20.7.06

Bolha

Desde que saí do Rio, minha sensação tem sido a de estar vivendo dentro de uma bolha. Primeiro na Copa, onde a única coisa de que se falava era futebol; depois aqui, com a Bia, onde as únicas coisas relevantes eram a temperatura lá fora, o que faríamos ao longo do dia, quem encontraríamos e a quantas andavam os nossos então ainda existentes euros.

O Brasil e o mundo ficaram isolados, lá longe.

Aqui passei a semana inteira sem jornal e, mesmo no Globo online, lia apenas as manchetes, e olhe lá. Às vezes uma notícia mais séria conseguia furar a bolha, mas logo era varrida para baixo do tapete. Para quem passa o ano inteiro com uma baita sobrecarga de informações ("information overload", como se diz por aí), há poucas coisas mais saudáveis do que passar um tempo como viviam as pessoas antigamente -- ligada apenas às circunstâncias imediatas.

Ninguém agüenta saber das desgraças e infortúnios do mundo inteiro 24 horas por dia, 365 dias por ano.

Amanhã, assim que chegar ao Rio, ainda vou me dar uma folga: preciso botar em dia a relação com sete quadrupes saudosos e matar as saudades que estou sentindo deles, da minha casa, da minha família.

Mas o fim de semana vai ser fogo. Pilhas de jornal me aguardam e a rotina da informação globalizada já está lá, rosnando atrás da porta.

Às vezes tenho muita inveja das pessoas que viveram antes da Era da Informação, para quem mesmo os jornais do dia só traziam notícias ali da esquina, e olhe lá.

* * *

Ontem à noite fui jantar com Lucinha, Veríssimo e o Dinho, um jornalista brasileiro que mora aqui. Voltei a pé para casa à meia-noite, sentindo um cheiro de chuva no ar.

Assim que entrei, o céu veio abaixo, com direito a raios e trovoada. Se não estivesse tão cansada, teria saído para fotografar.

Imagino que, com isso, hoje esteja um pouquinho mais fresco lá fora: o termômetro ontem chegou aos 40 graus no sol, 37 na sombra.

* * *

Bia viajou super bem, espichada em três poltronas e dormindo a viagem inteira.

Disse que encontrou a gataiada ótima, mas pra lá de carente.

Agora vou pra rua atrás do meu perfume, depois volto para fazer as malas e, se sobrar um espacinho (e uns quilinhos), rua de novo para comprar uns livros.

Fui!

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