19.7.07

Alguns leitores do Noblat


José Zimmerman: "Congonhas é a jóia da Coroa que quebrou, o filé mignon da aviação brasileira, explorado à exaustão e que nenhuma empresa aérea quer deixar de operar em razão da altíssima lucratividade. Durante anos e anos cansei de aterrisar neste aeroporto em Convairs, Viscounts e Electras debaixo de chuva torrencial e nunca aconteceu nenhum problema.

A pista de Congonhas não cresceu para permitir pousos de um A320 no limite de peso. Chegar a São Paulo hoje num jato a 800km/h passando ao lado de edifícios e aproximando-se de uma pista que não tem qualquer área de escape dá medo. Um erro e acabou.

As autoridades aeronáuticas vão ter que convencer as empresas aéreas que ou Congonhas vai servir apenas à aviação executiva ou intermediária com jatos de pequeno ou médio porte, ou os grandes jatos vão ter que diminuir o numero de pousos e decolagens e jamais operarem com sua capacidade total de combustível e passageiros.

Congonhas tem a estrutura básica de pista e área de táxi da década de 40 e isto não há como mudar."


Celso Miguel Skrabe: "Só o relatório oficial explicará o que aconteceu, mas, como piloto, já vivi a experiência da aquaplanagem. Não é nada divertido rodopiar na pista. A questão do grooving é tão importante para a frenagem de um avião em pista molhada como os sulcos do pneu de um carro em uma auto-estrada.

Como os pneus de aviação não têm os sulcos convencionais, já que precisam resistir ao impacto do toque do pouso, a "banda de rodagem" para garantir o controle e o escoamento da água deve estar no solo.

Permitir uma pista sem grooving é como autorizar andar a 200 km. por hora com pneu careca. Não é que os sulcos "aumentam a aderência". Eles evitam que a aeronave perca aderência em razão da formação de um filme de água ou, pior, de água com uma camada de residuos de óleo, o que pode fazer de qalquer pista um sabão."


Genarius: "Não é possível continuar assistindo o massacre de inocentes. O caos aéreo e as tragédias começaram a ocorrer, exatamente, a partir do momento em que se retirou do Ministério da Aeronáutica a administração do Sistema de Aviação Civil.

Isso não é coincidência.

É o resultado da desprofissionalização do setor, da falta de subordinação entre órgãos e da quebra da hierarquia do sistema. A Aeronáutica, organização altamente profissionalizada (e imune a loteamentos de cargos), administrou a aviação no Brasil de 1941 até março de 2006.

Foram 65 (sessenta e cinco) anos de gestão. Sessenta e cinco anos, sem que nada sequer parecido com o que ocorreu nos últimos treze meses tivesse se verificado. Profissionais (militares) foram sendo substituídos por militantes políticos inexperientes. Órgãos que compõem o sistema de aviação civil foram inoculados com essa anomalia brasileira que a cada quatro anos distribui vinte e cinco mil cargos.

Essa prática é inédita no mundo."

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