27.3.07

Nokia 93: paixão total

O N93, uma das jóias da poderosa série N da Nokia, não é um celular para qualquer um. Nem falo do ponto de vista financeiro, que faria desta afirmação uma completa platitude, mas sim do ponto de vista do usuário: é grande, é estranho no seu jeito origami de ser e, sobretudo, tem uma íngreme curva de aprendizado, especialmente para quem não tem familiaridade com filmadoras. Pois isso é o que ele é: um celular com alma de filmadora, assim como o Sony-Ericsson K790 é um celular com alma de câmera digital -- a tal ponto que atende pelo nome de Cyber-shot.

Nunca fui de fazer imagens em movimento; nunca tive filmadora e raríssimas vezes uso o modo de filmar das minhas câmeras. Conseqüentemente, estranhei um pouco o N93 quando fomos apresentados um ao outro. Eu já conhecia o conceito desde 2005, quando o N90 chegou ao mercado; mas, se nunca tive vontade de substituir meu celular do momento pelo N90, o mesmo não posso dizer deste seu irmão mais novo, mais leve, mais inteligente.

Estamos juntos há cerca de duas semanas e, durante este tempo, em nenhum momento tive saudades de qualquer outro aparelho. Não que eu seja tão ingrata e infiel, e me esqueça dos meus queridos pelo primeiro bonitão que aparece; é que o N93 é um aparelho absolutamente fascinante, não só como ferramenta de comunicação, mas como feito tecnológico. Autêntico computador de bolso, tudo nele é bem pensado e extremamente bem desenvolvido; fico tonta só de pensar nos obstáculos que tiveram de ser superados para dar ao flip da tela toda a sua mobilidade.

Uma das características mais interessantes dessa maquininha maravilhosa, presente em outros aparelhos Symbian da mesma geração, é o uso de comandos de voz avançados -- aqueles que a gente não precisa gravar antes, já que criam automaticamente "marcas vocais" para contatos e comandos, reproduzindo os sons dos fonemas. Na dúvida sobre a pronúncia que o celular "entende", basta tocar a marca vocal. Outro bom uso para elas é configurar o telefone para que, além de tocar, fale o nome de quem está chamando. Ele tem um sotaque mecânico de estrangeiro educado que lhe cai muito bem...

A lente por trás da câmera do N93 é uma Vario-Tessar da Zeiss de 3.2Mp, com zoom óptico de 3x, praticamente um milagre num celular. Ele tem estabilizador, trata imagens muito bem, tem um ótimo software para edição de fotos e vídeos e pode ser conectado a uma televisão para exibição de slides ou filminhos. Detalhe: o tamanho dos filmes é limitado apenas pelo espaço que se tem no cartão, mas como já vem com um mini SD de 512Mb, é possível fazer quase um épico em termos de You Tube.

Seria preciso um espaço maior do que o que tenho para fazer a lista completa da sua infinidade de recursos e das suas muitas qualidades. Assim, aponto o que é, até agora, o único defeito que encontrei -- uma certa falta de conforto para falar, causada pelo cilindro que abriga a câmera.

Pode-se argumentar que, em se tratando de um telefone, este é um defeito grave; no entanto, definir o N93 apenas como telefone é subestimá-lo demais. Além disso, pelo próprio tamanho, ele é o típico celular que clama pelo uso de um headset Bluetooth, alternativa meio nerd, mas tão confortável, que é difícil voltar atrás depois de se acostumar a ela.

Este é, então, o celular que eu recomendo a quem quer um excelente aparelho com uma câmera fantástica? Não, não é. Ele é o celular que eu recomendo a quem quer um excelente aparelho com a melhor filmadora do mercado. Se você não tem interesse em filmar com o celular, opte por um Nokia N80 ou um SE K790. Mas se está curioso em trilhar novos caminhos, nesse momento não há nada sequer remotamente parecido ao N93 na praça.

Para ver alguns dos filminhos que fiz com ele, vá a imagens.notlong.com.


(O Globo, Info etc., 26.3.2006)

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