19.9.05



Ninguém é bom por nada...

O Ribondi escreveu um texto tão bonito e delicado nos comentários que eu não quis correr o risco de que passasse despercebido de vocês.
"Aquele negócio que aquele moço disse lá no outro post sobre pretos e problemas sociais -- que bobagem. Cair na farra, brincar com gatos e cães, beijar na boca, gozar até revirar os olhos, comer comida boa (eu disse boa e não necessariamente cara), viajar pro fim do mundo ou até ali na casa da avó da gente são das boas coisas da vida. Ficar satisfeito não aliena ninguém.

E eu disse ficar satisfeito porque, sim, acho que a felicidade é coisa mais complicada. Ser feliz sozinho é matematicamente impossível porque a felicidade é conta de somar sem nove fora: ou vai todo mundo ou não vai ninguém.

Por que? Quem explica isso de maneira irrevogavelmente brilhante é o poeta Newton Braga, irmão de Rubem Braga -- sendo que o Rubem, que foi pro Rio, ficou famoso e o irmão, que nunca saiu de Cachoeiro de Itapemirim, só era conhecido da gente lá mesmo. Na praça de Cachoeiro tem o busto dele e, na placa de mármore ao lado, um poema que eu lia todo dia a caminho da escola, com palavras que ficaram pra sempre impressas em mim, e que era assim:

"A sensibilidade,
esta antena delicadíssima,
me ligando a todas as dores do mundo,
e que me fará morrer
de dores que não são minhas."

Pela oportunidade de todo dia passar em frente ao busto do Newton Braga e ler esse poema aí, e só por isso, eu acho que tive uma baita de uma sorte de ter crescido lá em Cachoeiro."

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