Do fundo do coração da web
Com a mesma velocidade com que se mobilizou para transmitir as terríveis notícias da tragédia americana — através de e-mails, mensagens nos fóruns de discussão, home-pages criadas às pressas — a internet se mobiliza, agora, para ajudar no que pode. Há uma corrente do bem como nunca se viu dando voltas ao redor do planeta, da imediata e maravilhosa reação da Amazon.com — que, já no dia 11, redirecionava a sua formidável máquina de vendas para arrecadações para a Cruz Vermelha — à não menos rápida, ainda que questionável, atitude da X10, que substituiu o texto dos irritantes pop-ups que anunciam a sua webcam por toda a rede por uma mensagem de solidariedade às vítimas.
Muitas empresas alteraram as páginas de entrada dos seus websites. A Apple criou um link para a Cruz Vermelha; a IBM se oferece para ajudar no que pode e oferece links e números de telefone para os seus serviços de emergência; a eBay substituiu as tradicionais chamadas de leilões pelo endereço de dois fundos de auxílio às vítimas e seus familiares, e um link para doações instantâneas. Como a Amazon.com, a eBay tem um gigantesco know-how para processar transações eletrônicas, e está pondo esta habilidade à disposição de quem quer contribuir.
As empresas de mídia criaram, como seria de esperar, centenas de páginas com informações, orientação e links, seja para quem quer contribuir, seja para quem precisa de ajuda. As sediadas em Nova York, como a Tribune Co. e o New York Times, criaram os seus próprios fundos para arrecadar doações dos leitores, e pelo menos uma, a Cahners, já tem um fundo de ajuda às famílias de dois de seus funcionários que morreram no atentado.
Os exemplos são, literalmente, incontáveis. O MyPoints, portal de compras que dá pontos aos usuários (e que, recentemente, foi comprado pela United Airlines) criou um mecanismo para doação de pontos para a Cruz Vermelha; o Lycos, ferramenta de busca, lançou uma campanha especial e aponta links para todas instituições, centros de informação e demais pontos relevantes da rede.
Quanto aos internautas, eles têm correspondido à altura. Só no site da Amazon já haviam sido recolhidos, até a noite de ontem, mais de US$ 3,5 milhões de dólares, doados por mais de 100 mil pessoas do mundo inteiro.
O Globo, 14.09.2001
Adendo, às 16h20: Já são US$ 4.791.771, doados por 130.385 pessoas.
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