23.10.03



O poder desconectado

Foi o Waldir Leite quem me chamou a atenção para uma declaração do Gabeira que eu não tinha visto: nem Lula nem José Alencar chegaram à era da internet. Em relação ao Lula, não posso dizer que tenha ficado muito surpresa, embora só agora tenha parado para de fato pensar no enorme significado disso; mas o José Alencar também?!

Tudo bem, conheço muita gente boa e de valor que não acessa a rede -- mas nenhuma dessas pessoas está no poder ou em postos de mando. Para alguém que tem que tomar decisões importantes, não ter acesso à internet é tão ou mais grave do que não ler jornal. Não só pelo que se pode obter de informações, mas pela experiência cultural como um todo -- e pela compreensão da sua importância.

Vocês sabem disso, é claro: afinal, estamos todos aqui.

Quando falo em experiência cultural, estou me referindo à cultura na acepção mais ampla da palavra, aquela que singnifica a vivência plena de um tempo, de uma sociedade, de um mundo inteiro. Governar, ou tentar governar, sem ter essa percepção é sair para a luta, de cara, com um handicap desgraçado.

É estar a léguas de distância da modernidade, como um mergulhador antigo no seu escafandro, isolado do ambiente que observava.

Não adianta a gente achar que os assessores em volta estão conectados, que o presidente e seu vice não precisam saber ou fazer nada que tudo lhes chega mastigadinho. Há um conhecimento só se tem em primeira mão.

Complicado, isso.

Nenhum comentário: