27.7.04





O Caso Pipoca:
considerações


  • A minha primeira pergunta continua sendo por que levaram a Pipoca. Gente que recolhe animais de rua normalmente sabe distinguir os animais que estão sendo cuidados dos sem dono.

  • Supondo que a tenham levado na melhor das intenções, por que não a devolveram quando entramos em contato?

  • Por que tantas mentiras? Por que mentir para o Zeca, para mim e, finalmente, para a polícia? Por que isso?!

  • A polícia foi fundamental para encontrarmos a Pipoca. Sem os inspetores Luiz Prates e Marcelo Cupello, nunca teríamos encontrado a gatinha, que teria passado o resto dos seus dias na maior infelicidade, presa entre outros animais, longe dos seus banhos de sol, dos seus amados ratos e do chamego da gente. E logo aqui ao lado! Agradeço de coração a essa turma legal da 14a, do Leonardo Hazan, que me atendeu no balcão naquele domingo chuvoso, ao delegado Rafael Menezes: eles reforçaram a minha fé na cidadania.

  • O Zé e eu conversamos e chegamos à conclusão de que a Pipoca deve viver exatamente como vive, solta no jardim e na garagem, curtindo os prazeres felinos. Ela nasceu no prédio e está acostumada à liberdade de ir e vir, de tirar sonecas nas pedras quentinhas do sol, de se aninhar sobre o capô dos carros que chegam à noite. Ela dorme com o Zé e a Sílvia (mulher dele) e faz a sesta no sofá da sala. Quando está calor, o Zé até liga o ventilador de teto para que se refresque. Mas ela só fica em casa se quiser. Não vamos trancar a bichinha a essa altura.

  • Aqui nos comentários algumas pessoas falaram em dar um lar à Pipoca. Ela tem lar e tudo o que precisa. Toma vacinas, vai ao veterinário quando necessário e, às vezes, até toma uns banhos. Se fica imunda é por gosto, por se meter entre as coisas da garagem ou rolar na terra. Está muito mais feliz assim do que estaria dentro de uma casa -- que, para um gato, não é necessariamente um lar.

  • Pipoca vai, naturalmente, passar a usar uma coleirinha com o meu telefone.

  • Não vou negar que tenho medo de vinganças contra ela. Então, mais ou menos como Don Corleone naquela cena antológica do Poderoso Chefão, declaro que sou supersticiosa. Ao pessoal que levou a gatinha, e que sei que anda lendo este blog: por favor, vamos deixar as coisas como estão! Vocês esquecem a minha gata e eu esqueço vocês. Se qualquer coisa acontecer à Pipoca nos próximos meses -- sumiço inexplicado, envenenamento, atropelamento, o que seja -- eu volto à delegacia, e volto com raiva.

  • Mas enfim, bem está o que bem acaba. E agora, vamos dormir!
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