9.6.05



Ou reinstaura-se a moralidade,
ou nos locupletamos todos!

Quem me chamou a atenção para a página foi o Polzonoff, aqui nos comentários: aparentemente enciumados das bocas fartamente distribuídas em Brasília, um grupo de escritores criou um movimento chamado Literatura Urgente!.

O recado para o ministro Gilberto Gil é:
Temos fome de literatura!
Mas, pelo que entendi, a fome é de outra coisa; o principal objetivo, disfarçado em nobres e altissonantes figuras de retórica, é mesmo promover o turismo grátis e a ampla distribuição de mensalões entre escritores.

Afinal, se músicos, atores e cineastas vêm, há séculos, locupletando-se de verbas oficias, por que não estender as benesses oficiais também aos escritores?

Há tópicos primorosos na proposta, como a isenção total de impostos para prêmios literários, a paridade entre obras estrangeiras e nacionais (ou seja, para cada título estrangeiro adquirido, o editor teria que vender um título brasileiro -- é o curta encadernado!) ou a recompra pelo Itamaraty de 10% das edições de obras literárias brasileiras editadas no exterior, para uma suposta doação com fins diplomáticos, "a exemplo do que é feito pela França e Portugal".

Nem preciso dizer que os principais beneficiados jamais serão os escritores de verdade, mas sim os sarneys da vida. Afinal, todo mundo já comprou, ou conhece alguém que comprou, um livro de Rubem Fonseca, de Fernando Sabino, de Jorge Amado; mas quem já comprou, ou conhece alguém que comprou, o inesquecível Marimbondos de Fogo?!

E olhem que o falecido ex presidente sequer é o que há de pior em beletrismo.

Patético.

O pior é que há nomes dignos e honrados entre os signatários, até mesmo alguns bons escritores que nunca precisaram se pendurar nas tetas do governo para sobreviver.

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