31.3.08

Está precisando de colo...






Foto de Canindé Soares

E, lá no Rio Grande do Norte...

Todo mundo foi ver a sangria do Gargalheiras. O blog é do fotógrafo Canindé Soares, e a dica foi do DJ Leo.

Muito obrigada, Leo!

Mosca no soro




O ataque das placas assassinas

Ótima notícia já antiga


Passei uns dias longe do Flickr e, de repente, qual é a surpresa? Meu amigo Jim Dubois, o Garnite, que fez transplante de pulmão há cerca de um mes, já teve alta!

Jim e a mulher estão morando perto do hospital, onde, durante os próximos meses, ele fará terapia duas vezes por semana. O pulmão novo, porém, parece estar funcionando às mil maravilhas, e ele já está fotografando novamente.

Ontem esteve num berçário de garças e fez ótimas imagens das bichinhas nos ninhos.

Todo mundo que estava na torcida está na maior felicidade.

Em tempo: o Flickr é sensacional! Enquanto o Garnite estava no hospital, recebeu mais de 15 mil visitas virtuais. A foto que postou avisando do transplante teve mais de mil comentários, cheios de energias positivas. :-)

27.3.08

Divas




Re-toques no Rio!



Atenção, pessoal, a Laura avisa: o Re-Toques, que vocês acompanharam em tourné no ano passado, toca nessa sexta-feira, na Academia Brasileira de Letras (no Centro).

O programinha, que ela descreve como "bem gaiato", é em homenagem a D. João VI.

É às 18h30, e é grátis.

Epidemia de má-fé

Culpar a população é covardia: a
dengue é o caos da saúde pública



Para quem foi criança no Rio nos anos 60, a dengue é uma pestilência incompreensível. Naquela época, o pior do mosquito nem era a picada, era o zumbido. Por causa disso, acendíamos uma espiral perto da cama. Fazia fumaça e o cheiro era forte, mas ainda era preferível dormir com aquilo do que passar a noite em claro com a cantoria dos insetos. Na escola nos falavam da febre amarela e da campanha heróica de Oswaldo Cruz, mas a história fazia parte de um passado muito remoto. Ninguém conseguia imaginar uma cidade em pé de guerra por causa de mosquito.

O ano 2000 representava um ponto igualmente distante, só que em direção oposta. "Blade runner", que mudaria para sempre a nossa concepção do futuro, só seria lançado em 1982; até lá, iriamos para o trabalho em veículos voadores, verduras viriam em pílulas e todo o serviço doméstico seria feito por robôs. Não passava pela cabeça de ninguém que em 2008 o Rio estaria novamente entregue aos mosquitos. Aliás, não passava pela cabeça de ninguém que uma cidade tão maravilhosa pudesse sofrer tamanho retrocesso. Quando a escola era risonha e franca, a única coisa que andava para trás era caranguejo.

Hoje, além de morrer de dengue, o carioca ainda tem que ouvir do coronel da Defesa Civil que a culpa é da população. Ora, se há um caso em que a população não tem culpa é na atual epidemia! A população, que se deu conta da extensão do desastre muito antes das “autoridades”, tem feito o que está a seu alcance. Tem denunciado potenciais focos de mosquitos, tem tentado ligar para o disque-dengue, tem mandado cartas e fotos para os jornais, tem se queixado no rádio e na televisão. O que mais se pode pedir de uma população indefesa e desorientada?

Enquanto isso, o secretário municipal de Saúde, que sempre pareceu pessoa séria, afirma que a situação é “inesperada”. Perdão, mas onde é que ele mora?! Como pode ser “inesperada” uma epidemia de dengue numa cidade que convive com a doença há mais de quinze anos?! Será que alguma coisa melhorou na saúde pública do Rio nos últimos quinze anos sem que a gente percebesse?!

* * *

Por outro lado, é ridículo que a prevenção da dengue seja atribuição exclusivamente municipal. Mosquito não respeita fronteira política, nem é capaz de perceber que o prefeito está maluco. Saúde é coisa séria demais para ficar nas mãos de oportunistas menores; e é séria demais, também, para ficar nas mãos de oportunistas maiores. O combate aos mosquitos, que é trabalho silencioso, sem obras de inauguração e sem ocasiões para o exercício da cretinice verbal, deveria ser obrigação de todos os governantes, em conjunto e sem exceção. Assim, vigiando-se mutuamente, eles talvez fizessem mais do que trocar acusações.

* * *

Agora imaginem só o que seria do Brasil se, há cem anos, Oswaldo Cruz tivesse se orientado por pesquisas de opinião pública ou pelo populismo de hoje! E imaginem, se conseguirem, o que será do Brasil daqui a cem anos... Mas nisso, pelo menos, demos sorte: nenhum de nós estará vivo para ver.

* * *

Roald Dahl foi um dos escritores mais criativos e originais do século passado. Não tem leitores; tem fãs ardorosos que lêem e relêem os seus livros, participam de comunidades e fóruns de discussão e o mantém vivíssimo nas livrarias e na internet, embora tenha falecido em 1990, aos 74 anos. Sua popularidade nos países de língua inglesa é tão grande que, em 13 de setembro, data do seu aniversário, o Google enfeita o logotipo em sua homenagem.

Dahl escreveu algumas histórias para crianças que foram parar no cinema e que todos conhecem, mesmo que não saibam que são dele (como “Os gremlins” e “A fantástica fábrica de chocolate”), e alguns contos arrepiantes para adultos que, infelizmente, permanecem desconhecidos no Brasil. Alguns dos seus livros foram lançados por aqui ao longo do tempo, mas acabaram tropeçando ou em traduções capengas ou em má distribuição, quando não nas duas pragas simultaneamente.

No final do ano passado, no entanto, chegou às livrarias uma ótima tradução de “Kiss Kiss”, cult que, desde o seu lançamento em 1959, faz a alegria dos “dahlmaníacos”. Chama-se “Beijo,”, tem onze histórias em 301 páginas, foi traduzido por José Garcez Ghirardi e publicado pela Barracuda. Perdi a conta do número de vezes em que li este livro no original, mas apesar disso tive o maior prazer de reencontrá-lo em português.

É muito difícil falar dos contos sem entregar o jogo. Digo apenas que são curiosamente bizarros e muito divertidos, pequenas jóias em forma de montanha-russa. Vocês vão ver: é quase impossível terminá-los sem vertigem, e sem um frio aflitivo na barriga.


(O Globo, Segundo Caderno, 27.3.2008)

25.3.08

23.3.08

Pé na jaca total






"Alguém tem um engov aí?"

Ontem

Fiz várias coisas inéditas desde o encontro com o rapaz da moto:

  • Fui ao shopping comprar coisas para a casa, como panos de prato, toalhinhas de lavabo, porta-retratos.

  • Fui jantar no Fronteira, um quilo ali na Visconde de Pirajá de que eu gosto muito. Reparem que, para escolher comida num quilo, a gente tem que estar com as duas mãos livres -- e eu estava! Fui sem muleta.

  • Fui ao supermercado e comprei frutas.

  • Passei na banca e comprei umas revistas.

    O joelho atazanou um pouco, mas eu não lhe fiz caso.

    Foi um dia muito legal... :-)
  • 19.3.08

    No tailandês






    Vocês aqui do blog já conhecem essa história...

    Jesus no 464

    "A primeira vez que vi cabras azuis foi da janela do ônibus, indo de casa para o jornal" — escreveu a Leila num comentário lá do blog. — "Aliás, muita coisa importante na minha vida aconteceu assim. Foi da janela de um 464 que vi pela primeira vez uma colônia de gatos de rua no parque do Museu Carmem Miranda.

    Foi num 464 que vi Jesus, ele entrou no ônibus ali na São Clemente, fez alguns milagres e desceu no Catumbi (até hoje não consigo contar essa história direito, mas aconteceu).

    Enfim, lá ia eu para o jornal, tinha uma obra, acho, o ônibus entrou numas quebradas no Catumbi e lá estavam elas pastando. Cabras azuis de botinhas pretas! Meu coração disparou, foi amor à primeira vista.”

    Estávamos conversando sobre os bichos que gostaríamos de ter, mas o que chamou a minha atenção no comentário não foram as cabras azuis, mas a presença de Jesus num ônibus carioca. Publiquei o comentário com o merecido destaque. A turma que bate ponto no blog adorou, e começou a cobrança:

    — Leila! Não importa o que você toma, eu quero dois! — escreveu a Marcela, da Gávea.

    — Ou conta a história ou conta o que você toma! — mandou a Marise.

    — É, acho que ônibus é código — concordou o Tom.

    Depois de um suspense de dois dias, a Leila voltou e respondeu. E todos ficaram muito emocionados, mesmo os incréus, porque sabemos que a vida tem momentos mágicos:

    “Eram umas duas, duas e meia da tarde. Era um dia bonito, sol sem calor. Morava no Leblon e ia para o trabalho, no Centro. O ônibus era um 464, acho. O ônibus parou no último ponto antes da Praia de Botafogo, entrou mais gente, e a voz perguntou ao motorista:

    — Comandante, posso pegar uma carona?

    A voz era cheia, firme, equilibrada, mais para o grave, magnífica. Tive que olhar. Era um hippie. Um cara louro, cabelos no ombro, rosto bonitinho, cabelos mais para o liso, carregava aquelas coisas de veludo cheias de bijuteria artesanal. Magro, um metro e setenta.

    Ah. Ele entrou, tinha um lugar vago, alguém perguntou:

    — Não vai sentar?

    — Não, obrigado. Já estou feliz por conseguir a carona.

    Foi só isso, dito por aquela voz, aquela pessoa. Tudo mudou dentro do ônibus. Um homem levantou e deu o lugar para uma mulher que estava em pé. Duas moças se ofereceram para segurar embrulhos de pessoas em pé. Uma pessoa ao lado dele começou a puxar conversa. Ele respondia com frases comuns, contando de uma vida comum. Atrás de mim duas senhoras começaram a conversar. Ao lado as pessoas sentadas começaram a conversar.

    Aqui começa a ser difícil de explicar. O que posso falar é um baita lugar comum. Só existia amor. O ar ficou leve. As pessoas conversavam felizes. Quando entrou uma velhinha, dois homens se levantaram para dar lugar.

    Eu me sentia como em alguns sonhos que já não tenho faz tempo. Nesses sonhos eu ia a uma fazendo em uma ilha. Lá não existia medo, desconfiança ou raiva, só uma sensação de felicidade absoluta.

    Era assim ali no ônibus. Quando saímos do túnel Catumbi-Laranjeiras ele disse ao motorista que ia descer, agradeceu a todo mundo pela conversa e pela carona. Meu coração estava disparado. Pensei em descer, correr atrás dele e perguntar o que fazer da vida daí em diante. Nah, sua doida, você já foi hippie faz tempo. As respostas não estão com ele.

    O ônibus andou. Olhei pela janela. No chão da pracinha, um monte de folhas e restos de legumes da feira que tinha acabado. E carneiros. Sim, carneiros. Muitos carneiros felizes, comendo as folhas no chão. Carneiros pastando no Catumbi. Não eram carneiros branquinhos de foto de catecismo. Estavam com a lã bem sujinha até. Jesus tinha acabado de virar a esquina.”

    * * *

    A Leila é uma grande amiga. Há alguns anos, mudou-se para São Paulo, onde faz o possível e o impossível para ajudar gatos doentes ou que sofreram maus-tratos. Seu trabalho está em www.sosgatinhos.com.br.

    * * *

    Jesus, infelizmente, não tem aparecido mais nos coletivos da cidade, nem tem mandado ninguém no seu lugar. Tem bons motivos para isso. Desconfio que houve um tempo em que até trocou o risco de andar de ônibus pela relativa paz do metrô; mas esse tempo, como sabe qualquer carioca, acabou. Nem santo agüenta mais este serviço tão precário e antipático.

    Em qualquer lugar do mundo, o metrô estimula a compra de bilhetes antecipados e dá descontos para os passageiros precavidos, de modo que só vai para a bilheteria na hora do rush quem não é usuário habitual da linha. No Rio, porém, as filas são iguais para todos. E são, além disso, obrigatórias: não há como fugir delas desde que foi inventado o cartão unitário, que substituiu os antigos bilhetes, e que tem validade de três dias.

    Três dias! Dá para imaginar?! Se alguém for trabalhar com um bilhete de ida-e-volta na sexta, mas decidir voltar de táxi ou de carona, já não poderá usar o trecho que sobrou na segunda. Na prática, portanto, o cartão unitário significa o fim do saudável hábito de se levar dois ou três bilhetes na carteira para evitar fila.

    A operadora informa que quem devolver cartão com créditos vencidos ganha de volta um real. Considerando que o preço da passagem é de R$ 2,45, não é mau negócio... para o metrô! Mas tem mais. Cartões com tarifa diferente da vigente serão rejeitados pela roleta. Assim, sempre que o preço da passagem mudar, teremos de voltar à fila para pagar a diferença. Ou, como informam as instruções distribuídas pelo metrô, “para receber o troco, caso a tarifa tenha sido reduzida”.

    Com essa, finalmente, nossos serviços de transporte coletivo fazem história. Não são apenas os piores do mundo. São também os mais cínicos.


    (O Globo, Segundo Caderno, 20.3.2008)

    18.3.08

    Argh!!!

    Direitos dos animais: novo link

    Pessoas, o Marcus Borelli reuniu toda a legislação sobre Direitos dos Animais num pequeno site, que pode ser da maior utilidade para quem passar por perrengues com seus bichos.

    Criei um link permanente aí na barrinha da esquerda, para que a gente possa ter as leis sempre à mão.

    Valeu, Marcus, muito obrigada!

    Voltando ao normal




    Irineu tem companhia




    A história da Leila

    "Tá aqui, pessoas. Parece bobinho, vocês não imaginam o tanto que eu chorei pra escrever isso.

    Eram umas duas, duas e meia da tarde. Era um dia bonito, sol sem calor. Morava no Leblon e ia para o trabalho, no centro. O ônibus era um 464, acho.

    O ônibus parou no ultimo ponto antes da praia de Botafogo, entrou mais gente, e a voz perguntou ao motorista:

    -- Comandante, posso pegar uma carona?

    A voz era cheia, firme, equilibrada, mais para o grave, magnífica. Tive que olhar. Era um hippie. Um cara louro, cabelos no ombro, rosto bonitinho, cabelos mais para o liso, carregava aquelas coisas de veludo cheias de bijuteria artesanal. Magro, um metro e setenta.

    Ah. Ele entrou, tinha um lugar vago, alguém perguntou:

    -- Não vai sentar?

    -- Não, obrigado. Já estou feliz por conseguir a carona.

    Foi só isso, dito por aquela voz, aquela pessoa. Tudo mudou dentro do ônibus. Um homem levantou e deu o lugar para uma mulher que estava em pé. Duas moças se ofereceram para segurar embrulhos de pessoas em pé. Uma pessoa ao lado dele começou a puxar conversa. Ele respondia com frases comuns, contando de uma vida comum.

    Atrás de mim duas senhoras começaram a conversar. Ao lado as pessoas sentadas começaram a conversar.

    Aqui começa a ser difícil de explicar. O que posso falar é um puta lugar comum. Só existia amor. O ar ficou leve. As pessoas conversavam felizes. Quando entrou uma velhinha, dois homens se levantaram para dar lugar.

    Eu me sentia como em alguns sonhos que já não tenho faz tempo. Nesses sonhos eu ia a uma fazenda em uma ilha. Lá não existia medo, desconfiança ou raiva, só uma sensação de felicidade absoluta.

    Era assim ali no ônibus. Quando saímos do túnel Catumbi- Laranjeiras ele disse ao motorista que ia descer, agradeceu a todo mundo pela conversa e pela carona.

    Meu coração estava disparado. Pensei em descer, correr atrás dele e perguntar o que fazer da vida daí em diante.

    Nah sua doida, você já foi hippie faz tempo. As respostas não estão com ele.

    O ônibus andou. Olhei pela janela. No chão da pracinha, um monte de folhas e restos de legumes da feira que tinha acabado. E carneiros. Sim, carneiros. Muitos carneiros felizes, comendo as folhas no chão. Carneiros pastando no Catumbi. Não eram carneiros branquinhos de foto de catecismo. Estavam com a lã bem sujinha até.

    Jesus tinha acabado de virar a esquina."

    :-)




    16.3.08



    Isso aqui foi a Néria (Boa Idéia) quem descobriu: achei muito interessante!
    Na costa de Zadar, cidade da Croácia, existe o Órgão do Mar. Degraus cravados em rochas têm em seu interior um sistema de tubulações que, usando os movimentos do mar, forçam a saída do ar. Dependendo do tamanho e da velocidade das ondas, criam sons aleatórios.

    Faça chuva ou faça sol, as capivaras da Barra têm o maior trato...





    (Foto da Layla Carrozzino)

    A Layla não desaponta o seu fã-clube quadrúpede: toda semana leva o banquete para a minha xará e sua família.

    Gestos assim são lindos de ver! :-)