27.5.02



Fotos by Clié

Aqui estão algumas amostras do que o Clié é capaz de fazer em termos de fotografia. Como eu já disse, ele não é nenhuma Hasselblad, mas nem é essa a idéia; as pequenas imagens que obtém funcionam mais como registros visuais, rascunhos de lembranças. Lawrence Wilkinson, da GBN, me disse que, uma vez, fez um cenário de tendências para a Kodak, prevendo que as fotos se tornariam, em breve, instrumento de comunicação. É óbvio que a Kodak odiou essa idéia, já que sempre entendeu (e vendeu) a fotografia como memória.

Qual é a diferença? Ora, um item corriqueiro de comunicação a gente manda por email, registra e põe fora; uma memória tem todo um outro status: é digna de ser preservada e copiada, de preferência em boa ampliação, no melhor papel possível. É algo quase sagrado, que aspira à eternidade, em contra-posição à informação, que é, pela sua própria natureza, efêmera e descartável. Má notícia para quem fabrica papel fotográfico!

O Clié tem feito com que eu pense muito a respeito disso. Acho que, além da transição para o mundo digital, a fotografia começa, de fato, a viver algo mais radical, que transforma a sua própria razão de ser. Não falo, obviamente, da fotografia artística, da fotoreportagem ou de tantos outros campos já tão bem definidos; falo dessa fotografia banal que todos fazemos todos os dias, do adolescente com a xereta ao turista japonês com uma Nikon F5 e meia dúzia de lentes; falo daquela fotografia que, antes do vídeo barato, a gente exibia em slides para os amigos; aquela que a gente guarda em álbuns (ou, melhor dizendo, quer guardar em álbuns -- mas, na maior parte das vezes, acaba deixando mesmo na gaveta, por falta de tempo).

Esta fotografia está, mais uma vez, se transformando, buscando a sua vocação de recado. Depois de ter sido PB e cor, slide e Polaroid, ela vai, aos poucos, assumindo o seu lugar nas nossas mailboxes, nos blogs, nos álbuns digitais. A atual velocidade da informação a pegou de jeito, e agora ela dá os primeiros passos no seu novo (e virtual) papel de mensageira, dizendo: "Estamos bem" ou "Eu vi isso" ou "Olha que gozado".

Este é um assunto que dá panos pras mangas e que, imagino, já deve estar sendo intensamente discutido pelo mundo afora.

No que me diz respeito, acho que, para este efeito, o que o Clié faz já funciona direitinho. Vejam só:


Uma das primeiras fotos: auto-retrato no campus da UCLA (externa; luz natural)


Gilberto Gil, no Canecão (a luz nem dá pra descrever!)


Elisa Byington, Walter Negrão e Geraldinho Carneiro, no Arllecchino (lâmpadas comuns, meia luz, ou seja, escuro paca em termos de fotografia; sem flash ou qualquer outra iluminação a não ser a do ambiente)


Mosca no veterinário: há um gato dentro desta sacola... (interna; lâmpadas comuns e uma janela aberta, às três da tarde)


Mostrando o brinquedo novo para Nani Rubin e Mauro Ventura, na redação (luz fluorescente)

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