29.9.07

Bia, Gigi e Dani




Bia e Gigi




Minha parte favorita...




Fora da ordem

Não sei o que há com as fotos, que estão entrando errado. Arrumem na imaginação até eu chegar ao computador e por na ordem certa, plis...

Bia dá seu depoimento sobre a Gigi




No casamento da Gigi




Já sei que daí saem maravilhas...




:-)




E essa turma simpática?




Quinta




O lugar é lindo




A Bia me proibiu de vir de tênis




Parabéns atrasados

Gente, eu sou uma vergonha como parente e amiga; nunca me lembro de datas e, mesmo quando alguém faz a caridade de me lembrar, logo esqueço. Estou com overflow de memória.

Ontem, piorou. Além do fechamento, tive que correr atrás do meu iPhone.

E esqueci de deixar aqui os parabéns para a minha sobrinha Manu que fez 18 anos, data muito importante!, e para a minha sobrinha de coração, a Carolina.

Queridas, perdoem essa tia que, ainda que avoada, gosta demais de vocês

Sejam muito, muito felizes!

(Isso é uma ordem!)

Vida em família




27.9.07

Um dia daqueles




O que não vai sair no jornal





Amanhã é o último dia da coluna da Tereza Cruvinel, minha amiga, que vai dirigir a TV do governo. Como leitora, fico na bronca, porque, apesar dos nossos pontos de vista políticos freqüentemente conflitantes, gosto muito de ler o que ela escreve.

Como colega, fico na bronca também, ainda que por uma bobagem, diante da reviravolta na vida da Tereza e dos seus fiéis leitores: é que, com um Por Dentro especial, de despedida, acabou caindo aquela barrinha que mostra as matérias mais lidas na edição do dia anterior.

E daí? dirão vocês. Daí que, por acaso, a minha coluna, com 8% de índice de leitura, foi a segunda coisa mais lida do jornal, atrás apenas da manchete "Renan retalia, derruba MP e deixa Mangabeira sem pasta", com 31%, e à frente de "Governo quer limitar tarifas bancárias", com 6%, ambas da primeira página -- e isso nunca tinha me acontecido antes!

Ego de cronista é fogo, né não? Ainda bem que eu tenho vocês aqui para chorar as mágoas...



O Tom acaba de me ligar e dizer que eu vou ganhar o Prêmio Truman Capote: "Que droga, não vão enforcar esse cara nunca? Quanto tempo ainda vou ter que esperar para publicar meu livro?!"

Vida em família




O lixo pecaminoso da fotografia





Tchau, Oi!

Quem dera... Cancelar uma linha fixa é mais difícil
do que tirar o Renan Calheiros do Senado



A Bia, espécie de Alan Greenspan aqui de casa, olhou as contas.

-- Mãe, não estou entendendo.Você não fez nenhuma ligação por essa linha?!

-- Não, não estou mais usando. Mas não sai tão caro.

-- Você é que acha. Está aqui: R$ 46,41.

-- Então. Não é caro.

-- Para um serviço que você não usa?! Você está maluca. De R$ 46,41 em R$ 46,41, você acaba dando mais de quinhentas pratas por ano de presente para a Oi. Mais exatamente, quer ver? R$ 556,92, olha aqui na calculadora. O dinheiro é teu, você é quem sabe, mas mesmo sem pensar posso te dar um monte de sugestões mais interessantes para gastar a grana...

-- Hmm. Eu não tinha pensado assim, no atacado. Vou cancelar hoje mesmo.

Bia ficou muito orgulhosa da minha disposição econômica e, depois de verificar que não havia outros vazamentos indevidos no orçamento, deu a missão por cumprida e foi embora. Quanto a mim, assim que entrei no táxi liguei para a Oi. Tiro n’água: não aceitam cancelamentos por celular. Aí me esqueci do caso e, quando lembrei, já se haviam passado vários dias. Antes que a Bia perguntasse do desenrolar da história, escrevi um lembrete com batom no espelho e, naquela noite mesmo, assim que cheguei, liguei para o 103 31 do único fixo que funciona na casa, um aparelho com fio que fica na cozinha. O sem fio do escritório, que seria cancelado, estava com a bateria descarregada.

Tenho horror de ligar para call centers mas, considerando a propaganda que a Oi tem feito para convencer a humanidade de que é uma companhia moderna, o processo talvez se provasse indolor. Sentei no chão, apoiei as costas contra a parede, e ouvi a voz da minha querida amiga Débora Bloch na gravação.

Disquei o algarismo recomendado. Uma voz diferente me informou que a fila para o atendimento estava demorando mais de três minutos. Muito gentil da parte deles. Ouvi (algumas vezes) a Déb explicando que agora tudo estava muito simplificado na Oi; ao cabo de uns minutos, depois de outra voz informar que a ligação estava sendo gravada, um rapaz atendeu, perguntou com quem falava, o número do telefone, o que eu queria, o número do meu CPF e a minha data de aniversário. Pediu um minutinho para me transferir para outro setor. De novo entrou a voz da Deb, acompanhada por uma musiquinha de dar nos nervos. Ouvi a gravação de ponta a ponta mais meia dúzia de vezes. Amo a Débora, mas prefiro ouvi-la representando Tchecov.

Uma moça atendeu! Perguntou com quem falava, o número do telefone, o que eu queria, o meu CPF, a minha data de aniversário e por quê eu queria cancelar a linha. Depois de agradecer as informações, me pediu um minutinho, enquanto me transferia para outro setor.

Contei o número de azulejos da parede. O número de vidrinhos de tempero. Os ladrilhos do chão. Roubei os pedaços de cartão espalhados para os gatos, para ver se, em cima deles, me sentia mais confortável. Não me sentia. Devolvi a Favela Gato aos seus proprietários intrigados: como todo mundo sabe, o lugar de ficar no chão é na sala, em cima do tapete.

Nova moça. Perguntou (mas como é que vocês adivinharam?) com quem falava, o número do telefone, o que eu queria, o meu CPF e a minha data de aniversário. Pediu um momentinho. Dessa vez, a Deb ficou de fora. Só silêncio. Eu disse “Alô?”, ela respondeu “Um momentinho, Cora”. Pelo menos, não era “senhora Cora”.

-- Temos uma data de aniversário diferente registrada aqui.

A Deb voltou ao ar. Nessa altura, na falta do que contar na cozinha, comi uma banana, guardei as outras na geladeira, me deitei ao comprido no chão e fiz exercícios de alongamento, enquanto repetia internamente, como um mantra, que a paciência é a maior das virtudes. De eternidade em eternidade, uma voz desconhecida dizia que o tempo de espera para o atendimento era superior a três minutos. Não se pode acusar a Oi de faltar com a verdade.

-- Qual é a sua solicitação?

-- Cancelar a lin... mas o que é que você estava fazendo até agora?!

-- Alterando os dados.

-- Que dados?!

-- A sua data de nascimento confere com a da Receita. Nosso registro está errado.

-- Eu quero cancelar uma das minhas linhas.

-- O nosso sistema não está aceitando a troca da sua data de aniversário. Infelizmente vou ter que pedir a você que ligue novamente daqui a três dias úteis.

Ainda me falta muito para atingir a perfeição. Explodi.

-- Escuta, se vocês não tem a minha data de nascimento certa, o problema é de vocês. Não quero flores nem telegramas de aniversário, quero apenas cancelar minha linha de telefone. Já comprei celular e já contratei Internet com vocês, e essa bendita data nunca foi problema.

-- Ah, mas para cancelar tem que estar tudo certo.

-- Não quero saber. Já estou pendurada nesse telefone há uma hora. Quero falar com um supervisor.

-- Vou transferir, um minutinho.

Respirei fundo, bebi um copo d’água e, enquanto ouvia a Deb por mais dez minutos, me sentei na posição de lótus e fiz uns exercícios mentais de auto-controle que li numa revista outro dia.

-- Setor de qualidade. Com quem estou falando?

-- Com uma cliente indignada, à beira de um ataque de nervos.

A atendente queria uma resposta mais concreta. Fazia sentido. Se todo mundo que liga para o 103 31 passa por isso, a coitada só fala com gente atacada. Dei as respostas. Fui transferida de novo e, novamente, repeti tudo. Àquela altura, mordida pela raiva, estava decidida a ir até o fim; eu cancelava aquela linha nem que tivesse que passar a noite grudada ao telefone. Amarga esperança: eu estava usando um telefone Oi e, é claro, a ligação caiu. Aos 155 minutos, enquanto a Débora Bloch me explicava, pela centésima vez, que convergência é juntar celular, fixo, internet e outras coisas no mesmo saco.

Não é não, Deb, não é não.


(O Globo, Segundo Caderno, 27.09.207)

Muitos trabalhos com música




Uma maquete de cenário




Olha só...




Há uma quantidade de coisas lindas!




Gringo Cardia




26.9.07

A exposição está linda!




Cartas ainda existem




Re-toques na estrada


Depois do concerto em Jaraguá do Sul


Eu sabia que tinha que fazer um blog separado para os nossos músicos itinerantes! Meu tempo não dá para atualizar as coisas suficientemente rápido por aqui. Agora, que a Laura já fez progressos tecnológicos notáveis e conseguiu instalar a plaquinha Vivo Zap, o Re-toques na estrada está cheio de novidades. Não percam!

A proposta de fazermos esta tournée partiu do Mário e da Sula. Parecia uma coisa de maluco. Se embrenhar pelo Brasil afora (ou adentro!) tocando um programa de música clássica... ahem... contemporânea... ahem ahem....brasileira (gulp!)? E para tornar a proposta só um tiquinho mais maluca, decidimos fazer uma mistura de instrumentos totalmente inusitada: flauta transversal e doce, cravo, viola da gamba e voz. Só um doido para achar que isso ia dar certo. Mas como a gente bem sabe, um doido faz cem. A idéia foi tomando corpo, e o Wagner, do SESC, achou muito natural. Até recomendou: "nada de concessões, hein? Não quero Pixinguinha, Tom Jobim, nada disso." Nada contra os dois gênios citados, muito antes pelo contrário. São ambos maravilhosos. Mas a idéia era mesmo fazer o que ninguém faz, e que não é necessariamente "fácil" de entrar nos ouvidos. Um desafio e tanto... (Leia o resto aqui)

Nossos classificados

Descobri, em Londres, que praticamente não uso mais câmera convencional. De todas as fotos que fiz, 10%, se tanto, não foram clicadas por algum dos celulares. Portanto, ponho à venda minha Panasonic Lumix FZ-50.

A câmera, que faço por R$ 1.650, é preta, está novinha, vem com SD de 1Gb e, de quebra, com um conjunto de três filtros, mais adaptador grande-angular.

Mami e eu fechamos o Bar Lagoa




Noites cariocas




25.9.07

A equipe




Pré estréia de Mutum




A nova coleção da Francesca




O celular do Fritz




Emergência felina!



Pessoas (escreve a Bia): esse gato foi resgatado de uma loja onde foi trancado, passando fome. O irmão dele não resistiu e morreu de desnutrição. Ele sobreviveu e, há três meses, morava numa gaiola num veterinário.

Agora está numa casa temporária, mas não pode ficar lá durante muito tempo.

O coitadinho já sofreu demais! Como é que vai para outra gaiola?!

Quem puder adotá-lo, por favor mande um email para a Ana Claudia.

Laura na estrada

O João (nosso anfitrião do SESC) já tinha avisado: o melhor café da manhã da viagem seria em São Bento do Sul.

Ele sabe das coisas! A mesa de café da manhã é mesmo uma loucura.

Além dos pães, torradas, pães de queijo, croissants e bolos de todos os tipos e tamanhos, fomos agraciados com os mais deliciosos embutidos alemães, "do açougue da esquina", segundo a graciosa garçonete, vestida em traje típico... (continua aqui)


Aviso importante: nossa intrépida trupe particular tem agora o seu próprio blog, que fica aqui. Ainda tenho que dar um jeito de formatar o roteiro para que caiba em algum canto do template, mas está faltando tempo.

As notícias e parte das fotos continuarão a ser postadas por aqui mesmo, mas a experiência será sempre mais completa no Re-toques na estrada.

A direção informa

Aos que acessam o blog através do endereço cronai.com: este é um redirecionador, e tem apresentado falhas.

Pede-se aos frequentadores do botequim que passem a apontar seus browsers diretamente para cora.blogspot.com.

Muito obrigada!

Laura na estrada

O grupo Re-toques (Laura Rónai, flauta; Helder Parente, voz e flauta doce; Mário Orlando, gamba, voz e flauta doce; e Sula Kossatz, cravo) bateu asas no domingo para três meses de tourné pelo país afora. As notícias enviadas pela Laura serão postadas aqui e num blog que fiz para a viagem, mas que ainda não arrumei bem; assim que estiver bonitinho dou o endereço.


Edredons secando na janela

Joinville

A primeira parada, ontem, foi Joinville. O concerto de estréia foi bárbaro. Era pago (10 reais) e mesmo assim a sala estava cheia. Público interessado e bem informado, que sabia que estava lá para ouvir música brasileira contemporânea! Um dos ouvintes reclamou que ö programa "estava muito tonal", pode?

A cidade é limpa, organizada e agradável; o hotel chique, com restaurante de primeira. Se a van que nos pegou no aeroporto não tivesse tido pane na estrada, e não tivesse atrasado 3 horas, acharíamos que estávamos na Alemanha....

Mas coisa de primeiro mundo, mesmo, foi o que vimos hoje de manhã: a escola do Ballet Bolshoi em Joinville. Vocês sabiam que existe no Brasil a única escola afiliada ao Bolshoi fora da Rússia? É um luxo. Tem inúmeras salas especiais para Ballet, professores russos e Brasileiros, refeitório (a gente não chegou a comer lá, mas o cheirinho do que estavam preparando para o almoço era mais do que convidativo!), biblioteca (boa!), sala de informática (com 10 computadores conectados!), ambulatório, sala de ginástica com aparelhos, atelier de figurinos e estúdios de música com pianos, isolados acusticamente.

Todas as crianças estudam música! E são 270 crianças, 80% delas bolsistas, vindas de comunidades carentes. Tudo limpo, bonito, amplo, funcionando às mil maravilhas. O curso dura 8 anos e forma bailarinos de primeira, disputados no mundo todo. É um Brasil do qual a gente pouco ouve falar, e que enche a gente de orgulho.

Saí de lá com os olhos marejados... e olha que eu nem gosto de ballet! O que dá raiva é que a gente sabe que em termos de Brasil este é um gasto ridículo. Podería haver escolas semelhantes em cada estado do Brasil, até porque, uma vez funcionando tão bem, aparecem logo os patrocínios privados. Só para registro: além dos patrocinadores mega, várias pessoas físicas, profissionais liberais, oferecem seus serviços de graça. Dentistas, médicos, fisioterapeutas.

Dá gosto de ver...

Hoje o concerto é em São Bento do Sul. Na estrada comemos um carneiro delicioso (desculpem, vegetarianos...) e sagú ao vinho, igual (bem, quase igual) ao da Mamãe. Estamos num hotel lindinho, de estilo alemão, parece um chalet nos Alpes!!!! E tem wi-fi... Ô vidinha!!!


Sâo Bento do Sul

Concerto de hoje: S. Bento do Sul. Frio de rachar, Sula e eu acabamos tocando de suéter, xale e calça comprida. Menos elegante, mas mais confortável do que os trajes esvoaçantes que havíamos planejado envergar...

Sala razoavelmente cheia, público caloroso, mas... na primeira fila, um casal com duas crianças, um menino e uma menina. A menina, calminha. O garoto, uma peste ambulante. Ambulante mesmo, pois não parava quieto um instante, falava alto, (podemos ir embora?), arrastava a cadeira, vinha até a beirada do palco... e os pais, nada!

Eu estava a ponto de parar o concerto e ir lá pessoalmente estrangular o pentelhinho. No final, a mãe veio falar com a gente, toda entusiasmada com o concerto. E comentou: “Gostamos muito. E as crianças se comportaram muito bem, não é?”.

Quase engasguei de tão perplexa! Imagina como se comporta em casa o diabo do garoto!

De noite, no Hotel, encontramos uma rosa de chocolate junto à chave do quarto.

Mais um gesto gentil para aquecer a alma, no meio do frio intenso daqui.

23.9.07

Minha querência




Sempre a postos




Domingo...




Imperdível!



Não se iludam com as aparências. O véinho, Pedro "Tete" Rusconi, é um dos maiores milongueiros de todos os tempos.

A internet sabe, a internet diz.

Mudando o ritmo




O Ribondi perguntou se conheço o vals "Que nadie sepa mi sufrir", de Ángel Cabral e Enrique Dizeo, que ficou famoso quando foi cantado pela Piaf como "La foule".

Conheço sim mas, como todo mundo, até certa altura da vida, eu também achava que era o contrário, que Julio Jaramillo, de quem tinha uma gravação, é que cantava a versão de um sucesso francês.

Que nadie sepa mi sufrir
Ángel Cabral e Enrique Dizeo

No te asombres si te digo lo que fuiste,
una ingrata con mi pobre corazón,
porque el brillo de tus lindos ojos negros
alumbraron el cariño de otro amor.

Y pensar que te adoraba tiernamente,
que a tu lado como nunca me sentí.
Y por esas cosas raras de la vida
sin el beso de tu boca yo me vi.

Amor de mis amores,
reina mía, qué me hiciste
que no puedo consolarme
sin poderte contemplar.
Ya que pagaste mal
a mi cariño tan sincero,
lo que conseguirás
que no te nombre nunca más.

Amor de mis amores
si dejaste de quererme,
no hay cuidado que la gente
de eso no se enterará.
Que gano con decir
que una mujer cambió mi suerte,
se burlarán de mi,
qué nadie sepa mi sufrir.


Aliás, Julio Jaramillo, cantor e compositor equatoriano pouco conhecido no Brasil, tem um repertório imbatível de valses e boleros que, para felicidade geral, está largamente difundido na internet.

Só para dar um gostinho ao domingo, aqui vão "Elsa" (um pasillo) e "Reminicencias" (um vals), mais duas do "Ruiseñor de las Américas".






Dica: se o som estiver entrando entrecortado, abaixe o volume completamente até a música ir até o fim. Depois, ouça normalmente.

Esses dois se amam de verdade...




22.9.07

A única coisa a fazer é tocar um tango argentino


(Carlos Gardel)



(Libertad Lamarque)

Tango, para mim, é sinônimo de Carlos Gardel. Não sei se eu seria apaixonada por tangos sem a sua interpretação sempre dramática e freqüentemente bem-humorada, sem o seu look tão anos 40, sem as suas origens misteriosas e a sua morte trágica.

Só depois de irremediavelmente seduzida por Gardel é que comecei a ouvir os outros e, relutantemente, as outras. Tango é música de réptil de lupanar, de homem traído; mulher cantando tango soa tão esquisito, no meu ouvido, quanto homem cantando fado.

Às vezes até dá certo, mas não é a mesma coisa.

Por falar nisso -- e já falei nisso, nos comentários -- sempre fui de opinião que os problemas dos homens traídos dos tangos, que nunca encontram una buena mujer, seriam facilmente resolvidos pelas portuguesas dos fados, sempre fiéis, sempre mortalmente apaixonadas e, claro, sempre abandonadas pelos seus homens sem coração.

Unindo-se uns e outras, todos seriam felizes para sempre; mas aí, claro, nós ficaríamos a ouvir navios.

Não, não. Que sofram separados, como tem que ser.

Nostalgias
de Juan Carlos Cobian e Enrique Cadicamo

Quiero emborrachar mi corazón
para olvidar un loco amor
que más que amor es un sufrir...
Y aqui vengo para eso,
a borrar antiguos besos
en los besos de otras bocas.
Si su amor fue flor de un dia,
por que causa es siempre mia
esta cruel preocupación.
Quiero, por los dos, mi copa alzar
para olvidar mi obstinación,
y más la vuelvo a recordar.

Nostalgias
de escuchar su risa loca
y sentir junto a mi boca
como un fuego su respiración...
Angustias
de sentirme abandonado
y pensar que otro a su lado
pronto, pronto le hablara de amor...
Hermano,
yo no quiero rebajarme
ni pedirle ni rogarle
ni decirle que no puedo más vivir.
Desde mi triste soledad
vere caer las rosas muertas
de mi juventud.

Gime, bandoneón, tu tango gris
quizas a ti te hiera igual
algun amor sentimental...
Llora mi alma de fantoche
sola y triste en esta noche,
noche negra y sin estrellas.
Si las copas traen consuelo,
aqui estoy con mi desvelo
para ahogarlo de una vez.
Quiero emborrachar al corazón
para después poder brindar
por los fracasos del amor.
Gardel canta apenas a parte do meio; Libertad Lamarque leva a letra quase toda.

Durante o papo na Bienal (foto Lucas)