20.4.05



Questão de ordem

Só para não ter que ficar me repetindo nos comentários: há pessoas que acham que estou faltando com o respeito à fé católica.

Estão erradas; mas, se assim o sentem, peço desculpas. E, com toda a delicadeza, recomendo a leitura de outros blogs, porque há uma forte probabilidade de que venham a se aborrecer por aqui.

Tenho o maior respeito por qualquer fé (ou quase qualquer fé, vá lá) individual. Acho que cada um tem todo o direito de acreditar no que quiser, e de conduzir a sua vida espiritual como bem entender, desde que não prejudique terceiros.

Em relação aos altos representantes de toda e qualquer religião, porém, tenho o mesmo respeito que tenho pelos políticos, em geral. Ou seja: muito pouco.

Ninguém chega a cardeal, papa, grão rabino, aiatolá ou o que seja sem fazer jogadas, derrubar concorrentes, entrar em conchavos.

Há, claro, uma exceção aqui, outra ali.

Há casos em que, por algum mistério do Altíssimo, pessoas com esta sede insaciável de poder topam entrar no jogo sujo pelo bem geral. Até na política.

Mas são raras, muito raras.

Mesmo o Dalai Lama, de quem eu gostava tanto, já está fechando com os chineses.

As pessoas que realmente acreditam estar servindo a Deus sem segundas intenções o fazem humildemente, ajudando aos seus semelhantes, sendo caridosas e tolerantes. Acho que todos nós conhecemos pessoas assim, admiráveis pelo seu humanismo e despreendimento: padres, monges, babalorixás, rabinos, freiras, mães-de-santo...

Por essas pessoas eu tenho um respeito enorme.

Pela fé dessas pessoas eu tenho a maior admiração.

Mas por favor me popupem de confundir a fé, qualquer que ela seja, com os seus representantes. Isso é fazer muito pouco de algo muito maior do que qualquer um de nós -- inclusive o papa.

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