29.11.04




s+arck, o mouse

Um dia ganhei um mouse lindo de presente. Era transparente e tinha uma luz vermelha no coração, mas ? tristeza! ? era Mac, e eu sempre fui PC. Lá se foi o ratinho para um amigo, enquanto eu voltava para o camundongo cinza e mixuruca que habitava minha escrivaninha. Aos poucos, porém, os mouses foram ficando cada vez mais chiques e elegantes. A evolução faz sentido. Por mais caros que sejam, eles são sempre relativamente baratos dentro do contexto hi-tech; e mesmo quem não troca de computador há anos provavelmente já trocou de mouse neste meio tempo, até porque ainda não se inventou um que resista, invicto, à inclemência do uso.

Agora, a Microsoft lançou uma novidade que tem tudo para virar tendência: mouse de autor, com preço à altura. Desenhado por Philippe Starck (mais conhecido pela concepção de hotéis em que a decoração é o máximo para que a gente esqueça que os quartos são mínimos) o s+arck é mesmo um lindo objeto. Não parece confortável à primeira vista mas, surpreendentemente, é muito agradável de usar ? e melhor ainda de ver em cima da mesa, com a sua faixa de luz colorida.

Em tempo: eu sei que o plural de mouse é mice , mas o cotidiano tecnológico brasileiro tem razões que a gramática desconhece.

A balada do bordel virtual

Na semana passada, a Delegacia de Repressão aos Crimes pela Internet fechou um bordel virtual aqui no Rio. As moças foram interrogadas e liberadas, mas os donos foram para a cadeia. Seu crime? ?Manter, por conta própria ou de terceiro, casa de prostituição ou lugar destinado a encontros para fim libidinoso, haja, ou não, intuito de lucro ou mediação direta do proprietário ou gerente?, conforme reza o artigo 229 do Código Penal.

Pois alguém precisa avisar urgentemente à delegada titular da DRCI que, num bordel virtual, não se realizam encontros , seja para fins libidinosos ou não. Neles há apenas mulheres peladas diante de webcams, usando a imaginação e brinquedos eróticos para satisfazer pedidos teclados por usuários do outro lado da tela, quando não do outro lado do mundo: o site era fechado a conexões feitas do Brasil, para preservar a identidade das funcionárias.

Custa crer que, a essa altura do campeonato, ainda se encontre, em plena cidade do Rio de Janeiro, tal grau de hipocrisia e de obscurantismo. Enquanto a zelosa delegada cuida de proteger moças que não pediram proteção, continua aberta a temporada de caça aos turistas não-virtuais que se arriscam pelas ruas.

(O Globo, Info etc., 28.11.2004)

Update: a propósito da questão do bordel virtual, achei muito interessante um dos comentários feitos aqui no blog, mas que vocês talvez não tenham visto porque o post a que ele se refere já está lá no pé da página.

A gente não deve acreditar em tudo o que lê na internet, e manda o bom senso desconfiar de todas as fontes desconhecidas mas, sinceramente, não vejo nenhum motivo para não acreditar na procdência do comentário, supostamente assinado por três das moças que trabalhavam no indigitado bordel:
"Isso que aconteceu é ridiculo. Somos o que essa delegada chama "prostitutas virtuais", trabalhamos com esse americano há mais de um ano, e nunca nenhum homem nos tocou ou fez algo que não quisessemos...

Não tem vítimas ou inocentes nessa história, já que optamos por esse estilo de trabalho, no qual conquistamos muitas coisas, não somente materiais... Temos orgulho do que somos e do que fazemos.

Por que essa delegada não vai atrás dos verdadeiros bordéis (coisa que no Rio de Janeiro nao falta...)? Deixe as prostitutas virtuais (se assim você prefere chamar)em paz, porque nosso material de trabalho não é tanto nosso corpo, mas sim nossa inteligência. Convencer um homem a pagar mais de 600 reais só para conversar conosco(por 40 minutos) é algo que não é qualquer um que consegue, coisa que as verdadeiras prostitutas têm que ficar horas sendo usadas, até mesmo correndo sério risco de vida.

Então por favor todos vcs prestem muita atenção nisso, antes de sair falando qualquer coisa na televisão, rádios e jornais, só para "mostrar" que faz alguma coisa, estude muito bem antes de acusar algo ou alguém." (Mel, Karen e Lulu)

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