30.5.11

O segredo é o hábito




E, mais uma vez, me perguntam como obter boas fotos com o celular, de quebra pedindo indicação de aparelho. Para dizer a verdade, tirando os smartphones topo de linha, em que as câmeras são tratadas com especial deferência, hoje a qualidade das fotos dos celulares mais ou menos se equiparam – e essa qualidade pouco tem a ver com a quantidade de Megapixels, sendo decorrente da qualidade do software que trata as imagens. Ter 3Mp ou 5Mp dá mais ou menos na mesma, exceto para quem pretende fazer cópias em papel: nesse caso, claro, quanto mais Megapixels melhor. Para quem não pretende fazer cópias, o ideal é, ao contrário, regular as câmeras mais poderosas para que trabalhem com tamanhos menores de imagem, para economizar espaço no cartão.

A forma mais segura de conseguir boas fotos, não só com um celular mas com qualquer tipo de câmera, é conhecer bem o equipamento. Não adianta nada ter um smartphone com lentes Zeiss se você só usa a câmera do aparelho no dia do aniversário dos filhos; esse tipo de uso é garantia de fotos ruins.

O segredo da boa foto é usar o aparelho para fotografar tudo, sempre, o tempo todo – pessoas, bichos, paisagens, cenas noturnas, closes, qualquer coisa. No consultório do dentista ou naquela fila que não anda, aproveite o tempo inútil para pesquisar imagens. Faça fotos de detalhes próximos e de cenas à distância; mude as configurações da câmera, descubra o que o modo de cenas pode fazer, ligue e desligue o flash, brinque à vontade.

Não importa o que você esteja fotografando, nem o resultado das imagens; você está apenas treinando as suas habilidades e se familiarizando com as possibilidades oferecidas pelo equipamento. Assim saberá quais são os pontos fortes do seu celular, e aprenderá, com o tempo, a fazer bom uso mesmo dos seus pontos fracos, aquilo que chamamos de “defeitos especiais” – e que, às vezes, são mais interessantes do que muitos efeitos especiais.

Não tenha medo de fazer experiências. Os manuais são unânimes em afirmar que as melhores fotos são feitas com boa luz, em ambientes externos, em dias claros; pessoas têm que estar em locais claros, mas sem receber luz direta no rosto, para evitar olhos fechados e excesso de sombras. Mas nem sempre teoria e prática andam de mãos dadas. Fotos em contraluz ficam lindas, dias nublados podem ser densos e dramáticos, e interiores mal iluminados podem render o maior clima.

Experimente também usar aplicativos para melhorar ou modificar as suas fotos. Os mais simples apenas trabalham as cores, usando os clássicos sépia, preto e branco, solarizado, negativo. Hoje, porém, há dezenas de aplicativos para fotografia, muitos deles gratuitos, e incontáveis efeitos que podem transformar mesmo a foto mais banal numa imagem curiosa. Ter paciência para testá-los ajuda muito, bem como fazer parte de uma comunidade online de fotografia, como o Flickr ou o Instagram. É que ter contato com outros fotógrafos e ver os resultados do seu trabalho é um grande incentivo e uma ótima escola.

No Instagram tenho acompanhado o trabalho de diversas pessoas que começam a fotografar timidamente, mostrando o gato ou uma refeição, e que, em pouco tempo, transformam-se em excelentes caçadores de imagens. É o que se pode chamar, literalmente, de melhora a olhos vistos...

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O app do dia é o AppBrain, para Android. É gratuito e desempenha a função de gerente de aplicativos com rara eficiência: informa quais deles estão desatualizados, faz as atualizações, recomenda aplicativos a partir do volume de downloads e da classificação dada pelos usuários, e tem até uma espécie de comunidade para compartilhar aplicativos e trocar idéias sobre seu uso e utilidade. É fácil de usar e muito prático.


(O Globo, Economia, 28.5.2011)

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