De todos os smartphones hoje disponíveis, não conheço nenhum como o Samsung Galaxy S II, excelente, para mim, em praticamente todos os quesitos. Digo “para mim” porque as necessidades de uso são tão variadas que duvido que em algum momento do futuro próximo se possa afirmar, com certeza, que este ou aquele aparelho é completo. No dia do jogo do Brasil contra Equador, por exemplo, estávamos tendo um jantar em família, e as angústias da parte esportiva da casa só se resolveram graças a um Samsung Galaxy S – que, ao contrário do irmão mais leve e mais esperto, tem televisão.
Ora, televisão para mim é apenas um detalhe a mais, já que, até hoje, só me lembro de ter usado as que aparelhos meus tiveram para fazer demonstrações para os amigos. Prefiro a tela imbatível do Galaxy II e a sua velocidade para acessar a internet, e abrir fotos e email. O peso pluma é inacreditável e, acho, desnecessário. Eu o trocaria, de bom grado, por um acabamento mais sólido, mais parecido com o que a Nokia ou a Apple dão a seus aparelhos.
Mas o que importa é que, em tese, com esta nova maravilha, eu poderia, enfim, realizar meu sonho de carregar um único celular. Nele as funções de trabalho se complementam as mil maravilhas com as funções de entretenimento. Mas... pois é: há sempre uma conjunção adversativa no caminho da felicidade total. Estou amarrada ao iPhone, que agora me pesa na bolsa não por um, mas por dois bons motivos.
O mais antigo é o vício no Instagram, que ainda não chegou ao Android. De todas as redes sociais que acesso, ele é, no momento, aquela à qual mais me dedico, e a que me dá mais prazer. O segundo motivo é o aplicativo que Gilberto Gil acaba de lançar, e que tem todas as músicas que já gravou. É como se alguém tivesse me dado de presente uma caixa com os 57 discos de Gil, de "Louvação", de 1967, até "Fé na Festa ao vivo", de 2010. Como é que eu, fã declarada, vou abrir mão disso?
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O aplicativo de Gilberto Gil é grátis, e pode ser baixado da Appstore por qualquer um que tenha iPhone ou iPad. É muito parecido, visualmente, com a sua página na internet: tem biografia, fotos, notícias e o que rola no seu twitter. E tem a verdadeira razão pela qual existe, e pela qual é baixado: a monumental discoteca, com as letras das músicas e a possibilidade de se criar e salvar playlists com a combinação que se quiser entre o conteúdo dos vários discos. Apenas não se podem salvar as músicas na discoteca do iPhone ou do iPad.A liberação da totalidade da sua obra em aplicativo é muito coerente com a postura de Gilberto Gil, primeiro grande astro brasileiro a perceber a importância da internet e o ritmo da comunicação em tempos de rede. É um gesto tão generoso quanto inteligente: arte que não circula morre, e Gil sabe disso.
Não sei como funcionam as internas das negociações de conteúdo livre, mas acho que a Apple devia pagar uma coisinha a Gil por cada cópia baixada, pelo menos até o lançamento para Android, que ainda não tem previsão. O seu aplicativo é um exemplo perfeito de valor agregado.
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Outro aplicativo que pode fazer com que o iPhone se transforme num hábito: o Everyday. Custa caro – US$ 1,99 (aliás, é incrível como a nossa percepção do que é caro ou barato em software mudou, mas isso já é outra coluna) e está programado para fazer uma única coisa: tirar uma foto do usuário na mesma pose, todos os dias. Ao cabo de um ano, o efeito, montado em filme, pode ser notável.Usar é fácil. Basta marcar a altura dos olhos e da boca na calibragem, e todos os dias, na hora aprazada, o usuário será lembrado de se clicar para a posteridade. Os lembretes podem ser também semanais ou mensais, mas aí, suponho, o impacto será menor. O próprio Everyday se encarrega de fazer um filminho com as fotos acumuladas.
Já baixei a brincadeira para o meu iPhone há duas semanas, mas ainda não tive coragem de começar. Um dia é o cabelo, no outro são os óculos, no terceiro é a angústia de embarcar numa aventura tão radical. Fica a dica, porém, para os mais destemidos.
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