16.3.05



Enquanto isso, na mailbox do ministro...

Gente, é absolutamente inacreditável, mas há 84 dias -- oitenta e quatro dias! -- a Ana Maria Pinheiro escreve diariamente ao ministro Márcio Thomaz Bastos, seu -- e meu, e de vocês, e dos brasileiros em geral -- funcionário, e até hoje ele não teve a delicadeza, a consideração de responder.

Aos telefonemas do Duda Mendonça, porém, ele atende prontamente.

ARGHHHHHHHHHHHHHHHHH!!!!

Desculpem, mas dessa vez quem vai lá dentro vomitar sou eu; quem sabe a Bia B. não tem um restinho de Plasil pra mim...

No entrementes, leiam, por favor, a carta da Ana Maria -- essa sim, uma Brasileira com B maiúsculo, digna da admiração e do respeito de todos nós:

Exmo. Sr. Dr. Márcio Thomaz Bastos,
Ministro da Justiça,

Surpresa!

V. Exa. estava achando que havíamos desistido das mensagens?! Não!

Enquanto não for julgado o recurso do Ministério Público relativo ao trancamento da ação penal contra Duda Mendonça, Jorge Babu e outros no que diz respeito às acusações de formação de quadrilha e apologia do crime, não pararemos de protestar. No último dia faremos um balanço do nosso case study.

A argumentação contida na decisão do Desembargador Ivan Cury, de que o estouro da rinha Clube Privê Cinco Estrelas representou uma investigação indevida e de que tal diligência não deveria ter sido "federalizada" nos deixa claro que a justiça, além de cega, é desmemoriada e muito distraída. O Dr. Ivan Cury certamente esqueceu de que além dos maus-tratos aos animais, ocorria no clube circulação de dinheiro em apostas ilegais que atingem cifras próximas de R$ 3 milhões, num único período de "campeonatos".

Carros 0km são brindes corriqueiros. Pistola Glock 9 mm foi encontrada no chão, largada durante a debandada provocada pelos policiais. No entanto, o distraído Dr. Ivan Cury, o Terrível, declarou que Duda estava envolvido apenas em crime de menor potencial ofensivo. Meritíssimo, de onde vem o dinheiro das apostas? Para onde vai? Isto lá é crime light?

Se o Sr. Zé Mané quiser circular clandestinamente R$ 3 milhões em apostas num fim-de-semana, ele pode? Não pode. Então por que Duda Mendonça et caterva podem?

Duda Mendonça e Jorge Babu, quadrilheiros de carteirinha, ou ao menos de crachá, conseguiram sair livres e soltos.

Depois a galera se acha no direito de dedicar-se a uma rentável delinqüência e ninguém entende por quê.

Se a investigação relativa ao Inquérito 133/2004 vai ser entregue à Polícia Judiciária do Estado do Rio de Janeiro, o que vai ser dela? Pois o legislador galista, vereador Jorge Hauat Babu, não é policial civil? Como a polícia civil pode investigar rinhas de galo, se um policial civil é criador de galos de briga e fundador de rinha?

À medida que escrevemos, vai surgindo a imagem de um Brasil que parece história em quadrinhos, dessas tão cheias de trapalhadas que ninguém crê que possam ocorrer. Só que o Pato Donald e Margarida armam suas confusões ingenuamente e o mesmo não se pode dizer dos sarcomas que atacam o tecido brasileiro.

Ah, Sr. Ministro, íamos esquecendo de informar: já obtivemos uma cópia do Inquérito nr. 133/2004.

Só lamentamos a omissão da Comissão de Meio Ambiente da Ordem dos Advogados do Brasil-RJ. Puxa, Dr. Wanderley, o senhor bem que poderia ter-nos dado uma forcinha, não? Afinal, abra a Constituição Federal e veja: a tutela da fauna está no Capítulo de Meio Ambiente! E galo o que é? É bicho! E bicho o que é? É fauna!

Ana Maria Pinheiro
Vice-presidente
Fórum Nacional de Proteção e Defesa Animal

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