27.4.02



O vírus que não é

É de lei: a cada três meses alguém manda um email desesperado para todos os seus amigos, conhecidos e fornecedores, alertando-os a respeito de um vírus terrível contra o qual o Norton nada pode, e que passa despercebido pelo Panda, pelo MacAfee e por mais quantos antivírus haja na máquina. O texto tipicamente informa que o remetente recebeu uma mensagem de alerta de outro conhecido, e que, quando foi verificar a existência do dito vírus, lá estava ele, de fato, esperando sorrateiramente a ocasião de entrar em ação, enviando-se automaticamente para todos os nomes do caderninho de endereços eletrônicos da vítima.

“Apague este vírus imediatamente!” avisa o email, informando, solícito, como fazê-lo: localizar o vírus pelo nome; certificar-se de que de fato ele está no drive C; apagá-lo e, de quebra, eliminá-lo também da lixeira, caso contrário a operação toda de nada terá adiantado. O nome do vírus muda de vez em quando, mas o teor da mensagem não; os seus efeitos, porém, podem ser mais ou menos desagradáveis, já que o que o usuário apaga, ao tentar livrar-se do “vírus” é, geralmente, um arquivo do Windows. A bola da vez é o jdbgmgr.exe, um arquivo do Internet Explorer, sem o qual torna-se impossível acessar sites que tenham componentes em Java.

Só esta semana recebi pelo menos umas dez mensagens iguais de amigos e conhecidos bem-intencionados - que agora, certamente, estão tendo grande dificuldade em surfar na Web.

Outra característica típica deste fenômeno é, aliás, um segundo alerta, ainda mais desesperado do que o primeiro, enviado algum tempo depois: “Não façam isso! Não é um vírus!”. Mas aí, freqüentemente, já é tarde demais...

Então, para que todos possamos ficar sossegados em relação às nossas máquinas, vamos combinar uma coisa? Em primeiro lugar, vamos, pelamordedeus, manter os antivirais sempre atualizados: a coisa está feia e tende a piorar, já que a cada dia aparecem mais e mais idiotas sem assunto dispostos a chatear a humanidade. Em segundo lugar, vamos, todos, ignorar solenemente qualquer alerta antivírus que nos mande apagar o que quer que seja, OK? E vamos, sobretudo, refrear o impulso humanitário de passá-lo adiante.

Em caso de dúvida muito, mas muito cruel, vale ainda ir ao site da Symantec ou ao do CERT (um consórcio para questões de segurança em redes mantido pela Carnegie Mellon University), e lá verificar as últimas informações a respeito de vírus reais e de trotes como este, que põem em ação o vírus mais perigoso de todos: aquele, grandão, que fica sentado na frente do teclado.

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