Um silêncio aterrador
"Refletir sobre a guerra é pensar nas mais terrível das experiências humanas. Nesta manhã de fevereiro, no instante em que esta Nação se encontra às vésperas da batalha, cada americano deveria estar refletindo sobre os horrores da guerra.
Entretanto, esta casa está, em sua maioria, silenciosa --- inquietante e assombrosamente silenciosa. Não há debate, não há discussão, não há qualquer tentativa de se mostrar à Nação os prós e os contras desta guerra em particular. Não há nada.
Aqui no Senado Federal dos Estados Unidos estamos mudos e impassíveis, paralizados pela nossa própria incerteza, aparentemente atordoados pelo tumulto dos acontecimentos."
Esta é a abertura de um discurso proferido pelo senador Robert Byrd na última quarta-feira, dia 12. Não tenho tempo para traduzí-lo todo, mas a íntegra -- que merece ser lida -- está aqui. É uma peça de oratória da melhor qualidade, cheia de brilho, bravura e verdade.
Fui procurar mais informações sobre o homem que teve a coragem de dizer palavras tão justas e corajosas num momento em que a oposição não está sendo vista propriamente com bons olhos lá em cima, e descobri a única coisa que atrapalha o discurso: a biografia do autor. Com 85 anos, há 50 representante democrata de West Virginia, Robert Byrd, decano do Congresso, defensor dos direitos dos animais e um dos mais veementes críticos de George W. Bush, participou ativamente da Ku-Klux-Klan na mocidade e, ao que parece, continua racista até hoje.
A única coisa que posso dizer é que mesmo um relógio quebrado tem razão duas vezes por dia.
De resto, para variar, fico com Shakespeare, que previu tudo:
"Desgraçado do tempo em que os loucos guiam os cegos."
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