12.10.04



Fotos do Treo 600 -- e três letras polêmicas

O mundo dos congressos também tem a sua moda: ultimamente, nada mais chique do que organizar eventos em Florianópolis, de preferência no Costão do Santinho -- onde fiz fotos testando o Treo 600 descrito pelo Sérgio Stern nesta edição. O resort é a construção cercada de pássaros da foto do centro; mas a verdade é que, num congresso como o Secop 2004, em que os participantes têm apenas três dias para saber tudo o que está acontecendo em termos de informática pública, o máximo que se consegue é respirar o ar da praia, comer uns camarões e voltar para casa jurando que um dia se vai lá de férias...

Uma das grandes notícias do Secop 2004 (que reuniu cerca de 400 participantes) aconteceu na própria abertura do evento, quando Pedro Jaime Ziller de Araújo, presidente da Anatel, anunciou o lançamento do Serviço de Comunicação de Dados, ou SCD -- uma espécie de gigantesca intranet que se propõe a levar a internet, em banda larga, aos mais distantes rincões do país.

Para que tão nobre propósito saia do campo das boas idéias e passe para a realidade, serão usados recursos do Fust -- e a criatividade dos envolvidos no processo, de prestadores de serviços a autoridades municipais.

A criação do SCD, que já rendeu muita discussão e pano para as mangas, nascerá de um decreto (!) que já está prontinho para ser assinado pelo presidente Lula. Por enquanto, uma das poucas coisas que se sabe a seu respeito, concretamente, é que os prestadores do serviço e seus concessionários deverão usar software livre. Isto é lógico e faz todo o sentido: afinal, governo algum pode ficar dependendo de uma ou outra empresa (sobretudo uma) para garantir o bom andamento da máquina administrativa.

Segundo Pedro Jaime, que dividia seu tempo no Secop com a Assembléia Mundial de Normalização das Telecomunicações (não tou dizendo que organizar congresso em Santa Catarina virou moda?), o SCD vai garantir o acesso à rede com equipamentos de baixo custo em todas as escolas públicas de ensino fundamental e médio, "num horizonte de cinco anos", beneficiando 170 mil unidades de ensino e cerca de 39 milhões de alunos. "O SCD reúne diversas inovações tecnológicas e promove a convergência de terminais, das redes, dos serviços e conteúdos, estabelecendo um novo paradigma da prestação de serviços de telecomunicações", disse ele. Se for mesmo assim, tá ótimo e a gente aplaude de pé -- mas, como já estamos em outubro, e a burocracia não é propriamente uma Fórmula 1, na melhor das hipóteses as primeiras licitações para o SCD só serão feitas no ano que vem.


(O Globo, Info etc., 11.10.04)

As fotinhas a que me refiro são aquelas que vocês viram aqui, em primeira mão...

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