16.6.02



Assim caminha a humanidade

Françoise Bloch avisa: Neste domingo, dia 16 de junho, às 10 horas, haverá caminhada na Avenida Delfim Moreira, partindo do final do Leblon, em protesto contra a morte de Tim Lopes. Camiseta preta é solicitada. Diz ela: "Sua participação é a forma de homenagear e protestar."

Eu concordo com a homenagem e farei todo o possível para ir. Mas tenho minhas dúvidas em relação ao protesto ou, melhor dizendo, à eficácia do protesto. De que adianta sairmos todos por aí, ora de camiseta branca, ora preta, pedindo paz? O problema não é querer, ou pedir. O problema é obter. E aí o buraco é bem mais embaixo. Ou, geograficamente, em cima. Enquanto o poder público não retomar o espaço que perdeu (espero que não definitivamente) para os traficantes, nós vamos poder desfilar com qualquer cor de camiseta, com toda a espécie de cartaz, com a maior cobertura da mídia e todos os discursos falastrões dos secretários de (in)segurança, que nada vai mudar.

Lá do alto, apoiados na sua artilharia pesada e na certeza absoluta da impunidade, os bandidos que hoje governam essa cidade vão ver o noticiário na TV e rir da cara da gente, pobres patos inocentes e desarmados, que só estamos vivos porque eles ainda não nos mataram. Simples falta de oportunidade; não perdemos por esperar.

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