31.3.02
Sábado
O Rio fica uma delícia no feriado, vazio assim: dá pra ir à praia prum mergulho básico (com lugar de sobra pra instalar as cadeiras), dá pra estacionar em qualquer lugar e dá até pra JANTAR no Shirley... sem fila! Camarões GIGANTES, hmmmmm... muito bom.Mais tarde, numa volta pelos blogs amigos, li o sábado da Marina W., passado na Barra: uma experiência radicalmente diferente, um outro mundo, um belíssimo texto. Confiram!
30.3.02
Dica de feriado
Você odeia feriado? Tá sentado aí na frente da máquina sem saber pronde ir? No problema: clique aqui e vá em frente. Trip garantida. É a página de links da revista Play, disparado uma das melhores publicações sobre vida digital a aparecerem por aqui. Tenho restrições ao visual, que acho um pouco confuso demais (na linha "Sindrome Wired") -- mas os meninos, inquestionavelmente, sabem das coisas. Quando você sair de casa, vá até a banca mais próxima e veja se não é verdade.29.3.02
28.3.02
La sueño una perla encendida sobre la mar? Pois sim...
(Post integral e descaradamente roubado do Repórter Mosca)
Alô alô
Liguei do táxi pro Geraldinho Carneiro.Ele -- Ah, eu sabia que era mulher!
Eu -- Sabia, como? Você anda tão requisitado assim?
Ele -- Pobre de mim! É que está tendo um jogo...
Eu -- Um jogo? Que jogo?
Ele -- Um jogo da seleção...
Eu -- Ah, então fica aí assistindo, eu ligo depois...
Motorista, desesperado -- Minha senhora, minha senhora, por favor... meu rádio está quebrado... pergunta aí quanto está o jogo?
Eu -- Carneirinho, o motorista aqui do táxi quer saber quanto está o jogo?
Ele -- Zero a zero...
Eu -- Zero a zero...
Ele -- ...mas nós estamos jogando muito bem...
Eu -- ...mas nós estamos jogando muito bem...
Ele -- ...nós estamos esgotando o nosso estoque de falta de sorte, já perdemos três gols prontinhos...
Eu -- ...nós estamos esgotando o nosso estoque de falta de sorte, já perdemos três gols prontinhos...
Ele -- ...o Ronaldinho está comendo a bola, aliás o Ronaldinho Gaúcho também...
Eu -- ...o Ronaldinho está comendo a bola, aliás o Ronaldinho Gaúcho também...
Motorista, aliviado -- Ah, graças a Deus! Minha senhora, agradeça ao seu amigo. Ele é um locutor nato.
Especial de Páscoa II
Atendimento automático
Obrigado por ligar para o Céu.
Para ouvir essa mensagem em inglês, tecle 1. Para ouvir em espanhol, tecle 2. Para qualquer outra língua, tecle 0.
Por favor, escolha uma das seguintes opções:
Tecle 1 para Pedidos. Tecle 2 para Yom Kippur. Tecle 3 para o Natal. Tecle 4 para Reclamações. Tecle 5 para qualquer outra questão.
No momento, todos os nossos anjos estão ocupados atendendo a outros pecadores. Por favor, não desligue: a sua prece é importante para nós, e será atendida na ordem em que foi recebida.
Se você quiser falar com:
Deus, tecle 1. Jesus, tecle 2. Moisés, tecle 3. O Espírito Santo, tecle 4. Se você quiser escutar o Rei Davi entoar um salmo enquanto aguarda, tecle 5.
Para encontrar um ente querido transferido para o Céu, tecle 6; em seguida, tecle o número do CPF dele ou dela, seguido da tecla *asterisco*. Se você receber uma resposta negativa, por favor desligue e tente novamente usando o código de área 666.
Para reservas no Céu, por favor ligue para 1-800-K-A-D-I-S-H ou tecle J-O-A-0, seguido dos números 3-1-6.
Para respostas a perguntas inquietantes sobre dinossauros, evolução das espécies, idade da terra e vida em outros planetas, por favor aguarde até o momento da sua chegada.
Nossos computadores mostram que você já rezou hoje. Por favor desligue, e tente novamente amanhã.
Nossos horários de funcionamento vão de segunda a sexta, das 6hs às 18hs. Se você está ligando fora desses horários e precisa de atendimento de emergência queira, por favor, entrar em contato com o seu padre, pastor ou rabino.
Deus agradece a sua ligação.
(Para Meg e Selma, com muito carinho)
Especial de Páscoa
SAD (Serviço de Atendimento ao Devoto)
Deus agradece a sua convicção e devoção.
Para melhor atender às suas necessidades e melhorar a qualidade do atendimento, Deus gostaria de pedir alguns minutos do seu tempo para responder a este questionário:
1. Como você descobriu Deus?
__Jornal
__Bíblia
__Torah
__Alcorão
__Televisão
__Livro dos Mórmons
__Inspiração divina
__Manuscritos do Mar Morto
__Sua mãe contou
__Experiência de quase morte
__Experiência de quase vida
__Rádio
__Tablóide
__Violência em Meu nome
__Babaquice em Meu nome
__Outro (especifique): ____________
2. Qual foi o modelo que você adquiriu?
__Jeovah
__Jesus
__Krishna
__Buda
__Pai, Filho & Espírito Santo [Kit-Trindade]
__Zeus & Cia [Kit-Olimpo]
__Odin & Cia [Kit-Valhala]
__Alá
__Satanás
__Mãe Natureza/Terra/Gaia
__Nenhum dos anteriores, eu adquiri outro modelo.
3. Você ficou satisfeito com seu modelo, ele veio com todos os atributos completos, sem problemas ou partes faltando?
__ Sim
__ Não
3a. Se não, indique quais foram os problemas encontrados:
__Não era eterno
__Era finito
__Não era onisciente
__Não era onipotente
__Permitia sexo fora do matrimônio
__Proibia sexo fora do matrimônio
__Cometia erros
__Permitia que coisas ruins acontecessem com pessoas boas
__Permitia que coisas boas acontecessem com pessoas ruins
__Requeria sacrifícios na fogueira
__Requeria sacrifícios de virgens
4. Quais foram os fatores determinates na hora de escolher seu modelo?
__Doutrinação dos pais
__Necessidade de uma razão para viver
__Doutrinação da sociedade
__Conhecer garotos(as) na igreja
__Medo da morte
__Contrariar os pais
__Agradar aos pais
__Um dia longe da escola ou do trabalho
__Necessidade desesperada de ter uma certeza na vida
__Gosto por música de órgão e corais
__Necessidade de se sentir moralmente superior
__Outro motivo (especifique): ____________
5. Você já havia adquirido algum outro modelo antes?
__Sim
__Não
5a. Se sim, por qual falso deus você foi enganado?
__Baal
__O dólar
__A esquerda liberal
__A direita radical
__Amon-Ra
__Bill Gates
__O Santo Daime
__O Grande Espírito
__A Grande Abóbora
__O Sol
__A Lua
__A Força
__Tiazinha
__Elvis
__Um baseado
__Um psiquiatra
__Outro (especifique): ____________
6. Você tem alguma fonte auxiliar de inspiração? Se sim, qual:
__Tarô
__Loteria
__Astrologia
__Televisão
__Mãe de Santo
__Quiromancia
__Revista Playboy
__Livros de auto-ajuda
__Sexo, drogas & rock'n'roll
__Biorritmo
__Álcool
__Maconha
__MST
__Folhas de Chá
__Amway
__Terapia
__AOL
__Mantras
__Cristais
__Gnomos
__Paulo Coelho
__Pirâmides
__Outro (especifique): ____________
7. Deus emprega um grau limitado de intervenção divina para assegurar a eficiência, comodidade e qualidade de seus serviços. Você acha que deveria haver alguma alteração no grau de intervenção?
__É necessário mais intervenção
__É necessário menos intervenção
__O nível atual de intervenção está legal
__Não sei
__O que é intervenção divina?
8. Deus trabalha para que seja mantido um nivel equilibrado de desastres e milagres no mundo. Por favor dê uma nota de 1 a 5 para a qualidade da manipulação dos seguintes fatores:
a. Desastres:
1 2 3 4 5 inundação
1 2 3 4 5 escassez
1 2 3 4 5 terremoto
1 2 3 4 5 guerras & holocaustos
1 2 3 4 5 Windows
1 2 3 4 5 spam
1 2 3 4 5 sarneys
b. Milagres:
1 2 3 4 5 salvamentos
1 2 3 4 5 Giselle Bundchen
1 2 3 4 5 estrelas que pairam sobre cidades minúsculas
1 2 3 4 5 Brad Pitt
1 2 3 4 5 Mega sena
1 2 3 4 5 coincidências de qualquer tipo
1 2 3 4 5 conexões rápidas e estáveis
9. Eventualmente Deus disponibiliza os nomes e endereços de seus seguidores e devotos para que seus representantes providenciem serviços de qualidade e intercessões performáticas. Você estaria interessado em receber gratuitamente um resumo das ofertas listadas?
__Sim, por favor inunde-me com seus devotos para o bem da minha alma
__Não, eu não quero ser aborrecido por fanáticos religiosos querendo tomar o meu dinheiro
10. Você tem qualquer comentário adicional ou sugestões para melhorar a qualidade dos serviços de Deus? (Prencha uma folha adicional, e envie em anexo)
(Recebi isso da Laura, que recebeu isso da Lilian; não é o máximo?!)
27.3.02
Dica de site
Cuidado: este coelho doido agarra o cursor do mouse e não larga mais, só se você conseguir derrubá-lo. Mesmo assim, atenção, porque ele fica de olho, e ataca novamente à menor bobeada sua! Quem achou esta maluquice foi, claro, o Eduardo Stuart, especialista em descobrir coisas divertidas.
Ponto sem nó
Andam confusas, para dizer o mínimo, as coisas lá no no-ponto-com, a melhor publicação on-line que já apareceu neste país -- e, pelo menos para esta leitora, uma das melhores publicações brasileiras de todos os tempos, ponto. Dentro ou fora da rede.Vejam o que eles dizem:
O que será de nós?
Leitores nos tem endereçado mensagens com perguntas sobre o futuro de no.. Muitos pedem notas explicativas. Como temos o hábito de só escrever a respeito do que achamos que sabemos, não temos o que dizer. Quando tivermos, os leitores saberão imediatamente.
MP3
Meninos, vocês têm passeado lá pros lados do WinMX? Tá bom que tá... mas sejam bonzinhos, por favor, e não baixem músicas do Metallica ou do Dr. Dre. Eles não merecem.Aliás, este é um assunto a respeito do qual já estou precisando falar novamente. Há coisas interessantes na área; a morte do Napster foi decretada na segunda (grande coisa; ele já estava morto há tempos -- agora é um sistema do sistema) e, surpreendentemente, um juiz federal americano pediu às gravadoras que provem que detém legalmente o copyright de tudo o que dizem lhes pertencer. Vou escrever sobre isso em breve, prometo -- mas é que o meu dia está curto demais, tem só 24 horas, e elas estão sendo mais ou menos insuficientes pra que eu dê conta do recado todo; ainda mais com tanta música pra baixar...
26.3.02
Especial pra quem veio lá das Parabólicas:
Adendo, em 27.03.02, madrugada: Ontem, quando voltei para casa, tarde da noite, encontrei a minha gatinha branca queridinha no portão do prédio, como de costume. Mas, desta vez, ela não veio fazer festa pra mim; estava muito entretida com alguma coisa.
Fui lá ver o que era e... YIKES!!!... era uma rolinha, que ela caçou, e estava DEVORANDO. É, a palavra é essa: já tinha comido a cabeça e estava dando conta do resto. Ela olhou pra mim, fez um miau de reconhecimento, e continuou às voltas com a refeição.
Fiquei em estado de choque. Eu gosto muito de pássaros, também, e não gosto de ver essas cenas tipo Planeta Selvagem ao vivo (ou, digamos, meio ao vivo/meio ao morto); aliás, não gosto de ver nem no Animal Planet. Acho lindo quando ela caça ratos -- embora eu não assista às execuções -- mas passarinhos, francamente...
Por outro lado, é verdade que eu como frango assado na maior, e adoro arroz de pato... *sigh*
Flo, a Gata
Para quem se amarrou na história de Frank, o Gato, informo: ele não é o único felino a se tornar web-celebridade ao ajudar um bípede a testar sistemas. Uma outra gatinha, Flo, trabalha testando os algoritmos de reconhecimento de imagem desenvolvidos por seu companheiro Boris, da Quantum Picture. A história de Flo, porém, não é tão dramática quanto a de Frank, que quase morreu atropelado antes de ir parar na gaiola vigiada pelas webcams que o tornaram famoso. O problema de Flo (na verdade, o problema dos seus bípedes) é que Flo, como todo gato que entra e sai de casa, tinha mania de trazer ratos e pássaros agonizantes para a sala, de presente para a família. Suas intenções eram as melhores possíveis, mas não foram bem compreendidas. (Reparem nesse focinho pintado dela, que coisa mais bonitinha...!)Solução? Desenvolver um algoritmo que soubesse distinguir, pelo perfil de Flo, se ela estava voltando sozinha ou trazendo alguma coisa na boca; e instalar uma tranca, controlada por este algoritmo, na portinhola que ela usa nas suas idas e vindas. Parece complicado... e é mesmo! Mas é, também, extremamente engenhoso.
A teoria:
Uma imagem é composta por um determinado número de atributos: num rosto, por exemplo, a gente pode distinguir, e descrever, formato, nariz, orelhas, olhos, boca, sobrancelhas... por aí vai. O desafio é fazer com que um algoritmo seja capaz de identificar esses atributos, de forma que, numa pesquisa na web, ao "mostrar" um rosto para a máquina de busca, ela possa encontrar todas as fotos em que aquele rosto aparece na rede.
A prática:
Uma câmera instalada do lado de fora da portinhola, conectada a um computador, observa constantemente um espelho iluminado. Quando Flo aparece, a imagem escurece. Se os contornos desta área escurecida correspondem aos parâmetros definidos no algoritmo, o computador destrava a portinhola e Flo entra; o sistema tem cerca de um segundo -- tempo transcorrido entre o momento em que ela passa diante do espelho até chegar à portinhola -- para processar tudo isso. Quando os contornos estão alterados, ou seja, quando há obviamente alguma coisa não identificada na boca de Flo, o computador não destrava a portinhola. Ela então faz duas ou três tentativas de entrar em casa, fracassa e, para alívio geral, vai terminar a matança longe da família e das visitas.
No website da Quantum Picture, tudo está explicado em detalhes -- fascinantes, por sinal. Tecnologicamente, tudo faz sentido, funciona às mil maravilhas e está descrito de forma perfeitamente compreensível. Saí de lá com a sensação de ter visto algo genial na sua paradoxal complexidade/simplicidade. É óbvio que este é um sistema que está, sem trocadilhos, engatinhando, mas tem um futuro brilhante em mil diferentes aplicações.
Minha única dúvida não satisfeita não tem a nada a ver com tecnologia, mas sim com comportamento animal. Com o tempo, Flo vai perceber que, cada vez que traz um bicho pra casa, não consegue entrar; e logo estará deixando de trazer as suas vítimas para compartilhar com a família. Pelo que percebi no site da Quantum, já há outros gatos na jogada (Squirrel e Ellipse). A pergunta (que, aliás, já encaminhei ao Boris) é: quanto tempo um gato leva para perceber o jogo do sistema? E de quantos auxiliares quadrúpedes ele ainda vai precisar para deixar pelo menos este sistema em ponto de bala?
Visitem a Quantum. É um lugar interessantíssimo, cheio de boas fotos e informações.
25.3.02
Um homem chega no bar, depois de um dia exaustivo de trabalho e muitos aborrecimentos. Pede uma cerveja e desabafa:
-- Todos os advogados são idiotas.
-- Peralá, disse outro, vamos com calma. Assim você me ofende...
-- Por que, o senhor é advogado?
-- Não, sou idiota.
Capturei essa lá na Marina. Como ela, repito: nada pessoal... :-)
Paisagens Mineiras
No post em que recomendo o texto do Marcos Sá Corrêa (que recomendo novamente), prometi falar mais a respeito da imagem que usei como ilustração. Ela é irmã desta que aqui está; e ambas fazem parte de Paisagens Mineiras, belíssimo conjunto de aquarelas de Mário Zavagli, feito à maneira de antigos viajantes que retrataram o Brasil, como Thomas Ender (1793-1875), Frans Post (1612-1680), Albert Eckhout (1610-1664).
Eu nunca tinha ouvido falar em Mário Zavagli até encontrar na redação, um dia desses, um catálogo da exposição, que fica em cartaz no Instituto Moreira Salles de amanhã (26 de março, para os mais distraídos) a 16 de junho. Fiquei deslumbrada com a obra deste mineiro de Guaxupé, que nasceu em 1956 e que, até hoje, continua em Minas, onde é professor de pintura e desenho na Escola de Belas Artes da UFMG.
Tudo o que eu posso dizer é: que sorte têm esses alunos...!
Oscar
Do que gostei:1) Do Woody Allen e do clip sobre NY feito por Nora Ephron;
2) Dos homenageados, sobretudo Robert Redford, que deu lugar a uma nova estética com Sundance;
3) Do Auditório Kodak;
4) Do show do Cirque du Soleil;
5) Do vestido da Cameron Diaz;
6) Do vestido da Nicole Kidman -- aliás, há algo para não se gostar em Nicole Kidman?
7) Do Oscar para Halle Berry;
8) Do Oscar para For the Birds;
9) Do Oscar para Terra de Ninguém;
10) Da Whoopi Goldberg. Ela fez algumas piadas ótimas. Ri demais com a da Sharon Stone ("Que mulher no mundo não gostaria de deixar o marido trancado numa jaula com um dragão de Comodo?").
Do que não gostei:
1) Da entrada da Whoopi Goldberg, fazendo o ato da saracura louca;
2) Do Oscar de alguma coisa para Pearl Harbor -- este é um filme que já devia ter caído em esquecimento;
3) Do momento de silêncio pelas vítimas de 11 de setembro, completa mistura de alhos com bugalhos;
4) Das patriotadas dos vencedores dos Oscars (som e montagem) de Falcão Negro em Perigo (idem);
5) De não haver um só trechinho de Rachel Portman na colcha de trilhas sonoras (é dela a música de Chocolat, por exemplo, e de Regras da Vida);
6) Do Tom Cruise (detesto Tom Cruise -- ideologicamente);
7) Do Ron Howard ganhar o Oscar que devia ter sido de Robert Altman;
8) Do começo do discurso da Halle Berry. Pensei: Oh não, Gwyneth Paltrow II, a Missão!!! (Depois melhorou, e ficou até bonito);
9) Do vestido da Gwyneth Paltrow;
10) Do cabelo da Jennifer Lopez -- aliás: há algo para se gostar em Jennifer Lopez? (Não, rapazes, esta é apenas uma pergunta retórica, não precisam responder).
24.3.02
VitriBlog
A turma do Vitrine está com um blog novo (bem, quase novo -- é que eu ainda não tinha visto) na praça. Muito legal! E, claro, já mega-hit das paradas, com aquele auxílio luxuoso das ondas da TV Cultura: quando fui entrevistada por eles, os contadores deste internETC. dispararam que foi uma beleza!O Marcelo Tas, aliás, pergunta, e talvez algum de vocês saiba responder (eu não faço idéia):
Alguém aí no "saiber-ispeice" sabe me dizer se existe no mundo outro programa de TV que tem um blog? Será que só a gente teve esta idéia?
Emergência felina no Rio!
O Álvaro, que volta e meia tem lindos gatinhos, avisa: está com quatro filhotes em casa, duas fêmeas branquinhas e dois machos, um todo preto e outro tigrado. Se alguém estiver precisando de gatos, é só falar com ele...Delicadeza
E, mais uma vez, estou em São Paulo, teclando da máquina da Fafá -- que, fazendo jus ao nome, está em Belém. A Mariana, porém, está aqui -- e a Lucy também que, lá do sofá, fica me olhando daquele jeito gozado dela, como se estivesse perguntando a que horas, afinal de contas, vamos dormir?!
Os gatos lá de casa já estão acostumados com os meus hábitos noturnos, mas a Lucy (apesar de morar com a Fafá!) ainda estranha um pouco.
Vim num pé e volto no outro, só para ver o espetáculo (ou show? ou apresentação?) que a Fernanda Montenegro faz no CCBB daqui (atenção, turma de Sampa!). Maravilhoso -- para variar: é a Fernanda, pois não? -- mas difícil de enquadrar dentro do que a gente está acostumada a ver. O show (ou apresentação? ou espetáculo?) chama-se Encontro com Fernanda, e é exatamente isso, um encontro com Fernanda, despida de qualquer personagem, exceto a maior e melhor de todas, que é ela própria.
O tema é a delicadeza, assunto de que entende como pouca gente: Fernanda é extremamente delicada, no melhor sentido da palavra, uma das pessoas mais WYSIWYG que conheço. Fala da sua experiência, lê textos de Clarice Lispector, Hilda Hilst, Cornélio Pena e Simone de Beauvoir, e conversa com a platéia do pequeno teatro. No misto de entrevista coletiva e terapia de grupo, a participação e as perguntas do público são às vezes estranhas e muito interessantes.
É curioso que, com qualquer outra pessoa no palco, este é o tipo de coisa que me causaria pavor, porque pode ser facilmente dominada pelo eterno chato de plantão ou, eventualmente, não terminar nunca. Fernanda, porém, tem um jeito gozado, ao mesmo tempo severo e terno, de pôr o ponto final na história.
Adorei.
Aliás, adorei toda esta minha aventura paulista, do embarque no Rio -- onde encontrei com Chico e Eliana, esbarrei no Augusto Nunes quase perdendo o avião dele e ainda vim ao lado do meu amigo Jefferson Lessa, o Jeff (um dos editores da Rio Show) -- à ida para o CCBB, passando pelo velho Centro de SP, deserto e estranhamente iluminado na noite de sábado, e ao nosso jantar num árabe ótimo onde, inteiramente de surpresa, apareceram Fernandinha Torres e o Andrucha, com um monte de amigos com quem tinham acabado de demolir um Maverick, na Bienal, numa instalação que vai virar curta da Conspiração.
Pode ser muito divertida, São Paulo.
Adendo, às 20h30: Depois do toró habitual que atrasou a Ponte uma meia hora, aqui estou, sã e salva. A espera foi ótima, porque encontrei com o Márcio Montarroyos, que tinha ido tocar em Sampa, e ficamos no maior papo. Ele acaba de tirar carteira de Arrais Amador: achei chique demais, Arrais Amador.
Começo a descobrir que as salas de embarque do Stos Dumont e do Congonhas, no fim de semana, são ótimos lugares pra se encontrar os amigos; pra mim, que só vou a SP a trabalho, essas duas últimas idas foram, de fato, viagens.
Ótimas viagens!
O horror, o horror
Todo mundo sabe que um conto puxa outro; com casos de horror não é diferente. Depois do apavorante relato do Ricardo Abude E. Silva sobre sua detenção em Los Angeles, aparece uma nova história de maus-tratos sofridos por brasileiros (no caso brasileiras) nos Estados Unidos. Transcrevo a carta tal como a recebi, com pequenas correções editoriais. É importante esclarecer que, ao contrário do que faria no jornal, não verifiquei pessoalmente os fatos; considerando, porém, a quantidade de casos semelhantes que me têm chegado ao conhecimento, não tenho por que duvidar deles."Meu nome é Roberta Damasceno, sou curitibana e tenho 26 anos. Assim como Ricardo A. E. Silva, eu também fui deportada quando viajei a passeio para Nova York, no dia 28 de janeiro. Fiquei 14 horas presa numa casa de detenção para imigrantes, também numa cela de 2x2. Lá havia imigrantes do mundo inteiro. Não tive direito a dar um telefonema.
Fui interrogada e torturada psicologicamente por três horas. Ouvia comentários racistas e arrogantes sobre brasileiros. Sendo mulher, fui submetida a comentários obscenos e a um exame médico detalhadíssimo. Não comi nada o dia todo e, além do mais, confiscaram todos os meus pertences, me fazendo trocar a roupa por um uniforme de presidiária.
Passei pela pior das humilhações de minha vida. Fui carregada junto com outra brasileira de Vitória (companheira de cela) pelo saguão do aeroporto. algemada com uma corrente que envolvia meus pés, cintura e mãos. Na hora de embarcar, ficamos sentadas na sala de espera do aeroporto por mais ou menos uma hora esperando o nosso vôo, ainda algemadas e acompanhadas de dois agentes da imigração, armados. Enquanto isso, todos nos miravam como se fossemos terroristas ou qualquer outra coisa do gênero.
Foi a pior experiência da minha vida. Tive um tratamento que não se é dado nem ao pior dos bandidos. Eu estava indo a passeio! No Brasil tenho poder aquisitivo razoável, sou Estilista de Moda e nunca imaginei passar por tal experiência, presa, interrogada, tratada como bicho. Eles alegaram que eu estava indo para residir nos Estados Unidos.
Eu já havia visitado amigos e familiares lá fora, mas nunca fui submetida a tal interrogatório. Após três dias de pesadelo, entre 20 horas de vôo e 14 de cárcere, já no Brasil, tive que ir diretamente à Polícia Federal do aeroporto de Guarulhos (São Paulo). Tive que assinar uma declaração de deportação. Quer dizer, até no meu próprio país fiquei fichada. Na Polícia Federal fiquei sabendo que diariamente cinco brasileiros, em média, são deportados dos Estados Unidos. São inúmeros os casos. Inclusive o de um casal que foi deportado quando viajava em lua-de-mel.
Agora eu queria saber se nós brasileiros seríamos capazes de tratá-los com tanta crueldade. Sub-raça!?
Não sou anti-americana, mas não posso negar a antipatia que tomei por aquele país e, principalmente, por seus dirigentes, após ter vivido na pele o que vivi. Não aconselho nenhun brasileiro a ir gastar seus dólares nos Estados Unidos. Sinto muito por nós brasileiros, e por toda a América Latina, por estarmos sendo controlados economicamente por essa nação de racistas e arrogantes. Eles podem até ser líderes economicos mundiais, mas não deixam de estar longe de ser um povo humano e solidário.
Sinto pena deles..."
Confesso que, diante de relatos como o do Ricardo ou o da Roberta, não é bem pena o que sinto dessa gente. É nojo, mesmo.
23.3.02
Mais um gato, mais um teste...
Que tag de HTML eu seria? Fiz o teste, e deu Font: You're the FONT tag -- some people ignore you, some people adore you. When you like someone, you like them a lot, but when you don't like them -- watch out. Hmmm... achei meio radical, também não é tanto assim... MAS o mais interessante é que peguei este teste, sabem onde? no Mario AV, cujo blog está, literalmente, uma viagem: não deixem de passar por lá, está lindo mesmo.Aproveito para informar, aliás, que o referido Mario não apenas se rendeu aos testes, como também aos gatos: vide exemplo acima.
E, tendo postado essa gracinha, só me resta dar boa noite e ir dormir, desejando a todos um ótimo fim-de-semana.
Notícias do bom Brasil
Eu sei, está ficando monótono: cada vez que ele escreve lá, eu planto um post aqui -- mas o que é que vou fazer diante de tal show de bola?! Mais uma vez, Marcos Sá Corrêa tem que ser lido: ele fala de um Brasil do bem, que não tem nada a ver com essa nojeira geral que a televisão nos empurra goela abaixo, entre Big Brothers e Sarneys, fêmeas ou machos. Para quem desconfia que há um país melhor do que o que nos vem sendo mostrado, a prova está aqui.(Da ilustração lá de cima eu falo depois: taí outra parada imperdível...)
UAAAUUUUUUUUU!!!
Como dar uma volta de montanha russa sem sair do lugar, daí mesmo, onde você está? Simples: clique aqui, e vá rolando a tela devagarinho. Não é o máximo? Grande idéia, Renato! :-)22.3.02
Frank the Cat
Vocês, que ainda estão gastando o seu precioso tempo assistindo Casa dos Artistas e Big Brother, não sabem o que estão perdendo... Bom de ver, mesmo, tem sido o Cat Hospital, onde Frank, o Gato, está -- finalmente! -- se recuperando às mil maravilhas das suas fraturas.
Como... vocês não sabem quem é Frank, o Gato? Céus, mas em que internet vocês vivem?! Frank, um lindo SRD acinzentado, tem sido a maior celebridade felina da web desde que foi atropelado, no dia 29 de janeiro, perto de Cambridge, na Inglaterra; salvou-se graças a um casal que passava de carro e viu um estranho animal se arrastando pela estrada. Pois era ele, com a bacia quebrada, tentando voltar para casa. As fraturas eram complicadas, e o prognóstico não era bom: mas Frank foi operado, e todo mundo ficou torcendo pela sua recuperação.
A sua meteórica ascenção como web-celebridade, porém, só aconteceu dez dias depois, quando pode voltar para casa e seu bípede David Donnan resolveu testar uns programas que desenvolvia instalando duas webcams numa gaiola, onde Frank passava a maior parte do tempo dormindo. Donnan é um bípede da melhor qualidade e um excelente webdesigner. Cheio de informações sobre Frank -- de seus hábitos alimentares aos raios-x das suas fraturas --, com updates freqüentes e interessantes, o Cat Hospital virou uma dessas coqueluches tão comuns na rede.
Frank, o Gato, passou a receber milhares de visitantes diariamente: há cerca de dez dias, a marca dos 250 mil já havia sido batida. Cartões desejando-lhe pronto restabelecimento inundam a sua mailbox, assim como retratos de gatos que o cumprimentam através dos seus respectivos bípedes. Ele foi matéria na BBC, na Wired, no Washington Post, no Guardian e em jornais cujos nomes a gente nem sabe pronunciar; apareceu na televisão, e virou assunto para emissoras de rádio no mundo inteiro.
No começo, confesso, eu detestava o site. É que estava me afeiçoando ao Frank e, sinceramente, ele não parecia melhorar NUNCA! Sempre que eu ia lá dar uma espiada ele estava dormindo.
Tá, eu sei: ele é um gato, e gatos dormem 28 horas por dia. Mas era preocupante. Só passei a gostar mesmo quando as webcams começaram a mostrar ele acordado, se lambendo, brincando com as coisinhas que punham na gaiola.
Hoje Frank, o Gato está quase bom, e passa boa parte do dia andando pela casa. A celebridade não o afetou em nada: segundo Donnan, ele continua sendo o felino amável e gentil que sempre foi. Ainda agora, dei um pulinho lá para capturar aquela imagem lá de cima para vocês. Havia outros 364 desocupados no site, conferindo a saúde do quadrupinho...
21.3.02
Trinta horas de terror em Los Angeles
Mais uma que eu roubo do Cat... A Meg tinha me mandado um email apontando para este relatório na própria sexta, mas a vossa blogueira, afogada que estava entre os livros que debalde tentava arrumar, separou o link num cantinho onde ele prontamente sumiu. A ineternet, felizmente, também escreve certo por linhas tortas... Hoje já temos, enfim, um diplomata brasileiro correndo atrás do caso (não que adiante muito: desde quando eles dão bola pra quem quer que seja?!) mas, sobretudo, vocês pegam um caprichadésimo texto da lavra do Cat, ficam bem informados e eu... bom, eu, meninos, vou ao supermercado, de carro, ali na esquina, comprar o que não havia na Casa Nelson...
No dia 25 de fevereiro passado, o engenheiro Ricardo Abude E. Silva passou por um sufoco medonho ao tentar entrar legalmente nos Estados Unidos pelo aeroporto de Los Angeles. Visto e papelada OK, foi maltratado, ameaçado de agressão e confinado num cubículo. Em seguida, foi transferido para uma saleta fétida e já apinhada com cerca de 20 pessoas detidas nas mesmas condições. Ficou preso por 30 horas. Sem receber nenhuma explicação sobre o motivo de sua detenção, foi coagido a assinar um documento cancelando seu visto e metido num vôo de volta. Caso não tivesse assinado, teria sido mantido preso por tempo indeterminado.
Uma cópia do estarrecedor relato detalhado do incidente, escrito pelo próprio Ricardo, chegou ao conhecimento do consulado brasileiro em Los Angeles na sexta-feira passada. Após checar a veracidade, o embaixador José Vicente Pimentel marcou para hoje, dia 21, uma reunião com o pessoal da imigração no aeroporto, de modo a obter esclarecimentos.
Se há alguma ordem oficial americana no sentido de agigantar ainda mais a antipatia que o Governo daquele país desperta em muitos povos, então temos aqui um exemplo ímpar, dado pelo setor de imigração em Los Angeles, de imaculada competência no cumprimento de uma determinação superior.
(Carlos Alberto Teixeira)
Dica de site
iLoveLanguages: TUDO sobre línguas: dicionários, cursos on-line, tradutores automáticos.
e-commerce à brasileira
Há simplesmente duas horas (é, isso mesmo: DUAS horas) estou tentando fazer aquela coisa moderna, simples e rápida: compras de supermercado pela internet. Excesso de escolha? Indecisão diante das mil opções da sociedade de consumo? Conexão lenta? Pois sim! Simplesmente não consigo passar das telas de abertura de nenhum dos dois supermercados online que freqüento -- e, estranhamente, pelo mesmo motivo. Os dois mudaram de interface e de sistema e, nessa, as senhas dançaram. "Esqueceu sua senha?", pergunta, solícito, o Pão de Açúcar. "Clique aqui!".
Ato contínuo, aparece uma janela para digitar-se o email, após o que, em tese, a senha é enviada para o dito email. Obediente, digito cronai@well.com. A próxima tela diz:
A página a qual você esta tentando acessar esta indisponível neste momento. Por favor, "clique" no botão voltar do seu navegador Internet e tente novamente. Caso ainda necessite de ajuda, entre em contato com nossa Central de Atendimento pelo telefone 0800-906767.
Tá. Esqueço o português de quinta e "clico" (mas por que entre aspas?!) no botão voltar do meu navegador internet e tento novamente. Mesma resposta. Tento uma terceira vez, agora com o email alternativo; idem.
Ah, que diabos, penso com minhas teclas; me cadastro de novo, e pronto. Abre-se, então, um questionário enorme; felizmente, não pediram o CPF da Mamãe, porque isso eu não saberia responder e, a essa hora, ela está dormindo. Mas o resto, pediram -- e eu, pacientemente, preenchi todos os quadrinhos. Claro que precisei voltar atrás duas vezes, porque o número de telefone não pode ser digitado com traço, ao passo que o CEP não pode ser digitado sem. Finalmente, tudo OK, dou ENTER... e sou jogada de volta à página anterior, aquela que pede login e senha. Volto à tela do cadastro onde, felizmente, ainda está tudo o que digitei, e tento de novo por lá: o sistema me informa que já existe um usuário cadastrado com este nome. Grande novidade! Ainda assim, insistente, tento de novo. Mesmo resultado. Tento então ligar para o 0800, onde uma voz mecânica me informa que o horário de atendimento é de seis a meia-noite. Azar o meu, que estou tentando fazer compras às três, quando qualquer ser humano civilizado já tinha que estar na cama.
Nisso, surprise!, chega um email do Amélia (o site-mãe do Pão de Açúcar). O por quê da demora de um processo supostamente automático, nem desconfio. Mas ele traz boas notícias:
Olá, Cora Ronai,
Atendendo à sua solicitação, aqui está sua senha: 321247.
Obrigado por comprar no www.paodeacucar.com.br. Se você precisar entrar em contato conosco, escreva para falecom@amelia.com.br e continue nos visitando no endereço www.paodeacucar.com.br.
Toda feliz, pego o número, vou para o Pão de Açúcar, e o que acontece?
O nome e/ou senha digitados estão incorretos. Por favor tentar novamente.
Eu, idiota que sou, tento. E tento.
Nisso, chega um outro email do Amélia, com uma senha diferente. Minhas esperanças se reacendem. Recorto o novo número... mas qual. Eles não querem mesmo saber de mim, e resolvo ir pro Zona Sul que, afinal, sempre me serviu tão bem, e que agora está todo esperto, com abertura em Flash e o escambau. Digito o meu login e a minha senha e...
Acesso Inválido, verifique seu Login e Senha e tente novamente.
Tentar novamente?! Sem chance, agora sou uma mulher escolada, e vou direto pro Esqueci minha senha. Aqui é diferente, eles são sérios, pedem o meu CPF. Digito cuidadosamente, número por número.
Seu email não foi encontrado. Por favor, entre em contato conosco pelo telefone 0800-237070 ou 563-2727. Você pode ainda utilizar o fale conosco em nosso site.
Como sou de internet e não de telefone, tento, é claro, o tal Fale Conosco. Abre-se uma janelinha que me diz o seguinte:
Error Diagnostic Information
An error has occurred.
HTTP/1.0 404 Object Not Found
O 563-2727 está ocupado. Vou tentar o 0800. De qualquer forma, já são 5h32, e daqui a pouquinho o 0800 do Pão de Açúcar entra no ar. Se não entrar... bom, aí eu vou dormir, deixo um dinheiro e um bilhete pra Miriam, que assim que acordar liga pro armazém da esquina (vulgo Casa Nelson) e, em meia hora, um rapaz estará aqui, lépido e fagueiro, com tudo o que precisamos.
Depois o pessoal reclama que brasileiro é desconfiado e não tem audácia pra se aventurar pelo comércio eletrônico.
Então tá, né?
19.3.02
Jogos de guerra
As fotos acima foram feitas pela Flávia Faustini. Na última, o céu estava totalmente negro; resolvi "puxar" a luminosidade ao máximo para ver a extensão da fumaça brilhante, e nisso achei ainda um pouco das luzes. Preferi deixar assim, achei mais... esquisito, sei lá.
Agora, a explicação para as fotos: como vocês sabem, este blog, que é muito chique, tem mais correspondentes estrangeiros do que muito jornal de respeito. Pois vejam só o que acaba de chegar, direto de Los Angeles, enviado pela Flávia Faustini:
Seguem umas fotos tiradas na última sexta-feira, 15 de março, da janela do meu apartamento em West LA. Eram mais ou menos umas seis da tarde e eu estava andando na rua. O sol estava se pondo, e não tinha nuvens no céu. Inicialmente, eu vi um "rastro de avião" estranhíssimo, que parecia brilhar por conta própria, sem refletir a luz do sol. Esse risco no céu começou a ficar parecido com um eletrocardiograma, e ainda brilhando sozinho. À medida que o tempo foi passando, o céu foi ficando mais escuro, e ele foi se "enrolando", como se fosse um barbante que você deixa cair no chão, e criou uns reflexos nas cores do arco-íris. Na hora eu me lembrei de fotos que eu vi de auroras boreais. No entanto, eu sabia que isso era impossível de estar acontecendo em Los Angeles!
O detalhe é que junto com tudo isso, ainda havia uma luz que parecia um farol de avião (o que aqui no meu bairro é extremamente comum, por causa do aeroporto de Santa Mônica, onde descem dezenas de jatinhos e aviõezinhos pequenos por minuto), só que era uma luz "soft", ao contrário de quando você olha pra uma lâmpada brilhante e vê uma luz "dura". Repito: NÃO tinha nuvens no céu! Isso durou poucos segundos, e a luz simplesmente "fechou" o seu espectro e se apagou.
Pena que nas fotos eu não peguei a tal "luz", só as "nuvens" -- quando entrei em casa, elas ainda estavam lá, e eu consegui fotografar da janela. Repare como as demais nuvens estão escuras na foto em que o céu ainda está claro, e como a "fumaça" continua brilhando sozinha, mesmo com o céu escuro.
Esse tipo de fenômeno mexe com a imaginação da gente. Mas, infelizmente, achei a explicação para o ocorrido: foi um teste militar de míssil de defesa. É o Tio Bullsh mostrando a grossura do arsenal dele (com licença freudiana).
Onde mais no mundo eu poderia ver um negócio desses?!
(Flávia Faustini)
Hmmm... breve, no Iraque?
Unindo o inútil ao agradável
Esta eu roubei, descaradamente, do gentil coleguinha Nelson Vasconcelos, lá nas Parabólicas:Não dá para contestar que esta curiosa historinha tem a ver com a Nova Economia. Tem circulado pela rede:
1. Se você tivesse comprado, em janeiro de 2000, US$ 1 mil em ações da Nortel Networks, um dos gigantes da área de telecomunicações, hoje teria US$ 59.
2. Se você tivesse comprado, em janeiro de 2000, US$ 1 mil em ações da Lucent, outro gigante da área de telecomunicações, hoje teria US$ 79 -- se tanto, se tanto.
3. Agora, se você tivesse comprado, em janeiro de 2000, US$ 1 mil em Skol (em cerveja, não em ações), tivesse bebido tudo e vendido as latinhas vazias, hoje teria US$ 80.
Conclusão: No cenário econômico atual, você perde menos dinheiro ficando parado e bebendo cerveja.
(Nelson Vasconcelos)
Questão de infra
E aqui estamos todos nós, conectados e felizes, clicando a torto e a direito, indo aonde nos levam os links encontrados pelo caminho. Às vezes, mas muito de vez em quando, paramos, ligeiramente embatucados diante da rede: Que coisa espantosa!... e vamos em frente, porque o espanto é uma emoção que foi abolida nas últimas décadas do século passado. Pouca gente quer entender o que está por trás da rede; aliás, pouquíssimas pessoas entendem, de verdade, como funciona a coisa.Uma delas é o Carlos Affonso, a quem devemos o primeiro ISP brasileiro, o AlterNex. Um dos fundadores do Ibase (com Betinho e Marcos Arruda), ele é um homem a quem admiro e respeito, um brasileiro digno, que sonha por um país melhor e vai em frente e briga por isso. Já tivemos nossas divergências no Pleistoceno, mas devo reconhecer que eu estava (como sempre estive; e ainda estou) numa posição bem mais cômoda do que a dele: eu era uma pedra que insistia em voar em todas as vidraças e, numa época, o AlterNex calhou de ser uma delas. Mas disso se fazem as histórias e, eventualmente, as amizades.
Pois ontem o Carlos Affonso me mandou um documento que preparou para a Fundação Friedrich Ebert: Internet: quem governa a infra-estrutura?. Ele será publicado pela fundação, mas já está disponível online na RITS. Se você quer saber em que pé está a gestão da internet lá fora mas, sobretudo, como anda ela por aqui, prepare a sua impressora e mande ver. O assunto é da maior importância para todos nós, usuários e (ainda) não-usuários, e está admiravelmente bem explicado pelo Carlos Affonso. Devia ser leitura obrigatória nas faculdades de informática.
Eu concordo inteiramente com ele em relação à Fapesp e ao Comitê Gestor: falta transparência a ambos, sobretudo no que diz respeito aos recursos arrecadados pela Fapesp com o registro de domínios. Por outro lado acho que, de alguma maneira. ainda conseguimos (milagre!) criar aqui no Brasil uma estrutura menos esculhambada do que a americana, talvez até pelo nosso apego congênito à burocracia.
Nos EUA, qualquer um se registra com o domínio que bem entender, com as óbvias exceções de mil, gov e edu. Aqui, registrar uma org.br é coisa complicada; e se alguém quiser ser um com.br deve ser pessoa jurídica, com firma registrada, CGC e tudo o mais.
(Eu, que sou uma simples pessoa física, não posso, por exemplo, ser coraronai.com.br; volto a isso logo mais).
A nossa é, certamente, uma forma mais civilizada de distribuir domínios, e tem dado conta, um pouco melhor, da complicadíssima questão dos cyber-squatters, isto é, do pessoal que sai registrando tudo o que é nome que vê pela frente para depois vender pelo que conseguir na praça: cyber.cambistas.com.
O problema do sistema é, justamente, o de casos como o meu. Não é segredo para ninguém que este é um país recordista em economia informal, digamos assim; e, até segunda ordem, o nosso domínio clássico ainda é o com.br. Inúmeras empresinhas de fundo de quintal, que não têm CGC mas precisam da internet para tocar os seus negócios, acabam se registrando nos Estados Unidos, e virando ponto.coms; e inúmeros brasileiros que gostariam de ser fulanosdosanzóis.com.br são obrigados a optar por domínios que os definem profissionalmente (como bio, eng, med, mus) mas que, possivelmente, ainda vão demorar a pegar.
Ou alguém acha alguma graça em www.coraronai.jor.br?!
18.3.02
A garota da capa
Sharbat Gula não sabe quantos anos tem. Devia ter uns seis quando seus pais foram mortos pelos soviéticos, e uns doze quando foi fotografada em 1984, num campo de refugiados afegães no Paquistão, por Steve McCurry, da National Geographic. Hoje terá no máximo 30.
Durante todo esse tempo, nem lhe passou pela cabeça que pudesse ser um dos rostos mais conhecidos do planeta. Escondida por trás de uma burka, mudando de um campo de refugiados para outro, Sharbat Gula está mais preocupada em sobreviver -- sua principal atividade, junto com o marido e as três filhas, numa aldeia perdida perto das montanhas de Tora Bora.
Depois de circular na capa da National Geographic de junho de 1985, a foto de Sharbat Gula foi reproduzida pelo mundo inteiro, em cartazes, pins, tatuagens e até tapetes. Há pouco tempo voltou a ser mais uma capa da National Geographic, desta vez num livro lançado pela revista com cem das melhores fotos publicadas em suas páginas.
Ela estará novamente na capa, na próxima edição de abril, ilustrando a reportagem que conta como Steve McCurry conseguiu reencontrá-la. Desta vez, no lugar da menina assustada, quem estará nos olhando de todas as bancas será a mulher castigada pelo tempo, e por uma guerra que não acaba nunca.
17.3.02
Time waits for no one
Estou eu aqui a arrumar os livros no escritório, quando resolvo ligar a televisão para ver se há algum aditivo no ar pra ajudar na tarefa; clic nada clic nada clic nada clic... peraí, que esquisito... um senhor de meia idade, muito bem arrumado, completamente chocho, cantando para uma platéia gigantesca, nórdica, ainda mais arrumada e chocha do que ele, cuja idade média deve andar aí pelos 70; todos empolgadíssimos, quer dizer: batendo palmas, e quando a câmera dá closes, vê-se que estão na maior pilha, porque dão aqueles sorrisinhos cúmplices uns pros outros, tipo "Uau, que balada!" Um ou outro, mais atirado, até sacode os ombros.O artista é... putz! ... Paul McCartney! O espetáculo é, descubro, o finzinho de algo chamado Nobel Peace Concert, em homenagem a Kofi Annan e às Nações Unidas. E a platéia é... bem, exatamente a platéia que a Academia Sueca convidaria para tal evento (que acontece, porém, em Oslo, na Noruega). Só há uma palavra para descrever este espetáculo: PATÉTICO.
Vai pra casa, Paul!
Volta, Roger Waters! Por onde andas, Neil Young? Mick... oi, Mick, cadê você?!
(Aviso, mas não digam que eu não avisei, se é que vocês me entendem: há um repeteco daqui a pouco, às 22h30, no canal 38 da Net aqui no Rio.)
A aol.com cresce... encolhendo
Há, em Wall Street, uma ligeira suspeita de que o universo americano de usuários internet por acesso discado, em geral, e a AOL, em particular, bateram com a cabeça no teto. Motivo da suspeita? Cada vez mais gente usa o serviço da aol.com... de graça. Atualmente com 34 milhões de usuários, e cobrando US$ 23,90 por mes, ela só está conseguindo mostrar uma renda, por usuário, entre US$ 17 e US$ 18 mensais.A matemática por trás desses números não significa, necessariamente, que 30% deles naveguem nas águas plácidas e bem patrulhadas da aol.com de graça -- há sistemas de preço especiais para quem compra certas marcas de computadores, por exemplo -- mas há outros indicadores incômodos no pedaço: os kits que tradicionalmente ofereciam 30 dias gratuitos para os novos usuários hoje oferecem 45 dias; e usuários que cancelam suas contas aol.com têm se surpreendido ao verificar que elas continuam ativas meses depois de supostamente canceladas.
Mais ou menos como aquelas revistas mensais cuja assinatura a gente cancela mas que, ainda assim, continuam fielmente batendo às nossas portas, como cães esfomeados que, uma vez alimentados, não querem ir embora de jeito nenhum. É que, nessa escala, o indivíduo vale mais pelo volume que faz junto com outros indivíduos, e que pode ser usado para seduzir os anunciantes ("temos
um milhão de leitores!"), do que pelo que paga pela assinatura.
A moral da história, em qualquer dos casos, é a mesma: desconfie dos números.
Assinar:
Postagens (Atom)