapassou e periga me jogar fora da estrada,” disse então. “Como todo mundo, eu também precisaria de um dia de 48 horas para ficar minimamente em dia com o que me cerca. Recebo e compro mais livros do que consigo ler, tenho mais DVDs do que posso assistir pelos próximos dez anos, CDs e revistas se amontoam ao meu redor, há mensagens por responder na secretária eletrônica, no celular e na mailbox.”

De lá para cá, nada melhorou; pelo contrário. Tudo está ao nosso alcance ao mesmo tempo, um link puxa outro, os torpedos e o Twitter piam insistentemente no celular e no notebook. Olho para os gatos enroscados no tapete e invejo sua vidinha singela. A quantidade de informação que um gato administra está perfeitamente de acordo com o seu tempo físico e com a capacidade do seu cérebro: onde ficam os potes de água e ração, quem são os bípedes e quadrúpedes com quem convive, o que significam os vários ruídos da casa, o que é bom para brincar e o que é melhor deixar quieto. É um universo descomplicado, que permanece inalterado desde que os gatos são gatos. A mesma coisa acontece com os cães e com quase todas as espécies do planeta. Até a lagartixinha pálida que vive no lavabo não tem preocupações muito diferentes daquelas que passavam pela cabeça dos seus avôs dinossauros.

Já a complexidade da vida dos humanos, depois de alguns milênios em banho-maria, vem se acelerando a uma velocidade assustadora. Nosso cérebro continua igual ao dos nossos antepassados que viviam em aldeias de umas poucas almas, mas o tempo encolhe progressivamente, pois tem que ser dividido em fatias cada vez menores. Nas pequenas aldeias, a vida seguia o ritmo do sol, todos se conheciam desde sempre e, tirando as atribuições básicas da vida cotidiana, por árduas que fossem, não havia muito o que fazer. Dependendo da capacidade de imaginação de cada um, havia ainda menos em que pensar. As notícias que chegavam de fora vinham com anos de atraso e jeito de lenda; o que importava saber, de verdade, se restringia à vizinhança imediata, ao espaço conhecido.

O próprio mundo em que Andy Warhol previu quinze minutos de fama para cada um -- ainda ontem! -- era um mundo razoavelmente controlável, pré-internet, em que a sobrecarga de informação (information overload) não existia nem como expressão. Na época, o peso maior da equação estava na fama, uma figura de retórica distante e ilusória; hoje está no tempo, real. Quinze minutos no vertiginoso ano de 2009 são uma eternidade, uma abundância de segundos de que ninguém mais dispõe.

O ser humano é, por definição, um animal multi-tarefa, mas há um limite para a sua capacidade de processamento de dados. Se já não a ultrapassamos, estamos perto disso, como provam os esquecimentos constantes e a falta de memória que não poupam ninguém, numa espécie de gripe suína dos neurônios.

Quem tem lembrança de um pai ou avô que sabia longos poemas de cor fica pasmado: como era possível?! A conclusão quase inevitável é que não se fazem mais pessoas como antigamente. Mas talvez não seja bem assim. A capacidade de armazenagem do cérebro dos nossos antepassados não era diferente da nossa; apenas estava ocupada de outra forma. Entre outras infinitas coisas, eles não precisavam administrar centenas de contatos no Orkut nem seguir milhares de pessoas no Twitter.


(O Globo, Segundo Caderno, 23.7.2009)

22.7.09

(A Keaton estava no meu colo)



(Os gatinhos são desculpa para dar os parabéns atrasadíssimos pro Gobbo e pra VanOr, e os parabéns não-atrasados pra Marcela de Seattle -- e, de quebra, pra inteligentíssima gatinha que a adotou, a minha quase-xará Coraline.)

ZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZ

Excelente página da BBC com tudo o que a gente sempre quis saber sobre o sono mas não tinha paciência para sair catando pelo Google.

AQUI.

Há uns testes ótimos e bem divertidos -- eu adorei o das ovelhas, através do qual descobri que, em termos de reação rápida, sou um tatu desnorteado.

Figurinhas geniais


(AP Photo/David Guttenfelder)


(AP Photo/Julie Jacobson)

No Boston Globe, coleção de sensacionais fotos das agências de notícias; há duas séries do Afeganistão, particularmente, que são de arrepiar.

Alguém conhece?

Me ligou a Denise, da produção do Mais Você. Eles querem entrevistar uma dona de casa super antenada em tecnologia, que adore internet, tenha desktop e notebook mas se conecte mesmo por smartphone, organize a vida toda no celular e eventualmente até curta games.

Vocês conhecem alguém que corresponda a esse perfil?

Importante: não servem profissionais liberais nem empresárias, o programa quer mesmo donas de casa!

20.7.09

Adeus, Pocketpedia!

Não sou grande fã do iPhone, mas ele tem alguns usos que considero excelentes. É a melhor "internet de bolso" que encontrei até agora e tinha um aplicativo, em particular, que era da maior utilidade para quem tem tantos DVDs (ou livros, ou CDs) que corre risco de comprar repetido se não tiver uma listinha sempre à mão.

Esse aplicativo era o Pocketpedia, que permitia a organização de coleções de livros, CDs e DVDs de forma simplíssima.

Tenho parte dos meus DVDs catalogados num aplicativo no desktop, mas nunca vi nenhuma utilidade real nele; já o Pocketpedia, ao contrário, era uma mão na roda, e me impediu diversas vezes de comprar duplicatas.

A base de pesquisa através da qual se acrescentavam itens às coleções era a da Amazon -- que, há três dias, matou o utilíssimo Pocketpedia porque não quer mais sua base de dados em dispositivos móveis.

Além de ser uma atitude extremamente antipática, é também um tiro no pé: muita gente comprava coisas lá através de pesquisas feitas pelo Pocketpedia. Eu mesma já fiz isso.

Agora, uma legião de usuários está indignada e disposta a boicotar a Amazon. Estou nessa. O que compro lá encontro em outros lugares, às vezes bem mais barato: livros na abebooks.com, DVDs no eBay.com.

Detesto empresas que assassinam utilitários pequenos e bem feitos por ganância, ignorância, prepotência ou todas as respostas acima.

Repeteco



(O DJ Leo me avisou: publiquei no jornal a URL errada, que aponta pro blog. Os abreviadores de URL são muito úteis, mas se prestam a esse tipo de confusão...)

Irineu, o felpudo

 

 
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Viagem: todo cuidado é pouco!

No ano passado me bateu uma grande saudade de fotografar “de verdade”, e comprei uma Nikon D60, à qual fui juntando algumas lentes. Além da 18-55mm que veio com a máquina tenho uma 70-300mm e dois xodós especiais, uma Tamron 10-20mm e uma 105 macro (que a Nikon insiste em chamar de micro). O problema é que, em termos de foto, vivo ao contrário do resto das pessoas: trabalho com o Nokia N95, e me distraio com a Nikon – mas haja ombro para carregar a tralha!

Estou planejando uma viagem longa para as férias, e me lembrando das malas e caixas de alumínio que volta e meia vejo nas esteiras, tive uma idéia meio doida: e se eu despachasse o equipamento? Lancei a pergunta para os fotógrafos do Twitter e do Facebook; as respostas que recebi me fizeram desistir rapidinho da insanidade. A opinião geral é que equipamento não se despacha:

Rogerio Ehrlich: É melhor levar junto contigo, existe o risco de extravio, roubo de malas, e equipamento jogado pra lá e pra cá... Se for para o exterior, declarar o equipamento na saída para não ter dor de cabeça na volta!

Leonardo Aversa: Depende do equipamento. Soube de um fotografo que despachou uma lente Nikon 300mm f2.8 e recebeu um mostruário da Swarovski.

(Confesso que essa me fez rir muito, apesar da tragédia. A lente mencionada, que é o sonho de todo mundo que precisa de uma tele clara, custa a bagatela de cinco mil dólares na B&H, em Nova York – e sem taxa!)

Andre Arruda: Depende. Câmeras & lentes viajam comigo, mas as companhias aéreas estão com restrições de peso severas. Despacho flashes, tripés, refletores e cabos em cases da Alvha reforçados com plástico bolha ''heavy duty'', o padrão atual para transporte de obras de arte. Já tive um case Pelican que aguentava TUDO, mas vendi por falta de uso e exce$$o de peso nos voos. A rigor, nunca despachar câmera/lente, ou usar um case especial, trancado a cadeado, se não tiver outro jeito. Ah, sim, e se houver conexões, é bom levar um terço, bíblia, talmud, coorão, Richard Dawkins...

Andrea Camara: Câmeras/lentes, sempre com você. Geradores despachados já chegaram quebrados. Quando o volume é grande não tem jeito. Embalar bem. Cases da Pelican também ajudam.

Enfim: recomenda-se a quem estiver pensando em viajar com equipamento que se prepare para levá-lo consigo. As famosas cases da Pelican, lembradas pelo André e pela Andrea, são verdadeiras caixas fortes estanques, à prova inclusive de elementos químicos, mas não, infelizmente, à prova de sumiço em aeroportos.

Por falar nisso, o vídeo de Dave Carroll reclamando que teve a guitarra quebrada pela United já foi assistido quase cinco milhões de vezes no You Tube. É a vingança mais bem humorada dos últimos tempos! Em http://migre.me/3vzH.


(O Globo, Revista Digital, 20.7.2009)

19.7.09

Trabalho braçal

Mais uma vez, pessoas, desculpem o sumiço; é que estou aproveitando o fim de semana para terminar de arrumar os DVDs.

Não é que estejam desarrumados, mas há uma sintonia fina que é chatinha de fazer. Isso me tomou semanas com os livros, lembram? mas eles não são só mais numerosos, são também mais complicados de arrumar.

Por sinal, ganhei um bom espaço nas prateleiras dos indianos. É que parte das capas é feita para estojos slim, mas eles vêm nos estojos comuns; pois comprei os slims e voilá, eis que, volumetricamente, a minha coleção diminuiu um bocado.

Isso é ótimo porque, naturalmente, há uma leva nova a caminho...

Está escondida




17.7.09

Brincadeirinha legal

Apareceu uma brincadeirinha muito simpática lá no Facebook. É assim:

Pegue o livro mais próximo. Agora.
* Vá até a página 56.
* Encontre a quinta frase.
* Poste nos comentários.
* Não procure pelo seu livro favorito, pelo mais cabeça, pelo mais chique. Pegue o livro mais próximo.


No meu caso deu isso:
"Often the comic roles in Hindi cinema are subaltern, often servants and lower classes, and the performances become one of the 'attractions' or 'items' in the film, disrupting the main narrative."

16.7.09

No estúdio




A partir de uma noite escura



A garotada que leu Harry Potter e que não se segurava de impaciência entre o lançamento de um livro e de outro conhece a sensação: durante toda a década de 90 esperei, ansiosamente, pelo terceiro volume de “The Last Lion”, biografia de Winston Churchill que William Manchester começara a publicar alguns anos antes. Os dois primeiros volumes, “Visions of Glory” e “Alone”, que haviam saído em 1983 e 1988, respectivamente, e que, juntos, somavam 1.729 páginas, estavam entre o que eu havia lido de melhor, superando, em ritmo e estilo, os oito volumes da minuciosa biografia oficial escrita por Martin Gilbert. É claro que eu sabia como a história acabava mas, no caso, isso não fazia a menor diferença.

Eu não era a única. Só em inglês os dois livros de Manchester haviam vendido mais de 500 mil exemplares e, quando eu perguntava nas livrarias americanas se havia previsão de lançamento, percebia no olhar dos livreiros o brilho feliz da expectativa de um best-seller -- mas, infelizmente, ninguém tinha qualquer informação.

Até que, em agosto de 2001, li, no New York Times, a entrevista mais triste. William Manchester, então com 79 anos, debilitado por dois derrames que se seguiram à morte da mulher, em 1998, desistira de terminar a biografia em que trabalhava há 25 anos.

“Durante 50 anos, escrever para mim foi tão fácil quanto respirar. Agora, não consigo mais”, disse ele ao repórter Dexter Filkins. “O sentimento é indescritível.”

Jornalista, professor e historiador, William Manchester era um pesquisador e autor incansável. Publicou 18 livros, alguns muito bem recebidos pelos leitores, como “Morte de um presidente”, sobre o assassinato de Kennedy, que vendeu mais de um milhão de exemplares. A crítica nem sempre tinha a mesma opinião do público, mas este parece ser o karma habitual de quem comete o pecado de transformar em temas palpitantes o que, na escola, se aprende com sangue, suor, trabalho e lágrimas.

Manchester era conhecido também por ser capaz de escrever dias a fio sem sequer parar para dormir, e explicava isso pela ânsia de pôr no papel os pensamentos que lhe vinham mais rápidos do que as palavras.

“Eu trabalhava o dia inteiro, a noite toda, o dia seguinte e mais a noite, até o terceiro dia. Aí olhava para o relógio, e se eram 15h30, pensava: ‘Que ótimo, ainda tenho três horas para escrever’. Adorava isso! Eu conseguia pensar uma dúzia de parágrafos adiante e rabiscava pequenos símbolos para me lembrar do que viria. É que não conseguia escrever depressa o suficiente.”

Os derrames foram cruéis. A perna esquerda ficou paralisada mas, tirando isso, o velho professor não aparentava outras seqüelas. As conexões que a sua mente executava com tanto brilho, porém, haviam desaparecido, e o que antes era segunda natureza passou a ser um suplício. Quando foi entrevistado, levava praticamente o dia inteiro para escrever uma carta:

“Minha mulher se foi e não consigo mais escrever. Se eu acreditasse no poder da oração, rezaria o dia inteiro para que ele me levasse embora.”

William Manchester morreu em 2004, aos 82 anos. “The Last Lion” permanece inacabado. As 237 páginas que havia escrito do volume final da biografia e os milhares de notas que deixou foram retomadas, ainda em sua vida e com seu consentimento, pelo jornalista australiano Paul Reid. As últimas notícias a respeito do livro previam sua publicação para 2007 ou 2008, mas esses anos, como sabemos, vieram, passaram, e nada aconteceu. O resto é silêncio.

* * *

O que me trouxe tudo isso de volta foi a recordação de um outro livro, chamado “A world lit only by fire” (aqui lançado com o inapropriado título de “Fogo sobre o chão”). As circunstâncias em que Manchester o escreveu falam muito sobre o autor. Em 1989, depois de uma temporada entrando e saindo de hospitais, os médicos sugeriram que desse um tempo nas pesquisas sobre Churchill e fosse para um clima mais quente para descansar e se curar. Ele obedeceu. Mas, como estava devendo o prefácio para a biografia de Fernão de Magalhães escrita por um colega, pôs-se a trabalhar no texto que, calculava, teria -- se tanto -- uma dúzia de páginas.

Algum tempo depois, estava com mais de 300 páginas em mãos. Na tentativa de explicar Fernão de Magalhães a partir do seu tempo e da sociedade em que vivia, tinha escrito um ótimo livrinho sobre o Século XVI. “A world lit only by fire” é uma deliciosa visão pessoal, ainda que historicamente incorreta, sobre o período. Mas o que guardei dele de fato foi o título, "Um mundo iluminado apenas pelo fogo",e a noção assombrosa que este título reitera de que, durante milhares de anos, a única luz que brilhou nas noites cheias de sustos e mistérios do planeta foi o fogo.

Já a lembrança desse livrinho, por sua vez, me veio em algum momento entre Manaus e Parintins, num barco que descia o Amazonas. Era madrugada, o barulho do motor mal se ouvia e, à nossa volta, naquela imensidão de água e céu, na noite de lua nova, fazia um escuro tão escuro que tudo era possível.


(O Globo, Segundo Caderno, 16.7.2009)

Com jeitinho, cabe todo mundo...




13.7.09

Anoitece




Twitter: arrumando o espaço

Quando me inscrevi no Twitter, há muitas e muitas luas *, marquei a opção de seguir automaticamente a quem me seguia. O Twitter era uma novidade, todo mundo estava testando as águas e a retribuição era apenas justa entre aqueles poucos amigos que se aventuravam por ali.

O tempo passou. Deixei o Twitter pra lá; não é o meu pedaço favorito da rede.

Mas, no ínterim, aconteceu que, onde havia meia dúzia de gatos pingados, surgiram milhares de usuários. Por muito que eu tentasse domesticar a lista de “seguidos”, quando vi estava na cola de quase três mil pessoas – e é virtualmente impossível viver no meio de um barulho desses.

Dá-se que, em algum ponto do calendário, o Twitter desabilitou a famigerada opção de Follow automático. Isso significa que o Unfollow automático também desaparecera, o que acabou de vez com minha vontade de passear por lá. Para início de conversa, eu teria que reduzir a lista gigantesca apagando “seguido” por “seguido”.

Mas de que adiantaria todo o esforço se a lista crescia sozinha?

Tinha que existir uma forma de contornar o problema. E existe mesmo. Na verdade, existem várias, mas a maioria não resolvia o meu problema, já que só corta “seguidos” que não nos seguem. Depois de muito revirar, encontrei o Refollow, melhor ferramenta de gerenciamento de conta do Twitter entre todas as que experimentei.

O Refollow permite que se cortem “seguidos” infiéis ou que se escolham as pessoas a serem cortadas ou mesmo bloqueadas, que se arrumem os amigos por últimos twits, que se veja quem não tuita há tantos e tantos dias e assim por diante. Tudo de forma rápida e simples.

É uma mão na roda e, em alguns minutos, zerou a minha lista, que pude recomeçar do zero.

Na busca por algo como o Refollow, encontrei um prático programinha para mostrar quem seguimos e não nos segue, ou vice-versa. É o Friend or Follow, de ótimo layout e também muito fácil de usar.

Já a questão do Follow automático resolvi através de uma ferramenta menos amistosa, mas ainda assim útil, o site socialtoo.com. Lá pode-se controlar alguns parâmetros do Facebook e do Twitter, entre os quais Follow e Unfollow automáticos.

Em tempo: eu detesto, mas realmente detesto, esse papo de followers, ou “seguidores”! Será que não havia uma palavra menos antipática e presunçosa no dicionário?


* Março de 2007 -- como o tempo voa!


(O Globo, Revista Digital, 13.7.2009)

12.7.09

Quase OK

Depois de um trabalhão danado, a salinha de video ficou finalmente pronta. Alguns DVDs foram fáceis de arrumar -- as coleções, os seriados, os generos mais evidentes e os trabalhos dos diretores de quem eu tenho tudo, ou quase tudo, para não falar nos filmes coreanos e sobretudo indianos, que talvez por país sejam maioria.

Ainda há umas áreas confusas, onde há DVDs de todos os tipos, e que eu ainda não sei exatamente como arrumar: muitos filmes clássicos, muitos russos, muitas comédias românticas, muitas bobagens compradas nas Americanas a dez real.

Se vocês clicarem na foto, dá pra ler onde está o quê.

O Irineu não foi etiquetado porque achei que seria rapidamente reconhecido.



Já essa outra foto não tem rótulos, mas dá para ver o outro lado da salinha:



Ela é um quarto comum, de uns dez ou doze metros quadrados, não sei ao certo, mas com a lente 10-20 parece até grandinha... :-)

Quem lê tanta notícia?!




11.7.09

Parte dos indianos




Nisso é que dá voar United!



O grupo canadense Sons of Maxwell teve a má idéia de voar pela United para Nebraska. No caminho, a guitarra Taylor de Dave Carroll -- um brinquedo de 3.500 dólares -- foi quebrada; a voadora não negou a culpa mas, depois de passar um ano enrolando o coitado, recusou-se a pagar pelo instrumento.

A vingança maravilhosa de Carroll é um videoclipe que está bombando no You Tube. E é só o primeiro de uma série!

Bem feito para a United, outra companhia aérea pavorosa.

(Valeu pela dica, Marcela!)

Que trabalheira!




9.7.09



Pete Seeger conta como compôs Turn!Turn!Turn!: em 1959 seu editor escreveu pedindo que compusesse algo novo, diferente das músicas de protesto que eram sua marca registrada e que eram difíceis de vender. Seeger chiou, mas pegou um trecho do Eclesiastes, juntou duas linhas... e o resto é História.

A música chegou ao primeiro lugar do hit-parade com The Byrds em 1965, mas foi gravada inúmeras vezes antes e depois.

Para mim, que cresci ouvindo as grandes canções de protesto americanas dos anos 60/70, será sempre uma referência emocional.

Quente, mas muito bonito!




Final de um dia de verão




Tom Paxton sempre soube de tudo



Essa semana lembrei demais de uma grande música do Tom Paxton, que se chama... Forest Lawn! Foi composta há uns 30 anos, e está precisando ser atualizada com urgencia: o que ela propõe é muito singelo para os tempos atuais.

(Levei um susto visitando o site do TP: Pete Seeger acabou de fazer 90 anos! E Billy Bragg já é um senhor de cabelos brancos. Ó céus.)

Forest Lawn
Tom Paxton

Oh lay me down in Forest Lawn in a silver casket
Put golden flowers over my head in a silver basket
Let the drum and bugle corp blow taps while the cannons roar
Let sixteen liveried employees pass out souvenirs from the funeral store

I want to go simply when I go
They'll give me a simple funeral there I know
With a casket lined in fleece
And fireworks spelling out "Rest In Peace"
Oh take me when I'm gone to Forest Lawn

Oh lay me down in Forest Lawn they understand there
And they have a heavenly choir and a military band there
Just put me in their care
I'll find my comfort there
With sixteen planes and a last salute
Dropping a cross in a parachute

I want to go simply when I go
They'll give me a simple funeral there I know
With a hundred strolling strings
And topless dancers in golden wings
Oh take me when I'm gone to Forest Lawn

Oh, come, come, come, come,
Come to the church in the wild wood
Kindly leave a contribution in the pail
Be as simple and as trusting as a child would
And we'll sell you the church in the dale

To find a simple resting place is my desire
To lay me down with a smiling face comes a little bit higher
My likeness done in brass
Will stand in plastic grass
And weights and hidden springs
Will tip its hat to the mourners filing past

I want to go simply when I go
They'll give me a simple funeral there I know
I'll lie beneath the sand
With piped in tapes of Billy Graham
Oh take me when I'm gone to Forest Lawn

Rock of ages cleft for me
For a slightly higher fee
Oh take me when I'm gone to Forest Lawn

Entrevista com a Vaca



Ela é jovem, bonita, contracena com Tony Ramos e ganha um dinheirão. Está com tudo e não está prosa: apesar de ter conquistado a fama no horário nobre, continua com a mesma personalidade descomplicada de sempre. A sua agenda, contudo, está cada vez mais concorrida. Quando fui ao Projac para entrevistar a Vaca, levei um bolo.

-- Mas hoje é sábado! – exclamou Débora Bloch, com quem me encontrei no estúdio de “Caminho das Índias”. – Hoje você só encontra aqui gente como a Juliana Paes, como o Rodrigo Lombardi, como eu... A Vaca é uma diva, não trabalha fim-de-semana.

Como o verdadeiro jornalismo investigativo não se deixa abalar por contratempos, depois de mais uma rodada de telefonemas e emails voltei ao Projac. Dessa vez dei sorte. Encontrei a Vaca na cidade cenográfica, do lado de fora do set do Rajastão, onde são filmadas todas as cenas de rua indianas da novela. Fazia um lanche rápido na grama enquanto não era chamada para a sua cena.

-- Bom dia, Vaca.

-- Muuuuuuuuuuuuu – respondeu ela, cordialmente.

-- Muuuuuuuuuuuuu?

-- Muuuuuuuuuuuuu!

Ela sente-se à vontade sob os refletores. Acostumou-se com as câmeras e com as atenções e, como toda estrela, faz mistério em relação ao cachê. Fala-se, nos bastidores, que ela não sai de casa por menos de 350 reais, mas ela desconversa. Falam também que comeu o prestigioso crachá da Globo, mas ela nega indignada o episódio, que teria sido inventado por uma revista de fofocas.

A vaca vem de uma família de artistas, e nasceu há dois anos no set do“Sítio do pica-pau amarelo”. Foi batizada de Emília. Sua mãe, de nome Onça, tem uma longa trajetória televisiva, e também trabalha em “Caminho das Índias”, mas as duas nunca atuam juntas: a presença da mãe intimida Emília.

Para entrevistar a Vaca é preciso falar com Douglas Barros, animalier (uma espécie de sommelier de animais) do Rancho do Nori, em Guaratiba. Lá vivem a vaca e dezenas de outros bichos que brilham na televisão: carneiros, cabritos, patos, cavalos, porcos, cachorros, gatos, cobras e até capivaras.

Eu, para a Vaca:

-- O que você acha da sua personagem em “Caminho das Índias”?

-- A Mãe Vaca foi um presente de Glória Perez. É um papel complexo, cheio de muuuuuuuuuuumuuuuuuuuuuuunhas. Para começo de conversa, preciso interpretar uma vaca mais velha e com mais vivência; depois, tenho de passar aquela coisa assim meio espiritual da Índia, entende? Também sou muito grata ao Marcos Schechtman, o diretor, que me deu essa oportunidade. Tenho aprendido muito com ele e com todo o elenco maravilhoso da novela.

-- Você fez laboratório?

-- Assisti a diversos episódios do National Geographic e do Animal Planet e a todos os filmes do Satyajit Ray.

-- Você sofreu alguma espécie de discriminação ou preconceito por ser uma vaca?

-- Pelo contrário! Todos me receberam de braços abertos, e me incentivaram com palavras de carinho.

-- Como é contracenar com Tony Ramos?

-- Fiquei meio nervosa quando nos encontramos pela primeira vez, é claro, mas o Tony é um verdadeiro lord, um parceirão. Ele logo me deixou inteiramente à vontade. Ele é um colega fantástico, que não se importa em dividir a cena com os outros. Mas o que eu mais gosto é que ele tem um estoque gigantesco de banana d’água guardado naquela loja.

-- Como você tem conciliado o trabalho na novela com a vida pessoal?

-- Desculpe, mas não falo sobre minha vida pessoal. Só falo sobre a minha carreira.

-- Mas você pode pelo menos adiantar o que vai fazer quando a novela acabar?

-- Bem, eu gostaria de me casar e de ter filhos.

-- Você gostaria que seus filhos seguissem a carreira artística?

-- Acho que eles devem seguir as próprias vacações, digo, vocações, mas daria força se algum quisesse vir para a televisão. O trabalho é fácil, ganha-se bem e come-se muitas frutas. Muita banana!

-- Quais são seus planos para o futuro?

-- Estou estudando vários projetos. Tenho paixão por teatro, e acho que também seria interessante fazer um filme.

Eu, para a Vaca:

-- Aqui entre nós, você é mesmo sagrada?

-- Não sei. Pergunta para a produção.



(O Globo, Segundo Caderno, 9.7.2009)

8.7.09

Tut freak


Howard Carter e Lord Carnarvon

Estou assistindo a uma produção da BBC sobre a busca ao Egito antigo.

Sou inteiramente viciada nisso, e nem me incomodo muito dessa série em especial (Egypt) deixar um tanto a desejar: é bem feita mas chatinha, exagerada e intercalada com trechos dramatizados do que seria a vida dos faraós.

Também é pedir muito ver Carter escavando de terno e gravata ou, na melhor das hipóteses, de (quase) impecáveis camisa e calça social com suspensórios.

Parece que, para a BBC, ninguém suava no Egito nos idos de 1922.

Tudo é perdoado, porém, porque fico arrepiada dos pés à cabeça ao imaginar o que Carter e Carnarvon sentiram quando viram, pela primeira vez, o túmulo de Tutancamon; e adoro que me contem essa história over and over again.

AQUI há um banco de dados precioso com todos os cartões que Carter fez catalogando os objetos encontrados na tumba, as fotos P&B de Harry Burton e fotos a cores de John Ross. É um trabalho fenomenal.

Valeu pelo link, Tom!

7.7.09

Anatomia de um desastre

Desde que o (já não tão) novo prefeito tomou posse, os protetores de animais vêm mantendo um diálogo de surdos com a Sepda.

Esperei um tempo para ver como ficavam as coisas, para não julgar precipitadamente um trabalho que, afinal, poderia estar sendo bem encaminhado, mas a verdade é que o mínimo que se pode dizer da política da prefeitura em relação aos bichos do Rio de Janeiro é que é um desastre.

A Secretaria de Proteção e Defesa dos Animais só tem protegido e defendido mesmo os animais humanos que emprega. Parece claro que, para o prefeito Eduardo Paes e seus "especialistas", bicho bom é bicho morto.

Lilian Queiroz, da ONG Oitovidas, acaba de enviar correspondência para o prefeito:
"Sr Prefeito Eduardo Paes,
Sr. Luiz e Dr. Leonardo

Tenho comparecido às reuniões e observado a atuação da Sepda.

Como contribuinte, que dedica o equivalente a cinco meses do meu trabalho em impostos e o equivalente a outros quatro meses com cuidados de animais abandonados, serviço esse que cabe ao Poder Público, me sinto bem à vontade para fazer esses comentários.

Todos vocês que estão ocupando cargos nessa secretaria, antes de caírem de para quedas aí, nunca tinham ouvido falar em "Proteção animal".

Sem conhecimento de causa, começam a elaborar planos mirabolantes, a maioria das vezes com olhos nos votos da Proteção Animal, sem se inteirar do assunto, sem pesquisar as necessidades e reivindicações de pessoas que há anos fazem esse trabalho com os próprios recursos.

Marcam reuniões com um número enorme de pessoas e não ouvem nenhuma.

Elaboram projetos e se sentem injustiçados por não serem ouvidos e elogiados no que estão propondo.

Acontece que para nós, cansados de tanta promessa que não se realiza, só vale o que está pronto, o que está acontecendo. E do que está acontecendo, sinceramente, não estamos gostando.

O "vamos conseguir verbas", "nós estamos querendo fazer", para nós, sinceramente, já virou piada.

Por exemplo, a Fazenda Modelo:

Um elefante branco, com uma localização difícil para a maioria dos protetores, que não tem carro e tempo para se locomover até lá, e ainda tem que colocar os animais em risco, pelo stress da viagem.

Quem conhece gatos, sabe o que significa isso para eles.

A angústia que nos causa a possibilidade de "entulhar” inúmeros animais lá e a insegurança em relação à verba para mantê-los por muitos anos, bem como em relação às mudanças de governo, não têm tamanho.

A fome, a sede e a doença não esperam licitações, briguinhas por poder, ou novas ordens.

Além do mais, com o dinheiro que gastaram lá, poderiam estar montando vários quiosques de castração perto das favelas e bairros da Zona Norte, além de investirem na educação sobre posse responsável. Mas, entendo, isso não seria viável para fins políticos, pois não seria visto pelos eleitores.

Sei que aos olhos de vocês somos ingratos e só queremos brigar. Acontece que se estivessem do nosso lado, participando do nosso dia a dia, poderiam nos compreender e fazerem um serviço que realmente importaria para os animais.

Nada pior para nós, que conhecemos cada animal da colônia que cuidamos, que sabemos qual está adaptado, qual precisa ser castrado, doado, qual está correndo risco no local, por ser medroso, arisco, coisas que só quem cuida sabe, do que aparecer um "hiperporforizado" com um "projeto", querendo recolher, doar, levar para o CCZ, (com a Dra Eucy na direção!) ou para a Fazenda Modelo.

Vocês criam projetos para a doação de gatos quando não conhecem a colônia e muito menos quem cuida deles. Chegam sem a menor consideração, interferindo em trabalhos que estão sendo feitos há anos, sem ao menos ouvir o que foi e o que está sendo feito, sem saber das necessidades de cada um dos protetores.

Dão entrevistas falando idiotices, demonstrando total despreparo e dando às pessoas que não conhecem o assunto uma falsa imagem.

O trabalho da Dra Preci, por exemplo, é muito maior que cuidar e acomodar os poucos gatinhos da colônia do Parque Lage.

Para esses, ela não precisa da Fazenda Modelo ou de vocês, pois trabalhou durante muitos anos no local sem qualquer ajuda da Prefeitura ou de qualquer governo. Todas nós protetoras e suas amigas podemos cada uma ficar com um ou dois deles e eles ficariam muito bem cuidados.

O problema, entretanto, é muito maior que isso e vocês não conseguem nem enxergá-lo.

Quando a Dra. Preci sair do Parque Laje o abandono e a ignorância pública não vão acompanhá-la. Sendo assim, pergunto: quem vai doar os filhotes deixados lá todos os dias? Quem vai tirá-los da desidratação e inanição que eles apresentam na maioria das vezes, precisando ser alimentados e hidratados de 3 em 3 horas? Quem vai conseguir donos responsáveis para os adultos, muitas vezes velhinhos, doentes ou machucados que são abandonados ininterruptamente? Quem vai conversar com aos visitantes, dando informações importantes, como a de não alimentar silvestres com chocolates e batatas fritas, coisa que nem uma placa de aviso a prefeitura faz? Quem vai checar se no meio da mata estão agonizando animais, cheios de agulhas e velas pretas e vermelhas, depois das magias e macumbas? Quem vai fazer esse trabalho, que só quem ama faz com a dedicação e a competência que ela e os protetores fazem?

Difícil para políticos entenderem esse trabalho. O olhar dos políticos está dirigido para outro lugar: VOTOS e SALÁRIOS ALTOS.

Infelizmente, se existe alguma possibilidade de vocês se juntarem a nós, é preciso que aprendam a ter um olhar de compaixão, muito mais abrangente que o próprio umbigo.

Não adianta ser educado, simpático, sedutor, interessante.

Para a proteção só interessam competência, solidariedade, paixão e respeito pelos animais."

Lilian Queiroz de Sousa

Protetora e Presidente da Oitovidas.

Companheirinhos




6.7.09

Urbanóides no Amazonas



Pessoas, perdão pelo atraso na postagem, mas hoje foi um daqueles dias ultra super duper enrolados (ie, um dia normal como todos os outros!); por incrível que pareça, só agora consegui sossego para me conectar do desktop, onde estava o texto. A data de postagem ficou sendo a de segunda, porque, para efeitos de pesquisa, eu sempre uso a data da publicação.


O barco saiu de Manaus às quatro da tarde. Em termos de ligação com o mundo, a situação era a seguinte: três horas depois do início da viagem entraríamos numa zona inteiramente desconectada, na qual nem celulares pegariam, e só voltaríamos a nos conectar ao chegar a Parintins, 18 horas depois.

Ao longo do Amazonas há pontos conectados aqui e ali, ao largo de pequenas cidades, mas ninguém tinha certeza de quando aconteceriam o “aqui e ali”.

A experiência foi muito interessante para mim e para o grupo hiper-conectado com quem eu viajava. À medida em que o barco descia o rio e se embrenhava pela selva, conferíamos os celulares e trocavamos impressões sobre o sinal. Como todos estavamos em roaming, porém, todos tínhamos o mesmo sinal: é que as operadoras usam os serviços umas das outras onde não têm cobertura.

O sol estava se pondo quando o meu telefone tocou:

-- Senhora Cora?

-- Sim.

-- Aqui é da Oi. Nós temos uma oferta para a senhora...

Ninguém merece receber ligação de telemarketing no meio do maior rio do mundo! Despachei a moça com toda a educação de que fui capaz nas circunstâncias, e voltei a me concentrar na natureza imponente que nos cercava. Pouco depois, os celulares mergulharam na zona de silêncio.

A uma da manhã, ao passarmos por vagas luzinhas na distância, conferi o sinal do modem: estava vivo! Aproveitei os quinze minutos de conexão para gerenciar o blog e dar uma olhada na mailbox. Quando chegamos a Parintins, todos os celulares voltaram, ainda que com certo delay na conversa; a internet, porém, era um desastre, e funcionava – quando funcionava – a conta-gotas.

Cheguei a chorar as mágoas com os amigos, até que me dei conta de como estávamos, todos, sendo ingratos com a tecnologia. Parintins fica a 420 quilômetros de Manaus, está no coração da Amazônia, cercada de água e floresta por todos os lados – e, ainda assim, cada um pode carregar a sua linhazinha telefônica no bolso!

Se isso não é um milagre, não sei bem o que é.


(O Globo, Revista Digital, 6.7.2009)

Pipoca




(Keaton cansou)




Trabalho de grupo




4.7.09

Mais um siamês à procura de dono!

Para quem perdeu a chance de adotar a Sofia: há um outro gatinho siamês desesperadamente precisado de um lar.
Fala, Vivi:
"Queria muito a ajuda de vocês na divulgação deste gatinho. O Leo é um
siamês lindíssimo que foi encontrado no telhado de uma casa em Olaria, magro, desidratado, triste e assustado. Uma vizinha o viu angustiado, passando o dia escondido no forro desse telhado, alternando com momentos em que saía para pedir ajuda, miando desesperado. Desde seu resgate, Léo vive em uma hospedagem e divide espaço com outros bichos. Descobri há pouco que ele passa o dia numa caixa de
transporte, sendo solto dentro da casa somente às cinco da tarde.

É um animal extremamente meigo, convive bem com gatos e cachorros, embora sempre mostre uma cara de assustado, com uma expressão que parece pedir proteção o tempo todo. Apesar disso, é incapaz de avançar em qualquer humano ou animal que se aproxime dele. Estou com muita pena, pois sei o quão difícil deve ser um gatão desses passar o dia preso em uma caixinha. Me ajudem, por favor!"
Para maiores informações sobre o Leo, entrar em contato com a Vivi: vivianematospf@gmail.com.

Boa vida




Mais um álbum...



Ir para um lugar interessante como Parintins significa fazer muitas e muitas fotos: acho que nunca vou terminar de separar todas elas!

Além das fotos feitas com as câmeras, fiz também várias com o celular.

Elas estão AQUI.

3.7.09

Emergência felina

Viva!
Já foi adotada!






Escreve a Valeria:

"Essa siamesa linda, a Sofia, foi abandonada há alguns dias num terreno perto da casa da Carolina, que está cuidando dela. É muito carinhosa, educada e já está castrada. Mas, na rua, está correndo todos os riscos possíveis, principalmente por ser tão dócil e confiar nas pessoas. E já tem gente intolerante na vizinhança fazendo ameaças!

Ela está no Rio de Janeiro e o contato para adoção é a Carolina."