7.2.03



Wotzik viu a week

Meu amigo Eduardo Wotzik é homem de teatro mas, volta e meia, escreve um artigo -- e escreve muito bem. Hoje, por causa da coluna do Segundo Caderno, me mandou um texto que escreveu quando viveu a sua (dele) experiência fashion. Vejam que ótimo:
"Uma vez fui assistir a um desfile desses, de moda e beleza, um Fashion Rio. Então, estacionei. Um evento. Sentei. Outro evento. Apagaram-se as luzes. E o que vi: Minha gente, o que era aquilo?! Achei que ia ter um pesadelo. Aquelas mulheres daquele jeito, andando daquele jeito, sob um som alucinante, uma após outra, de biquini e salto alto, desfilando, definhando, ali na minha frente, sem parar. Eu estava sentado bem na ponta da passarela, e elas vindo na minha direção, como um exército. Meu Deus, que susto! Eu não gosto mais de mulher. Quem que mandou elas andarem daquele jeito?! E de biquini. Se elas forem a praia andando daquele jeito, de sapato alto, serão abatidas a tiros. Daquele jeito é que vende? Não é possivel. Elas devem estar de castigo. Alguma coisa elas fizeram durante a semana pra colocarem elas ali com aquela luz branca e chapada que mostrava toda as dobras das pernas, todas as marcas dos pancakes, todas as deformações, coitadas. E a sem gracice que ostentavam? Tá certo que elas fotografam lindo, que filmam melhor ainda, para lentes são deusas, mas ali ao vivo foi das coisas mais feias e assustadoras que já vi em vida. Ideal de beleza? Gente, ali ao vivo. Elas são deformadas. Deformadas no rosto, deformadas no peito, deformadas nas pernas, nas não bundas, deformadas e reformadas, já não sei a diferença. Aquilo é doença! E deformadas na cabeça também, pelo que andam declarando por aí. Alguém tem de dizer que isso não é ideal de beleza. Que isso é nada. Vazio. Magreza. Falta de tudo. Ode ao cabide. É a maior demonstração de falta de alimento em todos os sentidos. Enfim, se é pra falar de beleza: Viva Tônia Carrero!" (Eduardo Wotzik)

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