Love, love, love
No começo da noite, parei para comer um sorvete de figo com água de coco no Mil Frutas da Garcia Dávila. Na mesa ao lado, um típico casal da Zona Sul: bronzeados e em forma, ele com o cabelo ligeiramente grisalho, ela de short cáqui, pernas bonitas e sandália da Mr. Cat. Elegantes, quase discretos; classe média muito bem tratada.Não, não costumo reparar tanto assim nas pessoas; pelo contrário, seria a pior das testemunhas num tribunal. Mas acontece que eles estavam "discutindo a relação" e, aos poucos, minha atenção se afastou do Treo, onde conferia a mailbox, para a conversa dos dois.
Logo cheguei à conclusão de que, se ele não é terapeuta, faz terapia há tanto tempo que já incorporou todos os cacoetes verbais à linguagem, perdão!, ao discurso; já ela está de mal com o mundo, não sei dizer se temporária ou definitivamente.
Francamente -- que papo chato! Que sucessão de clichês! Que cena pobre!
Há quantos bilhões de anos homens e mulheres não repetem esta mesma conversa, com as devidas variantes?! Quanto tempo e energia a humanidade já não gastou neste mesmo quadro, ela arrasada e chorosa, ele cheio de razão, ambos insuportáveis?!
No meio da discussão que, percebia-se, é recorrente, ele olhou o relógio e pediu a conta. Ela foi ao banheiro, deu um jeitinho na cara e os dois foram embora de mãos dadas, só assim, como se nada houvesse.
Mais um casal daqueles que a gente vê de longe e pensa: "Ah, como é lindo o amor!"
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