27.10.04



Muito pior que o Duda

Não é novidade nenhuma, já saiu em todos os jornais, mas fico realmente enfurecida cada vez que penso nisso; ontem, o Gravatá mandou para os amigos o recorte do Diário Oficial:
PORTARIA N o 2.946, DE 18 DE OUTUBRO DE 2004 -- O MINISTRO DE ESTADO DA JUSTIÇA, no uso de suas atribuições legais, com fulcro no artigo 10 da Lei n.º 10.559, de 13 de novembro de 2002, publicada no Diário Oficial de 14 de novembro de 2002 e considerando o resultado do julgamento proferido pela Primeira Câmara da Comissão de Anistia, na sessão realizada no dia 21 de junho de 2004, no Requerimento de Anistia n.º 2003.01.31858, resolve: Declarar CARLOS HEITOR CONY anistiado político, concedendo-lhe reparação econômica, de caráter indenizatório, em prestação mensal, permanente e continuada, correspondente ao cargo de Editor de Opinião, no valor de R$ 23.187,90 (vinte e três mil, cento e oitenta e sete reais e noventa centavos), respeitando o teto de R$ 19.115,19 (dezenove mil, cento e quinze reais e dezenove centavos), com efeitos retroativos a partir de 07.10.1998 até a data do julgamento em 21.06.2004, perfazendo um total retroativo de R$ 1.417.072,75 (um milhão, quatrocentos e dezessete mil, setenta e dois reais e setenta e cinco centavos), nos termos do artigo 1º, incisos I e II da Lei n.º 10.559, de 2002. MÁRCIO THOMAZ BASTOS.
Isso é imoral, indecente e asqueroso; eu me sinto extremamente envergonhada de ser jornalista quando vejo um "colega" desfalcando com tamanha desfaçatez os cofres públicos.

Mais envergonhada ainda me sinto como brasileira, ao perceber que o cidadão que deveria estar zelando pela Justiça no país assina semelhante injustiça. Para um Cony, que a gente conhece, quantos Fulanos e Beltranos não existem por aí, nas sombras, se locupletando da mesma maracutaia?!

O milhão e meio que o Cony vai embolsar pelo sacrifício de ter trabalhado na Manchete a vida inteira é um milhão e meio que deixarão de ser empregados em escolas e em hospitais; os vintinho que vai faturar por mes poderiam pagar o salário de vinte professores -- e dos "bem remunerados".

O pior de tudo é a decepção. Eu gostava do Cony, como pessoa e como escritor; mas não consigo continuar a respeitar, ou sequer ler, alguém que se acha no "direito" de ter tal "reparação".

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