29.11.04











Festa!

A noite de sábado foi de total indecisão para mim. Assistia à festa da árvore aqui de cima ou descia lá para baixo? Se descesse, assistia bem da margem (local privilegiado para fotografar os fogos), do meio da muvuca ou do camarote do Bradesco, para o qual tinha um convite?

Havia ainda a possibilidade de ir às casas de vários vizinhos amigos; está virando tradição o povo da Lagoa dar festas no dia da inauguração da árvore.

Preferi descer e explorar as possibilidades lá embaixo.

Nunca vi tanta gente aqui na Lagoa, nunca! Era quase impossível andar entre as pessoas. Consegui chegar até à beira d'água, onde encontrei um colega estrategicamente posicionado; ele estava fotografando para o Bradesco. Conversamos um pouco, fiz umas fotinhas do clima e fui em frente.

O Cantagalo era uma réplica da Central, sem tirar nem pôr.

Tinha barraquinhas de tapioca, milho cozido, açai, acarajé, salsichão, churrasquinho, frango com catupiry, cachorro quente incrementadíssimo, queijo coalho, doces variados do Sul ("se não gostar não paga", diz a propaganda auto-confiante), pizza na lenha, espetinho de camarão, sanduíches diversos, caipirinhas de fruta, cerveja, refrigerantes, sorvetes artesanais e Kibon, que mais? ah, empadinhas, algodão doce e pastel. Isso que eu vi em comes e bebes, mas muita coisa deve ter me escapado.

Havia também os onipresentes vendedores de bijuterias, alguns ambulantes oferecendo pulseirinhas e colares que brilham no escuro, mais um monte de gente trabalhando com brinquedinhos de todos os tipos, de bichos de pelúcia àquelas cobras e lagartos de papel que se mexem sozinhos quando puxados por uma cordinha.

Uma confusão desgraçada, mas muito divertida: a própria festa do interior plantada no coração da Zona Sul. O Rio tem desses baratos inesperados e surpreendentes.

Acho que não há cidade no Brasil ou no mundo em que se veja algo assim.

Fiz fotos das barraquinhas e fui para o camarote do Bradesco. Todo mundo muito chique, Cora Rónai de jeans e camiseta pretos, o ser despencado por excelência -- mas tudo bem. Com aquela árvore brilhando lá na frente, quem é que ia olhar para mim?

Achei um cantinho bom na frente do camarote, sentei no chão e fiz ótimas fotos.

Quando o concerto e a queima de fogos acabaram, me despedi dos anfitriões e voltei para o meio da muvuca, que estava irresistível. Jantei um acarajé maravilhoso e um chicabon, bebi uma água de coco e, uma hora depois, voltei para casa, onde os gatos me receberam com grandes manifestações de apreço.

Bia explicou que, durante os fogos, eles ficaram inteiramente zuretas, correndo de um lado para outro. Buscavam refúgio no quarto, mas o barulho dos fogos ecoava na pedra; fugiam para a sala e lá, além do barulho, ainda havia aquele brilho todo...

Coitados dos meus quadrupinhos!!!

Além deles, fiquei -- e ainda estou -- muito preocupada com os outros bichos do Cantagalo. A capivara não deu as caras; teve juízo para ficar quieta na sua toca, mas imagino que tenha ficado assustada demais, a pobrezinha.

Com exceção de alguns bem-te-vis, nenhum dos pássaros do pedaço apareceu no domingo, o que não seria tão grave se alguns não estivessem chocando.

Não sei como vai ser isso daqui pra frente.

O que não era problema até pouco tempo atrás, agora é preocupante, pelo menos para mim e para as pessoas que curtem a fauna local; a quantidade de pássaros da Lagoa aumentou muito no ano passado.

Como será possível conciliar a festa da árvore, que é tão bonita, com o bem-estar das criaturinhas?

Em tempo: excepcionalmente, as fotos acima não são de celular. Foram feitas com câmeras digitais "de verdade"...

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