23.9.01

A caminho


Como eu já imaginava, quase não deu tempo de arrumar tudo o que precisava para a viagem. As coisas que sempre vêm comigo -- notebook, máquinas fotográficas, microdrive, cabos, baterias, um reloginho com os horários de diversos lugares do mundo, adaptadores de tomada, jacaré para conexões clandestinas em hotéis que ainda não chegaram ao ciberespaço -- costumam ficar juntas no escritório. O diabo é que, com a obra, o escritório não está mais no escritório. O notebook estava na mão, e uma das máquinas também. Mas o resto? E -- pequeno detalhe -- o passaporte? Em que caixa foi atochado? Resumindo a ópera, passei a tarde inteira vasculhando a casa, catando uma coisa aqui, outra ali. Acho que agora estamos todos juntos, mas se isso é verdade mesmo só vou descobrir em Seul.

Mamãe, Laura e Manoela vieram no final da tarde. Mamãe (que é arquiteta) e Laura (que não é, mas é como se fosse) estão assumindo a obra. Tomamos algumas decisões importantes, todas dentro da famosa síndrome do "já que" (tipo "já que estamos com a casa toda revirada, vamos aproveitar e fazer logo uma bancada para o banheiro da Bia"). Enquanto discutíamos essas coisas, a Manoela fez um desenho lindo para mim.

Mais tarde, o Super Rodrigo passou lá em casa e me levou para o aeroporto. Mamãe, que está mais apavorada do que de costume (detesta aviões, e está firmemente convencida de que "Boa romaria faz quem em sua casa fica em paz") veio junto; só isso já torna esta viagem especial. Quando a gente viaja o tempo todo, dá tchau pelo telefone e pega um taxi na esquina.



Mas os tempos estão esquisitos. Muito esquisitos! O aeroporto estava simplesmente DESERTO. Nunca vi nada igual, nem mesmo quando os funcionários dos consulados americanos entraram em greve e todo mundo ficou sem visto, lembram? Entrando para a área de embarque, todo mundo era revistado na mão; o engraçadinho de sempre, que ia na minha frente, perguntou se não podia ser revistado por uma das moças em vez do negão. Nos EUA, tinha ido em cana; como, felizmente, ainda estávamos no Brasil, todo mundo riu, inclusive eu, porque o jeito como ele pediu foi muito gozado.



Na porta do avião havia uma turma de federais revirando todas as bagagens de mão. Todas mesmo. Tiraram todos os alicates, tesourinhas e lixas de unha metálicas que encontraram, e mais os talheres de um mochileiro. O atraso que isso causou foi considerável, e olhem que o avião não estava propriamente cheio. Só imagino o que vai ser isso com um daqueles aviões lotados, carregando três excursões pra Disney...

Estou postando isso de Los Angeles, onde está tudo, ao que me parece, calmo. Agora tenho que correr pra pegar o avião da Korean Air pra Seul. Inté!

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