29.2.08

Digam queijo!




Comemorando!




He he he





Parabéns, Mamãe!

Há tempos a família chegou à conclusão de que a explicação para tudo o que ela é e faz só pode ser essa: os anos acompanham os aniversários, que só acontecem em ano bissexto.

Mamãe faz, pois, 21 anos.

O maior desejo do meu coração é que essa comemoração se repita por muitos e muitos anos, e que a minha Mãe querida tenha, sempre, toda a saúde e disposição do mundo -- embora mais certo fosse que ela emprestasse um pouquinho do seu extraordinário vigor físico e intelectual para o resto de nós...

28.2.08

Marina W em casa nova

Pessoas, o maravilhoso BLOWG, da Marina W, mudou de endereço. Agora mora em marinaw.com.br.

Se vocês já conhecem o Blowg, pronto, seus problemas acabaram; se não conhecem, não sabem o que estão perdendo...

Boletim veterinário

Ótimas notícias: a diabete da Keaton, espantosamente, já era.

Assim como veio, foi embora. Há algum tempo, ela só vinha tomando metade da dose inicial de insulina; na sexta, suspendi as injeções e, ontem, o Allecx veio examiná-la. A glicemia dela, à tarde, depois de comer, estava em 73, ou seja, perfeitamente normal.

De modo que este susto, ufa!, passou.

Quanto ao Lucas, que continua vomitando, fez exame de sangue. O fígado está um pouco atacado, mas nada demais: vai tomar Legalon duas vezes por dia.

(A respeito disso, ver Como dar um comprimido a um gato, logo abaixo.)

Já o Irineu, que era muito novinho aqui em casa quando fui atropelada, está em estado de choque com as minhas saídas. Não sabe o que está acontecendo. Quando saio e volto para casa, é o primeiro a me receber na porta, muito aflito.

O resto da família vai bem, obrigada. :-)

Como dar um comprimido a um gato

1. Pegue o gato e aninhe-o no braço esquerdo, como se estivesse segurando um bebê; segure o comprimido entre o polegar e o indicador da mão direita. Com o polegar e o indicador da mão esquerda, posicionados nos cantos da boca do gato, faça uma leve pressão para induzi-lo a abrir a boca. Ponha o comprimido na boca aberta e permita ao gato fechá-la, para que possa engulir.

2. Pegue o comprimido do chão e o gato de trás do sofá. Aninhe-o novamente no braço esquerdo e repita o processo.

3. Vá ao quarto tirar o gato debaixo da cama e jogue fora o comprimido lambuzado.

4. Tire um comprimido novo da caixa, encaixe o gato no braço esquerdo e segure suas patas traseiras com a mão esquerda. Force-o a abrir a boca e empurre o comprimido até a garganta com o indicador da mão direita. Feche a boca do gato imediatamente, e conte até dez antes de soltá-lo.

5. Pesque o comprimido de dentro do aquário antes que envenene os peixes, e baixe o gato de cima do guarda-roupa. Chame um amigo.

6. Ajoelhe-se no chão com o gato preso firmemente entre os joelhos, segurando suas quatro patas. Ignore os uivos histéricos do animal. Peça ao amigo que segure com força a cabeça dele, enquanto você abre a boca. Abaixe a lingua do gato com uma espátula de madeira e deixe o comprimido escorregar espátula abaixo até a goela. Esfregue o pescoço do gato.

7. Resgate o gato do trilho da cortina, abra a caixa e pegue um novo comprimido. Lembre-se se comprar nova espátula de madeira e de mandar consertar a cortina. Cuidadosamente enrole o gato numa toalha, de modo que apenas a cabeça fique de fora. Peça ao amigo para mantê-lo assim. Prenda o comprimido na ponta de um canudo, ponha o canudo na boca do gato e sopre com força.

8. Veja na bula do remédio se ele é nocivo para seres humanos. Beba água com açúcar para acalmar e para tirar aquele gosto horrível da boca. Ponha um bandaid no braço do amigo e lave o sangue do tapete com água morna e sabão.

9. Busque o gato no vizinho. Tire um novo comprimido da caixa. Ponha o gato dentro do armário da cozinha e feche a porta, mantendo apenas a sua cabeça do lado de fora. Abra-lhe a boca com uma colher de sobremesa e, com um elástico, acerte o comprimido direto na garganta.

10. Vá até a garagem e pegue uma chave de fenda para recolocar a porta do armário no lugar. Ponha uma compressa fria nos arranhões, e cheque se está com a vacina anti-tetânica em dia. Jogue a camiseta fora, e vista algo mais resistente.

11. Chame o Corpo de Bombeiros para tirar o gato do alto da árvore do outro lado da rua. Peça desculpas ao vizinho que bateu com o carro na cerca ao tentar desviar do gato. Tire o último comprimido da caixa.

12. Amarre as patas dianteiras e traseiras do gato com uma corda de varal, e prenda-o firmemente no pé da mesa de jantar. Calce luvas de jardinagem. Abra a boca do gato com uma pequena chave inglesa. Jogue o comprimido na garganta, seguido de um pedaço de filé mingnon; derrame água por cima para ajudá-lo a engolir.

13. Peça ao amigo para levá-lo ao pronto-socorro mais próximo. Não se preocupe, o médico vai dar anestesia local antes de suturar seus dedos e braços, e remover os estilhaços de comprimido que ficaram encravados no olho. Na volta, lembre-se de passar na loja de móveis e encomendar uma nova mesa de jantar.

14. Procure um veterinário que faça atendimento domiciliar.


(Este texto circula há séculos pela internet. Para mim, é uma das coisas mais engraçadas que conheço. Já li mil vezes, e sempre que vou chegando ali pelo número 5 já estou chorando de rir. Quando o recebi pela primeira vez, estava em inglês, "How to give your cat a pill"; traduzi, e mandei para um monte de amigos -- eu ainda não tinha blog. Não sei que fim levou essa tradução. Hoje, querendo postá-lo aqui, mas com uma preguiça danada de traduzir de novo, peguei uma das versões que recebi em português e dei um trato.)

A planta logo ali




O céu lá em frente




A árvore lá embaixo






Temporada em Vigàta


Os gatos e as pessoas que me vêem acham que estou no Rio, mas é só impressão. Na verdade, estou na Sicília, num lugar que já se chamou Marina di Girgenti, Molo di Girgenti e Porto Empedocle, mas se tornou tão conhecido como Vigàta que, há cinco anos, responde oficialmente por Porto Empedocle Vigàta. Não é lá grandes coisas. Não chega a ter maior interesse histórico e, a julgar pelas fotos, não seria considerado bonito em canto algum; na Itália, aquela covardia de país onde cada cidade é mais linda que a outra, chega a ser uma aberração, de tão insignificante. Com menos de 18 mil habitantes espalhados por 24 km2 (cerca de meio Rio de Janeiro!), pode dar ao turista de passagem a idéia de ser um dos recantos mais tediosos do planeta.

E, vai ver, é mesmo.

A Vigàta onde me perdi do mundo, porém, tem índices de criminalidade espantosos. As duas famílias da Máfia local vivem se matando e, quando acontece de se darem trégua, cidadãos comuns tomam a si a tarefa, cheios de vigor. Em Vigàta há traficantes de drogas e de gente, há contrabando, há crimes passionais, há malfeitores de todos os tipos – e, quando tudo isso falha, ainda há crimes acontecidos durante a guerra que ficaram por desvendar. Last but not least, há também um comissário de polícia muito especial, chamado Salvo Montalbano.

* * *

Não me lembro mais de quando me falaram pela primeira vez em Andrea Camilleri, o escritor que criou o comissário e, de quebra, teve o privilégio de ver a cidade onde nasceu adotar o nome fictício que lhe deu. Esqueci até que, na época, cheguei a ler um dos seus livros, e não achei nada demais. O que eu sei é que, quando a Laurinha Gasparian, da Argumento, me ligou cheia de entusiasmo pelo inspetor Montalbano, corri atrás dos livros.

O que fez a diferença, dessa vez, foi a ordem da leitura. Ao contrário de tantos policiais em que se pode mergulhar no clima a partir de qualquer ponto da saga, no caso de Montalbano é fundamental começar pelo começo, ou seja, por “A forma da água”. Camilleri apresenta aos poucos o seu personagem e o mundo que o cerca, onde políticos, criminosos e advogados convivem em alegre promiscuidade, onde nem sempre a lei é justa, e onde, invariavelmente, a corda arrebenta para o lado mais fraco. Parece familiar? Pois é essa familiaridade que, entre outras coisas, faz do comissário um tipo tão simpático para qualquer brasileiro. Sabemos o que ele enfrenta, vivemos a mesma burocracia, sofremos com o mesmo excesso de leis e a mesma falta de justiça.

Assim como Donna Leon e seu comissário Brunetti, em Veneza, Camilleri aproveita os casos de Montalbano para tecer bem mais do que deliciosas charadas policiais. Nos dois casos, importa menos o crime do que o cotidiano dos inspetores, suas dúvidas e suas opiniões em geral, da roubalheira no governo aos efeitos da globalização. Brunetti é casado, tem filhos e todas as alegrias e angústias de um bom pai de família; já o solteirão Montalbano tem apenas uma namorada que vive em Gênova. Ambos são intelectuais que não ousam dizer seu nome, adoram comer, desprezam a cúpula da polícia, rezam para não ser promovidos e, quase sempre, trabalham na contramão.

Montalbano, contudo, leva a melhor por ser cria de um siciliano. Apesar de viver na Itália há décadas, a americana Donna Leon não consegue se afastar completamente dos padrões legais anglo-saxões, ao passo que Camilleri sabe que o buraco é mais embaixo. Assim, enquanto Brunetti é um ser essencialmente civilizado, Montalbano é um ser essencialmente safo. Camilleri é também melhor escritor do que Donna Leon – e aqui no Brasil, ainda por cima, teve a sorte de encontrar uma tradutora extraordinária, Joana Angélica d’Avila Melo, capaz de dar nó em pingo d’água. Não há comparação entre as suas traduções maravilhosamente inventivas e a correta tradução norte-americana em que li “A paciência da aranha”, ausência inexplicável na coleção de volumes já publicados pela Editora Record.

Vale observar que traduzir Camilleri não é tarefa para amadores. Quando comentei com um italiano que estava adorando o comissário Montalbano, ele me perguntou em que língua eu estava lendo. Respondi português, e recebi o mesmo ar de compaixão que eu dirigiria a alguém que me dissesse que está lendo Guimarães Rosa em servo-croata:

-- Mas você está perdendo o melhor! A linguagem do Camilleri é sui generis, um misto de italiano com siciliano que só ele sabe de onde tirou.

Pois mandei vir “La paura di Montalbano”, volume de contos que não saiu aqui. Não tenho italiano suficiente para apreciar as sutilezas da língua camilleriana, até porque diversas palavras do siciliano fazem mais sentido para ouvidos brasileiros do que para italianos nativos, mas percebo o bastante para notar que a verve e o brilho não se perderam em absoluto.

* * *

Aceitem o conselho: deixem-se levar, e embarquem para Vigàta com Camilleri. Até o momento, há dez livros do comissário Montalbano em português. Mesmo que comprados simultaneamente, ainda saem mais em conta do que uma ponte aérea -- e garantem muito mais diversão. Eu, de minha parte, ainda fico na Sicília por uns tempos. Mal acabei de ler os contos no original, e já ganhei de um amigo a série filmada para a televisão.

Arrivederci!


(O Globo, Segundo Caderno, 28.2.2008)

25.2.08

Oscar

Adorei o prêmio de Melhor Roteiro para "Juno"; há tempos eu não via um filme escrito de forma tão solta, engraçada e inteligente.

Diablo Cody mereceu. Muito.

Mas o fenômeno da noite, para mim, foi Helen Mirren, uma rainha verdadeira. Linda, extremamente bem vestida, chique ao último. Para dizer a verdade, desde que assisti ao filme, aquele, não consigo mais ver Elizabeth II sem achar que ela está imitando Helen Mirren -- e mal.

O resto foi o resto; não tenho muita paciência para Oscar.

22.2.08

Para o Garnite







O Jim (aka Garnite) é uma das pessoas mais queridas do Flickr. Somos amigos desde os tempos do Fotolog, onde ele se tornou muito popular graças a um senso de humor peculiar, ao mesmo tempo terno e afiadíssimo, e aos seus conhecimentos sobre águias, especialmente aquelas que eles chamam, lá em cima, de bald headed eagles.

Ele vive em British Columbia, no Canadá, um lugar que o Millôrzinho (que já esteve lá) define como Reserva Natural da Kibon. E, se tudo correu bem, acabou de fazer um transplante de pulmão. Sua capacidade pulmonar estava reduzida a 15%, e há tempos ele vivia em companhia de um cilindro de oxigênio portátil, que o acompanhava em casa e no carro -- de onde onde fez algumas fotos de pássaros que muita gente boa, com 100% de capacidade pulmonar e plenamente móvel, se orgulharia de ter feito.

Jim é um herói.

E, seguindo uma antiga tradição do Fotolog, todos os seus amigos do Flickr estão fazendo fotos de mão e postando-as em sua homenagem.

Desculpem não ter dado a explicação ontem, mas a conexão aqui em acasa está um horror.

Update: Um camarada chamado Bevin, amigo do Jim há 50 anos (!), acaba de dar notícias dele à sua multidão de amigos do Flickr. Nosso Garnite foi operado com sucesso, e os médicos estão contentes com o pulmão. Há alguns problemas com os rins e com a pressão, mas o principal é que o prognóstico é bom.

Ouch!




Na fisioterapia




Agora é a vez dele




Um acontecimento!




21.2.08

O filme é muito fotogênico



Mais foto do filme



Adorei!




Cineminha às quintas!




Virou hábito... :-)




Duas histórias: começo pela pior

A melhor é a linda trajetória da vida de Geraldo Jordão Pereira,
o Coley, um homem de palavra que passou à ação



Eu não sou a Petrobrás. Eu não tenho nada secreto no notebook. Ainda assim, ele é protegido por um sistema em que a senha é a digital do meu indicador -- e não há hipótese, mas não mesmo, de que eu venha a embarcá-lo em qualquer mala despachada, no mesmo avião e sem escalas. Ele vai na bolsa, ali, do meu lado, coladinho. Nunca viajei com disco rígido com dados, mas, caso o fizesse, seria nas mesmas condições.

É bem provável que a proteção do Vaio seja só para inglês ver, e que qualquer um seja capaz de abri-la; mas, para isso, primeiro seria preciso roubá-lo de mim. Também é claro que, se eu tivesse dados que valem ouro no computador, o meu disco inteiro seria muito bem criptografado. E é claro, ainda, que eu teria um sistema de segurança adicional por hardware.

O fato é que, hoje em dia, sem tiroteios, assassinatos ou, no mínimo, um boa-noite-cinderela, só se rouba notebook com dados confidenciais de quem deliberadamente se deixa roubar. O que deixa algumas curiosas possibilidades em aberto:

1) Não havia nada nos notebooks (se é que havia mesmo notebooks), e o “roubo” foi uma cortina de fumaça para distrair a atenção do público do caso dos cartões corporativos;

2) Havia dados nos notebooks, “roubados” de antemão para justificar um vazamento de informações que apenas ainda não foi descoberto pela imprensa;

3) Havia ou não havia dados, tanto faz, e os notebooks foram roubados porque estavam, literalmente, dando sopa, e sendo tratados com a incúria e o descaso com que, neste país, se trata tradicionalmente a coisa pública.

Se as minhas hipóteses estão erradas, e se havia mesmo “segredos de estado” nos notebooks, como quer fazer crer o presidente que foi para o frio, este governo, e os prepostos com que está aparelhando o país, de alto a baixo, são ainda mais incompetentes do que parecem. Para ficar num exemplo até infantil, qualquer pessoa que vá com razoável freqüência ao cinema já cansou de ver agentes algemados aos seus computadores. Mandar “segredo de estado” por container é coisa dos Três Patetas.

Ou dos 40 ladrões.

* * *

Não me lembro mais de quando conheci Geraldo Jordão Pereira, o Coley. Nossos pais eram amigos, e devo tê-lo visto muito nos almoços da José Olympio, que freqüentei com Papai quando menina. Naquela época, pela diferença de idade, é lógico que nem reparávamos um no outro. Mais tarde, quando ele criou a Salamandra, retomamos contato, já como adultos indo à luta. Coley e seu filho Marcos foram os editores de “Sapomorfose”, livrinho que escrevi para crianças lá se vão 25 anos.

Gente que trabalha com livros é, de natureza, uma espécie à parte, que me toca o coração por toda uma história familiar. Mas posso dizer, sem exagero, que o Coley foi das pessoas mais educadas e gentis que conheci. Herdou do pai, José Olympio, o amor pelos livros, e da mãe, Vera Pacheco Jordão, uma curiosidade universal e um particular amor pela natureza. Jantar com ele e com a Regina era uma felicidade, uma garantia de boa companhia e de ótima conversa. Regina, sempre animada e falante; o Coley, sempre sorridente e quieto, mas também cheio de surpresas, porque era entusiasmadíssimo pelo que fazia -– e fazia as coisas mais inesperadas.

Um dia, imaginem, aceitou dirigir o Jardim Botânico. Não sei se vocês se lembram do Jardim Botânico em 1985. Eu lembro, porque levava meus filhos para passear, e era devorada pela frustração e por um perpétuo sentimento de insegurança, gerado pela sujeira e pelo abandono. Achei que o Coley tinha ficado maluco; aquilo era um vespeiro, uma burocracia sem limites, um centro de empurra e de brigalhadas de governo. Nenhuma pessoa em sã consciência, com aptidão para tantas outras atividades, pegaria aquele abacaxi.

Pois o Coley, tipicamente, pegou. E descascou bem descascadinho, criando uma Associação de Amigos que revolucionou o parque, e fazendo, entre outras coisas, um convênio com a Funabem, para que menores infratores tivessem aulas com os experientes jardineiros de lá. Ele deixou o cargo dois anos depois, mas o Jardim Botânico (felizmente!) nunca mais foi o mesmo.

Quando comprou os direitos brasileiros do “Código da Vinci”, por uma ninharia, realizou o sonho de todo o editor. Acertou no milhar. Podia ter feito mil coisas fúteis e agradáveis com a dinheirama; em vez disso, separou uma parte ponderável daquilo tudo e criou um fundo para ajudar ONGs na Zona Oeste. Volta e meia, lá estava ele percorrendo ONGs, procurando e descobrindo pessoas de valor, dedicando tempo e atenção aos seus semelhantes.

Às vezes falava do assunto com os amigos, mas sempre com a elegância e a discrição que foram a marca registrada da sua vida. Quem o visse sem conhecê-lo jamais diria que ali estava um homem de ação; e, no entanto, não consigo pensar em expressão melhor para descrevê-lo.

Coley foi um grande amigo e um grande exemplo. Para mim, será sempre uma grande saudade.


(O Globo, Segundo Caderno, 21.2.2008)

20.2.08

Outro kiwi



(Valeu, Tomzinho!)

Com vocês, José Latour

Em abril de 2005, "descobri" um escritor sensacional: o cubano José Latour. Entrevistei-o em julho para O Globo. Latour viveu 62 dos seus 68 anos em Cuba. Tenho a impressão de que entende mais do assunto do que nós, que conhecemos de ler, de ouvir falar e de ir à ilha como turistas. Ou, como no caso de alguns ilustres, convidados do ditador. Recomendo a todos a leitura de "Mundos sujos" -- que, além de ser um ótimo policial, traz visões igualmente desassombradas de Cuba e de Miami.

Apaixonado por Cuba -- ao longe


Vivendo no Canadá e escrevendo em inglês, o cubano José Latour traz da terra distante o cenário e a inspiração para seus romances

Uma das estrelas da III Festa Literária de Paraty é José Latour, autor de um dos melhores policiais lançados no Brasil este ano, "Mundos sujos". Ele se apresenta sábado, conversando sobre literatura policial com Luiz Alfredo Garcia-Roza e Marcello Fois. Nascido em Havana há 65 anos, vivendo há três em Toronto com a mulher, os filhos e a nora, Latour deve o sucesso deste seu primeiro romance escrito em inglês a um mix particularmente interessante de ingredientes, em que a uma trama original e movimentada junta-se a observação sensível de dois universos opostos. De um lado, a Havana miserável dos cubanos comuns, sem amigos poderosos, sem comida, sem fé no futuro; de outro, a Miami sem lei e sem privações, em que o consumismo alucinado tenta se impor como uma espécie de felicidade.

O autor, que já lançou mais um livro em inglês, Havana Best Friends, promete, até o fim do ano, a continuação de "Mundos sujos" -- alegria garantida para quem acompanhou as aventuras do professor Elliot Steil. No forno, tem ainda um ensaio sobre os problemas que seu país enfrentará depois do comunismo, e um romance histórico ambientado na Havana do Século XIX.

José Latour, que não consegue se afastar emocionalmente da Cuba natal, escolheu o Canadá para viver por lhe parecer o melhor dos países que conhece -- uma democracia solidamente estabelecida, onde os direitos humanos são respeitados:

-- Não há nações perfeitas -- disse, por email, para esta entrevista. -- Em toda parte há crime, corrupção e outras doenças sociais. A grande questão é descobrir com quanta imperfeição se pode viver.

Para parte da intelectualidade brasileira, Cuba continua sendo um modelo de independência, um pequeno Davi lutando contra o Golias americano. É possível uma ditadura do bem?

JOSÉ LATOUR: Inúmeros intelectuais mundo afora têm essa visão de Davi e Golias da ilha. O que eles não sabem é que o minúsculo Davi da cena mundial transforma-se num Golias impiedoso nos bastidores, uma criatura que mandou fuzilar milhares de adversários e sentenciou centenas de dissidentes pacíficos a longas penas em prisões infectas, o mais longe possível de onde vivem seus parentes e amigos, pelo "crime" de pedir eleições livres, um sistema político multipartidário, uma imprensa sem censura.

O que me deixa perplexo é que todos esses intelectuais exigem para si mesmos os direitos e liberdades que a ditadura cubana nega ao povo. Eles criticam abertamente seus governos, denunciam abusos de poder e corrupção, participam de movimentos e passeatas contra o governo. Ninguém em Cuba pode fazer nada disso.

Acredito que todos têm direito à sua opinião, mas os princípios são, ou deveriam ser, inflexíveis; de outra forma, passa-se a usar dois pesos e duas medidas. Se você acha que a liberdade de expressão é um direito humano básico e a exige para si mesmo, não deveria apoiar um regime que, em outro país, aprisiona pessoas só porque gostariam de fazer o que você faz.

Uma das grandes ironias da política cubana é que o primeiro homem que pegou em armas para lutar contra a ditadura tornou-se, ele próprio, um ditador em grande estilo. E não, não há ditadura "boa" ou "do bem".

Fala-se muito na excelência dos sistemas de educação e saúde cubanos, mas mesmo eles não se salvam incondicionalmente no seu romance "Mundos sujos". Como é a realidade em Cuba para os cubanos comuns, aqueles que não têm padrinhos políticos?

LATOUR: Alguns adversários do comunismo cubano recusam-se a admitir conquistas, e isso acaba funcionando contra eles. Nenhum governo consegue ser totalmente mau e injusto, ou integralmente bom e correto. O que Cuba conseguiu nos campos da educação e da saúde pública nos últimos 40 anos é o sonho de todo o Terceiro Mundo. Sim, a educação é de uma servidão ideológica chocante, mas nenhuma criança cubana fica sem escola ou professor. Sim, faltam remédios e os hospitais têm carência de tudo, de equipamentos de Raio-X a reagentes químicos para análises clínicas, mas o mais remoto vilarejo cubano conta com um médico que pode chamar uma ambulância e remover seus pacientes para o hospital mais próximo. Oferecer educação e atendimento médico gratuitos a todos os cidadãos é excelente. Privá-los do exercício de seus direitos civis, porém, é altamente perverso, pois os transforma em escravos. Saudáveis e educados, sim, mas escravos.

A percepção que se tem, por livros como "Mundos sujos" ou filmes como "Guantanamera", é que pequenos delitos e roubos na agências governamentais institucionalizam-se num país onde, freqüentemente, não se ganha o suficiente para sobreviver. Esta é a mesma percepção que me dão, aliás, filmes e livros que têm por cenário a antiga União Soviética. É um tipo diferente de roubo daquele que se vê no Brasil, onde a corrupção é generalizada, mas onde roubar da repartição não chega a ser propriamente uma necessidade vital, de modo que você ainda pode se dar ao luxo de ser uma pessoa honesta, se assim o desejar.


LATOUR: Assim como em tantas economias de mercado há homens de negócios que lutam por lucrar cada vez mais, de todas as maneiras possíveis, éticas ou não, na ilha -- dada a indiscutível falência econômica do sistema -- a maioria dos funcionários públicos tenta trabalhar o mínimo e roubar o máximo possível. Este problema atinge hoje tais proporções que a população não percebe mais o roubo de bens do Estado como um crime passível de punição. Médicos, dentistas e enfermeiros roubam remédios, comida e roupa de cama. Operários roubam cimento, madeira e areia. Professores e burocratas roubam papel, canetas e peças de computador. Ladrões de gado abatem entre 20 mil e 30 mil cabeças por ano.

Se todo mundo que rouba ou já roubou alguma coisa fosse para a prisão, provavelmente metade da população estaria encarcerada.

Fiquei muito impressionada com a falta de solidariedade e apoio aos dissidentes cubanos presos por Fidel Castro recentemente. Há alguma explicação racional para isso?

LATOUR: Na minha opinião houve solidariedade e apoio, sim, ainda que não tanto quanto eu teria gostado de ver. Talvez uma das razões para a pouca repercussão deste apoio esteja, justamente, naquela visão de Davi e Golias que discutimos antes, e no papel dos intelectuais de esquerda como formadores de opinião. A outra razão, com certeza, é que a única coisa que realmente funciona bem em Cuba é a propaganda. Assim que os dissidentes foram presos, a máquina entrou em funcionamento, espalhando que eles eram agentes do governo americano. O problema é que algumas pessoas são tão ingênuas que conseguem acreditar numa besteira dessas.


A sociedade cubana que o senhor retrata é um lugar de alta periculosidade para os que insistem em pensar por si mesmos. Mas o outro lado do espelho, ou seja, os cubanos de Miami, também não são pintados com boas tintas em "Mundos sujos". Nenhuma das opções o agrada. O que o senhor acha que vai acontecer em Cuba quando Fidel morrer? Há alguma possibilidade de que, no futuro, olhando para trás, as pessoas sintam saudades dos "bons velhos tempos" do castrismo?

LATOUR: As pessoas não me desagradam. Nem em Cuba, nem nos Estados Unidos, nem em lugar algum. Acredito piamente que, em todos os países, 90% das pessoas são gente direita e trabalhadora. Mas, entre os 10% restantes, encontramos uns tipos realmente asquerosos: políticos com sede de poder, criminosos, ladrões, falsários, torturadores...

Quando nós humanos olhamos para trás, podemos ver cinco mil, dez mil ou mesmo um milhão de anos do passado. Mas, quando tentamos olhar para a frente, ninguém pode prever sequer o que vai acontecer amanhã de manhã.

Estou publicando um breve um ensaio a respeito das questões com que a sociedade cubana vai ter de lidar depois do comunismo, mas não faço idéia de quando isso acontecerá. Acontecerá, porém, seguramente. O sistema está política e moralmente corroído, não funciona. Não funcionou na União Soviética e em nenhum país europeu. A China e o Vietnã estão fazendo progressos econômicos porque nesta área, especificamente, deixaram de ser países comunistas.

Naturalmente, alguns cubanos vão sentir falta do comunismo. Isso ainda acontece na Rússia, onde milhares de cidadãos continuam adorando Stalin. Mas o primeiro governo não comunista de Cuba vai ter que tomar um cuidado enorme em certas áreas, como emprego, educação, saúde pública, impostos e política monetária, por exemplo, para não alienar mais pessoas do que aquelas que inevitavelmente lamentarão os novos tempos.

Por melhor que se desenvolvam a democracia e a economia de mercado numa Cuba pós-comunista, meu palpite é que uns 15% ou 20% da população, sobretudo entre os mais velhos e os menos educados, mais todos aqueles que sempre se deram bem lambendo as botas do ditador, vão sentir muitas saudades dos "bons velhos tempos".

Como o senhor conseguiu sair de Cuba? O senhor pretende voltar a viver lá? Do que sente mais falta?

LATOUR: Tenho a impressão de que certas pessoas ficaram contentes com o fato de eu pedir permissão para viajar com a minha família toda, e instruíram os burocratas nos lugares certos a me deixar sair. De modo que não houve nada aventuroso ou perigoso na minha saída da ilha. Vou decidir se volto ou não quando a ditadura comunista desmoronar. Acho que o que mais falta me faz é a minha cultura, no sentido mais amplo da palavra. Cultura como a mistura de uma infinidade de coisas, não apenas música, literatura ou pintura, mas um camponês cultivando o seu pedacinho de terra, uma mulher bonita a caminho do trabalho, o motorista do ônibus fazendo piadas, o cheiro do pão fresco, e centenas de outras coisas -- sons, vistas, cheiros, gostos. Instruí meu filho e minha filha a espalharem minhas cinzas ao largo de Havana, caso eu morra antes do fim do comunismo.

O senhor continuará a escrever em inglês? É muito difícil escrever numa língua na qual não se cresceu?

LATOUR: Sim, continuarei a escrever em inglês, e sim, é muito difícil fazê-lo! Aprendo novidades a cada dia. Tive que comprar, e consulto constantemente, o Chicago Manual of Style, o último Roget's Thesaurus, o Webster. Felizmente a gramática e a sintaxe do inglês não são tão complicadas quanto as do espanhol.

O senhor está trabalhando atualmente em algum livro novo? Ele será também ambientado em Cuba?

LATOUR: Agora em novembro sai um novo romance meu nos Estados Unidos, uma continuação de "Mundos sujos". Talvez seja publicado também no Brasil, vamos ver. Em breve publicarei o ensaio sobre Cuba de que falei antes; e estou escrevendo um novo romance, ambientado na Cuba do Século XIX. É o meu primeiro romance histórico, e estou muito entusiasmado com ele. Ah, esquece: eu sempre fico entusiasmado com o novo livro que estou escrevendo.

(O Globo, Segundo Caderno, 3.7.2005)

Mamma mia!

Estou sem Velox. A plaquinha Vivo Zap está na Laura, mas mesmo que estivesse aqui não adianatava, porque é um PC Card, e o Vaio que a aceita, o mais antigo, está no conserto.

De modo que estou conectada através do meu celular Claro, um Nokia N95-3, em 3G.

Daqui de casa, pelo menos, onde a cobertura é excelente, a máquina está voando. A única coisa chata, na verdade apavorante, é que vejo, voando junto, um monte de $$$$$.

Não quero nem ver quando essa conta chegar... :-(

O problema é que, no contrato Claro, eu não tenho pacote de dados; no da Tim tenho, mas o número da Tim é o meu número "oficial", que todo mundo tem.

Vou ter que reestudar essa parada melhor, quando estiver com as duas contas na mão.

No Bianco



Uísque



19.2.08

Já vai tarde

Depois de apenas 49 anos exercendo o cargo de ditador cubano (ditador é cargo?), Fidel cansou: passa o bastão, democraticamente, para o irmão.

Quem sabe os presos de opinião da ilha tenham uma chance, agora, de serem libertados ainda em vida.

Enquanto isso, o vosso presidente diz que "Fidel é o único mito vivo da História da Humanidade".

Estou arrasada.

Não sabia que Nelson Mandela tinha morrido, e achava que o Dalai Lama ainda estava entre nós.

A cesta de brinquedos



Eu trouxe mais alguns da sala




17.2.08

Mais uma pra Márcia Amaral




Para Lucas e Heliana




Para a Márcia Amaral




Tropa de elite, o Urso, o joelho, etc.

Agora, que "Tropa de Elite" ganhou o Urso de Ouro em Berlim, talvez volte às telas. Este é um filme que eu queria demais ver no cinema. Antes, o joelho impedia; agora permite. Eu sei, porque já vi "O Caçador de Pipas" e "Juno" e, apesar de reclamar um bocado, o joelho resistiu. O problema é que ainda não consigo ficar numa posição só por muito tempo, especialmente não sentada, com a perna dobrada; mas o tempo de um filme, se não for "Berlin Alexanderplatz" na íntegra, parece que já dá.

Acho o máximo "Tropa de Elite" ter ganho o Urso de Ouro, entre outras coisas porque a vitória é um cala boca e tanto nos intelequituais que acharam que o filme mais discutido do ano não tinha categoria para representar o Brasil no Oscar.

O prêmio, entregue pelo Costa-Gavras, é também uma bela resposta aos que acharam o filme "fascista".

Tomaram, papudos?!

Dá-lhes, José Padilha!

* * *


Quanto ao filmes que eu vi por esses dias:

  • "O Caçador de Pipas" é bom, mas reducionista (forçosamente) para quem leu o livro. Amir é um personagem complexo que, no filme, parece apenas um menino mimado e manipulador. Mas o conjunto é lindo. A produção é extraordinária, a fotografia idem. Vale a pena assistir, especialmente para quem leu o livro.

  • "Juno" foi uma grande surpresa, quando liguei o nome à pessoa (entrei no cinema sem saber que o filme era ele mesmo). Do que havia lido, não esperava muito: achava que era um sucesso de escândalo por ter sido escrito pela ex-stripper Diablo Cody. Isso é nome?! Não, não é; mas ainda é melhor do que Brook Busey que, segundo o imdb, é; coitada da moça. É engraçado, bem pensado, inteligente; tem tudo para virar um cult como "Curtindo a Vida Adoidado". Ellen Page, que faz Juno, é sensacional: consegue transmitir uma mistura de emoções sofisticadíssima, sem perder o jeitinho de adolescente fofa. Mas o que faz mesmo o filme, apesar da ótima direção e da trilha sonora tudibom, é o roteiro. Sinto dizer, mas a Bruna Surfistinha deles deixa a nossa no chinelo.
  • Ai, que preguiça...




    A rodinha



    O trilho suspenso...



    Esse é o tipo de escada que eu quero



    16.2.08

    Ah, sim...

    Eu não sou a Petrobrás.

    Eu não tenho nada secreto no notebook.

    Ainda assim, ele é protegido por um sistema em que a senha é a digital do meu indicador -- e não há hipótese, mas não mesmo, de que eu venha a embarcá-lo em qualquer mala despachada.

    Ele vai na bolsa, ali, do meu lado, coladinho.

    Nunca viajei com disco rígido com dados, mas, caso o fizesse, seria nas mesmas condições.

    Pode ser que a proteção do Vaio seja para inglês ver, e que qualquer um seja capaz de abri-la; mas, para isso, primeiro será preciso roubá-lo de mim.

    É claro que, se eu tivesse dados que valem ouro no notebook, o meu disco inteiro seria criptografado. E é claro que o meu notebook teria um sistema de segurança adicional por hardware.

    Muito bonita a fé que a Petrobrás demonstra ter no gênero humano ao despachar dados confidenciais pela Halliburton (!); mas que aí tem coisa, tem.

    Hoje em dia, sem tiroteios, assassinatos ou, no mínimo, um boa-noite-cinderela, só se rouba notebook com dados confidenciais de quem deliberadamente se deixa roubar.

    Update: um amigo que conhece o ramo acaba de me explicar algumas coisas. A primeira é que, há quinze anos, se conhecem esses tais "novos" poços da Petrobrás; e que o levantamento da área foi feito, justamente, pela Halliburton, sócia de longa data da Petrobrás, e uma das duas empresas capacitadas a fazer esse tipo de trabalho. A outra é a Schlumberger. Não há empresas nacionais no ramo porque falta know-how e, sobretudo, porque falta dinheiro: o que custa fazer uma prospecção tão profunda não está no mapa.

    Na época, o preço do barril estava tão barato que não compensava a exploração dos poços. Hoje compensa. Até porque, numa feliz coincidência, a tecnologia necessária para explorá-los está mais barata.

    A Halliburton não teria, em tese, qualquer interesse no roubo dos notebooks, já que dispõe de todos os dados da Petrobrás, e até de mais alguns.

    Ele acha que os notebooks ou foram roubados por gente que não tem a menor idéia do que levou, ou foram roubados para despistar as (futuras) investigações em algum caso de vazamento de dados que já aconteceu, mas ainda não veio à tona.

    No primeiro caso, uma questão de desleixo e incúria.

    No segundo, só Deus sabe -- mas o tempo dirá.

    Eu sou mais a segunda hipótese. Quem tem notebook não dá esse mole. Aí tem coisa.

    Com a palavra o Nelsinho que, como todos sabem, trabalha em plataformas de petróleo -- um autêntico "homem do campo":

    "A Halliburton do Brasil é uma das tradicionais contratatadas (não sócias) da Petrobras, por ser uma das grandes especialistas mundiais em logging e teste de poços. Outra das grandes especialistas em logging é a Schlumberger, que também é contratada. O conhecimento das enormes potencialidades da bacia de Santos é de fato muito antigo, com a perfuração de vários poços, muito embora o desenvolvimento dos estudos dos campos agora divulgados seja mais recente. É que as reservas são muito profundas e o investimento muito grande, e não compensariam com o barril baratinho.

    Não sei o que pensar do caso do roubo, mas estou muito mais para um simples furto de laptops deixados à mão, sem muito a ver com os dados que, sim, são valiosíssimos até pelos enormes custos operacionais que acarretam para serem conseguidos e porque é através desses dados que os especialistas da Petrobras, muito justamente reconhecidos em todo o mundo, desenvolvem suas operações.

    Sinto muito orgulho pela Petrobrás, enquanto empresa puramente técnica, por haver conseguido durante aqueles anos de desinteresse mundial, elevar-se a "pace setter" nas operações em águas profundas!

    Eu me pergunto: O que "alguém" poderá fazer com aqueles dados? Será que vão pedir resgate?!..."

    15.2.08

    Nassif vs. Veja

    Como a internet inteira já sabe, Luiz Nassif está fazendo uma série de acusações contra a Veja. Não sei o que a motiva; afinal, como ele mesmo diz a meu respeito, esses "são temas intrincados, e ela não domina essa área".

    É verdade.

    O Nassif está metido em jornalismo de cachorro grande e eu, como é público e notório, só escrevo sobre gato.

    Ele há de ter suas razões, imperceptíveis à minha ingenuidade.

    De modo geral, discordo da sua posição política, o que não há de ser surpresa para quem lê o que eu escrevo e lê o que ele escreve, se é que há quem se inclua em categorias tão díspares.

    Mas isso é secundário, como é secundário o fato de, pessoalmente, nós termos respeito e simpatia um pelo outro. O que importa, aqui, é que a Veja decidiu processá-lo.

    Péssima decisão!

    A imprensa está vivendo um momento delicado, com processos de sobra movidos por terceiros. Para ficar apenas no exemplo mais recente, aí está a igreja universal do reino de deus disparando uma série de processos sobre a Elvira Lobato, através dos seus fiéis, no nítido intuito de silenciá-la.

    Temos, além disso, um governo hostil ao "contraditório" (como eles gostam de dizer), louco para cercear a liberdade de imprensa.

    Enfim: tudo o que não precisamos, agora, é que jornalistas fiquem se processando uns aos outros.

    Já nem falo da trabalheira paralisante que dá um processo no Brasil. A parte econômica é pior. Se alguém quiser me mandar pra cadeia por alguma coisa que eu tenha escrito ou venha a escrever, vou me aborrecer, mas não vou entrar em desespero; ora, se até o Pimenta Neves continua solto...

    Mas, vá lá, digamos que a Justiça seja dura comigo, que não tenho as costas quentes daquele assassino, e me mande mesmo pro xilindró. Eu vou. Alguém fica aqui em casa tomando conta dos gatos, o tempo passa, um dia eu saio e, podem apostar, volto a escrever o que quer que tenha me mandado pra lá em primeiro lugar.

    Se em vez disso, porém, alguém me pedir indenização, estou frita, porque, à exceção de vender o apartamento, que é o único bem que possuo, não tenho de onde tirar dinheiro. E aí é bastante muito provável que eu meta a viola no saco, porque, entre outras coisas, com esse joelho quebrado fica difícil vender chiclete no sinal.

    A lei, em suma, pode ser uma das formas de censura mais eficazes.

    Por isso sou tão radicalmente contra qualquer processo movido contra jornalistas.

    A Veja alega que responder à altura seria dar muita bola ao Nassif. Não dá pra negar que é um bom argumento,tanto que eu mesma o utilizo na área de comentários do blog. Pensando desapaixonadamente, se é que isso é possível no clima de Fla x Flu que domina o caso, por que é que, nas suas páginas, você vai abrir espaço para quem diz as piores coisas a seu respeito?

    O Nassif -- que, ao contrário de mim, não tem nada de ingênuo -- não comprou briga com a Veja achando que ia ficar por isso mesmo. A essa altura, marcou pontos com todo mundo que ama o governo e/ou odeia a Veja e, de quebra, se pôs no centro das atenções dos colegas.

    Não é pouca coisa.

    Também pôs a Veja numa situação delicada. Ou ela rebate as acusações e, conseqüentemente, amplia a sua voz, ou o processa, dando chance a seus detratores de apontá-la como censora.

    Se correr o bicho pega, se ficar o bicho come.

    Tenho certeza que, por trás dissso tudo, há muito mais coisa do que sonha a minha ingênua filosofia; esses são temas intrincados, e eu não domino essa área.

    Mas, independentemente de qualquer coisa que me escape, sustento: jornalista não processa jornalista.

    Essa frase é, aliás, do meu amigo Diogo Mainardi, que tem sido um dos alvos do Nassif (que, por sua vez, já foi alvo do Diogo).

    Em suma: quem é mídia ou tem espaço na mídia, e se sentir ofendido com o que foi escrito a seu respeito, que vá pro computador e responda na mesma moeda.

    Processar jornalista é coisa pra igreja universal do reino de deus ou pro PT (pensando bem, dá na mesma).

    E pronto, chega, vou arrumar livros.

    Estou cansada desse mundo sórdido em que estamos vivendo.

    Eu amo a minha cidade




    PARABÉNS, PAULINHO!

    Os meus filhotes, coitados, têm que conviver com o fato de ter a mãe mais fora do ar do mundo: quando me lembro de postar os parabéns aqui no blog, já é dia seguinte...

    Mas, dessa vez, como o Paulinho está quatro horas atrás no fuso horário, para ele ainda é 14 de fevereiro.

    Vale!

    Ele acaba de fazer 37 anos.

    Tenho visto este filhote bem menos do que gostaria. Ele está longe, o tempo é escasso, as passagens são caras.

    Quando nos encontramos, estamos, cada um de nós, um tiquinho diferentes um para o outro. Estamos mais velhos, é claro, e percebemos melhor a passagem do tempo do que pessoas que convivem com freqüência.

    Mas também prestamos mais atenção um no outro, seja porque já se passou muito tempo desde que nos vimos pela última vez, seja porque sabemos que mais um bom tempo vai se passar até que possamos nos abraçar novamente.

    Pois, de cada vez, fico mais e mais impressionada com o que ele tem de inteligência, maturidade, criatividade, responsabilidade, retidão, perspicácia, senso de humor e, principalmente, bondade, a meu ver a maior qualidade de um ser humano.

    Se morassemos na mesma cidade, eu provavelmente nem repararia nisso tudo -- acharia normal, tipo "o Paulinho é assim mesmo". Essa é, talvez, a única vantagem da distância: a possibilidade de olhar para um filho como quem olha de fora, sem a familiaridade do dia-a-dia.

    Sempre que vejo o Paulinho, sinto um orgulho enorme em perceber a extraordinária pessoa que ele é; e fico maravilhada quando constato que, apesar de todas as minhas falhas como mãe, ele conseguiu se transformar num bípede como poucos.

    Enfim: estou escrevendo tudo isso porque, quando a gente tem a sorte de ter um filho assim, quer, é lógico, contar para todo mundo.

    (Mas o que eu queria mesmo, de verdade, era estar ao lado dele e da sua família tão linda e querida, cantando "Parabéns!", comendo bolo e abraçando o meu Paulinho bem apertado.)

    Que a vida continue bela para você, meu querido.

    Você sabe melhor do que eu que as trombadas que a gente leva são o pedágio para a felicidade que tem, e para o muito que recebe.

    O mano da Jamaica tinha razão: you are blessed.

    14.2.08


    Não há ideologia
    que justifique

    Por mais que rosnem os jornalistas
    amestrados, roubo é roubo



    Eu ainda acredito, como diz o Millôr, que imprensa é oposição, o resto, armazém de secos e molhados (para quem chegou ontem: pequena loja de bairro, precursora dos supermercados). Acho o jornalismo uma das mais nobres profissões, sobretudo em sua filosofia básica; o mesmo eu poderia dizer da filosofia da profissão médica, por exemplo, embora, numa e noutra profissão, muitos nem percebam a glória do que fazem, tornando-se indignos da "missão" que exercem.

    Pode ser efeito colateral do joelho quebrado, pode ser ataque de saudosismo, mas o fato é que já vivi um tempo em que o, digamos, “ecossistema”, me dava mais alegrias. É claro que havia, como sempre houve, jornalistas a favor – há quem diga a soldo -- do governo. Bajular os poderosos dá lucro, quando não prestígio, que tantos perseguem.

    Mas as águas de então estavam bem divididas: eles eram “eles”, nós éramos “nós”. Havia um inimigo comum. Além do que, e não é pouco!, tínhamos menos de 30 anos, às vezes pouco mais de 20. “Eles” tinham colunas e empregos públicos, candidatavam-se, enveredavam pela política sem constrangimento. “Nós” acreditávamos, sem duvidar, que o papel da imprensa era combater a ditadura, e que, derrotada esta, estariam derrotadas também a corrupção e a impunidade. Ganhávamos pouco, às vezes ridiculamente pouco. Não chegávamos, como a Amélia, a achar bonito não ter o que comer -- mas não faltava muito para isso.

    Até que, um dia, apareceu um agrupamento político chamado PT, e o meio de campo começou a embolar. Isso não ficou claro à primeira vista, pelo menos não para aqueles de nós que ou éramos mais ingênuos, ou já não andávamos diretamente envolvidos em política. Eu me enquadrava nas duas categorias, e ia em frente. Mas minha ficha caiu quando, um dia, voltando de uma feira de tecnologia, com a jaqueta enfeitada com lindos pins e buttons de sistemas operacionais e de chips, levei um dedo no nariz de uma estagiária do JB que, até então, me parecera boa pessoa:

    -- Por que não está usando o button do PT?!

    Levei um susto. Aquele gesto e aquela voz autoritária podiam ter saído de qualquer zona histórica "alienígena", sinistra.

    -- Exatamente por causa disso, -- respondi, mas acho que ela não entendeu. Eu, porém, entendi. Não havia mais "nós" e "eles". Havia patrulha e rancor, também entre "nós". Não havia mais o bom combate ou o livre pensar; havia apenas uma ideologia, como todas muito cômoda, construída com bloquinhos de lugares comuns que não exigiam grande raciocínio de ninguém. Ai de quem não compactuasse.

    * * *

    Quando Lula ganhou as eleições, achei que o mundo das redações voltaria à normalidade. Poder é poder. Imaginar que existe poder "de esquerda" é de uma ingenuidade que não combina com o cinismo e a desconfiança que, em tese, andam de mãos dadas com o jornalismo. Mas, obviamente, maior ingenuidade ainda é supor que quem se ajeita a uma bitola ideológica, por interesse ou por idealismo, guarda alguma capacidade de pensar por conta própria. Sobretudo quando a tal bitola começa a se mostrar lucrativa.

    * * *

    Já me prometi mil vezes não falar mais nisso e esquecer que hay gobierno soy contra, até porque o governo não está nem aí para o que nós, imbecis também conhecidos como contribuintes, achamos ou deixamos de achar. Quando o sangue me ferve nas veias (vale dizer todos os dias, quando pego o jornal), brinco de faz-de-conta: tento acompanhar o noticiário como se morasse em outra galáxia. O diabo é que há coisas que não há Star Trek que resolva. Agora mesmo, não sei o que me deixa mais perplexa e indignada na farra dos cartões corporativos, se o roubo descarado do nosso dinheiro, ou o contorcionismo mental de colegas, que já considerei gente de boa reflexão, tentando defender essa nojeira.

    Os argumentos são espantosos. Aquela ex-ministra racista, que acha tão normal negros odiarem brancos, está, obviamente, sendo vítima de pessoas que não a conhecem; ora, se até o Zé Dirceu já garantiu que ela não agiu por má-fé! Roubou sem querer, a coitada, e a Grande Imprensa, branca e machista, lá, nos seus calcanhares. O outro comprou uma tapioca de míseros oito reais, e a Grande Imprensa, uivam os jornalistas amestrados, dá o fato em manchete. Como se o que estivesse em discussão não fosse o como, mas o quanto. Para não falar na eterna ladainha do governo, repetida como um press-release que, a essa altura, sequer tem o benefício da novidade: “na época do FhC era a mesma coisa”. Mas, perdão: não foi para isso que a atual corja foi eleita?! Para mudar tudo o que estava errado?! Para implantar um sentido ético no trato da coisa pública?!

    * * *

    O pior é que tanto faz quanto tanto fez. Enquanto o nosso dinheiro paga qualquer leviandade protegido pelo manto putrefato da “Segurança Nacional”, enquanto jornalistas arrastam a profissão na lama defendendo a corrupção, os poderosos, às nossas costas, se entendem. As famiglias ficarão a salvo.

    “Eles” venceram.


    (O Globo, Segundo Caderno, 14.2.2008)

    Com meu personal motorista



    Aí que céu!



    13.2.08

    Mais uma...

    Isso está movimentado hoje! Agora foi a Luciana Pordeus quem mandou um lance muito divertido. A idéia é achar o homem no café.
    -- Se você conseguir achar o homem em três segundos, o lado
    direito de seu cérebro é mais desenvolvido do que o cérebro de pessoas normais.

    -- Se você conseguir achar o homem em 1 minuto, o seu cérebro é normalmente desenvolvido.

    -- Se você conseguir achar o homem em 1 a 3, minutos, o seu cérebro está reagindo lentamente, e você deveria ingerir mais proteína.

    -- Se conseguir achar o homem depois de 3 minutos, o seu cérebro é um desastre, extremamente lento, e a única sugestão é: assista mais desenhos para ajudar a desenvolver o seu cérebro no lado direito!

    (Isso não é piada, o homem está realmente lá.)

    Esse foi a Lilian quem mandou



    Não é a coisa mais linda?!

    Aqui, a história resumida, no Animal Planet:

    Tutu, nos velhos tempos



    Achei essa foto da Tutu, que tirei durante as últimas obras feitas aqui em casa, quando mudei todo o chão do apartamento.

    Infelizmente não achei a data certa na foto, e a minha memória é de lascar, mas acho que foi há coisa de uns oito anos.