20.9.01

O silêncio é de ouro


Todo mundo que conhece música erudita (caramba, eu odeio essa expressão, "música erudita"!) sabe que o compositor alemão Karlheinz Stockhausen nunca bateu muito bem da bola. Isso ficou absolutamente claro no domingo passado, quando ele comparou os atentados nos EUA a uma obra-de-arte:

“Isso que aconteceu – e agora vocês precisam colocar os seus cérebros num outro modo – é a maior obra de arte que já existiu. Essas mentes alcançaram com um ato o que nem se pode sonhar na música, gente praticando como louca para um concerto, de forma completamente fanática, durante dez anos, para depois morrer. É a maior obra de arte que existe em todo o cosmo. Eu não conseguiria. Comparados com isso, não somos nada, nós compositores.”

Extrapolou, para dizer o mínimo. O pior é que eu até acho que entendo o que ele estava provavelmente pensando -- a dificuldade de se imaginar, orquestrar e coordenar todos os atos, e o seu impacto ainda incalculável, não seria isso? -- mas a verdade é que, ainda que se possa pensar tudo, nem tudo deve ser dito. Pegou tão mal, mas tão mal a maluquice de Stockhausen, que não só seus concertos foram cancelados como, ainda por cima, sua própria família o está repudiando.

Nenhum comentário: