Tem dias em que o tampo da minha escrivaninha parece display de operadora ou parque de diversões, conforme a interpretação de quem vê. Agora mesmo estão espalhados, disputando espaço com livros, canetas e papeizinhos de anotações, o velho Nokia N95, o Motorola Atrix, o Samsung Galaxy S, o Iphone 4 e o Nokia E7, além do iPad e do Samsung Galaxy Tab.
O Nokia N95 está em cima da mesa porque ainda não tive coragem de guardá-lo na gaveta. Os outros convivem constantemente porque o meu simcard passeia entre um e outro, enquanto peso as vantagens e desvantagens de cada um. A exceção é o iPhone, que uso como mini-tablet internet e, desde que me viciei em Instagram, câmera fotográfica e ferramenta de tratamento de imagens.
No momento, o objeto de estudos é o Nokia E7, a respeito do qual escrevi semana passada. Muita coisa me agrada nesse aparelho, a começar pelo tamanho e pela pegada – gosto de telefones grandes, que passam a sensação de produtos bem acabados, coisa que ele inegavelmente faz. Gosto também do lado executivo deste smartphone, com uma agenda ótima que, como todo Symbian, ele otimiza mostrando na tela inicial os próximos compromissos.
Os Androids também podem fazer isso, através de widgets, sendo que o Atrix (e os demais Motorolas) fazem melhor por expor não só o próximo compromisso, mas os próximos dois ou três. Para mim, este é um dos calcanhares de Aquiles do iPhone. Para pessoas distraídas e desorganizadas como eu, uma agenda que se precisa abrir equivale a agenda nenhuma.
Gosto muito também do teclado QWERTY, como disse na semana passada. É pequeno mas funcional. Gosto da tela, e gosto da possibilidade de personalização, um meio termo entre o Android e o iOS: venho de uma longa linha de aparelhos Symbian, de modo que o seu jeito de ser me é muito familiar. O som é outro atrativo do E7, que toca música suficientemente alto para que se possam dispensar os headphones em locais mais silenciosos. A porta HDMI é outro ótimo atrativo, capaz de transformá-lo num player de bolso. Conectei-o à minha TV e ele funcionou lindamente.
Do que não gosto, por enquanto: acho a tela sensível demais. Basta pegá-lo para que se abram janelas que não foram pedidas. Digo “por enquanto” porque a convivência com todo aparelho é uma questão de jeito e de hábito. Preciso conviver mais com ele para ver se este problema é realmente um problema, ou uma falta de jeito minha.
Do que não gosto, definitivamente: da geringonça que aumenta e diminui o volume (um botão deslizante) e, grande tristeza, da câmera de 8 Megapixels... com foco fixo! Parar piorar o sentimento de frustração, a bichinha sabe reproduzir cores com talento e tem o detalhe fundamental que, hoje, falta a tantos celulares de ponta: um disparador físico na lateral do aparelho. Ela tem também uma abrangência de grande angular muito útil e interessante.
É verdade que a especialidade da linha E da Nokia nunca foi multimídia, terreno da linha N. De certa forma, a câmera no E7 pode ser considerada um plus a mais, como disse não sei quem a respeito não sei do quê. O E7 com a câmera do N8 seria imbatível, mas talvez não se possa ter tudo num smartphone só.
A camerazinha capenga tem todos os controles que as boas câmeras de celular têm, mas o acesso a esses recursos não é automático. É preciso clicar no ícone de Ferramentas, na primeira tela, para ter acesso, enfim, aos modos de cena, detecção de rosto, controle de branco, ISO e por aí vai. Esta é, claro, uma queixa típica de usuária dos antigos Nokia, em que os controles ficam todos em cena, ou de usuária Android.
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O aplicativo de hoje é para Symbian, e pode ser baixado da OviStore. Chama-se Automatic Panorama, e faz exatamente o que o nome diz – panoramas automáticos. Exemplo acima. Clica-se para começar a sequência de fotos; depois é só girar o aparelho, lentamente, e fazer coincidir os retângulos apresentados na tela, que ele faz as capturas sozinho. Finaliza-se o take com um novo clique. De todos os aplicativos do gênero que conheço, é o de que mais gosto.(O Globo, Economia, 11.6.2011)
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