11.9.01

Há um link para este poema do Yehuda Amichai logo ali embaixo, mas o dia hoje não está facilitando o ir-e-vir entre links. A tradução é do Millôr.

Eu, que eu possa descansar em paz


Eu, que eu possa descansar em paz
Eu, que ainda estou vivo, digo;
Que eu possa ter paz no que tenho de vida.
Eu quero paz agora mesmo, enquanto ainda estou vivo.
Não quero esperar como aquele piedoso que almejava
Uma perna do trono de ouro do Paraíso. Quero uma cadeira
De quatro pernas, aqui mesmo, uma cadeira simples de madeira.
Quero o resto de minha paz agora.
Vivi minha vida em guerras de toda espécie: batalhas dentro e fora,
Combate cara a cara, a cara sempre a minha mesmo,
Minha cara de amante, minha cara de inimigo
Guerras com velhas armas paus e pedras, machado enferrujado, palavras,
Rasgão de faca cega, amor e ódio,
E guerra com armas de último forno metralha, míssil,
palavras, minas terrestres explodindo, amor e ódio.
Não quero cumprir a profecia de meus pais
De que vida é guerra
Eu quero paz com todo meu corpo e em toda minha alma.
Descansem-me em paz.

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