2.4.05



À espera do próximo papa

Durante os próximos dias, vamos ter uma overdose de papa: cadernos nos jornais, especiais de televisão, CDs e DVDs nas bancas, websites...

O que não falta é material.

João Paulo II teve uma vida notável; além disso, nunca houve papa mais filmado e fotografado em toda a história mundial.

Ressalta-se que este foi o "papa peregrino", o papa que mais países visitou, o papa que foi até o povo -- mas o fato é que este foi o primeiro papa da era da mídia, o primeiro papa de um tempo de televisão universal, jatos confortáveis e cultura de celebridades.

Este foi o primeiro papa realmente pop.

Homem indiscutivelmente carismático, ele soube aproveitar tudo isso com grande talento. Teve uma importância política inquestionável e tornou-se uma figura familiar a todos, a tal ponto que, neste momento, o mundo inteiro está abalado com a sua morte, independentemente de credo.

Mas espero, contra todas as evidências e previsões, que o Vaticano escolha agora um papa mais antenado com o outro lado dos tempos: um papa que não condene o divórcio e o homossexualismo, que não seja contra o exercício de um papel maior das mulheres na igreja e, sobretudo, que não lute contra o uso de camisinhas na prevenção da Aids.

O mundo está frágil demais, a vida está difícil demais para que os católicos ainda tenham que se torturar com dogmas que trazem, em si, a garantia da mais plena infelicidade.

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