27.9.01

A hora e a vez dos celulares


Tirando a indústria bélica que, a essa altura, está (literalmente) soltando foguetes, este não é um grande momento para o mercado mundial. Uma das poucas exceções está aqui na Coréia, de onde a Samsung, trabalhando mais ou menos em silêncio, vai conquistando uma parcela cada vez mais ponderável do mercado mundial de celulares.

Para quem está neste ramo, aliás, o ataque terrorista aos EUA foi um grande negócio. As vendas dispararam depois do papel dramático desempenhado pelos aparelhinhos, cuja imagem como elo de ligação familiar e dispositivo de segurança foi consideravelmente reforçada. Nem preciso dizer, claro, que este não é um assunto fácil de se discutir por aqui.

O tema é extremamente delicado, e qualquer palavra mal traduzida pode gerar grande constrangimento. Junte-se a isso a tradicional reserva oriental, e pronto: está armada a tal charada envolta por um enigma. Ou vários. Ainda assim, conversando, sobram suficientes meias-palavras para quem é bom entendedor.

Park Sang Jin, vice-presidente da Samsung e seu diretor geral de marketing, confessa, quase consternado, que as vendas de celulares deram, de fato, um grande salto, e não só nos Estados Unidos. Mas ele não gosta de falar em números e acha o quadro todo ainda muito confuso para que se possa chegar a qualquer conclusão definitiva. A médio prazo, confirmando-se a recessão, ele prevê uma queda tão brusca nas vendas quanto o inesperado aumento de agora -- o que equilibraria os bons negócios deste primeiro momento, deixando um saldo geral para a empresa nem melhor, nem pior do que o de antes. Como a maioria dos empresários, ele acha que, na segunda metade do ano que vem, estaremos assistindo à retomada de fôlego da economia.

Por quê?

Boa pergunta. Mas eu não disse que a coisa toda é uma charada envolta num enigma?



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