10.4.05




Deu na Zero Hora

Desculpem estragar assim o domingo de vocês, mas estou horrorizada com o que acabo de ler: meia dúzia de monstros disfarçados de mauricinhos mataram, em Pelotas, de forma gratuita e cruel, uma cadelinha de rua.

As pessoas que cuidavam da bichinha, grávida e amiga de seus vizinhos bípedes, estão revoltadas; mas, embora um dos suspeitos já tenha sido identificado, taí mais um caso que, desconfio, não vai dar em nada.

Num país em que matar gente é coisa cada vez mais corriqueira, o que é a morte de um animalzinho?
Massacre de cão em Pelotas revolta população

Cadela foi amarrada em pára-choque de carro e arrastada até a morte pelas ruas na madrugada de quarta-feira

Os pelotenses ainda tentam encontrar uma explicação para uma cena chocante ocorrida na madrugada de quarta-feira, no centro da cidade. Uma cadela de rua foi amarrada por jovens no pára-choque de um veículo e arrastada por mais de cinco quadras. Pedaços do animal e dos filhotes que nasceriam em um mês ficaram espalhados pelo asfalto.

Preta era o xodó da vizinhança. Recebia comida, carinho e tratamento de saúde. Quando nascessem, seus filhos já tinham endereço certo. Michele Silva, 29 anos, que cuidava da cadela há mais de um ano, estava se preparando para recebê-la em casa depois do parto e havia conseguido donos para a ninhada.

-- Ela era toda preta com uma mancha branca no pescoço. Era uma pastor belga misturada. Muito dócil -- relembra Michele, proprietária de uma pet shop localizada nas proximidades do local onde a cadela foi morta.

Em mãos, ela tem uma lista com mais de 15 nomes de pessoas que ajudavam o animal. Durante o dia, a cachorra recebia comida dos moradores e de estudantes de Odontologia, cuja faculdade se localiza próximo ao lugar onde Preta vivia. À noite, ela se instalava junto à churrasqueira de um bar. Lá, tinha o privilégio de ter carne assada somente para ela.

-- Era nossa amiga. Não dávamos restos. Tirávamos o churrasco do espeto mesmo -- revela um morador que prefere não se identificar por medo de retaliações.

A madrugada de quarta-feira já começava quando um grupo de jovens bebia no bar onde Preta costumava passar as noites. Por diversão, eles amarraram a cadela em um poste.

-- Meu irmão chegou e pediu que eles a desamarrassem porque era mansa e não machucava ninguém. Ficaram todos rindo. Isso foi lá pelas 3h -- lembra um morador que estava no bar.

Michele e alguns amigos, que estavam em outra mesa do bar, escutaram os gritos de Preta de longe. Acharam que a cadela havia sido atropelada. De repente, viram os rapazes em dois veículos, e a amiga peluda sendo arrastada por uma corda pela rua.

-- Eles andaram com ela por mais de cinco quadras. Corremos para pegar o carro e saímos atrás. De nada adiantou nosso pranto. Eram jovens, de boa aparência. Para mim, isso é coisa de gente que não tem coração -- diz Michele.

Os moradores próximos que costumavam ajudar Preta estão revoltados com a violência contra o animal. A foto da cadela ainda está no mural do bar onde ela costumava se abrigar.

A polícia abriu inquérito para investigar a queixa de crueldade contra a cachorra. Segundo o delegado Osmar Silveira dos Anjos, três pessoas já haviam sido ouvidas ontem. Um dos supostos envolvidos, de 21 anos, já teria sido identificado. A polícia deverá ouvir ainda outras testemunhas do fato. As investigações deverão apontar de que forma os responsáveis poderão ser punidos. (Caroline Torma)
Sou radicalmente contra a pena de morte, mas juro que, nos últimos tempos, este radicalmente vem sendo bastante abalado pelo noticiário.

Que possibilidade de recuperação têm esses covardes? Qual é a chance de que pessoas que matam por prazer criaturas indefesas venham a se tornar, algum dia, membros produtivos da sociedade?

O que fazer com essa gente?!

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