21.3.03



Emergência felina!

Hoje, no Globo, o drama dos gatinhos de Botafogo:

Gatos em teto de zinco quente

Desde outubro morando no prédio 344 da Rua Sorocaba, em Botafogo, a psicóloga Solange Wertman se arrepende cada vez que inspira o ar de sua casa. A origem do mau cheiro que toma conta dos corredores do edifício está num apartamento ao lado. Lá, há quase uma década, o advogado aposentado Alfredo de Lemos, de 73 anos, dá abrigo a uma superpopulação de gatos. Sem ter culpa de nada, muitos dos felinos acabaram envenenados por vizinhos que tentaram uma solução drástica para o problema.

Após ver sua filha de 6 anos ter uma asma agravada pela vizinhança dos gatos, Solange acionou o Centro de Controle de Zoonoses (CCZ), que notificou o aposentado: ele teria que vacinar os animais e deixar seu apartamento em condições aceitáveis de higiene. Como nada fez, Lemos foi multado. De posse da avaliação negativa do CCZ, Solange recorreu à Justiça. No dia 20 do mês passado, o juiz Eduardo Oberg, do IV Juizado Especial Cível, concedeu liminar estabelecendo multa diária de R$ 50 até que Lemos se desfaça dos animais.

— Para os próprios gatos a situação é ruim, já que eles são muitos e ficam num ambiente fechado. Alguns moradores do prédio se mudaram — diz Solange.

Preocupado com o destino dos gatos, o casal de estudantes Luiz Aucar e Bianca de Lena, que mora num edifício vizinho, na Rua Voluntários da Pátria, vem ajudando o aposentado. Os dois passaram a abrigar em seu apartamento mais de 20 dos cerca de 40 gatos de Lemos e agora tentam encaminhá-los para adoção. Cinco gatos já encontraram uma família. Muitos estão doentes e vêm recebendo tratamento da veterinária Andrea Lambert, que vem castrando os animais adultos. Assim como Andrea, outros voluntários se juntaram à causa e tentam encontrar um lugar seguro para os bichos.

O engajamento de Luiz e Bianca, que já criavam 12 gatos e um cachorro, começou quando eles flagraram vizinhos dando chumbinho para os bichanos do aposentado. Eles chegaram a registrar queixa na delegacia denunciando a matança dos gatos. O casal criou uma página na internet para contar o drama dos bichanos (www.gatosbotafogo.hpg.ig.com.br) e pôs seu telefone à disposição para quem quiser ajudar: 2527-0431.

Luiz acredita que Solange exagerou ao entrar na Justiça. Para ele, o advogado Lemos precisa de orientação para cuidar dos animais, e não de punição:

— Ele não conhecia técnicas de controle populacional — sugere Luiz, que se mostrou preocupado com a decisão judicial, especialmente porque o gatil do CCZ já está lotado.

A diretora do CCZ, Claudia Magalhães, confirmou não ter condições de receber mais gatos. Ela disse apoiar o trabalho feito por Luiz e Bianca.

— Na época, oferecemos castração e vacinação gratuita, mas ele (Lemos) não se pronunciou — afirma a diretora do CCZ, lembrando que no Rio não é mais permitido o sacrifício de animais para controle populacional.

Lemos se defende dizendo ter sido muito maltratado por causa dos seus bichos de estimação:

— Sou meio relaxado, não pensei que eles proliferassem com essa rapidez. (Jorge Eduardo Machado)
Por mim, quem tinha de ir pro CCZ era este senhor. Adotar e/ou recolher animais é uma responsabilidade muito séria. Felizmente, neste mundo de loucos em que estamos vivendo, ainda há gente como a Andrea, o Luiz e a Bianca.

Fica aqui o apelo aos gateiros cariocas que lêem este blog para que ajudem a divulgar o site e o telefone desse pessoal do bem: vamos ver se arranjamos lar para os gatinhos antes que o CCZ os recolha!

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