7.10.01

Quanto pior, melhor


Em poucos ramos da atividade humana o velho axioma "quanto pior melhor" funciona tão bem quanto no tele-jornalismo. O ser humano é uma espécie esquisita que, aparentemente, não gosta de boas notícias; quando o mundo está relativamente calmo, os telejornais têm que disputar a audiência ponto a ponto com qualquer filmeco ou novela em cartaz. Em tempos agitados como os que estamos vivendo, porém, não há notícia que baste -- e nem a gente quer outra coisa. Desde o ataque aos Estados Unidos, a humanidade (ou, pelo menos, aquela parcela da humanidade que tem televisão) não consegue se afastar das notícias. Ninguém agüenta mais ouvir falar sobre o assunto mas, paradoxalmente, ninguém consegue mais falar sobre outra coisa.

Para a CNN, que andava mal das pernas e chegou a apelar para o redesenho do seu visual e a contratação de uma modelo como âncora, o 911 foi uma injeção de ânimo: de repente, o mundo inteiro estava novamente interessado em notícias, apenas notícias. Mas, entre as emissoras estrangeiras, a grande vitoriosa na América Latina está sendo a BBC que, com correspondentes permanentes espalhados pelo mundo inteiro (são 58 sucursais internacionais, com um total de 250 jornalistas), está dando um show de bola na cobertura. Do dia 11 para cá, a emissora estima que novos 300 mil espectadores latino-americanos passaram a assistir regularmente ao BBC World, seu noticiário 24 horas, e principal concorrente dos noticiários da CNN.



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