2.6.05














Filmes na TV

Ontem, no finzinho da tarde, o Carlos Martins mandou um email que só vi agora:
Nestes dias de Deep Throat saindo do armário ...

...filmeco, vá lá, imperdível, que está levando no Telecine: Segredos do Pentágono / The Pentagon Papers, EUA, 2003.

É a história do primeiro, e talvez mais importante de todos, "whistleblower": Daniel Ellsberg. Romanceada, claro, mas o que interessa está lá -- e é absolutamente factual.

Dois breves comentários. Um, a importância de um judiciário independente, não por acaso atualmente o principal alvo dos bu(ll)shistas. Dois, não sei se vocês sabem mas Chenney, Rumsfeld, Wolfwitz, Colin Powell, Papa Bush (o Dubya estava muito ocupado se embebedando e drogando) et alia são *todos* crias do Nixon.

Parafraseando o Dylan, "the shitstorm has already come". (Carlos Martins)

Não vi este filme; mas, por coincidência, acabo de assistir a L.A. Story, para mim a melhor coisa que Steve Martin fez, disparado. Tão bom, mas tão bom, que consegue até sobreviver à dublagem -- o que não é pouco, considerando-se que uma das graças do filme é, volta e meia, fazer citações anacrônicas de Shakespeare.

Inspirado em Woody Allen e em sua paixão por Nova York, Steve Martin faz uma tremenda gozação do jeito californiano de ser; mas faz, ao mesmo tempo, uma linda declaração de amor à sua cidade de Los Angeles.

Não me lembro mais de quando estive em Los Angeles pela primeira vez, nem de quantas vezes estive lá, mas me lembro, sim, de cada vez detestá-la um pouco menos.

Infelizmente só cheguei ao ponto ideal, de ter prazer em visitar a cidade, quando Bush tomou o poder -- e, assim, nunca mais voltei.

Na minha última ou penúltima visita, saindo do hotel, vi uma enorme passeata contra o governo e, enquanto fotografava as pessoas, acabei, sem perceber, me juntando aos manifestantes; terminei o dia jantando com um casal de chilenos muito simpáticos que conheci na manifestação, comparando lembranças das nossas respectivas ditaduras.

Adoro pegar carona em marchas de protesto. Hay gobierno, soy contra; hay passeata, soy a favor...

Depois a política americana foi ficando tão absurda que, simplesmente, perdi o gosto de ir ao país. A aduana sinistra, a falta de senso de humor geral, o clima "ame-o ou deixe-o" -- tudo isso me fez evitar as viagens que levam até lá, apesar dos meus bipinhos queridos viverem no coração do Texas.

Não tem nada a ver com o filme do Carlos Martins, mas tem tudo a ver: assistindo ao filme do Steve Martin, morri de saudades dos tempos em que eu gostava, genuinamente, de ir aos Estados Unidos.

Que mundo, caramba.

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