31.3.05



RIP

Finalmente morreu a coitada da Terri Schiavo. Enquanto isso, George W. Bush & Sra., precavidos, tomaram providências legais em relação ao que deve ser feito com eles caso se encontrem na mesma situação que a lançou ao estrelato -- mas, em nome da sua "privacidade", não divulgaram o conteúdo dos documentos.

Discretos, eles.

Pois para mim, isso só tem uma leitura: façam o que eu mando, mas não o que eu pretendo que me façam.

Claro:

  • Quem acha válido ficar em estado vegetativo não precisa fazer nada; a indústria médica cuida disso sozinha, obrigada. Como todo mundo sabe, difícil não é ligar, é desligar;

  • Se a decisão dos Bush fosse igual ao que dizem que pensam, seria uma excelente jogada política divulgar o conteúdo dos seus testamentos. Vocês acham que Bush ia perder essa oportunidade?!

    Esta hipocrisia me revolta DEMAIS; assim como me revolta o que estão fazendo com o papa.

    Deixem o pobre homem morrer em paz, caramba!

    É assim que age uma Igreja que se diz humana e cheia de compaixão?!

    Uma Igreja que acredita na eternidade da alma?!

    Mas se a alma é eterna, por que não deixá-la seguir seu rumo?!

    ARGHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHH!!!

    Só para constar, porque tenho família sensata e discreta, que de fato me ama, e, felizmente, não tenho um bando de urubus pelas costas brigando pelo poder:

    Se um dia eu virar um vegetal, ou chegar ao nível de sofrimento do papa, me deixem tirar o time de campo o mais rápido possível. Quero ir em paz, sossego e dignidade.

    Não sei se um blog tem valor legal para me garantir isso, mas pelo menos o que não me falta aqui são testemunhas...









  • Livin' la vida loca

    Às vezes, fugir do mundo não é uma opção de todo ruim

    Miami é uma festa. O verão ainda nem deu as caras e o povo já cozinha ao sol das praias mais bem cuidadas da América Latina. O fervo começa cedo, ou termina tarde; tudo depende do ponto de vista. Janta-se às sete, mas às três os bares de South Beach já estão cheios. A galera que dançou até às quatro da manhã numa boate pode ser vista duas quadras adiante, meia hora depois, fazendo fila para entrar em outra, onde um novo set de DJs começa os trabalhos às cinco. Depois disso não sei o que acontece; sou de um modelo antigo, que precisa dormir um pouco de vez em quando, e isso atrapalha a investigação.

    É verdade que caí na cidade bem em meio ao M3, Miami Music Multimedia, grande celebração da música eletrônica e de um jeito clubber de ser, mas não é à toa que ele se realiza lá. Se todos os alto falantes de todos os carros envenenados que circulam por Miami fossem ligados ao mesmo tempo, o som daria a volta ao mundo várias vezes. Felizmente os carros sossegam enquanto os donos bebem, de modo que o som não ultrapassa as fronteiras do condado. Miami dorme e acorda ao bate-estaca do techno, que escapa, em todas as suas variantes, gêneros e sub-gêneros, de uma festa aqui ou um carro acolá.

    * * *

    Não gostar de Miami é uma reação tão comum que, dessa vez, fui disposta a fazer uma reavaliação. Minha disposição natural em relação ao mundo, de modo geral, é gostar; não gosto de não gostar. Além disso, uma cidade como Miami é tão complexa, e tem tantas nuances, que chega a ser absurdo generalizar. Não existe uma Miami, assim como não existe um Rio de Janeiro; existem milhares de Miamis, feitas à imagem e semelhança de quem as vive. Alguém pode detestar uma viagem que adoraria se ficasse hospedado dois quarteirões adiante; o bairro que um dia é um tédio, no outro pode ser uma revelação. Não há absolutos.

    Isso, objetivamente. Subjetivamente, as cidades, como as pessoas, têm um jeito de ser, uma aura, karma ou lá como se chame, com o qual a gente vai ou não vai -- e não há racionalização que mude isso.

    Miami é linda e bem cuidada, tem praias que me enchem de inveja pelo azul caribenho e pela água quentinha, os bandos de pássaros que se vêem por toda a parte são alegres e confiantes mas, com tudo isso, não consigo fugir do lugar comum. Não consigo gostar de Miami.

    O hotel ótimo, o tempo maravilhoso, uma lua que nem te conto -- e algo indefinível que me dava uma vontade louca de fugir correndo e voltar para casa. Não sei exatamente o quê, mas imagino um conjunto de fatores, a começar pelos rios de dinheiro que correm por todos os lados. Dos carros impossíveis às roupas duvidosas, tudo tem uma única finalidade: proclamar para o mundo o elevado status financeiro dos donos. Mas pior do que assistir a este show bizarro de riqueza -- que sequer chega a ser característica exclusiva de Miami -- é saber o que o torna possível. Afinal, dez entre dez corruptos da América Latina consideram a cidade o seu segundo lar.

    A cidade não tem culpa disso, coitada, nem os habitantes que dão duro e ganham o seu pão honestamente; mas é o tal do karma. O fato é que olho para aqueles condomínios de luxo elegantíssimos, finíssimos, metidíssimos-íssimos-íssimos... e a única coisa que me vem à cabeça é a fita do juiz Nicolau, na plenitude de sua obscenidade, fazendo o tour do apartamento milionário.

    * * *

    Miami estava, naturalmente, siderada pelo caso Terri Schiavo. O ódio pelo marido me pareceu universal -- como se os pais, principais responsáveis pelo circo armado em torno da pobre moça, fossem anjos de candura, e estivessem agindo movidos pelos melhores sentimentos.

    O comportamento das partes, cada qual tentando prejudicar mais a outra, me lembrou, mal comparando, a situação dos hospitais no Rio, em que a população, como Terri Schiavo, é o que menos importa.

    Nessa história sem mocinhos, o que eventualmente poderia ter sido um debate importante e necessário sobre os limites da vida transformou-se num espetáculo degradante e deprimente, estrelado por advogados, políticos e celebridades religiosas.

    Depois a gente estranha que a garotada se jogue nas raves 24 horas por dia e se desligue do mundo...

    (O Globo, Segundo Caderno, 31.3.05)

    30.3.05





    Inclusão digital

    Deu na Agência Estado...e nem é primeiro de abril!
    Petista discursa contra exame de próstata que o fez ver estrelas

    Durante 25 minutos, Sargento Isidório do PT usou a tribuna para detalhar o exame, reclamar do profissionalismo do médico, além de confessar que se sentiu "deflorado"

    Salvador - Reflexões sobre as agruras do exame de próstata, ocuparam grande parte do tempo da sessão de ontem da Assembléia Legislativa da Bahia. Tudo porque o deputado Manoel Isidório de Santana de 43 anos, o Sargento Isidório do PT, usando o tempo cedido pela liderança da oposição na Casa, fez um áspero discurso contra o referido exame, ao qual havia se submetido pela primeira vez na parte da manhã e conforme suas palavras ainda estava "vendo estrelas" por uma suposta violência do médico.

    O exame é o mais recomendado para se prevenir o câncer de próstata e consiste no toque da glândula com o dedo através do ânus. Classificando o exame de "angustiante", e exortando a Medicina a criar outro método que não "penalize" tanto os pacientes, Sargento Isidório se inflamou na tribuna e fazia questão de mostrar com gestos exagerados e gritos, como o doutor foi rude.
    Embora afirmasse não querer se estender muito no assunto, por considerar "desmoralizante para um pai de família", o deputado petista foi descrevendo detalhes, enquanto seus colegas se divertiam no plenário. Entre outras coisas, reclamou do fato de ser enganado sobre a forma como o exame de toque é feito e repetiu que "foi horrível" e quase desmaia.

    Ele gastou cerca de 25 minutos como tema que provavelmente seria encerrado se o deputado e médico Targino Machado (PMDB) não tivesse pedido um aparte para criticar o discurso apologético de Sargento Isidório contra o exame. Foi o suficiente para o petista voltar à carga repetindo toda à sua "desagradável" experiência. Uma das coisas que deixou o Sargento Isidório mais indignado é que após o exame, o médico abriu a porta e chamou o próximo paciente "como se nada tivesse acontecido", enquanto o petista saiu do consultório sentindo-se "deflorado". (Biaggio Talento)


    As voltas que o mundo dá

    Durante muito tempo nossa família morou no Bairro Peixoto, onde a Laura e eu crescemos brincando na praça Edmundo Bittencourt. Havia um bambuzal que nos parecia enorme e perigoso, e um jardineiro, se não me engano o seu Rosa, que era o terror das crianças.

    (Olhando assim à distância, nem é difícil imaginar por quê: provavelmente, nós éramos o terror dele, coitado, quebrando plantas e pisoteando o jardim.)

    Minha avó morava com meus tios no alto da Santa Clara e, quando chegava do trabalho, Papai ia visitá-la. Volta e meia íamos com ele. Uma das minhas lembranças mais nítidas de infância é subir a Décio Vilares de mãos dadas com meu Pai, rumo à casa dos tios.

    No caminho, cruzávamos com um ou outro conhecido. Isso significava um breve boa tarde, em alguns casos uma pequena pausa.

    Mais complicado era quando encontrávamos o rabino Lemle.

    Meus pais deixaram a religião na Europa. Papai não conseguiu se reconciliar com a idéia de um Deus que permitia acontecimentos como os que ele havia presenciado e vivido, e tornou-se ateu; Mamãe tem lá suas dúvidas. Por causa dessa peculiaridade familiar, aliás, devo ter sido uma das crianças a saber mais cedo a distinção entre ateu e agnóstico -- e a ficar me questionando de que lado exatamente eu estava.

    A dúvida persiste até hoje; mas isso são outros quinhentos.

    O fato é que Papai era amigo do rabino, que gozava de grande prestígio e consideração lá em casa. Quando se encontravam, os dois se deixavam ficar, conversando animadamente em alemão. Eu ficava indócil. Primeiro porque não falava alemão; depois porque, ainda que falasse, estava mais interessada em passear do que em ficar parada ouvindo conversa de adultos.

    O tempo passou.

    Há alguns anos, uma jovem repórter chamada Marina Lemle veio trabalhar comigo no Globo. Observei o nome pouco comum, e perguntei se conhecia o rabino.

    Ora, como não? Era neta dele.

    Mundinho pequeno!

    Agora, acabo de ler um texto comovente que Marina escreveu para o nominimo sobre sua família. Seu bisavô, o sogro do rabino, assassinado em março de 1933, é considerado, oficialmente, a primeira vítima dos nazistas.

    Ela, porém, só descobriu isso há coisa de um mês, por acaso, numa conversa com a avó.

    Quando perguntou o porquê da demora da revelação, recebeu a mais típica das respostas que uma mãe judia pode dar:

    -- Achei que você não ia querer saber. Eu quis te poupar.

    29.3.05




    Deu no Joaquim

    De Eduardo Dussek no show de fim de semana na Casa de Cultura Laura Alvim: "Quando vocês virem esses poodles ridículos de pompom na patinha e no rabo, não ri não. É essa gente que aumenta juros e sacaneia o povo que volta assim pagando carma."
    Pois eu li e imediatamente lembrei da foto que fiz em Miami. Quem teria sido este pobre quadrúpede humilhado numa encarnação anterior?

    Jornalistas & viagens

    Nos comentários do post em que eu elogiava o desempenho do Razr V3, o Rogério escreveu o seguinte:
    "Pego carona no post ressentido da Vilma para, sem ressentimento, levantar uma discussão saudável sobre viagens a convite de Motorola, Samsung e quejandas: na sua opinião, onde está o limite entre jornalismo e propaganda?"

    Jornalismo de tecnologia não é hard news, Rogério. Não é jornalismo investigativo ou de denúncia (embora, eventualmente possa ser isso também); é um jornalismo de comportamento e de serviço, em que a gente basicamente observa tendências, fala de lançamentos, dá dicas de uso.

    Um telefone como o Razr V3, por exemplo, que motivou a tua pergunta, é uma obra de arte. O que há de design, trabalho e conhecimento por trás da sua criação é um prodígio; o fato de ser fabricado com fins comerciais não o torna menos digno de admiração.

    Ora, por que só os produtos que se apresentam como arte podem ser elogiados sem que leitores de má índole achem que a gente está levando jabá?! Por que o elogio de um filme é jornalismo do mais alto nível, e o elogio de uma câmera digital é propaganda?!

    Essa visão antiga e tacanha me aborrece, porque acho um player como o iPod ou uma câmera como a P200 muito mais dignos de louvor do que a maioria dos filmes em cartaz.

    Afinal, qual é a alternativa que os "puros" propõem diante de um produto revolucionário? Dizer que "uma grande empresa lançou um telefone fenomenal", sem mencionar a empresa ou o celular? Fazer de conta que os gadgets que nos cercam não existem? Abordar a sua criação e existência de um ponto de vista estritamente econômico, sem manifestar qualquer sentimento?

    Ah, me poupem! Que tal deixar a hipocrisia de lado e nos portarmos feito adultos do Século 21?

    Como "consumidora de notícias", aliás, poucas coisas me irritam mais do que a obsessão das emissoras de televisão, Globo sobretudo, em esconder nomes e marcas; nada me soa mais falso -- e, conseqüentemente, mais enervante -- do que ouvir nos telejornais que algo aconteceu "num hotel da Zona Sul" ou num "shopping em São Paulo". Num mundo de marcas cada vez mais fortes e onipresentes, manter essa postura supostamente olímpica é sonegar informação.

    * * *

    Tenho por regra só falar dos produtos de que gosto -- vale dizer, só falar bem. Isso, por dois motivos. O primeiro é prático e objetivo. Há mais computadores, celulares, câmeras e players do que espaço para se escrever a seu respeito; e, obviamente, são mais merecedores deste espaço os bons produtos.

    O segundo motivo é puramente sentimental. Uma vez descasquei uma câmera que testei. Na seqüência, recebi meia dúzia de emails sentidíssimos de gente que tinha comprado justamente a tal câmera. Me lembro particularmente de dois leitores, um que levou tempos a convencer a mulher a fazer a compra, outro que gastou nela os poucos trocadinhos que tinha, contra os conselhos dos pais.

    Minha coluna os ridicularizou perante suas famílias, e isso me deu uma sensação péssima. Quase fui às casas dos sujeitos pedir desculpas, e explicar pros seus familiares que eles não tinham feito uma besteira tão grande, que ninguém podia adivinhar que marca tão conhecida faria algo tão ruim, etc. etc.

    Quanto às viagens a convite de empresas, são tema controvertido na imprensa mas, em certas áreas, a meu ver, fazem parte do métier. Em tecnologia, a melhor forma de saber como as empresas estão pensando o futuro, e de ter noção do que vem por aí, é indo aos seus eventos -- e isso, não sendo o Wall Street Journal ou o New York Times, só se faz a convite.

    É assim também que se conhecem os novos lançamentos da indústria automobilística ou da aviação, assim que se conseguem entrevistas com atores de filmes em lançamento, bandas em turnê ou "n" outras coisas -- e nem por isso as matérias ficam menos interessantes.

    A meu ver, não é viajar a convite de empresas, gravadoras ou estúdios que afeta a credibilidade de um jornalista, mas sim a falta de sinceridade e/ou conhecimento no que escreve.

    O famoso Jayson Blair, por exemplo, como todos os jornalistas do New York Times, só viajava com as despesas pagas pelo jornal.

    * * *

    Um dos problemas mais complicados das viagens de trabalho, sejam elas pagas por A, B ou C, é a inveja e o rancor que despertam. Tenho provas concretas disso aqui no blog; você mesmo viu uma delas.

    Para quem está de fora, tudo parece muito bacana -- e é mesmo, mas até certo ponto.

    É muito bom rodar o mundo e conhecer novos lugares; é consideravelmente menos bom acordar às sete da manhã depois de quatro horas de sono e passar o dia numa sala de conferências.

    Algumas viagens dão excepcionalmente certo e são muito agradáveis, como a que fiz ao Panamá; outras são desastres completos, em que a gente só se salva com muita esportiva e bom humor.

    Os mesmos atributos, em suma, de que a gente precisa para manter a área de comentários de um blog... ;-)

    28.3.05




    Lei de Murphy

    Postulado Único das Prioridades do Correio Eletrônico:

  • Quanto mais importante for o email, maior será a chance de se perder pelo caminho; inversamente, todos as correntes, spams oferecendo Viagra e relógios falsificados e mensagens contaminadas com worms e vírus diversos chegarão, íntegras e sem problema, ao local de destino.

    Pois vejam se não é isso mesmo:
    Cora,

    A marioria dos emails encaminhados para o Fernando, de várias partes do Brasil e exterior, seguiram direto para a firma Oficina de Papel, em Belo Horizonte.

    A proprietária da firma, Nicia Mafra, fez o favor de avisar por telefone ao Fernando, que não tem micro. A hospedeira do site do Fernando, a Netsulminas, errou ao configurar o e-mail; por isso ele nunca recebeu um sequer.

    A senhora Nícia Mafra está reenviando os emails não deletados para minha caixa postal. Já enviou um para O Globo avisando do problema; e recebeu outro, enquanto falávamos indicando o blog da Cora, pois ela não possuía o jornal.

    A firma dela trabalha com papel reciclado desde 1998, dá apoio aos catadores de papel de BH, tem convênios com a prefeitura e promove cursos sobre o assunto, inclusive enfocando a parte gráfica --participou, recentemente, do encontro latino americano promovido pela Tupigrafia, um grupo do Orkut.

    Em breve aviso o novo email do Fernando, através do qual os contatos devem ser feitos.

    Esther
  • 26.3.05

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    To te manjando...

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    Sorria! Voce esta na Barra!

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    Pra não dizer que a viagem está perfeita...

    Bom dia, pessoas! Não sei se vocês chegaram a reparar, mas os posts de ontem foram todos feitos pelo celular. O bichinho está se saindo melhor que a encomenda.

    Mal parei no hotel, foi um dia cheio, sem chances de fugir para computadores.

    O 3M continua pelo fim-de-semana com muitas apresentações de música, mas a parte das palestras e mesas redondas terminou ontem à tarde.

    Antes da festa de encerramento fui com colegas brasileiros a um mall que fica a meia hora aqui do hotel. Um queria comprar um iPod, a outra uma câmera e eu, desta vez, queria comprar umas calças para andar de bicicleta e umas coisas de gato: shampoo para os banhos infreqüentes, filtro pro bebedouro, catnip e uma coisa chamada Feliway que a Bia descobriu e que impede que eles marquem território (problema comum com o Mosca, a Peste Mijona).

    Aí vi uma estrutura de três andares daquelas de carpete, para arranharem, a preço muito bom (menos de U$ 30) e não resisti.

    É um trambolho, mas só de pensar na alegria deles curtindo o brinquedo novo... De modo que lá vim eu com a coisa.

    Quando fui fazer as malas e abri a caixa para ver como podia diminuir o volume, surprise: está faltando uma das peças! Telefonei para a loja eles foram muito gentis, mas não tem filial para esses lados.

    Quer dizer: na ida pro aeroporto vou ter que dar uma volta e pedir ao motorista que pare lá para trocar a peça.

    Tsk.

    Cerumano tinha que vir com seguro contra burrice. Como é que eu não conferi a caixa?! Afinal, se fosse eletrônico eu teria conferido no ato...

    Bom, pessoas, vou à luta.

    Hoje é dia livre: para compras, para fotos, para bater perna.

    Ainda quero comprar um tripé legal (obrigada, Lu Misura!) e passear por aí com a Lumix.

    Boa Páscoa para todos!

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    Estou muito bem impressionada com este telefone. Ele eh delicado mas estah dando conta do trabalho pesado. O roaming da Claro tambem estah impecavel.

    25.3.05

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    Amiguinhos

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    Telinhas

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    Esta deve ter sido uma das poucas vezes que Lawrence Lessig fez uma palestra sem slides.

    Esta deve ter sido também uma das pouquíssimas vezes em que senti falta de slides, porque ele é simplesmente campeão de apresentações bacanas.

    De qualquer forma, esta foi a ÚNICA VEZ em que os dois vimos um keynote speech na areia, debaixo de uma barraca, num dia de sol a pino, calor de rachar.

    Doideira?

    Com certeza.

    Mesmo assim foi um show. O que este homem entende de direito autoral, a visão que tem do assunto e o talento com que explica a questão compensam qualquer perrengue.

    Adorei!

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    Lawrence Lessig

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    Bye now!

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    Faz party... ;)

    24.3.05

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    Acordar cedo nao e' problematico so' pra mim,..

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    Trabalhando. Wi-fi.





    O mineiro desesperado e o holandês voador

    Fernando Henrique Ferreira, 48 anos, casado, pai de família, tem um ateliê em Caxambu. Fabrica peças em papel machê, que vende para o exterior através da ONG Mãos de Minas. Em novembro de 2004, durante uma feira de artesanato em Belo Horizonte, um importador holandês chamado Jan Piet Hartman ficou interessado no seu trabalho, apresentado no estande do Sebrae e, por telefone, convidou-o para um encontro no Hotel Boulevard.

    Fernando pôs o mostruário no carro e foi para a capital. As peças que levou causaram tão boa impressão que o holandês encomendou, no ato, 1.500 peixes e 3.325 objetos de decoração variados -- araras, tucanos, galinhas d?angola, pequenas cenas de praia. Os dois acertaram o preço total de R$ 25.450, dos quais 25% seriam pagos no início de janeiro, e o restante contra a entrega, em princípios de março.

    Fernando voltou entusiasmado para Caxambu: não é todo dia que um artesão do interior recebe uma encomenda dessas. Para poder aprontá-la a tempo, contratou seis auxiliares diretos e 40 terceirizados. Investiu tudo o que tinha na compra de material e no pagamento dos trabalhadores.

    Quando janeiro chegou, a encomenda ia adiantado. Fernando telefonou para a Brasil Trade, em Maceió, para pedir o adiantamento prometido. Mas Marcelo Gomes, sócio brasileiro de Jan Piet Hartman, disse que o parceiro se enganara, e que o sinal só seria pago no fim do mês.

    Sem capital, Fernando se viu obrigado a vender o carro e os poucos bens que possuía -- um freezer e uma televisão -- para dar continuidade ao trabalho. No fim do mês, ainda sem notícias do dinheiro, ligou para o próprio Jan Piet, com quem havia combinado a transação. Ficou sabendo então que o gringo mudara de idéia: agora, estava às voltas com um negócio de calçados em Franca, e não tinha mais interesse no artesanto.

    No ateliê humilde de Caxambu, mais de três mil peças bonitas e coloridas esperam por comprador. Hoje, porém, elas são a única coisa alegre da vida de Fernando, que está atolado em dívidas, sem o carro de que depende para viver e sem esperanças de resolver a situação. É que, como acontece regularmente no artesanato, não há contrato escrito entre as partes; os Jan Piets da vida enriquecem em Amsterdam, enquanto os Fernandos vão à falência no interior do Brasil.

    * * *

    Esta história, assim mesmo como está aí, mais ou menos com essas mesmas palavras, foi contada por Esther Maria Duarte Bittencourt, moradora da região e autora do excelente blog "Porcas e parafusos" -- um perfeito exemplo do jornalismo individual que a Internet permite.

    -- Este senhor já era meu comprador, só que a gente não se conhecia antes -- me disse Fernando, ao telefone. -- Ele adquiria as peças através da ONG (Mãos de Minas). Desta vez me procurou diretamente. Não dava para imaginar que faria uma coisa dessas. É um homem educado, bem vestido, de fino trato. Ficamos amigos. Sei que fui ingênuo, mas, acredite, acordo apalavrado é o que mais tem aqui no interior, a gente trabalha sempre assim. Aceitei também porque, sem a ONG, a transação ficava mais lucrativa.

    Pela transação "mais lucrativa" que o levou à ruína, Fernando receberia cerca de R$ 5 por peça. Descontem-se daí todas as despesas envolvidas e o resultado é um grande nó no estômago.

    Ler o que Esther escreve, aliás, é descobrir mais um pedaço de Brasil desesperado:

    "Caxambu é uma cidade no Sul de Minas Gerais com tudo para dar certo", diz ela. "Doze fontes de água mineral medicinais e um parque agradável, sem qualquer projeto turístico. Imagine uma única fonte de água mineral medicinal numa cidade do exterior e como estaria o turismo nesta cidade!

    Caxambu está às moscas. Hotéis fecham as portas, outros demitem os funcionários. Lojas vão à falência. O Hotel Glória, um dos mais tradicionais, lançou um plano de demissão voluntária, mas nenhum funcionário deseja perder os direitos trabalhistas. O único cinema local fechou as portas porque não consegue pagar o IPTU.

    Então, se não tem para quem vender na cidade sem turista, o que faz o artesão? Ou fica nas mãos do atravessador, o que acontece com freqüência, ou filia-se à ONG que não tem como absorver toda a produção da região. Entre um talvez ou oitenta centavos, melhor a última opção.

    E é assim que acontece. Para nós que temos ferramentas tecnológicas, que lemos jornais e livros, temos educação formal e estamos antenados com o mundo, esta história beira o realismo fantástico. É por isso que as novelas da Globo que abordam este tema fazem tão pouco sucesso no interior. Aqui, a realidade supera qualquer coisa que a imaginação invente."

    * * *

    Quem desejar mais informações sobre o trabalho de Fernando pode acessar o site www.ateliedepapel.com.br.

    Enquanto existe.

    (O Globo, Segundo Caderno, 24.3.05)


    Miami a mil

    Ufa! Finalmente de volta ao meu quartinho -- literalmente. O Loews, onde estou, é um hotel super luxuoso, que se expandiu comprando o Moritz mais modestinho ao lado, e é deste que vos tecla esta blogueira. Os confortos (e os preços) são os mesmos do Loews, mas o espaço... que diferença!

    O quarto tem até um tamanho legal; é no banheiro que o velho hotelzinho se faz lembrar, na ducha que podia ser mais forte, na pia estreita. Mas a cama é divina e não vejo a hora de aproveitá-la.

    Vim para o M3, Miami Music Multimedia, em que se discute a música na era digital sob os mais variados aspectos; na sexta, o keynote é de um dos meus ídolos, o advogado Lawrence Lessig (sim, crianças, um dos meus ídolos é advogado!), a pessoa que melhor vi pensar a questão dos direitos autorais no mundo pós-internet.

    É dele a concepção do Creative Commons, um tipo de licença muito mais adaptável aos novos tempos do a velhíssima noção binária de protegido/domínio público do sitema de copyright tradicional.

    Aí à esquerda, em ciberheróis, há um link para a página dele.

    Vim a convite da Motorola, que está aproveitando o evento para lançar não só seus novos aparelhos, como alguns conceitos de marketing de música e de telefonia móvel bem interessantes; vou falar disso em maiores detalhes depois.

    Fico só até sábado, quando tomo novamente o rumo de casa. Dessa vez não vai dar para visitar os meus bipinhos queridos em Austin, porque tenho muito trabalho no Rio; o dia foi tão corrido, aliás, que ainda nem consegui falar com o Paulinho.

    O tempo está legal, e Miami -- pelo menos neste trecho chique e metido em que estou -- é uma festa: muitos carros de luxo, muita gente bonita, muito dinheiro rolando. Dá a impressão de que, com exceção das camareiras de hotel, das faxineiras e dos carregadores (todos de origem latina), ninguém tem mais de 30 anos ou menos de 1m80.

    Talvez porisso essa seja hoje uma cidade tão esquisita, glamurosa e cheia de adrenalina na superfície, mas artificial e melancólica no coração movido a Red Bull.

    Eu acho que gostava mais daqui quando ninguém gostava, quando esses hotéis que hoje são o ó do borogodó eram apenas velhos hotéis decadentes, e a cidade era um lugar cafona e bolorento, cheio de velhinhos refugiados de Nova York.

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    Lixo

    Restos de festas

    22.3.05



    Fui!

    O queimado da lagarta ainda está uma coisa, mas -- Bia B., feche os olhos! -- Mamãe me recomendou uma pomada americana que é tiro e queda para reações alérgicas a mordidas e contatos com bichos peçonhentos.

    Por acaso, estou indo pro lugar certo para comprar... ;-)

    Os gatos caíram em prostração quando viram as malas de novo. Agora estão deitados nas suas (deles) caminhas, me olhando com caras tão compridas e lamentosas que, não fora meu coração de pedra, cancelava tudo para ficar em casa com esses pobres quadrupes injustiçados e incompreendidos.

    Até mais, gente!

    Chegando lá mando notícias e fotos; e mais fotos da Bahia, que nem tive tempo ainda de separar.




    Job description

    O Joaquim, para variar, disse tudo:
    Um cronista de segunda-feira, e tem que haver alguma vantagem ao se entrar num negócio desses, é um fingidor. Pode até inventar uma solidão que não existe, mas tem tempo para a tarefa e ninguém está vendo como ela se constrói na tela do computador. Ganha a vida inventando assunto. O resto do jornal já está impregnado demais de realidade. A crônica é a hora em que o editor encarrega o maluco de descobrir uma pasárgada qualquer, uma maracangalha outrossim, mas tudo, pelo amor de Deus!, tudo bem longe dos hospitais do Rio. É a hora da Redação e o Leitor respirarem aliviados. O cronista deforma as cenas ao gosto da pena e fica por isso mesmo. O ombudsman , nem aí, dá força na mágica. Nenhum manual de redação o obriga à coerência. (Joaquim Ferreira dos Santos)
    Pronto. Fica aqui registrado, pro dia em que alguém vier reclamar que, com todo aquele espaço, eu só faço pensar em gatos e capivaras.

    21.3.05



    Lar doces gatos

    Tem uma pilha de jornais me esperando, umas contas que chegaram e uns gatos estressados mas de bom coração, que já me perdoaram ter passado o fim-de-semana fora de casa.

    Claro que ainda não contei para eles que amanhã viajo à noite para Miami mas, em compensação, trouxe um frango assado da padaria que comemos juntos: agora estão todos desmaiados aqui no escritório, enquanto trabalho.

    De acordo com a Bia, o Mosca tem tomado o remédio direitinho, sem fazer muito drama; mas ele é mesmo o mais bonzinho da turma para essas coisas, até as unhas ele deixa cortar sem fazer escândalo.

    Duas coisinhas:

  • Vocês se lembram daquele papo que estava rolando nos comentários sobre as revistas semanais, e eu disse que achava todas Mais ou menos iguais? Bom, esta semana, como todos certamente já viram, elas extrapolaram: todas vêm de Paulo Coelho. Será que não há nada mais relevante acontecendo neste momento no Brasil ou no mundo para ocupar a capa de uma revista de informação semanal?! * sigh *

  • Ontem uma lagarta de fogo, daquelas marronzinhas e pequenas, caiu nas minhas costas e me queimou legal. O gel de Aloe Vera que tenho em cas não fez muito efeito. Alguém tem alguma dica boa?
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    No rumo de casa

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    Lindinho este hotel...











    Vapt-vupt

    Mal cheguei já estou voltando, morrendo de dó: gosto tanto daqui de Salvador! A cidade, além de bonita, gentil e acolhedora, está também muito bem tratada, muito limpa e cuidada.

    Infelizmente, a gente que vem do Rio estranha... :-(

    Vim para a comemoração dos 40 anos de carreira da Bethânia -- uma verdadeira, e merecidíssima, apoteose.

    Imaginem que fiquei num lindo hotelzinho estrategicamente situado entre os acarajés mais famosos do Brasil, o da Dinha, à esquerda, e o da Cira, à direita. Resultado: não tenho mais coragem de me pesar.

    E é assim, muito feliz com a festa, mas muito meio um tiquinho perturbada com a dieta detonada que me despeço por ora, com menos de quatro horas de sono pela frente.

    Tenho que estar no aeroporto às 10h30, ainda não fiz a mala, enfim -- aquela rotina toda que vocês já conhecem.

    Tomara que o sol pegue carona no avião e volte com a gente.

    Beijos para todos!

    Logo mais estou em casa.


    Ô tristeza...!

    Li na Sue, que leu na Esther.

    Um artesão lá de Minas que faz coisas lindinhas levou um calote horrível de um holandês f.d.p. Agora está endividado até a alma, coitado, com um depósito cheio de esculturinhas bonitas e alegres, que o gringo pediu mas não levou.

    Assim que voltar para casa, vou mandar vir umas galinhas d'angola e um cardume de peixes.

    O diabo é que, ainda que a gente consiga resolver o problema do Fernando, vai ser muito duro, se não impossível, reverter o quadro desolador descrito pela Esther.

    Ai, vida.

    19.3.05



    $ONHO$$$$$$

    Hoje -- isto é, ontem -- tive um dia de trabalho beeeeem complicado: a minha máquina no jornal está com um problema qualquer que me impede de usar a internet. Tenho acesso normal à mailbox, mas quando abro o browser não consigo chegar a lugar algum.

    Off-topic: estamos usando a técnica da seringa com a ponta cortada para dar remédio pro Mosca, e está funcionando! Ele está bem, a infecção é leve, segundo o vet -- e segundo a própria cara do malandro.

    Eu até poderia usar outra mesa; mas querência é querência, e prefiro trabalhar sem internet a mudar de lugar.

    Por isso, os dois desenhistas do Segmundo, que eu ia subir mais cedo, só entraram agora; e por isso, também, deixei de responder a trocentos emails da minha caixa postal pessoal.

    Off topic: estou assistindo a um programa sobre mandíbulas no mundo animal na National Geographic e acabo de ver uma cobra matando e comendo uma capivara. Depois o povo diz que a Lagoa é que um lugar inóspito para as coitadinhas... :-(

    Um dos assuntos hoje era a bolada da megasena.

    Fiquei pensando no que eu faria se ganhasse uma montanha de dinheiro.

    Hm.

    Depois de resolver todos os problemas de grana da família, talvez eu comprasse uma casa no Jardim Pernambuco e me mudasse para lá; ou quem sabe uma super-cobertura aqui na Lagoa mesmo, onde eu não ficasse com saudade da vista, mas onde pudesse plantar um grande jardim (coberto) para os gatos.

    É que me aflige a vidinha pequena deles, muito embora a Pipoca lá de baixo, que tem o mundo inteiro às suas patas, mal deixe o seu canto na portaria.

    O Jardim Pernambuco, para quem não está ligando o nome à pessoa, é aquela área atrás do canal da Visconde de Albuquerque. Parece Petrópolis e é pleno Leblon. Há áreas mais caras na cidade, mas, para mim, não há nenhuma melhor do que aquela.

    Nessa casa eu manteria tudo mais ou menos como aqui, com uma exceção: compraria um telãozão daqueles para ter um bom home theater. E, naturalmente, aumentaria bastante a quantidade de estantes, porque, com dinheiro à vontade no banco, o meu número de livros aumentaria muuuuuuuuuuuuuuuito...

    Talvez eu comprasse também um apartamentinho em Paris. A vantagem sobre um hotel é que poderia deixar lá toda a roupa de inverno e não precisaria viajar com tanta coisa pra cá e pra lá.

    Não sei se eu viajaria mais do que viajo, mas certamente viajaria de outra forma. Iria para lugares diferentes, e passaria mais tempo em cada lugar.

    Continuaria mandando a crônica para O Globo religiosamente e indo à redação quando estivesse aqui (adoro redação); e continuaria com o blog, tal como é.

    Ah, e talvez eu fosse prum spa (não muito puxado!), para dar uma descansada geral e, finalmente, começar aquela famosa dieta...

    E vocês, o que fariam se ganhassem na megasena?






    Com vocês, mais um especial do Segmund para o internETC.!

    Chique demais este blog, né não? :-)