16.2.08

Ah, sim...

Eu não sou a Petrobrás.

Eu não tenho nada secreto no notebook.

Ainda assim, ele é protegido por um sistema em que a senha é a digital do meu indicador -- e não há hipótese, mas não mesmo, de que eu venha a embarcá-lo em qualquer mala despachada.

Ele vai na bolsa, ali, do meu lado, coladinho.

Nunca viajei com disco rígido com dados, mas, caso o fizesse, seria nas mesmas condições.

Pode ser que a proteção do Vaio seja para inglês ver, e que qualquer um seja capaz de abri-la; mas, para isso, primeiro será preciso roubá-lo de mim.

É claro que, se eu tivesse dados que valem ouro no notebook, o meu disco inteiro seria criptografado. E é claro que o meu notebook teria um sistema de segurança adicional por hardware.

Muito bonita a fé que a Petrobrás demonstra ter no gênero humano ao despachar dados confidenciais pela Halliburton (!); mas que aí tem coisa, tem.

Hoje em dia, sem tiroteios, assassinatos ou, no mínimo, um boa-noite-cinderela, só se rouba notebook com dados confidenciais de quem deliberadamente se deixa roubar.

Update: um amigo que conhece o ramo acaba de me explicar algumas coisas. A primeira é que, há quinze anos, se conhecem esses tais "novos" poços da Petrobrás; e que o levantamento da área foi feito, justamente, pela Halliburton, sócia de longa data da Petrobrás, e uma das duas empresas capacitadas a fazer esse tipo de trabalho. A outra é a Schlumberger. Não há empresas nacionais no ramo porque falta know-how e, sobretudo, porque falta dinheiro: o que custa fazer uma prospecção tão profunda não está no mapa.

Na época, o preço do barril estava tão barato que não compensava a exploração dos poços. Hoje compensa. Até porque, numa feliz coincidência, a tecnologia necessária para explorá-los está mais barata.

A Halliburton não teria, em tese, qualquer interesse no roubo dos notebooks, já que dispõe de todos os dados da Petrobrás, e até de mais alguns.

Ele acha que os notebooks ou foram roubados por gente que não tem a menor idéia do que levou, ou foram roubados para despistar as (futuras) investigações em algum caso de vazamento de dados que já aconteceu, mas ainda não veio à tona.

No primeiro caso, uma questão de desleixo e incúria.

No segundo, só Deus sabe -- mas o tempo dirá.

Eu sou mais a segunda hipótese. Quem tem notebook não dá esse mole. Aí tem coisa.

Com a palavra o Nelsinho que, como todos sabem, trabalha em plataformas de petróleo -- um autêntico "homem do campo":

"A Halliburton do Brasil é uma das tradicionais contratatadas (não sócias) da Petrobras, por ser uma das grandes especialistas mundiais em logging e teste de poços. Outra das grandes especialistas em logging é a Schlumberger, que também é contratada. O conhecimento das enormes potencialidades da bacia de Santos é de fato muito antigo, com a perfuração de vários poços, muito embora o desenvolvimento dos estudos dos campos agora divulgados seja mais recente. É que as reservas são muito profundas e o investimento muito grande, e não compensariam com o barril baratinho.

Não sei o que pensar do caso do roubo, mas estou muito mais para um simples furto de laptops deixados à mão, sem muito a ver com os dados que, sim, são valiosíssimos até pelos enormes custos operacionais que acarretam para serem conseguidos e porque é através desses dados que os especialistas da Petrobras, muito justamente reconhecidos em todo o mundo, desenvolvem suas operações.

Sinto muito orgulho pela Petrobrás, enquanto empresa puramente técnica, por haver conseguido durante aqueles anos de desinteresse mundial, elevar-se a "pace setter" nas operações em águas profundas!

Eu me pergunto: O que "alguém" poderá fazer com aqueles dados? Será que vão pedir resgate?!..."

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