17.10.04




iPod mini, a febre


Quando o iPod mini pintou nas paradas, muita gente olhou, achou lindo mas não entendeu muito bem o que levaria alguém a gastar cerca de US$ 250 por um player de 4Gb, podendo comprar um iPod de 20Gb, de quarta geração, por apenas US$ 50 a mais. Do ponto de vista de espaço, a relação custo X benefício entre o mini e seus irmãos mais velhos não tem mesmo muita lógica; mas desde quando as coisas do coração têm a ver com lógica?!

O iPod mini é mais do que um reles player; é uma paixão, que está levando milhares de jovens à loucura, no mundo inteiro. Ele é miudinho, colorido e levinho, cabe em qualquer bolso, tem acessórios espertos como braçadeiras e... ora, é um iPod mini!

O mundo é do iPod, que une forma e função como nenhum outro player. Imbatível no quesito design, expert em lançar tendências, a Apple anunciou, quinta passada, que seus lucros simplesmente dobraram no último trimestre; em nove anos, este é o melhor resultado da companhia, que em apenas três meses vendeu dois milhões de iPods. Com isso, passam a existir no mundo cerca de seis milhões de felizes proprietários do gadget sonoro mais quente de todos os tempos.

A concorrência não está dormindo no ponto, mas não há muito que possa fazer. A Sony, que perdeu o bonde da história ao abrir mão do MP3 nos seus players -- nisso é que dá produzir ao mesmo tempo música e tocadores de música! -- já se confessou muito arrependida e promete uma nova linha, quem sabe antes do fim do ano; e, na mesma quinta em que a Apple divulgava o seu balanço, a Dell anunciava um novo player miudinho, o Pocket DJ, de 5Gb, que chega às lojas em novembro por US$ 200. Vi as fotos. O brinquedo é jeitoso e bonitinho, mas... não é um iPod.

Por enquanto, o único player não-Apple que me parece capaz de despertar a cobiça da turma que sonha com um iPod noite e dia é o Gmini XS200, da Archos, este mês no mercado pelo mesmo preço do iPod mini e mais ou menos o mesmo tamanho, mas com 16Gb a mais, ou seja, 20Gb de disco: capacidade para cinco mil músicas, contra as mil do mini. A Archos, fundada na França em 1988, sempre se caracterizou por fazer produtos práticos e compactos, com ótimo design; mas trabalha em pequena escala e é desconhecida no Brasil.

E que tal o iPod mini? Sinceramente? Perfeito! Depois de duas semanas de convivência harmoniosa, estou, eu também, apaixonada pelo bichinho. Sim, ele podia ter mais espaço de armazenagem; e, sim, lógico, podia ser mais barato. Mas o som é o mesmo som impecável dos iPods mais velhos, os comandos do seletor que é a marca registrada da família são suaves como carícias e o download do PC via USB funciona sem falhas. A bateria dura umas oito horas (no meu caso, um dia inteiro e mais um pouco) e as cerca de mil músicas que armazena dão para passar o fim de semana fora tranqüilamente, sem sentir falta do som de casa. Fomos juntos para Florianópolis, e ele se mostrou um companheiro de viagem impecável: já estou com a maior saudade...

(O Globo, Info etc., 18.10.2004)

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