O grupo Re-toques (Laura Rónai, flauta; Helder Parente, voz e flauta doce; Mário Orlando, gamba, voz e flauta doce; e Sula Kossatz, cravo) bateu asas no domingo para três meses de tourné pelo país afora. As notícias enviadas pela Laura serão postadas aqui e num blog que fiz para a viagem, mas que ainda não arrumei bem; assim que estiver bonitinho dou o endereço.
Edredons secando na janela
Joinville
A primeira parada, ontem, foi Joinville. O concerto de estréia foi bárbaro. Era pago (10 reais) e mesmo assim a sala estava cheia. Público interessado e bem informado, que sabia que estava lá para ouvir música brasileira contemporânea! Um dos ouvintes reclamou que ö programa "estava muito tonal", pode?
A cidade é limpa, organizada e agradável; o hotel chique, com restaurante de primeira. Se a van que nos pegou no aeroporto não tivesse tido pane na estrada, e não tivesse atrasado 3 horas, acharíamos que estávamos na Alemanha....
Mas coisa de primeiro mundo, mesmo, foi o que vimos hoje de manhã: a escola do Ballet Bolshoi em Joinville. Vocês sabiam que existe no Brasil a única escola afiliada ao Bolshoi fora da Rússia? É um luxo. Tem inúmeras salas especiais para Ballet, professores russos e Brasileiros, refeitório (a gente não chegou a comer lá, mas o cheirinho do que estavam preparando para o almoço era mais do que convidativo!), biblioteca (boa!), sala de informática (com 10 computadores conectados!), ambulatório, sala de ginástica com aparelhos, atelier de figurinos e estúdios de música com pianos, isolados acusticamente.
Todas as crianças estudam música! E são 270 crianças, 80% delas bolsistas, vindas de comunidades carentes. Tudo limpo, bonito, amplo, funcionando às mil maravilhas. O curso dura 8 anos e forma bailarinos de primeira, disputados no mundo todo. É um Brasil do qual a gente pouco ouve falar, e que enche a gente de orgulho.
Saí de lá com os olhos marejados... e olha que eu nem gosto de ballet! O que dá raiva é que a gente sabe que em termos de Brasil este é um gasto ridículo. Podería haver escolas semelhantes em cada estado do Brasil, até porque, uma vez funcionando tão bem, aparecem logo os patrocínios privados. Só para registro: além dos patrocinadores mega, várias pessoas físicas, profissionais liberais, oferecem seus serviços de graça. Dentistas, médicos, fisioterapeutas.
Dá gosto de ver...
Hoje o concerto é em São Bento do Sul. Na estrada comemos um carneiro delicioso (desculpem, vegetarianos...) e sagú ao vinho, igual (bem, quase igual) ao da Mamãe. Estamos num hotel lindinho, de estilo alemão, parece um chalet nos Alpes!!!! E tem wi-fi... Ô vidinha!!!
Sâo Bento do Sul
Concerto de hoje: S. Bento do Sul. Frio de rachar, Sula e eu acabamos tocando de suéter, xale e calça comprida. Menos elegante, mas mais confortável do que os trajes esvoaçantes que havíamos planejado envergar...
Sala razoavelmente cheia, público caloroso, mas... na primeira fila, um casal com duas crianças, um menino e uma menina. A menina, calminha. O garoto, uma peste ambulante. Ambulante mesmo, pois não parava quieto um instante, falava alto, (podemos ir embora?), arrastava a cadeira, vinha até a beirada do palco... e os pais, nada!
Eu estava a ponto de parar o concerto e ir lá pessoalmente estrangular o pentelhinho. No final, a mãe veio falar com a gente, toda entusiasmada com o concerto. E comentou: “Gostamos muito. E as crianças se comportaram muito bem, não é?”.
Quase engasguei de tão perplexa! Imagina como se comporta em casa o diabo do garoto!
De noite, no Hotel, encontramos uma rosa de chocolate junto à chave do quarto.
Mais um gesto gentil para aquecer a alma, no meio do frio intenso daqui.
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