31.7.07

Foi mesmo um dia feliz...




A vida é bela!




Bom dia!





O Flickr está maluco. É de lá que vêm as alterações no tamanho das fotos postadas. Quando eu uso a minha conta antiga, sai bonitinho; quando uso a conta nova, entram as fotos enormes.

Não gosto das fotos grandes porque, na verdade, não considero a maioria das fotos realmente fotos, no sentido de imagens bacanas para publicação, mas apenas pequenos registros do cotidiano. Elas não merecem aquele espaço todo.

De qualquer forma, como tanta gente gostou do tamanho maior, vou ver se consigo eventualmente enviar uma ou outra em formato grande.

Olha que bonitinho que ganhei da Jussara!!!




29.7.07

...

Ainda estou em Guarulhos. O vôo já mudou de portão três vezes, mas o avião que vai nos levar, parece, ainda não chegou.

As fotinhas que estou mandando não estão subindo.

Meu notebook está esquentando tanto que, apesar do frio, e apesar do quentinho providencial, estou super preocupada.

Boa romaria faz... etc.

Pessoas, já estou no Brasil, mais precisamente na sala Diners do Aeroporto de Guarulhos. O avião chegou na hora (afinal, saiu da Espanha) mas, em compensação, o vôo daqui pro Galeão só sai -- em tese, porque ultimamente todos os horários são fictícios -- às 21h45.

Na tela de informações, eles sequer se dão mais ao trabalho de informar se o vôo vai atrasar. Avisar rotina é redundância.

Nesse momento emplaco 24 horas de viagem; fiz check-out do hotel em Valência pouco antes de meia-noite. O ônibus saiu em torno das três, e chegamos ao aeroporto em Madri às sete. Não deu para dormir. A maioria de nós não havia jantado e estavamos todos aflitos para encontrar uma parada aberta no caminho.

Encontramos; mas a comida era um lixo. Ponto para o Brasil, onde as paradas grandes como aquela têm sempre uma comida pelo menos razoável.

No aeroporto, a espera de três horas para o vôo permitiu, pelo menos, que a gente tomasse café.

Quanto à viagem: há muito, muito tempo eu não voava numa companhia tão desorganizada e num avião tão baleado quanto o da Pluna. Tanto na ida quanto na volta houve confusão no embarque; o filme, uma porcaria invisível com a Sandra Bullock, foi o mesmo na ida e na volta; a aeronave, uma versão Beta do MD11, ainda com cinzeiros nas poltronas, me lembrou a da Lineas Aereas Paraguayas com que fui a Buenos Aires em 1815, e me deixou com uma #@$% dor nas costas, uma façanha e tanto -- minhas costas, por incrível que pareça, até que estão em ordem.

Vôo diurno numa companhia decente já é uma chatice; na Pluna dá vontade de cortar os pulsos.

Agora vou me espichar numa poltrona e tentar descansar um pouco.

Dessa vez, nem eu estou conseguindo levar essa parada na esportiva.

PS: Desculpem o desabafo mal-humorado. Prometo um relato da parte divertida da minha aventura espanhola depois de chegar em casa e dormir uma boa noite de sono.

Outro PS: Detestei as fotos enormes! Cruzes...

Encerro as transmissões daqui. Câmbio.



Embarcada. Ufa!



Falta pouco... umas 17 horas



28.7.07

Já estamos na Feira



Long day's journey into (a longer) night

Oi, gente! Desculpem pela falta de notícias escritas, mas com internet a 17 euros por dia no hotel preferi me conectar pelo celular. Na Campus Party havia internet de graça, mas levar o computador pra lá todo dia também não era uma boa opção...

Não tenho a menor idéia do que está acontecendo com as fotos. A configuração do blog continua igual, a do celular também. Deve ser algum lance da Movistar, a operadora daqui, mas nem vale a pena me preocupar com isso agora, na hora de ir embora.

Por falar nisso...

É uma da manhã aqui. Um ônibus vem nos buscar no hotel; de lá nos dirigimos à Campus Party para pegar o resto do pessoal. Saída estimada para as três.

Seguem-se quatro horas de viagem até Madri, de onde o avião sai às dez e cacetada. Chega em São Paulo às quatro ou cinco; e a minha conexão está marcada para algum vago horário noturno.

* suspiro *

Em tempo: o blog agradece ao Claudio Prado o empréstimo de máquina e internet.

Fazendo hora para ir embora



Até que não era tão ruim



Adeus ao quarto punk



Tenho uma viagem de doido pela proa...



En la calle



Só que não vai dar pra levar dessa vez



Prefiro isso



Veste bem, não?



É baratim: mil euros



Pedacinhos de cidade



Para Heliana




O fuso horário me adiantou no tempo...

Parabéns, querida!!!

Cláudio e Sérgio



Desayuno (é assim que se escreve?)



25.7.07


Un abanico de opciones

Buscando um celular na Espanha, cronista encontra leques – ¡y quedase encantada!


-- Hmmm... -- disse uma das senhoras. -- Esse é barulhento demais.

-- Esse é lindo, mas não fecha bem, -- disse a outra.

-- Esse seria perfeito, se fizesse vento.

Eu estava numa das lojas do El Corte Inglés, em Valencia. Entrei para procurar um simcard para o celular, mas no meio do caminho esbarrei numa daquelas enormes caixas de liquidação, cheia de leques (aqui chamados abanicos), cercada por um bando de mulheres frenéticas.

Boa parte era de turistas como eu, empolgadas com a pechincha de quatro euros, mas muitas eram visivelmente da terra, e foi a sua presença que me chamou a atenção.

Para mim, leques sempre foram recuerdos de viagem de gosto duvidoso, e não objetos de uso real. Desde que inventaram o ar refrigerado e, antes dele, o ventilador, os abanicos perderam a razão de ser. Na verdade, nunca parei para pensar a seu respeito, nem mesmo quando traduzi ~"O leque de Lady Windermere", de Oscar Wilde; na peça, ele é apenas um objeto de época que causa confusão. Poderia ser um lenço, um caderno, qualquer coisa.

Os jogos de sedução dos leques e sua rica linguagem silenciosa passaram ao largo da minha vida de carioca do século XX; mas eis que, naquele instante, um minúsculo milagre aconteceu no El Corte Inglés, e todo um mundo se abriu à minha frente.

Para começo de conversa, descobri que o leque está vivo e bem, e bombando em Valencia, onde ficam todas as fábricas do país. E,se a maioria dos abanicos segue a tradição das pinturas de flores e cenas galantes, eles são feitos também lisos e em cores cítricas, com estampa de vaca, com formas modernas e radicais, e até com grifes locais famosas, já que seu uso não se restringe a senhoras saudosistas.

Fazem-se leques até para homens, vejam só: simples, sem pintura e pequenos, bons de carregar no bolso. Custam cerca de quinze euros.

Sua existência se justifica plenamente pelo insuportável verão europeu, muito pior do que qualquer estação brasileira, talvez pela secura do ar. Ontem fiquei impressionada uma moça caída na rua, cercada por transeuntes preocupados que, até a ambulância chegar, tentavam socorrê-la molhando-lhe a testa com água fresca e buscando gelo nos bares próximos. E, claro, abanando-a com leques.

* * *

Passei um tempo inimaginável na seção de abanicos.

À primeira vista, todos me pareciam iguais, apenas com as naturais variações de cor e estilo; aos poucos, abrindo-os um por um, descobri sua extraordinária diversidade – e, nem preciso dizer, perdi imediatamente o interesse pela caixa de saldos. Os realmente bonitos estavam nas prateleiras e, até certo ponto, valem o que custam. Um leque de cem euros, feito com a mesma madeira e na mesma fábrica, pintado com as mesmas cores e com recortes muito parecidos com um de dez, é inquestionavelmente superior. A diferença está nos detalhes, no trabalho da madeira e, especialmente, na qualidade da pintura.

* * *

A ficha caiu, para valer, quando percebi que, ao abrir o leque como quem não quer nada, as damas de antanho (e quiçá as de hoje) não apenas se abanavam ou se comunicavam com os cavalheiros, mas faziam também uma demonstração explícita de status, assim como quem, hoje, usa um celular fashion, caríssimo. Vocês podem dizer que estou maluca, mas, de repente, os abanicos se fixaram na minha cabeça como os celulares do passado: objetos de comunicação, utilitários, símbolos de status, sempre ao alcance das proprietárias, de vendedoras de peixe à Duquesa de Alba.

* * *


Há leques modernos de mais de mil euros -- exatamente como os exclusivíssimos e pretensiosos celulares da linha Vertu. Em relação aos antigos, ganham dos celulares, porque o céu é o limite. Aliás, nem precisam ser tão antigos assim: no catálogo da Casa Carbonell, como a maioria das fábricas, passada de pai para filho há gerações, pode-se encontrar um abanico de quatro mil euros... feito em 1983! Tem varetas de marfim e a tela (chamada país) pintada por Grassman. Não o nosso, mas um homônimo muitíssimo bem cotado no ramo dos abanicos.

Para quem quiser se entreter com a diversidade da espécie, um bom ponto para empezar é, justamente, o website da Carbonell, onde, num catálogo variado, há ótimas fotos que podem ser ampliadas. Fica em www.abanicoscarbonell.com. Em www.todoabanicos.com encontra-se de tudo um pouco, de história a fundos de tela para computadores. Já www.abanicos.com é a página de uma colecionadora, Immaculada Manfredi, que não só parece saber tudo sobre leques, como me tocou ao revelar que começou a se interessar por eles ao ouvir o ruído que faziam. É que, na aventura no Corte Inglês, uma das minhas descobertas mais interessantes foi perceber como cada um tem seu barulhinho distinto.

Nem preciso dizer que acabei comprando alguns abanicos, modestos mas muito bonitos aos meus olhos incultos. Quando volto de madrugada para o hotel, exausta da Woodstock de nerds em que estou mergulhada, brinco com eles, abrindo-os e fechando-os seguidas vezes.

Ainda vou ter que praticar muito até adquirir a técnica impecável da senhora que, ao reclamar do som do leque em liquidação, me revelou, sem saber, uma arte maravilhosa e um utilitário que eu julgava extinto.

(O Globo, Segundo Caderno, 26.7.2007)

Acho os nossos mais bonitos



Hoje cheguei tarde à Feria



Uau! A camareira arrumou TUDO!



Acordei para tomar café



Boa noite!



Lá fora começa a clarear



Na entrada do quarto: 6h03



Chega! Vou embora pro hotel...