29.9.03



Amarar no Blog n Roll!

Agorinha, às 20hs. Clica AQUI!


Retrato de Família

Ganhei de presente o retrato da Família Zipper: Fábio, Jaq, Lula e Prue. Bonitinhos!







Micro$oft: os riscos do monopólio

Depois de amanhã a CCIA (Computer and Communications Industry Association) apresenta ao governo americano um relatório em que o monopólio da Microsoft é descrito como uma clara ameaça à segurança nacional. Parte dos motivos não é novidade: ninguém ignora a legião de bugs, worms e vírus que inferniza a vida dos usuários e, sobretudo, dos gerentes de TI. Mas o relatório da CCIA, escrito por sete especialistas em segurança, faz um alerta: a título de reforçar a segurança dos seus produtos, a M$ está criando mecanismos que ampliam cada vez mais o seu monopólio... que é, no fundo, a causa de tantas invasões malsãs! Em suma: os computadores e seus usuários estão sendo vítimas de um círculo extremamente vicioso.

* * *


“A presença deste sistema operacional único e dominante nas mãos de praticamente todos os usuários representa um risco fundamental”, afirma a CCIA na apresentação do relatório. “A migração cada vez mais ampla do mesmo sistema para o mundo dos servidores aumenta o perigo ainda mais.”

“A maioria dos computadores do mundo roda os sistemas operacionais da Microsoft; assim, a maioria dos computadores do mundo está sujeita aos mesmos vírus e worms, ao mesmo tempo”, explica o relatório.

“A única forma de acabar com isso é evitando a monocultura de sistemas operacionais, e por razões tão óbvias e justas quanto as que nos levam a evitar a monocultura na agricultura. A Microsoft amplia o problema através de uma série de práticas que trancam os usuários nas suas plataformas. O impacto sobre a segurança representado por este lock-in é real, e é um perigo para a sociedade. (....) As ameaças à segurança internacional apresentadas pelo Windows são significativas, e devem ser afastadas sem demora.”

* * *


Para mim, a questão é tão evidente que, em tese, nem deveria mais merecer discussão. As nossas vidas hoje dependem, de forma crucial, da rede de computadores que usamos, direta ou indiretamente. Que essa necessidade vital esteja nas mãos de uma única empresa é, mais do que absurdo, apavorante. Pensem: estamos todos — usuários, escolas, hospitais, empresas de tecnologia e por aí vai — entregues, de mãos atadas, à Microsoft.

Isso significa que basta um elemento mal intencionado descobrir uma falha de segurança para que todos percamos horas tentando livrar as máquinas de mais uma praga eletrônica; significa que não temos idéia do que a M$ sabe ou deixa de saber sobre nós e os programas que usamos; e significa, ainda, que sempre pagaremos preços absurdos pelo software que usamos (ou correremos os riscos de enfrentar a lei) porque um monopólio, conforme se sabe (e se vê) cobra o que bem entende pelo que vende.

* * *


Já é bastante mau que isso aconteça com a sociedade em geral; mas quando se entra na área governamental a coisa é deixar os cabelos de pé. Se até os EUA já começam a se convencer que a M$ é um risco à segurança nacional, o que dizer do resto do mundo?

Nenhum governo consciente e zeloso da sua soberania, em parte alguma do planeta, deveria rodar o que quer que fosse em plataformas de software proprietário. Simples assim.

Isso não é implicância minha com a Microsoft; é apenas a constatação do óbvio. A situação seria igualmente preocupante se o monopólio fosse da Apple ou da Sun.

* * *


A CCIA, que luta por “mercados abertos, sistemas abertos, redes abertas e concorrência aberta”, é uma organização sem fins lucrativos que reúne executivos de algumas das principais empresas do setor de informática e telecomunicações, entre elas Sun, Fujitsu, Nokia, Nortel Networks, AT&T, Verizon, Oracle, Yahoo! e AOL.

Fotolog da semana: Zipper

Jaq Joner e Fábio Nagel são um simpático casal gaúcho de produtores de vídeo e cinema. Transplantados para o Rio há alguns anos, eles retratam seu cotidiano em “Zipper”: da pizza à meia-noite na ilha de edição ao passeio na praia, com direito a muitas fotos das cadelinhas Lula e Prue.


(O Globo, Info etc., 29.9.2003)

28.9.03



Cold turkey

Os servidores do provedor do Fotolog estão todos fora do ar. Dessa vez, nada a ver com problemas do Fotolog em si, mas frustrante do mesmo jeito para os viciados...

No grupo de discussão onde o povo bate cabeça, Polaroid Billy, um fotologger conhecido de todos, resume a situação:

"fotolog's down! dang...guess i'll have to have sex tonight. it's the only thing i know of that's as good as fotolog. good luck adam, i hope things turn out alright. i'll check in in the morning. good night folks...
Tsk, tsk.

27.9.03





Ó céus, ó vida...

Meninos, desculpem a ausência de ontem, mas sexta é dia de fechamento, o Mark e a Bia foram pra Salvador, os gatos ficaram histéricos e, ponto culminante, a assistente doméstica esqueceu a porta do freezer entreaberta. Quando cheguei do jornal, a casa estava cheia de marcas de patinhas molhadas, e a cozinha... bom, a cozinha...

*sigh*

Em compensação, tem umas fotinhas lá no Fotolog: uma série de praia, vários gatos em diferentes poses, alguns livros.

Bom fim de semana para todos, e Shaná Tová!

Que este seja um ano de mais juízo e paz pelo mundo do que o que passou.

25.9.03





Vida carioca

Recebi este email há uns 20 dias, acompanhado das lindas fotos acima. Adorei. Escrevi para autora perguntando se podia publicá-lo aqui, mas a resposta sumiu na minha caixa de entrada, que está -- para variar -- um caos.

Hoje, finalmente, resolvi pegar a mailbox à unha. Estou há horas capinando as msgs. E, no meio do spam e dos press releases -- muitas vezes impossíveis de distinguir uns dos outros -- encontrei a resposta. Valeu, Júlia!
"Não sei se você gosta de passear no aterro. Eu e meu marido costumamos de vez em quando dar uma chegadinha lá. No último domingo o dia estava lindo e a chamada era: "Vamos para o aterro tirar algumas fotos das árvores!"

Aliás, na nossa opinião, o aterro é o lugar mais democrático da cidade e lá você vê o real carioca. É o militar, o aposentado, o porteiro de prédio, as empregadas domésticas,os cachorros (sem roupinhas), os gatos que já vivem lá, o ambulante que vem a pé da Central trazendo um enorme isopor, o pipoqueiro que fica perto do MAM, o contraste das lanchas caríssimas e outros.

A diversão é simples, com os homens jogando o seu futebol, uma turma fazendo suas caminhadas, o pessoal que adora andar de bicicleta, outros lendo jornal na grama, as mulheres mais velhas tomando sol sem grandes preocupações com a celulite e os homens barrigudos que não estão calçando um Adidas. Enfim, a simplicidade! Lá ninguém está preocupado se o biquini é "muderno".

Nessa nossa última caminhada fotografamos dois gatinhos, ariscos, mas umas graças. Estou te mandando pois sei que você gosta de gatos assim como nós." (Júlia)


E, para que não restem dúvidas...

"Foi com prazer que li a sua coluna sobre a matéria recém-veiculada pela BBC quanto a uma “possível” relação da toxoplasmose com alterações cognitivas e comportamentais. Na qualidade de médica responsável pelo ambulatório de Toxoplasmose do Instituto de Pesquisa Clínica Evandro Chagas/FIOCRUZ recebo há anos pacientes encaminhados dos mais diferentes serviços com as mais diferentes manifestações da infecção, mas de modo geral, a tônica é a desinformação tanto da população quanto da classe médica. Toxoplasmose é uma infecção causada por um protozoário (parasita composto por uma só célula) que tem um ciclo evolutivo complexo onde o gato tem papel de perpetuador no meio ambiente.

Como foi claramente exposto na sua matéria, o contacto direto com o gato doméstico não é fator de transmissão da infecção uma vez que o gato doméstico se alimenta de ração industrial. O Brasil é um país de elevada endemicidade desta infecção que em sua maioria não é acompanhada de manifestações clínicas severas. Costuma ser uma infecção auto-limitada em geral não necessitando de tratamento específico uma vez que as drogas disponíveis podem ter efeitos colaterais consideráveis.

Por outro lado, quando adquirida durante a gravidez pode levar a lesões fetais graves e ocasionalmente irreversíveis. Infelizmente apesar de estarmos no século XXI e apesar de haver medidas profiláticas que podem ser tomadas para evitar esta e outras infecções de transmissão materno-fetal, ainda nascem crianças com toxoplasmose congênita, que neste caso, pode levar a alterações visuais e cognitivas no futuro uma vez que o parasito tem uma predileção por afetar o tecido cerebral do feto.

Não li ainda o artigo científico citado na matéria, mas estudos epidemiológicos devem ser interpretados à luz de condições geográficas, ambientais, sociais e acima de tudo metodológicas especiais. Para que uma conclusão de um trabalho seja considerada uma “verdade” deve ser passível de reprodução em outros estudos que o referendem.

De qualquer modo, gostaria de lembrar que o que causa alteração de personalidade é violência, ignorância, fome e desinformação.

Por favor, consultem os profissionais especializados e deixem os pobres gatos em paz." (Elizabeth de Souza Neves, Crm 52-34588/9)
I rest my case.


Fala, Tom!

"Acho que merece tradução (em todos os sentidos, do inglês e para a linguagem leiga), dos pontos mais importantes do verbete do Manual Merck:

TOXOPLASMOSE

Infecção causada pelo Toxoplasma gondii causando diversas manifestações, desde ínguas (inchaço dos gânglios) benignas a doenças cerebrais mortais, cegueira e retardo mental.

Levantamentos feitos com exames de sangue revelam que a exposição humana à doença é comum no mundo todo; 20 a 40% dos adultos saudáveis nos EUA dão positivo para a doença. Os mais vulneráveis ao risco de maior gravidade da doença são o feto na gestação e aqueles com imunodeficiências.

Origem da Doença e Manifestações:

O Toxoplasma é um parasita protozoário (como a ameba, a giardia e a malária) de pássaros e mamíferos, onde se aloja em cistos nos músculos e cérebro. Eles somente se repoduzem no aparelho digestivo dos gatos; com os ovos passando para as fezes onde permanecem infecciosos por cerca de um ano.

A ingestão dos ovos provenientes das fezes dos gatos é o mais comum modo de infecção oral nos EUA. A infecção também ocorre comendo carne (que contenha os tais cistos) crua ou sub-cozida, sobretudo: carneiro, porco ou boi. A toxoplasmose também pode ser transmitida pela placenta, da mãe infectada para o feto. A infecção também pode ocorrer em transfusões sanguineas ou doação de órgãos.

Prevenção:

A infecção pode ser evitada não ingerindo carne crua ou mal-passada. Lavar rigorosamente as mãos após a manipulação de carne crua é também essencial. Deve-se evitar o contato com o solo ou alimento possivelmente contaminado com fezes de gatos.

* * *


Estes são os fatos. A tal 'pesquisa' publicada pela BBC me parece uma rematada bobagem.

Fica o ensinamento: LAVAR BEM AS MÃOS. Sempre.

Beijos ailurófilos,

BTW: periquitos transmitem psitacose. Existe uma extensa e conhecida lista de Zoonoses, doenças transmitidas por animais DOENTES (e alguns chamados 'portadores sãos'). Não é por isso que devemos condenar os animais.

Como em tudo em saúde, HIGIENE é sempre a regra de ouro. Basta lavar bem as mãos e outros cuidadinhos básicos. " (Tom Taborda)



Hoje!

André Machado no Vida Digital

Hoje o Vida Digital, nosso costumeiro papo das quintas-feiras, vai ao ar com o André Machado. Ele e o engenheiro Marcos Tadeu Vidal, professor de engenharia de telecomunicações e diretor da consultoria de segurança em TI V2R, vão falar sobre software livre e segurança, dois temas muito legais a respeito dos quais ele manda incrivelmente bem.

Não percam!

Vocês sabem, né? No lounge do Rio Design Barra, às 20hs.


Gugu viu o gato

Nem a BBC escapa da epidemia de falsificação da notícia


Na segunda-feira, o assunto do dia ainda era o programa do Gugu. Que se discuta a suspensão, eu entendo; mas que alguém tenha se surpreendido com a reportagem falsificada, sinceramente, escapa à minha compreensão. Houve, em algum momento, alguma coisa que não fosse falsa naquele programa — a começar pelo falsificador? Além dos telejornais (e, ainda assim, com ressalvas) há alguma coisa verdadeira na televisão brasileira?

Se há, ainda não vi — não tive essa sorte. Só vejo uma programação cada vez mais apelativa, sem qualquer compromisso com a realidade. A falsificação não é uma exceção. É a sua linguagem preferencial, o idioma natural dos seus personagens grotescos.

* * *


Mas não é só na televisão, e não é só aqui.

Na própria segunda-feira, o site da BBC Brasil trazia notícia veiculada como séria. Um amigo me mandou, apreensivo: “Parasita de gato altera personalidade de humanos, diz pesquisa”. Não tenho a menor confiança em manchetes que terminam com as palavras “diz pesquisa” — pois, em geral, não tenho a menor confiança em 99% das pesquisas. Para ficar apenas num fato da memória recente, basta lembrar aquela que o Tony Blair apresentou à ONU, para provar que o Iraque estava até os dentes com armas de destruição em massa.

Guardei o e-mail dos gatos para ler depois. Mas, em menos de duas horas, 19 pessoas me enviaram links para a BBC. A coisa assumia proporções alarmantes. Fui checar:

“Cientistas estão responsabilizando os gatos por infectar metade da população da Grã-Bretanha com um parasita que pode alterar a personalidade das pessoas. Os dados emergem de pesquisas de universidades britânicas, tchecas e americanas, feitas em torno do Toxoplasma gondii, um protozoário que existe em quase toda a população de felinos.”

Depois dessas 50 palavras, só me ocorreu uma 51ª, inglesa, para casos assim: Bullshit ! Como sabe qualquer pessoa com um mínimo de interesse por gatos, só carregam este protozoário gatos que se alimentam de ratos. Não há hipótese de um gato de apartamento transmitir toxoplasmose. Então, “quase toda a população de felinos” onde, cara-pálida? Pode ir tirando a minha Família Gato daí.

“Os homens infectados, segundo o estudo, tendem a ser mais agressivos, anti-sociais e menos atraentes. As mulheres, por outro lado, se tornam mais desejáveis e divertidas, mas menos confiáveis e possivelmente mais promíscuas.”

O “achado” está levando os cientistas a associar a contaminação endêmica da população de gatos com a cultura de um país — cientistas não perdem uma oportunidade de cientificar. A França, por exemplo, tem mais gatos infectados do que a Grã-Bretanha, “o que explicaria as mulheres francesas serem consideradas mais sensuais do que as britânicas.”

Quer dizer: a atração irresistível da Camila Parker-Bowles, de quem o príncipe Charles queria ser o Tampax, e por quem jogou tudo para o alto, inclusive a princesa Diana, provavelmente vem de um casal de siameses clandestinos que ela mantém em cativeiro.

* * *


Mas, olha aí, o estudo não foi feito por “universidades britânicas, tchecas e americanas”, mas apenas por pesquisadores da universidade Charles, de Praga, que aplicaram questionários a 857 recrutas tchecos.

Qualquer pesquisa de comportamento geral que se baseie num grupo tão específicamente... uh, questionável... nem deve ser questionada. Mas os “cientistas” pesquisadores conseguiram descobrir que, entre esses recrutas, os que eram sorologicamente-positivos à toxoplasmose eram menos criativos e impulsivos, e tinham um QI mais baixo, ora vejam só.

* * *


O “estudo” não passa de uma pensata cheia de termos científicos, não chega a conclusão alguma e — palmas para os pesquisadores tchecos — tem mais pontos de interrogação do que referências bibliográficas.

Abrindo a possibilidade para que, amanhã, com os mesmos dados, outro grupo de cientistas prove exatamente o contrário. Como, por exemplo, que a falsa ciência, amparada pelo mau jornalismo, é capar de fazer com que uma jornalista sensata do outro lado do mundo (eu, who else ?) se sinta obrigada a defender de público a Tati, o Lucas, a Netcat, a Pipoca, a Tutu, o Mosca e a Keaton (na foto).

* * *


Ah, sim — como se pega toxoplasmose? A dra. Heloisa Justen, uma das maiores autoridades brasileiras em gatos, diz que a principal causa da doença na Europa, de onde vieram o “estudo” e a reportagem sensacionalista, é comer carne crua. Gatos não passam nem perto.

Aqui, sim — é comer hortaliças mal lavadas e ter contato direto com fezes de gatos portadores do toxoplasma gondii. Mas por contato direto leia-se ingerir essas fezes — que, aliás, devem estar por ali há pelo menos cinco dias, tempo necessário para que a forma infectante dos protozoários se manifeste.

Enfim. É só para não continuarmos comendo gato por lebre, o que estamos fazendo desde que a imprensa propriamente dita decaiu, a televisão assumiu e BBC e Gugu passaram a ser farinha do mesmo saco.

(O Globo, Segundo Caderno, 25.9.2003)


"Vivência cultural te faz melhor jornalista"

O Comunique-se pôs no ar a transcrição do chat de que eu participei ontem à tarde. Esta é a abertura que eles fizeram:
Blogs, fotologs e o Caso Gugu foram alguns dos temas abordados durante o "Papo na Redação" desta quarta-feira (24/09) com Cora Rónai, editora do caderno de Informática e colunista do jornal O Globo. "Acho o blog uma caixa de ressonância genial pra gente ouvir os leitores. E os blogs modificam o jornalismo na medida em que os leitores que têm blogs passam a ser, de certa forma, 'colegas'. As pessoas começam a buscar as informações por nomes de outras pessoas, e não por griffes", disse ela, ao responder uma das perguntas dos usuários que participaram do chat.

"O papo foi muito bom. O pessoal é simpático e encontrei vários amigos", comentou Cora.

Para ler o resto, clique aqui.

24.9.03



Chat

Daqui a pouco, às 15, vou estar no chat do Comunique-se.


Enquanto isso, na Austrália...

(Valeu, Zé: é verdade, nem só de gatos vive a humanidade!)




Há muito tempo eu não lia nada tão estapafúrdio quanto a matéria da BBC BR sobre gatos: Parasita de gato altera personalidade de humanos, diz pesquisa. Uma luz vermelha acendeu na minha cabeça assim que alguém me mandou o link; como o Cesar, eu também pensei: "Lá vem boimate!"

O boimate, vocês lembram? foi uma pegadinha de Primeiro de Abril em que a Veja caiu legal: um cruzamento de boi com tomate, excelente para molho à bolonhesa.

Mas, estranhamente, a BBC BR dá a notícia como coisa séria. Fui clicando em marcha-ré para ver se a história estava mesmo na página da BBC, ou se seria um hoax plantado num lugar diferente; o pior é que está lá sim, com chamadas em todas as outras páginas.

Seria uma tradução equivocada? Fui ao site da BBC UK, na Inglaterra, em busca do original. Lá, porém, não consegui encontrar nada a respeito do assunto. Pode ser que eu não tenha procurado direito, mas juro que revirei tudo com gosto e... neca! Bom, como costuma dizer o Marcito, o que só existe no Brasil e não é jabuticaba, é besteira.

E, dessa vez, besteira da grossa. Vejam o primeiro parágrafo:
"Os dados emergem de pesquisas de universidades britânicas, tchecas e americanas feitas em torno do Toxoplasma gondii, um protozoário que existe em quase toda a população de felinos."

Numa única frase, duas falhas gravíssimas. Para começo de conversa, só carregam o toxoplasma gondii gatos que se alimentam de ratos e que tenham, por acaso, comido um rato infectado. Gatos de apartamento estão totalmente fora dessa. Então, "quase toda a população de felinos" onde, cara pálida?!

Depois, as tais pesquisas não foram feitas em "universidades britânicas, tchecas e americanas", mas apenas na Universidade Charles, de Praga. E têm muito pouco a ver com o que está na "reportagem". O estudo tenta retomar uma velhíssima -- e já descartada -- teoria que liga a esquizofrenia à toxoplasmose.

(Acho que toda vez que algum "cientista" está sem assunto, desencava uma teoria aposentada, dá-lhe uma espanada básica e um banho de loja, e liga para um "jornalista" sem desconfiômetro.)

Acontece que a esquizofrenia é das doenças mais regulares do planeta. Ela afeta 1% da população em qualquer população, em qualquer parte do mundo. É, aliás, uma doença fascinante, do ponto de vista de estudos sociais. Poucas se prestam a tantas conclusões erradas e tantas demonstrações de preconceito; mas isso é outra história.

Conversem com um especialista em doenças infecciosas, e vocês verão que essa regularidade, esse 1% afetado, em qualquer hemisfério ou quadrante, está muito longe de ser o padrão de uma doença infecciosa. Portanto, alguém que ainda esteja batendo nessa tecla está, pelo menos, desatualizado.

O estudo, pelo que eu pude ver -- e ao contrário do que dá a entender a BBC -- não tem nenhuma pretensão de revolucionar o mundo. É só uma pensata. E ruim. O fato de alguém ser "cientista" ou "pesquisador" não faz desse alguém, automaticamente, uma pessoa inteligente e séria. Ou bem intencionada.

Além disso, um "pesquisador" ou "cientista" pode escrever sobre o que bem entender. O que não pode é um jornalista, numa rede supostamente séria como a BBC, "comprar" a primeira teoria idiota que encontra pela frente, transformar perguntas em afirmações e, de quebra, usar "quase toda a população de felinos" como bode expiatório.

Os gatos já são vítimas de preconceitos demais para que se faça isso com eles! Quem acompanha este blog já leu, aqui, uma série de histórias de horror; elas são a ponta do iceberg da desumanidade para com esses bichinhos.

Para mim, essa cretinice da BBC não é apenas uma matéria sensacionalista e mal apurada; é um verdadeiro crime.

Eu volto ao assunto na quinta-feira, lá no jornal.



Lindinha...

23.9.03









Não deixem de clicar sobre as fotos: elas levam ao trabalho do Fernando Lopes, um carioca que eu "descobri" lá no Fotolog e que está fazendo um trabalho sensacional na Holanda.

Webcam no celular!

Um dos grandes desafios das operadoras de telefonia móvel é convencer os usuários a fazerem mais do que apenas falar. Afinal, hoje há aparelhos que são verdadeiros computadores — e uma mina de ouro em potencial a ser explorada em serviços como mensagens multimídia, games e chats. Na semana passada, a Vivo apresentou algo inédito: vídeos, já disponíveis para quem tenha os telefones LG Life, Motorola T720, Samsung Twist e Toshiba Audiovox. São trailers de longa-metragens, video clips, filminhos sobre carros e os eróticos de sempre.

É divertido rodar um vídeo no celular, e muita gente vai experimentar — nem que seja para descobrir que as telinhas pequenas não chegam a dar uma dimensão empolgante às imagens em movimento. Mas há um trunfo sensacional entre as cartas da Vivo: a possibilidade de se conectar webcams a partir dos celulares. Qualquer webcam, daquelas que nos mostram a quantas anda (ou não) o trânsito às que tanta gente já tem em casa, em cima do micro. Imaginem: conferir, pelo telefone, se as crianças estão dormindo, se os gatos estão aprontando, se está tudo direitinho na loja...

Os novos serviços são pagos por assinatura mensal (R$ 9,90) mais Kilobytes “consumidos” (a partir de R$ 0,04 por Kb em regiões 1XRTT — por enquanto, Rio e SP — e custo de uma ligação normal nas demais).

* * *


Para quem não agüenta mais celular, um consolo: já existe um concurso de arremesso de telefone. Ele se realiza na Finlândia (terra da Nokia, onde todo mundo tem celular) e aumenta em popularidade a cada ano.

Vida Digital


Essa semana, é a vez do André Machado: nosso intrépido repórter e o engenheiro Marcos Tadeu Vidal, professor de engenharia de telecomunicações e diretor da consultoria de segurança em TI V2R, vão falar sobre software livre e segurança no próximo encontro no Rio Design Barra. Quinta-feira, dia 25, às 20hs.

Fotolog: Gato Zeca


Zeca, gatinho de Fernando Lopes — um extraordinário artista gráfico brasileiro que vive em Maastricht, Holanda — quase nunca aparece no fotolog que leva seu nome. Em www.fotolog.net/gato_ zeca.


(O Globo, Info etc., 21.9.2003)

22.9.03





(Valeu, Sônia!)


Budapeste by Bia



Não comerei da alface a verde pétala

Vinícius de Moraes


Não comerei da alface a verde pétala
Nem da cenoura as hóstias desbotadas
Deixarei as pastagens às manadas
E a quem mais aprouver fazer dieta.

Cajus hei de chupar, mangas-espadas
Talvez pouco elegantes para um poeta
Mas pêras e maçãs, deixo-as ao esteta
Que acredita no cromo das saladas.

Não nasci ruminante como os bois
Nem como os coelhos, roedor; nasci
Omnívoro; dêem-me feijão com arroz

E um bife, e um queijo forte, e parati
E eu morrerei, feliz, do coração
De ter vivido sem comer em vão.

(Los Angeles, 1947)

:::::

Eu adoro esse soneto!!! Tenho total identificação com ele -- embora, verdade se diga, melhor seria me desidentificar, e começar logo o regime.

Peguei na página do poetinha, que contém tudo o que ele escreveu: todos os livros, textos esparsos, críticas, letras de música... enfim, tudo! A liberação da obra de Vinícius de Moraes na internet é uma linda iniciativa da família, que caprichou na homenagem.

Aliás, taí família pioneira em termos digitais!

Lembro que, há alguns anos, quando fazer página na internet ainda não era coisa comum, uns fãs mantinham um saite bem bonito, cheio de poemas e letras de música. Pois não é que a família foi lá e mandou tirar do ar, criando o primeiro grande caso de direitos autorais online?!

Daquela vez, fiquei totalmente contra a decisão. Página de fã é o que há de carinhoso e bonito; e, como a gente sabe, não é por estar na internet que um texto vai vender ou deixar de vender.

Agora, óbvio, estou encantada, até porque o saite está muito, muito bem feito. É bonito, a navegação é fácil e, maravilha das maravilhas, o e-leitor ainda pode criar a sua própria antologia pessoal do poeta mais querido do Brasil -- e mandar o link para os amigos!

Presentão esse, hein?!

Corram ...

Update: Não deixem de ler o que o Mahna Mahna (DBTH) escreveu sobre o assunto! Ele fala daquela primeira página sobre o Vínicius, que foi tirada do ar, e se lembra do nome da autora, que eu -- confesso -- já tinha esquecido: Micheline Barroso.

Obrigada pela indicação, Zé Carlos!

20.9.03



Dois anos de Sub-Rosa!

Parabéns, querida Meg!

Que venham ainda muitos 2 + 2 + 2 + 2 + 2 + 2 + 2 + 2 + 2 + 2 + 2 + 2 + 2 + 2 + 2 + 2 + 2 + 2 + 2 + 2 + 2 + 2 + 2 + 2 + 2 + 2 + 2 + 2 + 2 + 2 + 2 + 2 + ... e assim por diante.

Como eu já escrevi uma vez, a Meg é uma espécie de fada-madrinha da blogosfera BR. Está sempre atenta a todos os blogs, comenta aqui e ali, apresenta um ao outro, avisa aniversários e datas especiais, dá uns toques.

Se não fosse por ela, a gente não estava se divertindo tanto por aqui: afinal, para que uma festa vá bem é preciso que alguém esteja prestando atenção nos convidados e vendo se está todo mundo sendo atendido.

Pois ela tem sido essa pessoa. Graças a ela, nos últimos dois anos não faltou cerveja na nossa geladeira metafórica.

Valeu, Meg!










É lindo o amor...

Como um ou dois de vocês já devem ter reparado, a vossa escriba anda meio enrolada ultimamente. Tenho a impressão de que 24 horas não bastam mais para tudo o que eu preciso (ou quero) fazer. Nisso algumas atividades têm sido muito prejudicadas, especialmente cuidar da mailbox, ler e curtir os blogs amigos. De modo que me passou despercebido um fato importante: o casamento dos blogs do Mario AV e da Adriana.

Os dois agora atendem no mesmo endereço; os posts entram por ordem de chegada, ora de um, ora de outro. Conheço alguns casais que mantém blogs juntos, mas eles (os blogs) nasceram assim. Que eu saiba, esta é a primeira vez que dois blogs se juntam, de mala, cuia e escova de dente.

Felicidades, meninos! Parabéns pros blogs!

Detalhe: Não deixem de espiar ali pelos quadradinhos brancos. Há coisas interessantes escondidas por lá.


Cuidado: mais um worm!

A Well, meu anciente provedor lá em São Francisco, mandou email para todo mundo avisando que há uma nova praga entupindo os sistemas de correio eletrônico: um worm disfarçado em patch de segurança da Microsoft.

Dizem eles:
"Este worm se disfarça em patch de segurança da Microsoft e parece bastante autêntico. Se você usa PC e receber um email da Microft instruindo-o a instalar o "September, 2003, Cumulative Patch", NÃO ABRA O ANEXO. Este é o worm mais recente a atacar os sistemas Microsoft."

A Symantec tem um bom link para o caso; e AQUI há uma reprodução da falsa mensagem.

19.9.03



Notícia triste

Nossa amiga Magaly, que tantos de vocês conhecem dos comentários, está passando por um momento muito difícil: perdeu o filho mais velho, Estêvão, num acidente rodoviário.

A notícia está no Eu pensando.

Eu sei que nada pode amenizar o que ela está sentindo, mas acho que abraços virtuais certamente não lhe farão mal.


BLOG!



Ufa!

Demorou, mas até que enfim a Time Warner tirou aquele ridículo AOL do nome. Acho que o que aconteceu com a companhia foi a mesma coisa que acontece com mulheres que fazem maus casamentos e mudam de nome: passam anos carregando a lembrança do mau passo na carteira de identidade.

Não que a Time Warner seja uma flor de empresa, pelo contrário. Ela se porta tão mal quanto outra qualquer e, na minha opinião, a Time, sua principal publicação, há tempos deixou de ser legível e/ou confiável. Mas devemos à Warner Bros. lindos filmes que encantaram algumas horas das nossas vidas.

Ela não merecia ser sequer mencionada num mesmo parágrafo junto com a AOL, um dos frutos mais azedos da bolha.

18.9.03



Das alegrias de viver com gatos

Patrícia Eloy, minha colega no Globo e nora do G.G. (Grande Guru) Julio Botelho, mandou um email para os amigos contando uma das melhores histórias de gato dos últimos tempos. Vejam só:
"Povo, esqueçam todas as histórias que vocês já ouviram sobre loucuras que gatos fazem. Essa, provavelmente vai bater todas. Pena que eu fui a vítima.

Sábado passado eu estava de plantão. Saí do jornal para jantar com dois casais de amigos e só chegamos em casa às duas da manhã. Mal podíamos esperar para jogar o corpo - ou o resto dele - na cama. Viramos uma papaiz, a outra, viramos a chave da porta, mas ela não abria de jeito nenhum. Tentamos várias vezes até percebermos que estávamos, em plena madrugada, trancados do lado de fora.

O Julinho até pensou em arrombar a porta, mas isso parece ser bem mais fácil em filme que na vida real. Continuamos tentando, mas a porta não cedia por nada. Num certo momento, percebemos que, na verdade, ela estava presa só na parte de cima, onde fica um dos dois ferrolhos que o apartamento já tinha quando o compramos. Mas isso era muito esquisito, afinal, ferrolhos só podem fechar por dentro e como não tinha ninguém em casa...

Desisitimos de entender a situação e resolvemos ir para a casa da minha sogra para dormir. No caminho, porém, topamos com um carro da polícia. Bateu a dúvida: será que um ladrão tinha entrado e trancado a porta por dentro enquanto fazia a limpa?

Resolvemos trazer os policiais até aqui. Eles tentaram abrir a porta mas não conseguiram, e disseram que o caminho era arrombar. Às quase três da manhã, porém, essa é dificilmente uma hipótese, porque acordaria o prédio inteiro.

Então, quando já estávamos indo embora, ouvimos um barulho no ferrolho, meio como se alguém o estivesse abrindo ou fechando. Mexemos na porta e nada. O ferrolho mexeu de novo. O policial perguntou se não tinha mesmo ninguém em casa. Falei que só os gatos, mas eram gatos, né? E gatos não fecham portas...

Aí lembramos que o móvel novo que compramos fica na altura desse ferrolho, mas a Nikita (minha gata siamesa) - que é levinha e, ao contrário do Felix (um gatinho de rua que adotamos) consegue subir nos móveis - nunca havia subido ali. Até aí tudo bem. Porque não basta subir. Ela teria que girar o ferrolho para nos trancar do lado de fora e que gato ia girar um ferrolho?

Bom, desistimos da porta e das especulações e fomos para a casa dos meus sogros, mais intrigados que nunca. No dia seguinte, parti para meu segundo plantão - era domingo - e o Julinho ficou com a ingrata tarefa de dar um jeito da gente entrar em casa. Ele chamou um chaveiro e o marceneiro também, para tentar arrombar a porta - caso o chaveiro não desse jeito - da melhor (se é que há) maneira possível.

Lá pelas tantas ele me liga. Estava em casa. O chaveiro havia feito um buraco na porta e conseguido abrir o ferrolho pelo lado de fora. Ao entrar em casa, lá estava a Nikita, no alto do móvel, na direção do ferrolho, miando para ele.

Ainda assim, era difícil acreditar que tinha sido ela a trancar a porta.

Ontem, quando voltei para casa, ela estava em cima do móvel mais uma vez, de novo miando para quem chegava. Fui trocar de roupa no quarto e quando voltei, lá estava a gata... MEXENDO NO FERROLHO!!!!!!!!!

Alguém já ouviu falar em coisa mais absurda que essa??!?!?!?! Tá certo que ela abre portas. Vários gatos fazem isso. Já a flagrei diversas vezes. Mas fechar?! Aí já é demais!!! Ainda bem que a máquina fotográfica estava por perto e consegui registrar para a história que a louca é ela, não eu..." (Patrícia Eloy)
Não é o máximo, a Nikita? Cats realmente rule!


Hoje!

Elis & Blogs no Vida Digital

Hoje o Vida Digital, nosso costumeiro papo das quintas-feiras, vai ao ar com a Elis Monteiro, contando tudo sobre blogs.

Não percam! Vocês sabem, né? No lounge do Rio Design Barra, às 20hs.




Desculpem, dei uma sumidinha ontem porque tive que ir a São Paulo: foi um dia interessante, mas muuuuuito comprido. Postei algumas fotos no Fotolog.

Em tempo -- a foto acima foi feita com uma Kodak Easy Share LS 633, que está passando um tempinho comigo.










Falando em imagens

Nas pequenas fotos feitas em celulares e palms,
pode estar o começo de uma nova estética



Quando mandei as fotos dessa página para o tratamento — que é o setor da fotografia responsável por transferir imagens para o sistema do jornal — fui informada de que elas não tinham resolução suficiente para publicação. Pedi aos colegas que as aceitassem assim mesmo. Mas é por causa dessa falta de definição que, em vez de uma única foto, como de costume, vocês estão vendo quatro.

Acontece que elas não foram feitas para publicação. Na verdade, sequer foram feitas por máquinas fotográficas, na acepção tradicional do termo e do objeto: foram capturadas por câmeras embutidas em celulares e micrinhos de mão, e destinam-se, basicamente, à exibição em computadores.

Em suma, não são “fotografias” como hoje entendemos as fotografias, mas imagens de cunho informativo. Uma espécie de “alô!” visual, em que o importante não é tanto acertar o foco — até porque, nelas, isso é uma autêntica loteria — mas sim transmitir um clima, um jeito, um sorriso.

* * *


Convivo com essas pequenas imagens precárias há dois anos, desde que passei a usar um palm com câmera. Na época, porém, a tecnologia ainda estava muito crua. As figurinhas tinham distorções demais e tamanho de menos, de modo que, passado um primeiro momento de entusiasmo, a câmera ficou relegada a eventuais “anotações” de trabalho e a um papel paradoxalmente irônico: fazer demonstrações dos prodígios do mundo digital.

De uns meses para cá, porém, têm chegado ao mercado palms e telefones capazes de produzir imagens bastante razoáveis. O deslumbramento tecnológico deu lugar a um convívio mais intenso que trouxe, consigo, uma série de sentimentos conflitantes.

Quando consegui a imagem do saleiro, por exemplo (lá em cima, à direita), fiquei exultante — e, logo em seguida, muito frustrada, por não ter tido a idéia de fazê-la com uma máquina fotográfica “de verdade”.

Tremenda injustiça: se não fosse o Palm ao alcance da mão, eu não teria conseguido era imagem alguma! Naquele momento, a câmera “de verdade” estava em segurança, a quilômetros de distância, no quarto do hotel.

* * *


Minha primeira reação a essas imagenzinhas foi — como, acho, a de todo mundo que leva fotografia a sério — desprezo. Elas estão longe de impressionar. Não podem ser ampliadas, só funcionam bem em condições ótimas de luminosidade, desandam à menor contrariedade.

O dia mal clareando na minha janela, que a maioria das máquinas fotográficas, digitais ou não, teria interpretado sem dificuldade, foi um desafio enorme para o telefone. Mas graças a essa imagem, que ficou até bonita com sua falta de definição, suas cores estranhas e seu foco para lá de questionável, fiz as pazes definitivas com essas câmeras.

O fato é que estamos diante de uma nova estética. Não podemos comparar o que elas fazem com o que fazem Leicas e Nikons; nem, ao menos, com o que faziam as xeretas da nossa infância, até porque as usamos em circunstâncias muito diferentes. Não é por aí.

Estamos assistindo ao nascimento de uma nova linguagem visual, que vai se desenvolver como forma e conteúdo ao correr das milhares de fotos que serão enviadas de celular para celular, de PDA para computador, de computador para celular, numa ciranda limitada apenas pela capacidade de armazenagem e pelo tamanho da conta.

A resistência é natural. É difícil adotar, sem reservas, um novo paradigma; é difícil deixar de comparar. E é difícil, também, reconhecer valor estético em algo tão simples, que não requer qualquer esforço ou estudo. Quanto tempo a Alta Fotografia levou para aceitar as polaroids como algo mais do que subproduto das manifestações afetivas da classe média?

* * *


Há pouco tempo, quando as câmeras digitais se popularizaram, assistimos a um fenômeno semelhante: vários “defeitos” das fotos digitais acabaram incorporados às nossas referências estéticas.

O registro do movimento, por exemplo, difícil de evitar em situações de pouca luz, passou a ser não só universalmente aceito, como, até, desejável em certas circunstâncias. Já vi fotos de moda, feitas com todo o rigor da técnica tradicional, retomando essa velocidade do gesto em filme. E fotos que há pouquíssimo tempo seriam rejeitadas em jornais e revistas hoje são não só aceitas, como alta e devidamente apreciadas.

* * *


Preparem-se, pois. Vem aí uma enxurrada de pequenas fotos, brotando de aparelhos que, entre outras coisas, servem até de telefone. Não as desprezem. A forma pela qual nos comunicamos não está mudando, apenas sendo ampliada.

O olho é naturalmente inteligente; com o tempo, pode tornar-se generoso e criativo. Depois de passear por algumas centenas de imagenzinhas dessas, ele vai descobrir, para além do recado, seu eventual humor e sua beleza.


(O Globo, Segundo Caderno, 18.9.2003)

16.9.03



Golpe ultra baixo!!!

A Verisign seqüestrou todos os endereços não-registrados da internet!!! Teclem qualquer bobagem .com ou .net (tipo dafgsjd.com ou hfjgkhl.net, por exemplo, ou simples erros de digitação, como crronaiii.com) e vejam onde vai dar.

Fui ao slashdot, mas ainda não há nada sobre isso lá. injustiça, há sim: AQUI.

Como diz um amigo meu, tô bege.

Pronto: o Mário Jorge já me mandou uma notícia sobre o caso! Leiam aqui.

O pior é que nem posso me indignar suficientemente agora; estou atoladíssima, escrevendo a coluna de quinta-feira.

Ô mundo.

Ah, sim: As minhas configurações continuam sumidas aqui no jornal. Entre outras coisas estou sem Javascript, portanto sem acesso às caixas de comentários. Se parecer que eu estou surda, não reparem: estou mesmo.


Ele voltou! :-D

E está comemorando o aniversário: são dois anos de diversão, surpresas, dicas e, sobretudo, talento e competência.

Parabéns, PULSO ÚNICO!



A gatinha do Galessa!

Há coisa de duas semanas escrevi sobre a coleção maravilhosa de plásticos antigos do Gerson Lessa, o Galessa. Eu falava especialmente a respeito de uma gatinha de celulóide italiana, dos anos 40.

Pois acabo de receber de presente da Helena (aka Helenbar) essa foto da ocasião, com este arzinho retrô impecável, perfeito para combinar com aquele lindo museu particular.

Adorei tudo. O dia, os objetos velhos, os novos amigos. E agora, a foto.

Helena, querida: valeu!


Mais estranho ainda!

Veio por email, e é muito louco...

Fique onde está, isto é: sentado na cadeira. Levante o pé direito e comece a fazer movimentos circulares no sentido horário.

Enquanto fica fazendo o movimento com o pé, tente escrever o número 6 no ar com a mão direita.

Seu pé automaticamente mudará o sentido do movimento.


Mutio estharno...

"De aorcdo com uma pqsieusa de uma uinrvesriddae ignlsea, não ipomtra em qaul
odrem as lrteas de uma plravaa etãso, a úncia csioa iprotmatne é que a
piremria e útmlia lrteas etejasm no lgaur crteo. O rseto pdoe ser uma ttaol
bçguana que vcoê pdoe anida ler sem pobrlmea. Itso é poqrue nós não lmeos
cdaa lrtea isladoa, mas a plravaa cmoo um tdoo. Vdaerde!" (Recebi do Pulao Anofso)


Update: Tou vindo com o milho, mas o Raphael já está voltando com o fubá! Acabo de ver que ele postou isso no sábado... :-)




Huahauahuahaua! ou:

Dos comentários

"Os comentários deste post estão uma babelônia, uma torre de babette: sou a favor de "cats=_blank" para que a gente não coce a barriga do targetinho que nos adotou. Em todo caso, a nova janela felina vai cobrar por hora e não mais por quilometragem. Um absurdo, catzo." (Cesar Valente)

15.9.03



Gatos e gente

Minha amiga Danuza é, agora, a feliz funcionária de dois gatos, Haroldo e Dinorah. Está -- claro -- apixonada pelos quadrupinhos. Vejam que interessante o que escreveu ontem na Folha:
"Nunca pensei que os gateiros fossem tão unidos; recebi muitos, muitos, mas muitos e-mails, e como não dá para responder, tantos eles são, vai daqui um beijo meu, de Haroldo e de Dinorah.

Fiquei surpresa, sobretudo, com um pensamento comum aos que amam os gatos: são todos a favor da adoção de um gatinho desamparado, e segundo os entendidos, a escolha deve ser determinada não pela aparência física, mas pela compatibilidade; afinal, estamos falando de um parceiro afetuoso com quem se pretende partilhar o resto da vida.

A partir daí, comecei a conversar com pessoas não necessariamente gateiras, para entender esse amor desmesurado, e fui aprendendo muitas coisas.

Nós -humanos ou não- precisamos de carinho, não só de receber, como também de dar. Mas aquela liberdade de poder abraçar, beijar cada dedinho do pé, o cangote, olhar nos olhos e dizer "eu te adoro, você é minha paixão", sacudindo as duas mãozinhas, só se pode fazer com os bebês. As crianças crescem, vão ficando mais arredias, e por mais que um filho adolescente nos ame, dificilmente vai se aconchegar nos nossos braços para ver um filme na TV, ou ficar quietinho enquanto a gente lê um livro ou fala bobagens fazendo um cafuné ou brincando com os pelinhos do seu braço. E quanto mais eles crescem, pior é.

Dizem os conhecedores da espécie humana que isso tem a ver com o início da sexualidade, mas penso que tem a ver também com nossa cultura, que é tirana: adultos só podem se derreter com crianças muito pequenas. A partir do momento em que começam a crescer, os pais, pensando na disciplina e no respeito, perdem a espontaneidade e a liberdade de botar a criança no colo e dizer, despudoradamente, o quanto a ama; e alguma criança já crescidinha vai deixar? Um certo distanciamento físico começa a permear as relações, e quando a gente quer segurá-la, na maioria das vezes, elas fogem.

Não existe maior comunicação entre as pessoas do que por meio do contato da pele. Só assim podemos sentir ou passar, de verdade, a dor, a amizade, a paixão. Há quem diga que nós, seres humanos, precisaríamos dar (e receber) quatro abraços por dia; aquele abraço bom, apertado, caloroso, verdadeiro, não obrigatoriamente de amor. Quantos você deu hoje? Pior: há quanto tempo você não dá e não recebe nenhum?

Os adultos apaixonados também não se sentem livres para ficar tocando o ser amado, passando a mão na perna ou brincando com a pontinha da orelha. Talvez por medo de demonstrar demais seu afeto, talvez porque o outro não goste, o fato é que a aproximação física só começa, praticamente, na pré-cama (e depois muitos dormem ou se comportam como se estivessem num escritório, o que deveria ser punido com fuzilamento sumário). Quem você conhece que fica passando os dedos durante horas, de leve, na mão da namorada? E o medo de parecer ridículo, de ela pensar que a parada está ganha, do pavor do que os outros possam achar? E o pior: de se mostrar apaixonado, que a maioria prefere evitar?

É por essa necessidade de dar e receber carinho que muitas pessoas elegem um gatinho para poderem coçar a cabeça e a barriguinha durante horas e dizer várias vezes seguidas "eu te amo de paixão", sem se achar ridículo (de preferência, sem ninguém por perto). Eles são tudo que se pode querer, mas vamos reconhecer que são abusados: costumam usar nossa mão como travesseiro e ficam dormindo de pernas para o ar, enquanto nós, babacas apaixonados, não nos movemos para não perturbar o sono deles. E folgados: se estiverem brincando e a gente chamar, não estão nem aí (mas a gente os ama assim mesmo).

O escultor Giacometti disse uma vez que, entre salvar a vida de um só gato ou todas as obras de arte do mundo inteiro, ele salvaria a vida do gato.

Eu espero nunca ter que fazer essa escolha. (Danuza Leão)



Dançando com golfinhos: imperdível!




Sempre uma surpresa...

Acabo de descobrir que o Lucas adora damasco.

Update: Pronto, taí uma foto dele...


Jorma Olilla: o poder da imagem

Jorma Olilla, o legendário CEO da Nokia, passou pelo Brasil na semana passada. Falou com políticos e empresários, naturalmente, mas reservou espaço na agenda para uma coletiva em que anunciou a nova estratégia da empresa para a America Latina, que pode ser resumida em duas palavras: Vamos nessa!

A região é fundamental para a Nokia - e para a concorrência também. Afinal, é um dos maiores mercados potenciais do mundo, com apenas 20% de usuários de telefonia móvel. Imagina-se que, em cinco anos, ele possa aumentar 50%, passando para 170 milhões de assinantes - números inimagináveis em mercados consolidados como Europa e Estados Unidos, por exemplo.

-- A Nokia estima que mais de 80% do crescimento da base global de usuários de telefonia móvel virá, ao longo dos
próximos cinco anos, dos mercados emergentes - diz Olilla.

Para que isso aconteça, porém, algumas coisas devem acontecer. A principal delas é (preciso dizer?) a diminuição do custo das telecomunicações, ainda caríssima para a maioria da população -- e, aliás, para a minoria também. A minha impressão é que a base da estratégia da Nokia é a catequização de operadoras e governos para a criação de condições mais "amigáveis", digamos assim, para o uso de telefones que transmitem apenas voz - ao contrário das
gracinhas tão cobiçadas que tocam música, tiram fotos e mandam recadinhos. Em suma: aqueles aparelhos básicos, tão importantes para os consumidores sem bala na agulha.

No outro extremo, está a oferta de unidades cada vez mais irresistíveis. Jorma Olilla -- que carrega no bolso um 3650 -- acha que a imagem já está plenamente integrada à comunicação móvel. Tanto que -- à exceção dos modelos básicos de voz e dos TDMAs, que não suportam mensagens multimídia -- todos os novos modelos da Nokia vêm com câmeras embutidas. O caminho é esse, sem dúvida: no celular, uma imagem vale mesmo por mil palavras.

Tudo sobre blogs!

Na próxima quinta-feira, dia 18, às 20hs, Elis Monteiro vai estar no "Vida Digital", no Rio Design Barra, explicando como criar e manter um blog. Vale lembrar: a Elis, para quem a conhece apenas daqui, está por trás do excelente "Par Elis", um dos grandes points da blogosfera BR.


Fotolog da semana: Eirasi

Há um grupo de islandeses ótimos no Fotolog. São todos simpáticos e ótimos fotógrafos: vai ver, é alguma coisa na água que bebem. Na semana passada, um deles, o engenheiro e alpinista Einar Ragnar Sigurdsson (Eirasi, para os fotologueiros) capturou um dos mais lindos arco-íris de todos os tempos, conforme vocês podem ver aí em cima. Mas vejam mais, indo visitá-lo em <www.fotolog.net/eirasi>.

(O Globo, Info etc., 15.9.2003)


Tchau, Michigan!

Paulinho, Kelyndra e as crianças estão se mudando para Austin, Texas. Não agüentam passar mais um inverno em Michigan, coisa que, aliás, é facilmente compreensível, considerando-se que são uns seis meses de frio e dias cinzas.

A casa está à venda. Achei legal o anúncio da imobiliária, porque permite fazer um tour quase geral, vejam só. Aliás, se alguém estiver pensando em se mudar para lá...

14.9.03



Menores carentes

Gente, por favor, não esquentem com as crianças que têm aparecido por aqui escrevendo desaforos e palavrões na área de comentários! São adolescentes com tempo demais e vida de menos: vivem de mesada, não lêem, não vão ao cinema, não saem, namorada ou namorado, então, nem pensar -- puxa, coitados, é compreensível que sejam toscos e "revoltados", não? Basta ver que sua máxima idéia de diversão é... pichar blogs!

Ignorem as bobagens deles. Quando eu estiver no computador, passo uma geral nos comentários e limpo o que ainda estiver lá -- afinal, agora, este blog tem um CommentOp de primeira! -- e pronto.

No mais, bom domingo... se for possível com este tempinho horroroso:



Johnny Cash

Por causa de toda a turbulência tecnológica da semana, acabei sem falar na morte de Johnny Cash, que senti muito. Não sou particularmente fã de música country mas, para mim, Johnny Cash era mais do que um cantor country; era uma personalidade que não sei definir bem, uma espécie de Leonard Cohen de Nashville, um raríssimo original num mundo de cópias.

Quem entendeu tudo foi, para variar, o Dapieve: "Os Estados Unidos perderam outra de suas torres, dois anos e um dia depois das gêmeas de Nova York".




Tempo, tempo, tempo

Desculpem o sumiço, mas essa foi uma semana de lascar! Fiquei sem conexão em casa, em São Paulo tive que trabalhar numa daquelas máquinas que a gente usa na base de cartões de 30 ou 60 minutos -- que eu ODEIO! -- e, no jornal, um upgrade básico da tecnologia detonou todas as minhas configurações. Passei boa parte do meu tempo livre resolvendo problemas de linha e de máquina; há quase três dias não abro a mailbox, e estou pensando seriamente em deixar isso pra logo mais, agora que consegui resolver tudo.

Só de pensar dá desânimo...

Enquanto isso, no front doméstico, a coisa não está lá muito mais fácil. Os gatos ainda não se conformaram com a ausência da Bia, que viajou pra Budapest no mesmo dia em que eu fui pra São Paulo, e estão completamente neurastênicos. Gritam uns com os outros, derrubam coisas e se vingam da sorte madrasta de todas as formas possíveis.

O Lucas, de quem a Bia é funcionária, é o que está reagindo pior. Ontem estava tão atacado que me mordeu.

* sigh *


Tudo o que eu queria na vida, agora, era o seguinte: um mês sem fazer nada, nada, nada.

Pra pôr a leitura em dia, ver muito vídeo, ficar espichada na rede. Computador, só em doses homeopáticas -- e sem problemas, sem vírus, sem spam.

Vou ficar querendo, né; mas sonhar é tão bom...

12.9.03



Dos comentários

Escreve o Paulo Eduardo Neves, "pai" da fundamental Agenda do Samba & Choro:
"Um sítio importantíssimo que está passando por dificuldades com a hospedagem é o Jangada Brasil, a principal referência sobre folclore brasileiro na Internet. Eles tiveram que substituir todas suas páginas por uma "carta aos leitores" onde explicam a situação.

Este negócio de hospedagem levanta até uma questão mais séria: como manter publicações independentes na Internet sem que o sucesso (e.g., custos de hospedagem) não as inviabilizem?

Já passei pelos mesmos problemas lá no Samba-Choro e se não fosse um de meus leitores trabalhar na Unisys e me descolar que eles apoiassem o trabalho cedendo a hospedagem, não sei o que faria." (Paulo Eduardo Neves)
Helooo-ooo: tem alguém da Unisys na casa? Do Ig? Do Terra? Do Uol? Da Globo.com? Do iBest? De algum ISP de bom coração?

Amigos, vamos ajudar a manter a Jangada flutuando!

11.9.03



Dos comentários

Minha querida Cora,
E hoje é dia de comentar coisas da Nokia?
Garanto que voce teria muito mais a dizer e nos fazer pensar muito mais sobre que mundo vamos deixar, se comentasse por exemplo o artigo do Zé Serra de hoje falando sobre os 30 anos daquele golpe ridículo que colheu a primavera de tanta gente.
Acho que até a capivara Lindaura hoje vai dormir sem poder curtir um pouco da alma da Cora.
Lhe encontro amanhã, com alma...
Caco

Caco, hoje é -- entre outras coisas -- dia de trabalhar. A parte que me coube nisso foi acordar em São Paulo, correr para uma coletiva com o CEO da Nokia, de lá sair disparada pro aeroporto, pegar uma Ponte Aérea, ligar para o jornal para me situar em relação ao andamento da edição de segunda, fazer uma paradinha rápida em casa para trocar de roupa e conferir o blog, o fotolog e a mailbox, começar a alinhavar a coluna do Info etc. e, dentro em pouco, sair para uma palestra/bate-papo na Barra, a uns 30 quilômetros (e uma hora) da minha casa.

Para escrever sobre acontecimentos como o 11 de setembro (1973 ou 2001) a gente precisa de uma certa paz de espírito e, sobretudo, de um tempo que, hoje, você há de convir que eu não tive.

A minha alma, porém, estava no Globo -- pois é, não tive como atualizar o blog de ontem para hoje, apesar de ter ficado no business center do hotel até às 2 da manhã.

E, ainda que você não perceba, está aqui também.

Falando da Nokia, sim, e brincando com o Partnerzinho que me emprestaram: eu amo tecnologia, e vejo nesses pequenos objetos, além de muita diversão, armas poderosas para que a gente possa se comunicar, possa se fazer ouvir e um dia, quem sabe, viver com mais fraternidade. E compreensão.




Dois anos depois, os resquícios do dia

O 11 de setembro que nos marcou para sempre - e
que, cada vez mais, nos afasta dos Estados Unidos


Onde você estava na manhã do dia 11 de setembro? Todos sabemos responder a essa pergunta, como sabemos a qual 11 de setembro ela se refere. Acho que mesmo para os chilenos que ainda sofrem com 1973, 11 de setembro é o de 2001, um dia gravado a ferro e fogo na memória coletiva do mundo ocidental.

Todos nós nos lembramos exatamente de quando ligamos a televisão, ou de quando ela fisgou o nosso olhar; todos nos lembramos do choque e da incredulidade, dos telefonemas que demos e que recebemos para nos avisarmos, uns aos outros, do que estava acontecendo, ansiosos por cooptar outras testemunhas, incapazes de assimilar o que víamos.

Geralmente, as imagens que nos chegam das grandes tragédias são ou os vídeos mal enquadrados e sem resolução dos cinegrafistas amadores, ou aquilo que as equipes de reportagem encontram no rescaldo — como os escombros fumegantes do Pentágono, por exemplo, ou as ruínas da representação da ONU no Iraque: registros perturbadores, mas de algo que já foi.

Na manhã de Nova York que todos vimos, porém, estavam as torres recortadas contra o céu claríssimo, o avião, a bola de fogo, as nuvens de fumaça, o colapso: História em tempo real. Nunca antes ninguém assistira ao vivo, pela TV, a um ataque de tal dramaticidade; nunca antes as emissoras precisaram avisar aos espectadores, a intervalos regulares, de que o que estava sendo transmitido não era um filme.

Apesar da audácia do plano terrorista e da dimensão das perdas, não sei se, sem essas imagens terríveis, repetidas milhares de vezes, teríamos ficado, todos, tão marcados pelo 11 de setembro.

* * *


Houve um tempo em que eu não gostava das torres. Sempre que via a silhueta dos prédios de Manhattan, fazia um grande esforço de imaginação para eliminá-las da paisagem, reduzindo-a ao que me parecia, então, uma dimensão mais harmoniosa.

Essa percepção começou a mudar em meados dos anos 90, quando a happy hour do Windows on the World, restaurante no topo de uma das torres, virou point do pessoal de tecnologia. Aí, sempre que ia a Nova York — coisa que fazia com freqüência naqueles tempos de efervescência da “bolha” — acabava lá, batendo papo com amigos, de preferência sentada numa das poltronas viradas para a janela e a vista extraordinária, vendo a noite cair sobre a cidade e as luzinhas se acendendo uma a uma, lá embaixo.

Tirei essa foto na última happy hour a que fui, em julho de 2001. Quando o atentado aconteceu, a sensação que tive foi a de que havia acabado de sair de lá, tão frescas as lembranças.

* * *


Como todo mundo naquele 11 de setembro, eu também não consegui me afastar da televisão — mas me dividi entre o noticiário e a internet, onde os blogs (conforme se saberia depois) chegavam à maioridade. Enquanto os servidores dos jornais e dos grandes portais desabavam com a intensidade do tráfego, os blogs (páginas individuais, em geral criadas e mantidas por uma única pessoa) transmitiam fatos, algumas fotos e muitos rumores, ecoando a perplexidade geral.

Relê-los agora, passados dois anos, é uma experiência estranha — se não uma viagem no tempo, pelo menos uma viagem às emoções extremas daquele instante, preservadas em pontos vagos do ciberespaço.

A leitura, sobretudo dos que conservaram as áreas de discussão e comentários, é muito desconcertante. No primeiro momento, o que mais se viu, além de choque e pavor, foi ódio, impotência, xenofobia. E, em não poucos casos, regozijo. Uma espécie de flagrante, nu e cru, das relações emocionais entre os Estados Unidos e o resto do mundo.

Com o passar dos dias — e com a humanização da tragédia, revelada nos pequenos cartazes, nos depoimentos de parentes e, horror!, nas vozes dos mortos nas secretárias eletrônicas — o mundo sentiu, se não pena, algo bem próximo a isso pelos EUA.

Falando objetivamente — coisa que talvez se possa fazer hoje, ou que talvez não se possa fazer nunca — houve um raro momento histórico em que o sentimento predominante em relação ao país foi de simpatia; um momento ideal para se restaurar a imagem do império, desgastada pelos motivos habituais, desmoralizada pelo fiasco eleitoral da Flórida e ridicularizada a cada aparição pública de George W. Bush.

* * *


Não seria preciso muito para capitalizar essa onda de solidariedade. Com um mínimo de sensibilidade diplomática, ela teria ido longe, reconfirmada, de forma quase automática, a cada 11 de setembro.

Ao contrário, o que se viu — e ainda está se vendo — foi um dos maiores desastres políticos de todos os tempos. Em menos de dois anos, o país que, até outro dia, era conhecido como sinônimo de democracia revelou-se um estado totalitário cada vez menos dissimulado, terreno minado para dissidentes e zona de alto risco para os estrangeiros. O destino turístico que tanto amávamos hoje nos repele e causa desconforto e indignação.

Ninguém esperava nada do governo Bush; mas, paradoxalmente, ninguém esperava tanto.

(O Globo, Segundo Caderno, 11.9.2003)


teste



Postando do Partner, novamente...

São Paulo, 11h45. Estou numa coletiva da Nokia, que está anunciando novos modelos de celulares e estratégias operacionais para a América Latina.

Quem responde às perguntas é ninguém menos que Jorma Ollila, o legendário CEO da empresa. Esta é a segunda visita dele ao Brasil em 2003 (esteve aqui em fevereiro), o que mostra o interesse da Nokia não apenas no Brasil mas, naturalmente, em toda a região da AL, onde celulares são usados por apenas pouco mais de 20% da população.

Depois eu conto mais; agora vou pro aeroporto.

(Isso é o máximo!!!)

10.9.03





Com uma atração especial: os representantes da Nikon vão levar as novas câmeras digitais pra gente ver e brincar...




Lembram? Pois dizem que estão voltando a qualquer hora com um novo serviço musical....

Por enquanto, animaçõezinhas aqui.


A capivara da Lagoa existe!

Não sei se vocês sabem, mas rola há algum tempo, aqui no Rio, o papo de que haveria uma capivara vivendo às margens da Lagoa Rodrigo de Freitas. Ninguém tem idéia de onde ela veio, para onde vai e quais são seus planos de vida.

Bom. Eu vivo andando pela Lagoa, e nunca me encontrei com essa capivara. Na verdade, nunca me encontrei com ninguém que a tivesse visto ao vivo, e já estava achando que ela era apenas uma lenda urbana quando, ontem, presa num engarrafamento ali em frente ao Vasco, quem é que eu vejo? A capivara!

Ela é linda! Grandona, marrom, do tamanho de um porco e, aparentemente, mansinha: havia várias pessoas na área, muito curiosas, e ela nem aí, pastando contente.

Claro que esse foi o dia em que eu saí de casa sem máquina fotográfica...

9.9.03



Djou

Olha só quem tá voltando!




Outra foto de telefone: essa é uma das flores do canteiro lá em frente de casa. Feita ainda agora.


Em obras

Bom: troquei tirei recoloquei o contador de visitantes. O acesso aos comentários parece que está OK. E descobri porque eu não via nada de esquisito acontecendo: porque barro todos os popups, com exceção de um ou outro caso incontornável -- como a conexão com o Velox, por exemplo.

É óbvio, né? mas a gente só se dá conta de um popup se ele popupar.

Update: O contador que eu achei não era de quanta gente está no site, mas de quantas visitas são feitas. E o Edney está com problemas, os custos de hospedagem estão na estratosfera.

Eu, sinceramente, acho que o Edney devia ser "adotado" por algum portal, como aconteceu com a Daniela e com o Nelito. Não só o blog, aliás: o próprio, que é uma fera e sabe tudo de blog.

Ô, Terra! Alô, UOL! Globo.com, cadê você?!




Tudo bem, eu sei que não é a melhor resolução do mundo... mas esta foto foi feita, e enviada por email, por um telefone! Mais precisamente, um Nokia 7650.


Houston, we have a problem!

Muitas pessoas se queixaram ontem de coisas estranhas acontecendo aqui no blog. Várias não estão conseguindo abrir os comentários: clicam e recebem um erro de javascript. Outras -- imaginem! -- caem numa página... pornô!

YIKES!

Já pedi socorro ao Fábio S. em relação problema de Javascript; por enquanto, tirei uma linha do template, que abria novas janelas para os links. Não sei se vai resolver, mas como essa foi uma pista que ele me deu assim que instalei o sistema e não conseguia resultados de jeito nenhum, é possível que ajude.

Quanto ao site pornô, não tenho idéia do que possa ser o problema! Isso já aconteceu antes com algum de vocês? Alguém tem alguma sugestão? Se não conseguir postar aqui, deixe mensagem no Fotolog, ou por favor me envie um email.

TIA, ou seja: thanks in advance, como dizem na França...

8.9.03



Um arco-íris na Islândia

Há um grupo de islandeses ótimos no Fotolog. São todos simpáticos e ótimos fotógrafos: vai ver que é alguma coisa na água que bebem.

Pois ontem um deles, o Eirasi, apareceu com uma foto deslumbrante. Tão bonita, que ficou com pena de deixar pelos 500 pixels do fotolog, e postou em resolução maior AQUI -- no que fez muito bem.

Não deixem de ver, é uma coisa linda!




Fiz uma covardia: subi uma série de fotos da Tatiana Quintella para o Fotolog! O problema é que, assim a nível de pessoa, enquanto ser humano, eu também preciso tirar uns domingos sem fazer nada; a solução foi partir para o arquivo.

Por falar em não fazer nada: para variar, estou devendo emails a meio mundo.

Desculpe, meio mundo! Prometo que uma hora eu páro quieta e respondo tudo.




Mais uma falha de segurança by M$

Está virando rotina: na quarta-feira semana passada, a Microsoft anunciou um enxame de falhas de segurança, afetando diversos de seus produtos. A mais grave está no Visual Basic for Applications, ou VBA, que a maioria dos usuários sequer conhece, mas que pode afetar as versões 2002, 2000 e 97 do Access, Excel, PowerPoint e Word, e da Works Suite 2002, 2001 e 2000, entre outros. Através dela, uma pessoa do mal pode fazer miséria nas máquinas atingidas. Se você usa Office ou Works vá imediatamente ao site da Microsoft e baixe o remendo (patch) correspondente ao seu caso. Se você não usa nem Office nem Works, mas tem outros programas M$ instalados, vá ao site também e dê uma olhada geral: nunca se sabe.

* * *


Ironicamente, a página de abertura da Microsoft no Brasil traz, no alto, uma grande chamada: “Proteja seu PC: três passos para melhorar a segurança do seu PC”. A meu ver, o primeiro deles, considerando-se o desempenho da empresa nessa área, deveria ser: “Não use produtos M$”; o segundo, “Use Linux”; e o terceiro, “Mude para Mac”.

* * *


Agora, sério: além de ter falhas de segurança inadmissíveis em produtos tão caros, e há tanto tempo no mercado, a M$ tem feito um péssimo serviço também na hora de alertar os usuários para os riscos que correm.

Assim como não hesita em comprar páginas de revista e outdoors para fazer propaganda das suas novidades, deveria, também, comprar espaços de comunicação igualmente importantes para fazer com que os alertas chegassem ao máximo número de usuários possível — em vez de deixar a cargo das publicações especializadas (que a maioria, aliás, nem lê) a divulgação das más notícias. Falha grave no Office, levando-se em conta a quantidade de usuários do produto, era para ser anunciada em intervalo do Jornal Nacional. Como fazem os fabricantes de automóveis com seus recalls.

* * *


Para causar prejuízos ao usuário, as falhas anunciadas dependem, em sua maioria, da abertura de documentos mal intencionados. A essa altura, espera-se que ninguém esteja mais abrindo arquivos anexados de quem não conhece — mas usuários de Outlook que configuraram o Word como editor de HTML, podem ser afetados ao responder ou passar adiante as mensagens bichadas.

Portanto, mais uma vez: barbas de molho, cautela e download imediato de remendos, OK?

Quer um PC mais seguro? Use Eudora



A Qualcomm acaba de lançar a versão 6.0 do Eudora, para mim o melhor programa de email de todos os tempos. Ainda não fiz o download, mas usar Eudora, em vez de Outlook, é, além de tudo, uma garantia de segurança: 99% das pragas que chegam via mailbox são escritas com o Outlook em mira.

Tenho certeza de que escapei de várias infecções não por estar com o antivírus em dia, mas por não usar Outlook em casa. No jornal a decisão não é minha; todos usamos Outlook. E vocês não imaginam como consigo me entender melhor com a mailbox de casa.

O Eudora pode ser encontrado em www.eudora.com, e é oferecido em três versões: light (sem anúncios e gratuita), patrocinada (com anúncios, para quem quiser usá-lo gratuitamente com todos os features) e full, sem anúncios, a U$ 50. Vale!



Fotolog da semana



Agora, toda semana, essa coluna vai apresentar um fotolog diferente. Na estréia, um lobinho simpático, estrela do projeto Wolf — um dos meus grandes favoritos. Wolf vive na Alemanha, aparece a cada dia numa situação diferente e tem admiradores no mundo todo. Em www.fotolog.net/wolf.

(O Globo, Info etc., 8.9.2003)


Emergência felina! (Rio)

7.9.03



Santo Batman! GATOS!!! =^..^=

Geeeeeeente.... vim pra máquina agora, e vi mais uma do Fábio S. --- os comentários agora têm não apenas smilies, mas... gatinhos!!!

IHÚÚÚÚÚÚÚ!!!!



Valeu, Fábio!

ADOREI!



Comentários: Falou & Disse!

Irmãos, irmãos, as nossas preces foram atendidas!

Já temos comentários!

Pessoas influentes junto aos Deuses rogaram por nós e trouxeram a interatividade de volta para este blog.

Aleluia!

Aleluia!



(Em outras palavras, o Matusca mandou um email pro Fábio S., a fera que desenvolveu o Falou & Disse, que por sua vez abriu um espacinho legal lá pro internETC. -- e, de quebra, fez um template com logo e tudo pro blog! -- e pronto...)

Só para vocês terem idéia do poder do nosso novo sistema de comentários: é o Falou & Disse que está segurando as pontas do Flash Blog, aquele movimento maluco inventado pelo Matusca para derrubar todos os servidores da rede.

Então aproveitem, e soltem o verbo!

Bom domingo para todos, mas em especial para o Fábio S. e para o Matusca, heróis deste episódio.

6.9.03



Comentários

Hoje à noite, assim que eu tiver um break, o caso estará resolvido. Aguardem... ;-)

Update: Ainda não está OK, mas em breve estará. Oremos, irmãos!


Hotéis

Estou fazendo uma série de quartos e banheiros de hotel no Fotolog. Assino embaixo do comentário que a Olivinha escreveu nma das fotos:
"Adoro hotel, adoro cama de hotel, adoro cheiro de cama de hotel bom, adoro viajar, adoro avião, adoro aeroporto, adoro mala, adoro passaporte carimbado, adoro ouvir outras linguas, adoro taxi para o hotel, adoro hotel..."

5.9.03





Coisa incrível: o Paulo Affonso conseguiu tirar essa foto lá no Rio Design Barra no momento exato em que o Abel Alves me fotografava! A foto da foto, pode?!

Aliás: não deixem de ir ao Fotolog. Lá -- quando o servidor coopera -- há espaço para comentários, e rola um papo legal.

4.9.03



Mais um flashblog !

O Matusca, que está aqui ao meu lado -- ahá! eu conheço A Múmia! -- avisa que, logo mais começa o Terceiro Flashblog BR! É no http://www.anomia.blogspot.com.

Todo mundo lá!

Se esse post não estiver bem formatado, liguem não: nós estamos nos conectando da Fiametta, uma pizzaria legal aqui na Barra. Pelo Partner... :-)


Ah, sim...

No Fotolog há umas fotinhas novas e espaço para comentários funcionando!


Atenção, galera de Curitiba!

Hoje à noite, lançamento de Geena, do Fábio Marchioro. Fábio é marido da Nancy, do Taperouge -- "blog mãe" deste aqui. O Taperouge, aliás, está fazendo falta.

Mais informações na MEG... as usual.






As revelações do plástico


Ele é básico, descartável e, às vezes, lindo:
mais ou menos como todos nós



Quando eu era criança, o plástico era o último dos materiais. Ninguém negava a sua utilidade industrial, mas dentro de casa, tirando meia dúzia de usos aceitáveis (como brinquedos ou cortinas de chuveiro) era - talvez por ser barato - o que havia de mais desprezível. Qualquer objeto que existisse em qualquer outro material, de pegadores de roupa em madeira a botões em osso ou madrepérola, era automaticamente melhor.

Este conceito não mudou tanto assim de lá para cá. O plástico continua sendo sinônimo de fútil e descartável, embora tenha conquistado o seu "espaço" e não seja mais tão complexado quanto antigamente, quando só saía para a rua disfarçado de mármore ou cerâmica. O que mudou de verdade foi a nossa relação com os objetos, atropelada por uma vida cada vez mais utilitária e transitória. Se nem a família ou o emprego são para sempre, por que logo a cafeteira havia de ser?!

Mudou, todos notam, o próprio tempo, que passa mais rápido até paras as "novidades". E por causa delas. Mas, de repente, descubro o paradoxo: já existem objetos de plástico suficientemente antigos para despertar a nossa curiosidade, quando não admiração. Já existe uma nostalgia feita de materiais sintéticos.

* * *


No domingo passado, fui visitar Gerson de Azevedo Lessa, um amigo de Internet que me seduziu com fotos irresistíveis de bijuterias, jarras e bonecas (www.fotolog.net/galessa). Gerson mora numa casa modesta e simpática em Niterói, onde guarda uma comovente coleção de plásticos antigos.

Há de tudo nela, de rádios dos anos 40 a um pequeno missal de goma-laca, que me ensinou que, no Século XIX, já se faziam plásticos, passando por soldadinhos de borracha e netsukes em celulóide, hoje ecologicamente corretos, mas feitos no Japão nos anos 30 para quem não podia comprar os de marfim.

O que mais me cativou foram as pulseiras, alegres, despretensiosas e, justamente por isso, deslumbrantes. São feitas dos mais diversos materiais, algumas com técnicas tão sofisticadas que, pela mão de obra, podiam ser (e de certa forma são) autênticas jóias. Pensando melhor; muito mais que jóias. Brinquedos.

O que mais me comoveu, porém, foi uma boneca gatinha (no sentido quadrúpede da palavra) feita nos anos 40, na Itália. É de celulóide, e está perfeita, com os bigodes cuidadosamente espetados no focinho, um a um, e com o vestidinho em que o enfeite de maior destaque é um camundongo de feltro cinza.

Ela não é sequer bonita essa gatinha, na acepção clássica que se usaria para definir as antigas bonecas de porcelana; é um pouco primitiva como estética, e um tanto tosca como execução. Esse o seu maior encanto. Ao vê-la, é impossível deixar de pensar na Itália em guerra, nas atribulações da população e, no meio disso tudo, ela sendo feita com cuidado, depois manuseada e guardada com carinho, para que o tempo a envelhecesse como um vinho.

Vem a estranheza: do ponto de vista puramente material, o esforço, o afeto e o tempo consumidos valem mais do que ela. Mas, aqui, na minha frente, ela (me) vale muito mais do que isso tudo.

Essa é, exatamente, a moral da história.

* * *


Enquanto coleções de jóias ou de obras de arte causam admiração e fazem pensar em quem criou aquilo tudo, uma coleção de objetos corriqueiros e singelos toca o coração, e faz pensar em quem guardou as coisas, cuidando para que não se perdessem. Gente comum, como eu ou você, com uma ternura por algo que, para o resto da humanidade, não tinha, e não tem, a menor importância.

Olhe um objeto antigo de grande valor - é normal que esteja bem preservado. Em todos os tempos as obras de arte sempre foram investimentos, e tratadas como tal. Mas essa pulseirinha de bakelite? Esse conjunto de botões e fivelas? A jarra da Goyana?

Uma diferença que a gente só descobre quando vê uma coleção assim, e se emociona com as quinquilharias que já foram a vida prática. E que, neste instante, são toda a nossa memória.

* * *


Por falar em pequenas jóias do cotidiano: “Sete Vidas”, de Heloísa Seixas, é um dos livrinhos mais lindos da temporada! São sete contos mínimos em que todos nós, que convivemos com gatos, nos reconhecemos. Quem não tem essa sorte terá, pelo menos, o prazer do convívio por tabela, através do olhar de Heloísa: terno e amoroso, como deve ser o olhar de um bípede para os animais que lhe dão a honra da sua companhia.

Nem só de texto, porém, se faz este livro. As 63 páginas de “Sete Vidas”, ilustradas por Iran do Espírito Santo, vem embaladas no projeto gráfico de Rodrigo Cerviño Lopez. Fazendo uma analogia com as coleções, reparem: não é tão difícil fazer um livro grande que impressione. Livros que páram de pé sozinhos são, por definição, obras de peso, em todos os sentidos. Difícil é chamar a atenção com um livrinho assim, com sete contos gentis que não querem mudar o mundo.

Sorte de “Sete Vidas”, que nasceu na Cosac & Naify. Nenhuma editora faz livros mais bonitos ou mais bem cuidados, mais gostosos de ver e pegar, mais cobiçáveis.


(O Globo, Segundo Caderno, 4.09.2003)

3.9.03



*SIGH*

Já deu pra perceber, né? Este blog está em cold turkey por ausência de comentários.

Esta nota foi escrita no, e está sendo enviada do Partner. Êta bichinho bão!

1.9.03



Vaidade pouca é bobagem

Deu na Reuters: as brasileiras são as mulheres mais vaidosas do mundo. Apenas um dos dados: 90% delas (quer dizer, de nós) consideram produtos de beleza essenciais, e não supérfluos. A média mundial é 77%.

Sinceramente? Acho que essa notícia me deprime. Não sei bem por quê: estou entre os tais 90%, tenho toneladas de produtos de beleza -- em geral não resisto nem às vendedoras nem às embalagens -- mas fico com a sensação de que há algo malsão aí.

Provavelmente porque sei que, do lado avesso dessa busca pela beleza, está um mercado alucinado, que massacra, sem dó nem piedade, a saúde e a auto-estima das pessoas.




Snifff...

Tá um silêncio isso aqui, né?! :-(




Pixelman, um dos bambas interativos do Fotolog, que sempre trabalha em cima de imagens postadas em outros flogs, acabou de fazer isso. Achei lindo!


No comments

Este blog lamenta informar que os comentários continuam fora do ar.

Os servidores do YACCS foram consertados, mas como é feriado nos Estados Unidos, provavelmente o serviço não será reinstalado antes de amanhã ou, eventualmente, quarta-feira (!).

*sigh*



Como alternativa, os comentários do Fotolog estão abertos, OK?


Não leu o JB de ontem?

Leia... ;-)




Fiz essa foto com o Palm Zire 71


Caramba!

uma atleta entre nós...!



Sinistra e Helenbar

Singoalla de Oliveira e Helena de Barros, as brasileirinhas que brilham no Fotolog são a capa do Info etc. de hoje: duas cariocas engraçadas, bonitas e criativas.

Não deixem de ler, está muito bom!


Do engarrafamento para o mundo (e vice-versa)

Noite de quinta-feira: clima britânico, chuva torrencial e a colunista que vos tecla presa dentro de um táxi, num engarrafamento monstro, rumo ao Rio Design Barra. O que teria tudo para ser um momento de completa exasperação e profunda infelicidade acabou sendo uma aventura curiosa e reveladora, graças a um brinquedinho que me fazia companhia — um Partner, aquele PDA elegante da Gradiente que todos já vimos em anúncios de jornais e revistas mas que eu, pelo menos, ainda não havia encontrado em pessoa.

Dois dias antes, eu recebera um para teste. Mal e mal o desembrulhara; ele estava na minha bolsa justamente para isso, para que no caminho entre um ponto e outro da minha vida, eu o estudasse, e tentasse descobrir como é viver com um deles.

* * *


Abro um parênteses aqui para o óbvio: os meus testes, como já devem ter percebido as pessoas que acompanham este caderno, em geral, e esta coluna, em particular, não têm nada a ver com o approach científico que se encontra nas revistas e sites especializados, que têm laboratórios e comparações rigorosas de desempenho.

O que faço é conviver com câmeras, gadgets e o que mais apareça como um bípede comum, que só recorre ao manual em última instância. Os resultados são tendenciosos e parciais, já que refletem a minha opinião pessoal — baseada, entre outras coisas, em fatores altamente subjetivos, como a sensação do objeto na mão ou o seu design.

É lógico, porém, que o desempenho vem antes de mais nada; se alguma coisa não funciona como deve, sequer escrevo a seu respeito. Fecha o parênteses.

* * *


Então, como ia dizendo, lá estávamos nós no táxi, ele e eu. Confesso que minha primeira reação à máquina, que achei realmente muito bonita e bem acabada, não foi de completo agrado, e por um motivo simples: o Partner é um Pocket PC, e eu sou usuária de Palm OS. Diversas razões me levam a preferir o Palm, da longevidade das baterias sob seu comando à quantidade de programas disponíveis, passando pelo fato nada irrelevante que, enquanto o Palm OS é um sistema desenvolvido especificamente para máquinas de mão, o Pocket PC é uma releitura do Windows.

Acontece, porém, que o Partner é um misto de PDA e telefone, usando GPRS (uma variante de GSM). Graças a isso, pode se conectar à internet. O que está comigo usa um chip da Oi. Eu já o havia usado como telefone, no trajeto de casa para o jornal, e ele se portou excepcionalmente bem. Pois no engarrafamento resolvi apelar para a internet.

* * *

Tudo o que eu posso dizer é... YESSSSS!!!

A maquininha e a conexão da Oi deram um show de bola. Acessei O Globo e o Fotolog, e aproveitei para fazer um post no meu blog avisando ao pessoal que me esperava que estava a caminho.

Já vi protótipos fantásticos de internet móvel em banda larga em carros adaptados pela Qualcomm (em San Diego) e pela Siemens (em Monte Carlo), mas essas foram demonstrações em ambientes controlados. Usei umas poucas vezes o wap do meu celular, apenas para comprovar a sua total inutilidade, pelo menos para mim.

O acesso à web pelo Partner, porém, é web de verdade, conforme a gente conhece. A tela é grandinha, brilhante e legível; a conexão é rápida. As páginas entram logo e, importante, bastante bem adaptadas pelo browser.

Esta foi a minha primeira experiência pessoal satisfatória de internet móvel. Maravilhosa e viciante.

Vou escrever mais detalhadamente sobre o Partner em breve. Por enquanto, mal nos conhecemos; mas eu fiquei tão empolgada com essa conexão móvel que quis contar logo a vocês.

O inferno astral das caixas de correio

Esta foi uma das semanas mais infernais de todos os tempos para as caixas de correio eletrônico. Depois do MSBlast, veio o Sobig e, na seqüência, a onda desastrada das boas intenções. Em casa escapei de quase tudo, mas o jornal foi atingido em cheio pelo Sobig. Resultado: só na minha mailbox foram mais de três mil mensagens dizendo “Thank you”, “Your details”, “I like this!” e assim por diante.

Na sexta, quando achei que o pior tinha passado, começou a tempestade de solidariedade: alertas de gente me avisando que o meu computador estava contaminado, junto com mensagens de gente pedindo desculpas por ter enviado mensagens contaminadas e avisos de gente explicando e/ou perguntando como fazer para se livrar das mensagens contaminadas...

ARGHHHHHHHHHHH!!!

Vamos combinar assim: peço desculpas pela minha máquina e perdôo as máquinas alheias. E agora, pelamordedeus, vamos esquecer esse assunto, OK?


(O Globo, Info etc., 1.9.2003)