26.1.02




Zero para o Terra

Durante algum tempo, fui usuária do Terra. Isso era necessário porque eu contratei o Velox, DSL da Telemar e, na época, o Terra era o único provedor que trabalhava com o Velox. Detestei de saída a forma de cadastro do serviço, que só me permitia acessá-lo como Rio1005952 (bem fácil de decorar, né?) mas, apesar disso, convivemos sem incidentes até que, há cerca de dois meses, o cartão de crédito do qual eram debitadas as mensalidades venceu e, conseqüentemente, uma delas foi para o espaço.

Recebi o aviso do Terra, e prontamente entrei com um novo número de cartão na página de administração da minha conta. Simples, não? Não. Enfaticamente NÃO. O pagamento da mensalidade vencida tem que ser feito através de boleto bancário. Que tem que ser impresso.

Uh? Boleto? Impresso? Diga isso a um notebook solto no mundo...! Por que boleto bancário? Por que não aceitar o bendito cartão?
Telefonei para o suporte, onde fui atendida por uma afável máquina que me ofereceu diversas opções que, por sua vez, me ofereceram diversas outras opções. Não havia humanos disponíveis no momento.

Deixei para resolver depois. Enquanto isso, como a nova mensalidade estava OK, achei que podia viajar e resolver a parada assim que voltasse. Nada pior do que uma multa poderia me acontecer em dois meses, certo?

Errado.

Quando voltei, meu acesso à Internet estava cortado. OK, isso é o que acontece a usuários inadimplentes. Fiz uma conexão discada através do ISM, que continua sendo o meu provedor favorito (e que agora, felizmente, já tem Velox), e fui checar a minha correspondência através do webmail do Terra, para onde estavam sendo encaminhadas as minhas mensagens.

E foi aí que descobri que o Terra não é apenas burocrático e complicado. É também, e principalmente, ruim, muito ruim. No sentido “perverso” da palavra. Vá lá que, para se defender de usuários inadimplentes (ainda que pagantes) um provedor corte-lhes o acesso. Vá lá (até!) que os impeça de enviar e-mails até que regularizem sua situação. Mas impedir alguém de ver o e-mail que lhe foi legitimamente enviado é um comportamento feio, impiedoso, desumano e, possivelmente, criminoso.

Tenho certeza de que o Terra haverá de ter mil razões contábeis e “legais” para se justificar. Não me interessam. Um provedor de serviço internet tem uma função social da maior importância, e NÃO PODE tratar dessa forma os seus usuários. Muita gente depende de correio eletrônico para viver.

As minhas mensagens, naturalmente, estavam a salvo na Well, onde sou feliz há mais de dez anos -- e onde, uma vez, por uma confusão de cartão semelhante, passei vários meses sem pagar a conta sem que nada de mal me acontecesse: afinal, eles me conhecem, e eu conheço eles.

Quanto à minha conta no Terra, foi oficialmente encerrada, apesar da amabilidade e da compreensão manifestadas pela atendente (humana!) assim que soube que o Terra não veria mais a cor do meu dinheiro.

Olha aqui, ó Terra, amabilidade e compreensão a gente dá mostrando respeito consistente ao usuário!

Sinto, mas vocês não passaram no teste.

O Globo, 28.01.02 -- é isso mesmo, vocês estão lendo antes de todo mundo!

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