Ilusão de Movimento
Ilusão de cinema
Em 1986, um homem volta para a desconsolada cidade de Rosario, na Argentina, para retomar a vida interrompida sabe-se lá por quê. À sua espera estão a velha casa quase abandonada, os antigos amigos, uma vaga namorada e o filho que, descobre-se, foi retomado pela avó materna da família que o adotara quando algo aconteceu à mãe nos porões da ditadura. O quê? Quando? Como? Onde?"Ilusión de movimiento" (no original), longa de estréia do diretor Hector Molina, deixa uma série de perguntas suspensas no ar, o que não seria de todo mau se a ação também não se perdesse no limbo das boas intenções cinematográficas.
O que se pretende inovador e inobtrusivo acaba se revelando apenas alienante e confuso. Apesar das possibilidades dramáticas da história, em nenhum momento o filme cria no espectador qualquer empatia pelos personagens; a aproximação entre pai e filho, que poderia ser delicada e comovente, é um tédio só.
Que garoto poderia se interessar por aquele mala? E que homem poderia sentir qualquer afeto por aquele garoto sorumbático? Depois de muito bocejar, o Bonequinho saiu contente do cinema, feliz por não ter mais que conviver com tais chatos.
(O Globo, Rio Show, 10.6.2005)
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