6.2.02




Ouvindo Amália

A observação é mais do que batida, mas nunca deixo de me impressionar com a influência moura na cultura da Península Ibérica. Se a gente fizer de conta que não entende a língua -- o que, cá entre nós, nem é tão difícil, no mais das vezes, a gente tem que fazer de conta é que entende -- esses fados podiam ser música de qualquer ponto do Oriente.

Fafá canta alguns deles (na minha opinião tão bem que nunca sei qual das duas prefiro, leituras radicalmente diferentes), mas na voz dela há uma indisfarçável exuberância brasileira, enquanto a essência da Amália, assim como a da Theresa Salgueiro, da Madredeus, é de uma profunda melancolia, aquela atávica tristeza que nós sempre achamos tão estranha quando vamos a Portugal.

Aliás, Portugal. Que saudade.

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