1.9.03



Do engarrafamento para o mundo (e vice-versa)

Noite de quinta-feira: clima britânico, chuva torrencial e a colunista que vos tecla presa dentro de um táxi, num engarrafamento monstro, rumo ao Rio Design Barra. O que teria tudo para ser um momento de completa exasperação e profunda infelicidade acabou sendo uma aventura curiosa e reveladora, graças a um brinquedinho que me fazia companhia — um Partner, aquele PDA elegante da Gradiente que todos já vimos em anúncios de jornais e revistas mas que eu, pelo menos, ainda não havia encontrado em pessoa.

Dois dias antes, eu recebera um para teste. Mal e mal o desembrulhara; ele estava na minha bolsa justamente para isso, para que no caminho entre um ponto e outro da minha vida, eu o estudasse, e tentasse descobrir como é viver com um deles.

* * *


Abro um parênteses aqui para o óbvio: os meus testes, como já devem ter percebido as pessoas que acompanham este caderno, em geral, e esta coluna, em particular, não têm nada a ver com o approach científico que se encontra nas revistas e sites especializados, que têm laboratórios e comparações rigorosas de desempenho.

O que faço é conviver com câmeras, gadgets e o que mais apareça como um bípede comum, que só recorre ao manual em última instância. Os resultados são tendenciosos e parciais, já que refletem a minha opinião pessoal — baseada, entre outras coisas, em fatores altamente subjetivos, como a sensação do objeto na mão ou o seu design.

É lógico, porém, que o desempenho vem antes de mais nada; se alguma coisa não funciona como deve, sequer escrevo a seu respeito. Fecha o parênteses.

* * *


Então, como ia dizendo, lá estávamos nós no táxi, ele e eu. Confesso que minha primeira reação à máquina, que achei realmente muito bonita e bem acabada, não foi de completo agrado, e por um motivo simples: o Partner é um Pocket PC, e eu sou usuária de Palm OS. Diversas razões me levam a preferir o Palm, da longevidade das baterias sob seu comando à quantidade de programas disponíveis, passando pelo fato nada irrelevante que, enquanto o Palm OS é um sistema desenvolvido especificamente para máquinas de mão, o Pocket PC é uma releitura do Windows.

Acontece, porém, que o Partner é um misto de PDA e telefone, usando GPRS (uma variante de GSM). Graças a isso, pode se conectar à internet. O que está comigo usa um chip da Oi. Eu já o havia usado como telefone, no trajeto de casa para o jornal, e ele se portou excepcionalmente bem. Pois no engarrafamento resolvi apelar para a internet.

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Tudo o que eu posso dizer é... YESSSSS!!!

A maquininha e a conexão da Oi deram um show de bola. Acessei O Globo e o Fotolog, e aproveitei para fazer um post no meu blog avisando ao pessoal que me esperava que estava a caminho.

Já vi protótipos fantásticos de internet móvel em banda larga em carros adaptados pela Qualcomm (em San Diego) e pela Siemens (em Monte Carlo), mas essas foram demonstrações em ambientes controlados. Usei umas poucas vezes o wap do meu celular, apenas para comprovar a sua total inutilidade, pelo menos para mim.

O acesso à web pelo Partner, porém, é web de verdade, conforme a gente conhece. A tela é grandinha, brilhante e legível; a conexão é rápida. As páginas entram logo e, importante, bastante bem adaptadas pelo browser.

Esta foi a minha primeira experiência pessoal satisfatória de internet móvel. Maravilhosa e viciante.

Vou escrever mais detalhadamente sobre o Partner em breve. Por enquanto, mal nos conhecemos; mas eu fiquei tão empolgada com essa conexão móvel que quis contar logo a vocês.

O inferno astral das caixas de correio

Esta foi uma das semanas mais infernais de todos os tempos para as caixas de correio eletrônico. Depois do MSBlast, veio o Sobig e, na seqüência, a onda desastrada das boas intenções. Em casa escapei de quase tudo, mas o jornal foi atingido em cheio pelo Sobig. Resultado: só na minha mailbox foram mais de três mil mensagens dizendo “Thank you”, “Your details”, “I like this!” e assim por diante.

Na sexta, quando achei que o pior tinha passado, começou a tempestade de solidariedade: alertas de gente me avisando que o meu computador estava contaminado, junto com mensagens de gente pedindo desculpas por ter enviado mensagens contaminadas e avisos de gente explicando e/ou perguntando como fazer para se livrar das mensagens contaminadas...

ARGHHHHHHHHHHH!!!

Vamos combinar assim: peço desculpas pela minha máquina e perdôo as máquinas alheias. E agora, pelamordedeus, vamos esquecer esse assunto, OK?


(O Globo, Info etc., 1.9.2003)

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