11.5.04



Beberam mal MESMO!

Estou pasma com a atuação do governo brasileiro. Cassar visto de jornalista é coisa de regime totalitário; mas, tirando isso, é de uma falta de inteligência -- digamos assim -- que clama aos céus.

E que, honestamente, me preocupa ainda mais do que os aspectos arbitrários da medida.

A repercussão da reportagem de Rohter sobre os supostos porres do presidente não teve uma fração da repercussão que vai ter a notícia da sua expulsão -- que, na seqüência, ainda vai amplificar o tema das bebedeiras palacianas. Sendo que, se ele não conseguiu provar a questão etílica, a atitude totalitária do governo brasileiro prova-se por si mesma.

Até esta tarde, Larry Rohter era o vilão da história: um jornalista irresponsável e preguiçoso, que não soube fazer o dever de casa. Ponto.

Agora é um mártir da liberdade de expressão.

Será que ele merece essa honra?

Será que o New York Times, o jornal de Jason Blair, ainda está com essa bola toda?

* * *

Aliás: está se fazendo confusão demais em relação a essa história. Como estamos todos por aqui com os americanos, pouca gente está considerando o caso com objetividade.

As falhas do presidente deles não vêm absolutamente ao caso. Mas imaginem só se os Estados Unidos -- país cada vez menos democrático, diga-se -- expulsasse todos os jornalistas que falam mal de Bush, ou negassem visto a quem já o esculhambou?

Não ia sobrar um só correspondente estrangeiro em Washington para contar a história.

Ah, sim: eu ia esquecendo um detalhe. Larry Rohter (que eu não conheço) mora há anos no Brasil e é casado com uma brasileira, com quem tem um filho. É provável que, recorrendo à Justiça, consiga reverter a expulsão.

Quer dizer: além do vexame de expulsar o jornalista por ter feito uma reportagem ruim, o governo ainda pode pagar o mico de ter de "desexpulsá-lo".

Que papelão.

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